quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Idade Antiga

Na periodização das épocas históricas da humanidade, Idade Antiga, ou Antiguidade é o período que se estende desde a invenção da escrita (de 4 000 a.C. a 3 500 a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). 

Embora o critério da invenção da escrita como balizador entre o fim da Pré-História e o começo da História propriamente dita seja o mais comum, estudiosos que dão mais ênfase à importância da cultura material das sociedades têm procurado repensar essa divisão mais recentemente. Também não há entre os historiadores um verdadeiro consenso sobre quando se deu o verdadeiro fim do Império Romano e início da Idade Média, por considerarem que processos sociais e econômicos não podem ser datados com a mesma precisão dos fatos políticos.

Também deve-se levar em conta que essa periodização está relacionada à História da Europa e também do Oriente. Próximo como precursor das civilizações que se desenvolveram no Mediterrâneo, culminando com Roma. Essa visão se consolidou com a historiografia positivista que surgiu no século XIX, que fez da escrita da história uma ciência e uma disciplina acadêmica. Se repensarmos os critérios que definem o que é a Antiguidade no resto do mundo, é possível pensar em outros critérios e datas balizadoras.

No caso da Europa e do Oriente Próximo, diversos povos se desenvolveram na Idade Antiga. Os sumérios, na Mesopotâmia, foram a civilização que originou a escrita e a urbanização, mais ou menos ao mesmo tempo em que surgia a civilização egípcia. Depois disso, já no I milênio a. C., os persas foram os primeiros a constituir um grande império, que foi posteriormente conquistado por Alexandre, o Grande. As civilizações clássicas da Grécia e de Roma são consideradas as maiores formadoras da civilização ocidental atual. Destacam-se também os hebreus (primeira civilização monoteísta), os fenícios (senhores do mar e do comércio e inventores do alfabeto), além dos celtas, etruscos e outros. O próprio estudo da história começou nesse período, com Heródoto e Tucídides, gregos que começaram a questionar o mito, a lenda e a ficção do fato histórico, narrando as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso respectivamente.

Na América, pode-se considerar como Idade Antiga a época pré-colombiana, onde surgiram as avançadas civilizações dos astecas, maias e incas. Porém, alguns estudiosos considerem que em outras regiões, como no que hoje constitui a maior parte do território do Brasil, boa parte dos povos ameríndios ainda não havia constituído similar nível de complexidade social e a classificação de Pré-história para essas sociedades seria mais correta.

Na China, a Idade Antiga termina por volta de 200 a.C., com o surgimento da dinastia Chin, enquanto que no Japão é apenas a partir do fim do período Heian, em 1185 d.C., que podemos falar em início da "Idade Média" japonesa.

Algumas religiões que ainda existem no mundo moderno tiveram origem nessa época, entre elas o cristianismo, o budismo, confucionismo e judaísmo.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Império Persa

O Império Aquemênida (550–330 a.C.), por vezes referido como Primeiro Império Persa, foi um império iraniano situado no Sudoeste da Ásia, e fundado no século VI a.C. por Ciro, o Grande, que derrubou a confederação médica. Expandiu-se a ponto de chegar a dominar partes importantes do mundo antigo; por volta do ano 500 a.C. estendia-se do vale do Indo, no leste, à Trácia e Macedônia, na fronteira nordeste da Grécia - o que fazia dele o maior império a ter existido até então. O Império Aquemênida posteriormente também controlaria o Egito. Era governado através de uma série de monarcas, que unificaram suas diferentes tribos e nacionalidades construindo um complexo sistema de estradas.

No ápice de seu poder, após a conquista do Egito, o império abrangia aproximadamente oito milhões de quilômetros quadrados situados em três continentes: Ásia, África e Europa. Em sua maior extensão, fizeram parte do império os territórios atuais do Irã, Turquia, parte da Ásia Central, Paquistão, Trácia e Macedônia, boa parte dos territórios litorâneos do Mar Negro, Afeganistão, Iraque, o norte da Arábia Saudita, Jordânia, Israel, Líbano, Síria, bem como todos os centros populacionais importantes do Egito Antigo até às fronteiras da Líbia. É célebre na história ocidental como o tradicional inimigo das cidades-estado gregas durante as Guerras Greco-Persas, pela emancipação dos escravos, incluindo o povo judeu, de seu cativeiro na Babilônia, e pela instituição de infra-estruturas como um sistema postal, viário, e pela utilização de um idioma oficial por todos os seus territórios. O império tinha uma administração centralizada e burocrática, sob o comando de um imperador e um enorme número de soldados profissionais e funcionários públicos, o que inspirou desenvolvimentos semelhantes em impérios posteriores.

Guerra Greco-Persa

A Revolta Jônia foi o primeiro grande conflito entre a Grécia e o Império Aquemênida, e como tal representa a primeira fase das chamadas Guerras Persas (ou Guerras Greco-Persas). A Ásia Menor voltou para o domínio persa, porém Dario jurou punir as cidades-estado gregas de Atenas e Erétria por seu apoio aos rebeldes durante a revolta. Ao ver também que a situação política da Grécia representava uma ameaça contínua à estabilidade do seu império, Dario decidiu empreender a conquista de toda a Grécia. As tropas persas, no entanto, foram derrotadas na Batalha de Maratona, e Dario morreu sem ter a chance de iniciar uma nova invasão. 

