terça-feira, 12 de março de 2013

Dinastia Ming

A Dinastia Ming foi a dinastia que governou a China de 1368 a 1644, depois da queda da Dinastia Mongol dos Yuan acabando com o período de caos iniciado por Sima Yan em 263. A dinastia Ming foi a última dinastia na China comandada pelos Hans (o principal grupo étnico da China), antes da rebelião liderada, em parte por Li Zicheng, e logo depois substituído pela Dinastia Manchu dos Qing. Embora a capital Ming, Pequim, tenha sucumbido em 1644, os restos do trono e do poder dos Ming (coletivamente denominado Ming Meridional) sobreviveram até 1662.

Para muitas pessoas no Ocidente, a dinastia Ming é conhecida principalmente de comédias-pastelão como produtores de vasos caros e frágeis, mas historicamente eles foram produtores de tudo que é refinado: porcelana, seda arte e poesia. Embora hoje seja considerado de mau gosto entre os historiadores julgar o passado, a dinastia "Ming" (Brilhante) é amplamente considerada o clímax da civilização chinesa. Foi a era mais avançada, cultural e tecnologicamente, antes da interferência dos europeus, e a última vez em que a China foi governada por um imperador de uma etnia chinesa.

O Estado comandado pelos Ming construiu uma vasta marinha e um exército permanente de um milhão de soldados. Embora tenha existido comércio marítimo privado e missões tributárias oficiais nas dinastias anteriores, a frota tributária do almirante eunuco muçulmano Zheng He no século XV superou todas as outras em tamanho absoluto. Durante este período, havia um enorme número de projetos de construções, incluindo a restauração do Grande Canal e da Muralha da China e, também, a criação da Cidade Proibida, em Pequim, durante o primeiro quarto do século XV. As estimativas para a população no final da Dinastia Ming variam de 160 a 200 milhões de pessoas. A Universidade de Calgary afirma que "os Ming criaram um dos maiores períodos de organização governamental e estabilidade social na história da humanidade."

O Imperador Hongwu (1368-1398) tentou criar uma sociedade de comunidades rurais auto-suficientes em um sistema rígido e imóvel que não teriam qualquer necessidade de se envolver com a vida comercial dos centros urbanos. Sua reconstrução da base agrícola chinesa e o reforço das redes de comunicação através do sistema militarizado de correio, acabou por criar o inesperado efeito da superprodução agrícola, cujo excedente era vendido nos crescentes mercados localizados ao longo das rotas de correio. A cultura rural e o comércio logo se tornaram influenciados pelas tendências urbanas. As classes mais ricas da sociedade, consagrados como a classe dos aristocratas acadêmicos, também foram afetadas por esta nova cultura baseada no consumo. Através da tradição, famílias de comerciantes começaram a produzir candidatos a oficiais acadêmicos e adotaram traços culturais e práticas típicas da classe dos aristocratas. Paralelamente a esta tendência que envolve as classes sociais e a expansão do consumo comercial, aconteceram as mudanças na filosofia social e política, na burocracia e nas instituições governamentais, e também nas artes e na literatura.

Até o século XVI a economia da Dinastia Ming foi estimulada pelo comércio marítimo com portugueses, espanhóis e holandeses. A China, então, se envolveu em um novo comércio mundial de bens, plantas, animais e culturas alimentares conhecido como o intercâmbio colombiano. O comércio com as potências européias e os japoneses trouxeram grandes quantidades de prata, que em seguida substituíram o cobre e as notas de papel como a moeda de troca principal na China. Durante as últimas décadas da Dinastia Ming, o fluxo de prata na China tinha diminuído muito, comprometendo assim as receitas estatais e, de fato, toda a economia Ming. A economia sofreu ainda mais com os graves efeitos sobre a agricultura da ainda incipiente Pequena era do gelo do século XVIII, das calamidades naturais, das más colheitas, das epidemias freqüentes. A conseqüente fragmentação do poder e da diminuição do padrão de vida das pessoas permitiu que líderes rebeldes como Li Zicheng desafiassem a autoridade dos Imperadores Ming.

O Último Imperador Ming

No dia 22 de abril de 1644, cortesões frenéticos encontraram a porta da suíte imperial misteriosamente fechada. Depois de arrombá-la, encontraram o imperador Chongzhen em lágrimas. Não apenas o exército de Li Zicheng se aproximava da capital, pequim, mas também o governo estava falido e não podia pagar os exércitos imperiais. Uma combinação de gome, epidemias, bandidos, piratas e guerras fronteiriças havia drenado os recursos do tesouro. Ao mesmo tempo uma guerra naval entre os portugueses católicos, que eram o principal parceiro comercial da China, e os holandeses e ingleses protestantes interrompera o influxo de prata e deixara o tesouro imperial sem dinheiro vivo.

O imperador não conseguia decidir se fugia de Pequim para o sul, para a cidade de Nanquim, mais segura. Se fugisse, poderia perder a legitimidade, e o príncipe herdeiro encararia aquilo como uma abdicação, mas, se ficasse, um de seus parentes oportunistas poderia se apoderar das terras do sul e se declarar imperador. Dois dias mais tarde, o exército rebelde de Li entrava nos subúrbios de Pequim.

O pânico do imperador talvez fosse desnecessário. Aparentemente Li estava querendo aceitar a vassalagem, e não se apoderar do próprio trono. Li chegou mesmo a mandar uma mensagem, oferecendo desbordar a capital e lançar seu exército contra os mandchus, ao norte da Grande Muralha, se o imperador simplesmente reconhecesse e legitimasse o governo de Li nas províncias do sul. Aparentemente a mensagem não chegou ao imperador, que nunca respondeu. Li continuou avançando.

por fim, Chongzhen decidiu ficar e esperar pelo destino. Embebedou-se e saiu cambaleando pelo palácio com uma espada, matando sua principal concubina e as filhas mais novas, para evitar que caíssem nas mãos dos rebeldes. Depois tentou matar sua filha mais velha, mas conseguiu apenas cortar-lhe o braço, quando ela o levantou para aparar o golpe. A jovem correu pelo salão deixando um rastro de sangue.

Disfarçando-se como eunuco, o imperador tentou escapulir da capital, mas os seus próprios guardas atiraram nele quando se aproximava dos portões. Ele voltou a seus aposentos e tocou uma sineta para convocar os ministros, em busca de aconselhamento. Quando nenhum deles veio, ele calmamente saiu para o jardim e enforcou-se numa árvore ao pé de uma colina.

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