Xerxes I (519-465 a.C.), filho de Dario, jurou concretizar o desejo de seu pai. Organizou uma invasão maciça; seu exército penetrou a Grécia pelo norte, encontrando pouca resistência na Macedônia e na Tessália, porém seu avanço foi interrompido por três dias por um pequeno destacamento grego, durante a Batalha de Termópilas. Uma batalha naval ocorrida simultaneamente, em Artemísio, acabou de maneira inconclusiva depois de tempestades ferozes destruíram navios de ambos os lados. Os gregos recuaram ao receber a notícia da derrota em Termópilas, e os persas mantiveram o controle inconteste de Artemísio e do Mar Egeu. Após sua vitória em Termópilas, Xerxes saqueou a cidade de Atenas, que havia sido evacuada, e preparou-se para encontrar os gregos no Istmo de Corinto e no Golfo Sarônico. Em 480 a.C. os gregos conquistaram uma vitória decisiva sobre a frota persa na Batalha de Salamina, e forçaram Xerxes a recuar até Sardis. O exército que ele havia deixado na Grécia sob o comando do general Mardônio reconquistou Atenas, porém acabou por ser destruído em 479 a.C., na Batalha de Plateia. A derrota final dos persas em Mícale encorajou as cidades-estado gregas da Ásia a se revoltarem, e marcaram o fim da expansão persa na Europa.

A vitória grega salvou a civilização ocidental e o conceito de liberdade individual das hordas orientais sem rosto que são os vilões dos relatos vitorianos e filmes recentes. 
Por outro lado, não nos deixemos levar por isso. Ser conquistados pelos persas não seria o fim do mundo. pelos padrões da época, os persas eram conquistadores bem benevolentes. Por exemplo, foram o único povo da história a ser condescendente com os judeus. Permitiram que eles retornassem à palestina e reconstruíssem seu templo, em vez de massacrá-los ou deportá-los, como fizeram os assírios, babilônios, romanos, cossacos, russos e alemães em várias conjunturas da história. mesmo com uma vitória persa em Salamina, gregos livres teriam permanecido na Sicília, na Itália e em Marselha. A civilização grega mostraria mais tarde ser bastante vibrante para sobreviver a meio milênio de domínio dos romanos, acabando por usurpar o lugar deles. Não há razão para supor que os gregos não passariam intactos por algumas gerações de domínio persa. 

A Queda do Império

O ponto de vista tradicional é de que as vastas extensões e extraordinária diversidade etno-cultural do Império Persa acabaria por provocar a sua derrogada, à medida que a delegação de poder aos governos locais acabaria por enfraquecer a autoridade central do rei, fazendo com que muita energia e recursos tivesse de ser gasta nas tentativas de subjugar rebeliões locais, o que historicamente tem servido para explicar porque quando Alexandre, o Grande (Alexandre III da Macedônia) invadiu a Pérsia em 334 a.C. ele deparou-se com um reino pouco unido comandado por um monarca enfraquecido, facilmente destruído.

Este ponto de vista, no entanto, vem sendo questionado por alguns estudiosos modernos, que argumentam que o Império Aquemênida não se encontrava em crise no período de Alexandre, e que apenas as disputas internas pela sucessão monárquica dentro da própria família aquemênida é que causavam algum enfraquecimento no império. Alexandre, grande admirador de Ciro, o Grande, acabaria por provocar o colapso do império e sua subsequente fragmentação, por volta de 330 a.C., gerando o Reino Ptolemaico, o Império Selêucida e diversos outros territórios de menor extensão, que à época também conquistaram sua independência. A cultura iraniana do planalto central, no entanto, continuou a florescer e voltou a conquistar o poder na região no século II a.C.

O legado histórico do Império Aquemênida, no entanto, foi muito além de suas influências territoriais e militares, e deixou marcas importantes no cenário cultural, social, tecnológico e religioso da época. Diversos atenienses adotaram costumes aquemênidas em suas vidas diárias, numa troca cultural recíproca, e muitos foram empregados ou aliados dos reis persas. O impacto do chamado Édito de Ciro, o Grande, foi mencionado nos textos judaico-cristãos, e o império foi fundamental na difusão do zoroastrianismo por grande parte da Ásia, até à China. Mesmo Alexandre, o Grande, o homem que acabaria por conquistar este vasto império, respeitou seus costumes e impôs o respeito aos reis persas (incluindo Ciro), e até mesmo adotou o costume real persa da proskynesis, apesar da forte desaprovação de seus compatriotas macedônios. O Império Persa também daria a tônica da política, herança e história da Pérsia moderna (atual Irã). A influência também se estendeu sobre antigos territórios da Pérsia que se tornaram conhecidos posteriormente como Grande Pérsia. Um dos feitos notáveis de engenharia do império é o sistema de gestão de água conhecido como Qanat, cuja seção mais antiga tem mais de 3000 anos e 71 quilômetros.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Batalha de Salamina

A Batalha de Salamina foi o combate entre a frota persa, liderada por Xerxes I e a grega, comandada por Temístocles. O acontecimento deu-se no estreito que separa Salamina da Ática, possivelmente no dia 29 de setembro de 480 a.C. e terminou com a vitória grega.

Interlúdio

Quando os persas, um império que conquistara todo mundo a seu alcance, do Paquistão ao Egito, enfrentaram os gregos, um povo que vivia no mar, suas forças conquistaram várias colônias gregas no litoral jônico da Ásia Menor (moderna Turquia). Decorreram muitos anos de tranquilidade subserviência, mas então o governante grego da cidade jônica de Mileto ficou ambicioso. Ele se livrou do jugo persa e pediu ajuda às cidades gregas de além-mar, primeiro a Esparta (que recusou), depois a Atenas (que concordou). Um exército grego formado por jônicos e atenienses marchou terra adentro e atacou Sardis, a capital de uma província persa, que eles ocuparam por pouco tempo e acidentalmente incendiaram. Dentro de poucos anos, entretanto, a revolta foi esmagada, e os atenienses voltaram apressadamente para a sua pátria, ficando quietos na esperança de que os persas os deixassem em paz.

Contudo o xá da Pérsia, Dario, não chegara aonde chegara deixando insultos sem punição, e designou um criado para lembrá-lo todos os dias dos atenienses. Dario decidiu que precisava conquistar os Estados gregos independentes no continente europeu que estavam fomentando revoltas entre os súditos gregos do Império Persa; entretanto o primeiro assalto diretamente pelo mar fracassou. Os atenienses infligiram séria derrota ao exército de Dario e os repeliram na Batalha de Maratona

Salamina

Dez anos mais tarde, o novo xá da Pérsia, Xerxes, reuniu recrutas (camponeses convocados) de todo o império, formando o maior exército já visto, grande demais para se deslocar por navios. Tomando a rota terrestre através dos Balcãs e depois descendo para a Grécia, ele foi vencendo todos os obstáculos, naturais ou feitos pelos homens. Cruzou o estreito de Dardanelos numa ponte flutuante feita de barcos, e depois seus engenheiros cavaram um canal através da perigosa península de Actes, onde fica o monte Ato.

Acossados pelos persas, um exército de 4.900 gregos sob a liderança de Esparta tentou retardar o inimigo no desfiladeiro montanhoso das Termópilas, enquanto a esquadra grega bloqueava uma tentativa de desembarque anfíbio na estreito próximo de Artemísia. A falange grega, tradicional formação de batalha na qual lanceiros fortemente couraçados se alinhavam numa muralha humana de escudos e lanças, conteve facilmente os repetidos assaltos persas. Entretanto, depois de alguns dias de duros combates, os persas descobriram uma rota que contornava o desfiladeiro das Termópilas, de modo que flanquearam e mataram os últimos defensores que bloqueavam seu caminho. O exército persa invadiu o interior da Grécia, tomando Atenas depois que os habitantes fugiram para as ilhas próximas. 

Quando tudo parecia perdido, a esquadra atenienses encontrou os navios de guerra persas no estreito canal entre a ilha de Salamina e o continente. No confuso tumulto das galeras que avançavam, abalroavam e rachavam, os persas perderam mais de duzentas naus e 40 mil marinheiros. Com os gregos controlando o mar, o enorme e faminto exército persa viu cortada sua linha de suprimentos.

Xerxes retornou à Pérsia com parte do exército, deixando uma força menor para se sustentar com os produtos da terra e terminar a conquista. Esse exército abrigou-se durante o inverno no norte da Grécia, e marchou para o sul de novo na primavera, reocupando Atenas. Depois de frenéticos esforços diplomáticos feitos pelos desalojados atenienses, as cidades-estados gregas finalmente concordaram em combinar seus exércitos. As duas forças se enfrentaram em Plateia, onde a falange grega sobrepujou os persas. Os sobreviventes empreenderam uma longa e dolorosa retirada para a Pérsia, deixando milhares de homens pelo caminho. Nesse ínterim, a frota grega atravessou velozmente o mar Egeu e liquidou os navios persas remanescentes com um ataque anfíbio na base naval de Micale, na Jônia.

Legado

Quase toda lista de batalhas decisivas ou pontos críticos da história começa com algo das Guerras Persas, de modo que talvez você já saiba que a vitória grega salvou a civilização ocidental e o conceito de liberdade individual das hordas orientais sem rostos que são os vilões dos relatos vitorianos e filmes recentes.

Por outro lado, não nos deixemos levar por isso. Ser conquistado pelos persas não seria o fim do mundo. Pelos padrões da época, os persas eram conquistadores bem benevolentes. Por exemplo, foram o único povo da história a ser condescendente com os judeus. Permitiram que eles retornassem à Palestina e reconstruíssem seu templo, em vez de massacrá-los ou deportá-los, como fizeram os assírios, babilônios, espanhóis, cossacos, russos e alemães em várias conjunturas da história. Mesmo com uma vitória persa em Salamina, gregos livres teriam permanecido na Sicília, na Itália e em Marselha. A civilização grega mostraria mais tarde ser bastante vibrante para sobreviver a meio milênio de domínio dos romanos, acabando por usurpar o lugar deles. Não há razão para supor que os gregos não passariam intactos por algumas gerações de domínio persa.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Império Macedônico

A Macedônia tem sua história vinculada aos povos que habitavam a região Grécia e Anatólia na Antiguidade. Segundo estudos arqueológicos, os antepassados dos macedônios se situam no começo da Idade do Bronze. A partir do ano 700 a.C., o povo denominado macedônio emigrou para o leste, a partir de sua terra natal às margens do rio Haliácmon. Com Amintas I, o reino se estendeu além do rio Áxio até à península de Calcídica. Egas foi a capital do reino até quase 400 a.C., quando o rei Arquelau I a transferiu para Pela.

A Macedónia alcançou uma posição hegemônica dentro da Grécia durante o reinado de Filipe II, o Caolho (r. 359-336 a.C.). Alexandre III (O Grande), filho de Filipe e aluno do filósofo Aristóteles, levou os exércitos da Macedónia ao Egipto, derrotou o Império Persa e chegou até a Índia.

Construído num curto período de onze anos, o Império Macedônico contribuiu com a difusão da cultura grega no Oriente. Alexandre fundou uma grande quantidade de cidades e promoveu a fusão da cultura grega com a dos povos conquistados, dando origem ao que se conhece por helenismo.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Império Romano

Império Romano foi um Estado que se desenvolveu a partir da península Itálica, durante o período pós-republicano da antiga civilização romana, caracterizado por uma forma autocrática de governo e por grandes propriedades territoriais na Europa e em torno do Mediterrâneo.

Os 500 anos de existência da República Romana, que precedeu o império, foram enfraquecidos e subvertidos por várias guerras civis. Muitas datas são habitualmente propostas para marcar a transição da república para o império, como a data da indicação de Júlio César como ditador perpétuo (44 a.C.); a vitória de seu herdeiro, Otaviano, na Batalha de Áccio (2 de setembro de 31 a.C.); ou a data em que o senado romano outorgou a Otaviano o título honorífico de Augusto (16 de janeiro de 27 a.C.). Assim, o termo "Império" tornou-se a designação utilizada, por convenção, para se referir ao Estado romano nos séculos que se seguiram à reorganização política efetuada pelo primeiro imperador, Augusto. Embora Roma possuísse colônias e províncias antes desta data, o Estado pré-Augusto é conhecido como República. 

A expansão territorial romana começou na época da república, mas o império alcançou sua maior extensão sob o governo do imperador Trajano: durante o seu reinado o Império Romano controlava aproximadamente 6,5 milhões de quilômetros quadrados da superfície terrestre. Por causa da vasta extensão do império e de seu longo tempo de existência, as instituições e a cultura de Roma tiveram uma profunda e duradoura influência sobre o desenvolvimento dos idiomas, da religião, da arquitetura, da filosofia, do direito e das formas de governo nos território governados pelo romanos, particularmente na Europa e, por meio do expansionismo europeu, em todo o mundo moderno. 

No final do século III, Diocleciano estabeleceu a prática de dividir a autoridade entre quatro co-imperadores, a fim de melhor proteger o vasto território, pondo fim à crise do terceiro século. Durante as décadas seguintes o império era frequentemente dividido ao longo de um eixo Ocidente-Oriente. Após a morte de Teodósio I em 395, o império foi dividido pela última vez. O Império Romano do Ocidente acabou em 476, quando Rômulo Augusto foi forçado a se render ao chefe militar germânico Odoacro. O Império Romano do Oriente (conhecido como Império Bizantino) chegou ao fim em 1453, com a morte de Constantino XI Paleólogo e com a invasão da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos, liderados por Maomé II, o Conquistador.

História

Roma iniciou a anexação de províncias no século III a.C., quatro séculos antes de alcançar a sua maior extensão territorial e, nesse sentido, constituía já um "império", apesar de ainda ser governado enquanto república. As províncias republicanas eram administradas por antigos cônsules e pretores, que eram eleitos para um mandato de um ano com plenos poderes e autonomia. A acumulação desproporcional de riqueza e poder por parte de alguns destes líderes provinciais foi um dos principais fatores que motivaram a transição de um regime republicano para uma autocracia imperial.

O assassinato de Júlio César em 44 a.C. esteve na origem de um período de instabilidade e turbulência política. No ano seguinte, Augusto, um dos mais destacados generais republicanos, torna-se um dos três membros do Segundo Triunvirato, uma aliança política com Lépido e Marco António. As tensões entre Augusto e Marco António no período que se seguiu à Batalha de Filipos levariam à dissolução do triunvirato em 32 a.C. e ao confronto entre ambos na Batalha de Áccio, da qual Marco António e a rainha Cleópatra saíram derrotados e que proporcionou a anexação do reino egípcio por Augusto. 

Sendo agora o único governador de Roma, Augusto iniciou uma série de reformas militares, políticas e econômicas em larga escala. O senado atribuiu-lhe o poder de nomear os próprios senadores e autoridade sobre os governadores de província, criando de facto o cargo que mais tarde seria denominado imperador romano. Em 27 a.C., Augusto tentou devolver o poder ao senado, o qual recusou, confirmando assim o novo regime político. Otaviano recebeu do senado o título de Augustus e escolheu para si o título de princeps (o primeiro).

Reinado de Augusto

O reinado de Augusto, que durou mais de 40 anos, foi retratado na literatura e na arte augustina como uma nova "Era Dourada". Augusto consolidou uma duradoura fundação ideológica para os três séculos do império conhecido como o Principado (27 a.C.-284 d.C.), os primeiros 200 anos do que é tradicionalmente considerado como a Pax Romana. Mas, mesmo durante esse período, várias revoltas foram controladas e sufocadas, como na Grã-Bretanha (revolta de Boadiceia) e na Judeia (Guerras judaico-romanas). 

O sucesso de Augusto em estabelecer princípios de sucessão dinástica foi limitado por uma série de talentosos herdeiros potenciais: a dinastia júlio-claudiana durou por mais quatro imperadores: Tibério, Calígula, Cláudio e Nero; antes produziu, em 69 d.C., o conflituoso ano dos quatro imperadores, a partir do qual Vespasiano emergiu como vencedor. 

Vespasiano tornou-se o fundador da breve dinastia flaviana, seguida pela dinastia Nerva-Antonina, que produziu os "cinco bons imperadores": Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio. Na visão do historiador grego Dião Cássio, um observador da época, a adesão do imperador Cómodo em 180 d.C. marcou a queda "de um reino de ouro para um de ferrugem e ferro", um famoso comentário de que tem levado alguns historiadores, como Edward Gibbon, a considerar o reinado de Cómodo como o início da queda do Império Romano. 

Em 212, durante o reinado de Caracala, a cidadania romana foi concedida a todos os habitantes nascidos livres no império. Mas, apesar deste gesto de universalidade, a dinastia severa foi tumultuada, o reinado do imperador foi encerrado rotineiramente por seu assassinato ou execução e após a sua queda, o Império Romano foi engolido pela crise do século terceiro, um período de invasões, guerra civil, depressão econômica e pestes. Na definição das épocas históricas, esta crise é por vezes vista como a marca da transição da Antiguidade Clássica para a Antiguidade Tardia. 

A ilusão da antiga república foi sacrificada pela imposição da ordem: Diocleciano (reinou entre 284 e 305) trouxe o império de volta da crise, mas recusou o papel de princeps e se tornou o primeiro imperador a ser abordado regularmente como dominus, "mestre" ou "senhor". O estado de absolutismo autocrático que resultou no Dominato, que durou até a queda do Império Romano do Ocidente em 476. O reinado de Diocleciano trouxe também um maior esforço concentrado do império contra a ameaça do cristianismo, o que foi chamado de a "Grande" Perseguição. 

Divisão do Império

Os Tetrarcas
Foi a partir desse ponto que a unidade do Império Romano se tornou uma ilusão, como ficou graficamente revelado pela divisão de poder implementada por Diocleciano entre quatro "co-imperadores", a chamada Tetrarquia. A ordem foi novamente abalada logo depois, mas foi restaurada por Constantino, que se tornou o primeiro imperador a se converter ao cristianismo e que estabeleceu Constantinopla como a nova capital do Império Romano do Oriente. Durante as décadas das dinastias Constantina e Valentiniana, o império foi dividido ao longo de um eixo leste-oeste, com dois centros poder em Constantinopla e Roma. O reinado de Juliano, que tentou restaurar a religião helenística e romana clássica, apenas interrompeu brevemente a sucessão de imperadores cristãos. Teodósio I, o último imperador a governar Oriente e o Ocidente, morreu em 395 d.C., depois de tornar o cristianismo a religião estatal.

Desintegração do Império

No final do século IV, o império começou a se desintegrar com bárbaros do norte desafiando o controle da Roma cristã. A maioria das cronologias colocam o fim do Império Ocidental em 476, quando Rômulo Augusto foi forçado a se render ao chefe militar germânico Odoacro. O Império do Oriente, hoje conhecido como o Império Bizantino, mas chamado no seu tempo como o "Império Romano" ou por vários outros nomes, terminou em 1453 com a morte de Constantino XI Paleólogo e com a queda de Constantinopla para os turcos otomanos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Luta Entre Gladiadores

O combate entre gladiadores é uma atividade tão incompreensivelmente estranha a nossos costumes que geralmente buscamos esportes análogos para descrevê-lo. É verdade que alguns gladiadores ficaram famosos como os atuais jogadores de futebol, mas a maioria morreu vergonhosa e anonimamente. A finalidade dos jogos era celebrar a morte de marginais. Uma luta habilidosa era meramente uma diversão adicional.

O Começo 

Os combates entre gladiadores começaram em algum lugar da Itália nos distantes nevoeiros do tempo, como ritos para homenagear os mortos. Os romanos alegavam ter aprendido a prática com seus vizinhos, os estruscos, mas não há outras evidências dessa origem, de modo que hoje em dias os historiadores preferem culpar outro povo italiano extinto, os samnitas, que realmente deixou evidências de combates entre gladiadores.

Um Espetáculo Romano

Os romanos transformaram os jogos em parte integral da vida civil, um espetáculo que calejava os cidadãos para a visão de sangue e dor, ao mesmo tempo que eliminava os excedentes de prisioneiros de guerra e criminosos. Como povo belicoso, com inimigos por todos os lados, os romanos tinham de se acostumar com a morte violenta em idade precoce. Os jogos ensinavam, pelo exemplo, a enfrentar a morte com coragem e dignidade, reforçavam a importância de ser romano, ao mostra os odiados escravos, criminosos e estrangeiros sendo despedaçados.

Como Funcionava

Os jogos eram geralmente organizados para homenagear a memória de algum romano importante e nobre. Um patrocinador de alto nível pagava as despesas e oferecia entradas gratuitas aos espectadores. A plateia era dividida e acomodada em classes: o camarote imperial, os senadores juntos nas primeiras filas, os cidadãos romanos emancipados com seus pares, e as mulheres nas fileiras de trás, bem no alto.

Lutas registradas 

A primeira luta registrada consistiu em três embates entre seis escravos para homenagear Bruto Pera, depois de uma batalha em 264 a.C.. Com o tempo, o tamanho dos confrontos foi crescendo. Um século depois, Tito Flamínio apresentou 74 lutas, e Júlio César planejou 320 pares de gladiadores em 65 a.C.. 

Como acontece com tudo que se torna popular demais, o proposito original foi se diluindo. Quando a república entrou em decadência, os jogos ganharam um tom mais de entretenimento do que de ritual, com políticos ambiciosos competindo para oferecer espetáculos mais brilhantes ao público. Eles tinham esperança de que um espetáculo especialmente grandioso seria lembrado pelos eleitores quando chegasse a época de eleição. 

Júlio César era um político hábil e um mestre em agradar as multidões. Às vezes ele armava os lutadores com armas exóticas ou com armaduras folheadas a outo. Organizava batalhas simuladas, com derramamento real de sangue, inclusive com a encenação da queda de Troia. Foi um dos primeiros patrocinadores a reencenar batalhas navais em lagos artificiais, e realmente o primeiro a apresentar uma girafa aos romanos.

Anfiteatro Flaviano

A arena era geralmente a maior construção em qualquer cidade romana, e a importância dos combates na vida dos romanos foi enfatizada em 80 d.C., com a construção da maior arena já vista, o anfiteatro Flaviano, ou Coliseu, em Roma. Sendo o mais visível e destacado símbolo da magnificência romana, o Coliseu podia abrigar 60 mil espectadores sentados. Até os nazistas construírem seus campos de extermínio, o Coliseu talvez tenha sido o menor lugar com o maior número de mortes da história, com mais mortes por hectares do que qualquer campo de batalha ou prisão. 

Um Dia na Arena

A manhã de um dia de festival começava geralmente com animais interessantes vindos de todo o mundo conhecido: crocodilos, elefantes, leopardos, hipopótamos, alces, avestruzes, renas ou rinocerontes, que eram trazidos para a arena, apresentados e sacrificados às dezenas ou centenas. Ursos, touros, leões e lobos ferozes eram postos a lutar uns contra os outros como espetáculos, ou eram mortos por caçadores com arcos e lanças para alegria da multidão. A matança de animais na arena tinha a finalidade adicional de permitir que o patrocinador fornecesse ao povo um esplêndido festim com carne de touro, veado ou elefante. A carne era servida à multidão em banquetes ao ar livre, depois do espetáculo.

A demanda por tais espetáculos levou à extinção as mais imponentes espécies do império. Os últimos leões europeus foram mortos por volta de 100 d.C.. O elefante do norte da África desapareceu no século II d.C. Tigres hircanianos, auroques, bisões europeus e leões da Barbária mal sobreviveram à era romana, confinados a umas poucas áreas desérticas, mas nunca mais se recuperaram e finalmente foram extintos nos séculos que se seguiram.

Por volta do meio-dia, executavam-se os criminosos publicamente, como um aviso para outros, geralmente pelo fogo ou por feras soltas em cima deles. Às vezes os criminosos eram apenas jogados juntos em grandes grupos, com armas simples e ordens de se matarem uns aos outros. Outras vezes, a imaginação romana criava punições animadas, condizendo com o crime. Alguns prisioneiros eram executados encenando os mais horrendo mitos: Hércules em chamas, Ícaro caindo do céu, Hipólito arrastado por cavalos, Acteão transformado num veado e despedaçado por cães. Essas cenas eram consideradas valiosas lições sobre os desígnios misteriosos dos deuses.

O verdadeiro espetáculo só começava à tarde, quando os gladiadores habilidosos eram apresentados. Eles começavam como criminosos, escravos ou prisioneiros de guerra, mas eram treinados em escolas especiais para que fizessem a melhor apresentação possível. Às vezes o combate era apenas uma questão de fazer gauleses lutarem contra cem árabes, numa batalha encenada, que treinava cidadãos soldados para aquilo que os esperava na fronteira; entretanto na maior parte do tempo os gladiadores lutavam individualmente, de modo que a plateia pudesse apreciar as habilidades belicosas sem distrações. 

Os jogos começavam com o editor examinando as armas para ver se eram reais. As couraças dos gladiadores eram projetadas para diminuir o risco de ferimentos de pequena monta, em favor de uma morte direta; protegiam os braços e o rosto, mas deixavam expostos o peito e o pescoço. Capacetes com viseiras escondiam o rosto dos gladiadores, mantendo anônimos e impessoais as mortes na arena. 

Quando um gladiador vencia o oponente, a plateia nas arquibancadas decidia a sorte do vencido, fazendo gestos com os polegares. Se a multidão estava convencida de que o lutador derrotado dera o melhor de si, sua vida era quase sempre poupada. 

Um evento raro, mas especial, era o munera sine missione, "oferendas sem anistia", série de combates de que só um gladiador saía vivo. No início do século I d.C., Augusto baniu a prática, considerando cruel proibir que um lutador corajoso fosse anistiado, mas imperadores posteriores a reviveram pelo seu apelo dramático. 

Fim de Jogo

Os gladiadores eram treinados a morre com elegância. Um lutador derrotado deveria oferecer o pescoço para o golpe final, sem atos constrangedores, como chorar, fugir ou pedir misericórdia. 
Depois de cada luta que terminasse em morte, auxiliares disfarçados como deuses do submundo apareciam e se certificavam de que o homem morto não estava fingindo. Mercúrio (Hermes), com um chapéu e sandálias alados, espetava o perdedor com um ferro em brasa para ver se ele se encolhia. Caronte golpeava a testa do homem caído com uma marreta. Então os escravos carregavam o corpo para fora e jogavam areia fresca sobre as poças de sangue. 

Fora da vista da multidão, no necrotério da arena, auxiliares que trabalhavam sob a severa vigilância de um supervisor retiravam a valiosa armadura do corpo, e cotavam a garganta do lutador para ter certeza de que não estavam sendo enganados. Como os gladiadores eram escravos ou criminosos, seus corpos eram geralmente atirados em vazadouros de lixo, mas uma vantagem de ser um gladiador vencedor era a perspectiva de um enterro decente, pago por fãs, patrocinadores agradecidos ou lutadores que juntavam dinheiro em associações funerárias.

Como os romanos consideravam a compaixão uma fraqueza, seus filósofos raramente se opunham aos jogos, por essa razão. Em alguns de seus escritos, Cícero queixa-se de que os combates simulados eram vulgares e sádicos, mas mesmo assim ele aprovava os combates reais, que enfatizavam os valores romanos de força e honra. 

Fim da Popularidade

Os jogos perderam popularidade quando o império adotou o cristianismo, e a compaixão passou a ser considerada uma virtude. Constantino tentou abolir o combate de gladiadores num édito de 325 d.C., mas a abolição só era cumprida esporadicamente. Depois que os invasores germânicos desmantelaram o Império Romano do Ocidente, porém, os romanos perderam a necessidade de se calejar vendo homens morrerem. Os novos reis bárbaros punham fim aos combates de gladiadores sempre que assumiam o poder. A última luta registrada no Coliseu ocorreu em 435 d.C., embora as lutas públicas entre animais continuassem por quase um século mais.

Espártaco: Um Gladiador Rebelde

Espártaco (120 a.C. – ca. 70 a.C.) foi um gladiador de origem trácia (antiga Bulgária), líder da mais célebre revolta de escravos na Roma Antiga, conhecida como "Terceira Guerra Servil", "Guerra dos Escravos" ou "Guerra dos Gladiadores". Espártaco liderou, durante a revolta, um exército rebelde que contou com quase 100 mil ex-escravos. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Guerras Púnicas

As Guerras Púnicas consistiram numa série de três conflitos que opuseram a República Romana e a República de Cartago, cidade-estado fenícia, no período entre 264 a.C. e 146 a.C.. Depois de quase um século de lutas, ao fim das Guerras Púnicas, Cartago foi totalmente destruída e Roma passou a dominar o mar Mediterrâneo.

O adjectivo "púnico" deriva do nome dado aos cartagineses pelos romanos (Punici) (de Poenici, ou seja, de ascendência fenícia).

Localizada no norte da África (atual Tunísia), por volta do século III a.C. Cartago dominava o comércio do Mediterrâneo. Os ricos comerciantes cartagineses possuíam diversas colônias na Sardenha, Córsega e a oeste da Sicília (ilhas ricas na produção de cereais), no sul de península Ibérica (onde exploravam minérios como a prata) e em toda costa setentrional da África.

Causas

As Guerras Púnicas tiveram como causa a rivalidade entre Roma e Cartago, pela hegemonia econômica, política e militar na Sicília e depois em todo o Mediterrâneo ocidental, importante meio de transporte de mercadorias naquela época.

Quando Roma anexou os portos do sul da península Itálica, os interesses de Nápoles e Tarento (atual Taranto) (colônias gregas rivais de Cartago, na Magna Grécia) tornaram-se interesses romanos, a guerra passou a ser inevitável. Era quase certo que Roma, como líder dos gregos ocidentais, iria intervir na luta secular entre sicilianos e cartagineses.

As forças das duas potências eram bastante equilibradas, pois o poderio de ambas era sustentado por uma comunidade de cidadãos e um poderoso exército, fortalecido por aliados em caso de guerra.

As Hostilidades

A maior parte da Sicília era habitada por vários cartagineses, em luta constante com as colônias gregas da Magna Grécia. Os romanos intervieram e uma de suas legiões, com o apoio de Siracusa, ocupou a cidade de Messina. Os cartagineses declararam guerra a Roma.

O general cartaginês Amílcar conquistou o sul da península Ibérica. Dali, seu filho Aníbal, em 218 a.C., desencadeou a Segunda Guerra Púnica. Partindo da península Ibérica, atravessou os Alpes e chegou à península Itálica. Venceu os romanos em várias batalhas, mas não marchou sobre Roma.

Isso possibilitou aos romanos a conquista da península Ibérica, a destruição de sua base logística e o desembarque na África, levando a guerra ao solo cartaginês. Aníbal, obrigado a retornar a Cartago, foi derrotado por Cipião Africano, em 202 a.C., na batalha de Zama.

Severa foi a pena imposta a Cartago, que teve de pagar pesados impostos e também ficou proibida de fazer guerra a outros povos sem ordens do senado romano. Em Roma, o senador Catão iniciava intensa campanha contra Cartago. Todos os seus discursos terminavam com a frase: "Cartago precisa ser destruída" (delenda est Carthago).

Usado o pretexto que Cartago desobedecera a Roma, em 146 a.C., Cipião Emiliano, com suas forças, arrasou totalmente a cidade, queimando-a e colocando sal pelo solo, "para que ali nada mais crescesse".

As Três Guerras

A Primeira Guerra Púnica foi principalmente uma guerra naval que se desenrolou de 264 a.C. até 241 a.C.. Iniciou-se com a intervenção romana em Messina, colônia de Cartago situada na Sicília. O conflito trouxe uma novidade para os romanos: o combate no mar. Com hábeis marinheiros, Cartago era a principal potência marítima do período. Os romanos só conquistaram a vitória após copiar, com a ajuda dos gregos, os barcos inimigos. Roma conquistou a Silícia, Córsega e a Sardenha.

A Segunda Guerra Púnica ficou famosa pela travessia dos Alpes, efetuada por Aníbal Barca, e desenrolou-se de 218 a.C. até 202 a.C.. Desenvolveu-se quase toda em território romano. Liderados por Aníbal, os cartagineses conquistaram várias vitórias. O quadro só se reverteu com a decisão romana de atacar Cartago. Aníbal viu-se então obrigado a recuar para defender sua cidade e acabou derrotado na Batalha de Zama. Roma assumiu o controle da península Ibérica. 

A Terceira Guerra Púnica, que se desenrolou de 149 a.C. a 146 a.C.. Roma foi implacável com o inimigo. Sob a liderança de Cipião Emiliano Africano atacou e destruiu completamente a cidade de Cartago, escravizando os sobreviventes. A cidade foi incendiada e suas terras cobertas com sal para que nada mais produzissem. Com isso completou-se o ciclo de batalhas que deu grande parte do mar Mediterrâneo aos romanos. 

Consequências das Guerras Púnicas

Roma passou a dominar todo o comércio do Mediterrâneo Ocidental e a partir daí iniciou suas conquistas territoriais com as quais dominou todo o Mediterrâneo e grande parte da Europa.

Com o crescimento do comércio, surgiu uma nova classe social denominada homens novos/ cavalheiros/ comerciantes (plebeus e patrícios então falidos).

Surgiu em Roma um grave problema social, pois as conquistas aumentaram muito o número de escravos, o que gerou um grande desemprego na plebe.

Concorrência dos produtos importados das novas províncias, fazendo entrar em crise a agricultura italiana (falência dos pequenos proprietários italianos) - os pequenos e médios proprietários foram obrigados a vender suas propriedades para os latifundiários e para o Estado (Ager publicus).

Aníbal

Aníbal, filho de Amílcar Barca; Cartago, 248 a.C. - Bitínia, 183 ou 182 a.C., conhecido comumente apenas como Aníbal foi um general e estadista cartaginês considerado por muitos como um dos maiores táticos militares da história. Seu pai, Amílcar Barca (Barca, "raio"10 ), foi o principal comandante cartaginês durante a Primeira Guerra Púnica, travada contra Roma; seus irmãos mais novos foram os célebres Magão e Asdrúbal, e seu cunhado foi Asdrúbal, o Belo.

Sua vida decorreu no período de conflitos em que a República Romana estabeleceu supremacia na bacia mediterrânea, em detrimento de outras potências como a própria Cartago, Macedônia, Siracusa e o Império Selêucida. Foi um dos generais mais ativos da Segunda Guerra Púnica, quando levou a cabo uma das façanhas militares mais audazes da Antiguidade: Aníbal e seu exército, onde se incluíam elefantes de guerra, partiram da Hispânia e atravessaram os Pirenéus e os Alpes com o objetivo de conquistar o norte da península Itálica. Ali derrotou os romanos em grandes batalhas campais como a do lago Trasimeno ou a de Canas, que ainda se estuda em academias militares na atualidade. Apesar de seu brilhante movimento, Aníbal não chegou a capturar Roma. Existem diversas opiniões entre os historiadores, que vão desde carências materiais de Aníbal em máquinas de combate a considerações políticas que defendem que a intenção de Aníbal não era tomar Roma, senão obrigá-la a render-se. Não obstante, Aníbal conseguiu manter um exército na Itália durante mais de uma década, recebendo escassos reforços. Por causa da invasão da África por parte de Cipião, o Senado púnico lhe chamou de volta a Cartago, onde foi finalmente derrotado por Públio Cornélio Cipião Africano na Batalha de Zama.

Vitórias de Aníbal

Durante os poucos anos que se seguiram, um série de exércitos romanos tentou barrar a marcha de Aníbal, mas todos foram derrotados. Mais do que simplesmente derrotados, as forças romanas foram aniquiladas. Em Trebia, no norte da Itália, Aníbal fingiu que se retirava, o que fez os romanos saírem de uma forte posição defensiva para serem emboscados num rio raso. No lago Trasimeno, três legiões romanas foram atraídas para a estrada à margem do espelho d'água e emboscadas no nevoeiro matinal. Àquela altura os romanos já estavam alertados para os truques do inimigo e recusaram-se a enfrentá-lo em batalha durante todo um ano.

Finalmente, os romanos reuniam seu maior exército até então, oito legiões romanas mais aliados e cavalaria, 80 mil homens no total, e enfrentaram Aníbal em campo aberto, à luz plena do dia, em Cannae, no sul da Itália. Com um exército que era metade do efetivo de Roma, Aníbal fincou pé para enfrentar o inimigo. Colocou dois pesados blocos de infantaria em pequenas elevações do campo e ligou-os com uma linha flexível de infantaria ligeira no centro. Quando os romanos atacaram, os flancos cartagineses aguentaram firme, enquanto o centro era empurrado para trás. Isso criou um túnel que atraiu os romanos para o centro. A vanguarda romana empurrava os cartagineses, enquanto a retaguarda empurrava a própria vanguarda, e logo os romanos viram-se aglomerados de tal maneira que não podiam usar suas armas com eficácia. Nesse ínterim, a cavalaria de Aníbal repeliu os cavaleiros romanos e fechou a retaguarda aberta do funil, prendendo todo o exército romano em um campo mortífero apinhado de gente. Os romanos foram sistematicamente trucidados durante o resto do dia, até não restar um soldado de pé.

Legado Militar 

O historiador militar Theodore Ayrault Dodge o chamou "pai da estratégia". Foi admirado inclusive por seus inimigos — Cornélio Nepos o batizou como «o maior dos generais» —, assim sendo, seu maior inimigo, Roma, adaptou certos elementos de suas táticas militares a seu próprio arsenal estratégico. Seu legado militar o conferiu uma sólida reputação no mundo moderno, e tem sido considerado como um grande estrategista por grandes militares como Napoleão ou Arthur Wellesley, o duque de Wellington. Sua vida tem sido objeto de muitos filmes e documentários. Bernard Werber lhe rende homenagem através do personagem do «Libertador», e de um artigo em L’Encyclopédie du savoir relatif et absolu mencionada em sua obra Le Souffle des dieux.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Guerras Gálicas

Designa-se historiograficamente por Guerras da Gália (ou Gálicas) a série de campanhas de Júlio César iniciadas em abril de 58 a.C. e finalizadas durante a primavera de 52 a.C., quando, após um cerco de dois meses, César apoderou-se de Alésiae aprisionou Vercingetórix, líder dos Gauleses. Estas campanhas permitiram estabelecer o domínio romano sobre a Europa a oeste do rio Reno (Gália Transalpina).

Após atravessar a a Gália Transalpina, César expulsou as tribos germânicas fixadas ao sul e ao leste, as belgas ao norte e os vênetos a oeste. Atravessou o Reno para mostrar o poder de controle das fronteiras. Favorecido pela desunião intertribal, subjugou implacavelmente as costas norte e oeste. Invadiu duas vezes (55 a.C. e 54 a.C.) a Bretanha, que era vista como refúgio belga e ameaça para Roma. No inverno de 53 a.C.-52 a.C., Vercingetórix reuniu as tribos da Gália central numa unidade incomum, promovendo a insurreição dos povos da Gália iniciado com o massacre dos Romanos em Orléans. Em longa e amarga batalha, César derrotou Vercingetórix e os seus sucessores, culminando na rendição do chefe gaulês.

A Gália, que ocupava apenas uma parte do noroeste da península Itálica (Gália Cisalpina) e uma estreita faixa de terra ao sul da atual França (Gália Narbonense), passou a incluir o equivalente ao atual território da França e da Bélgica.

De Bello Gallico

Júlio César escreveu um livro relatando as diversas campanhas na então Gália, o De Bello Gallico ("Das Guerras na Gália"). A obra é de interesse inquestionável como relato das campanhas, já que foi escrita por um dos protagonistas, embora a interpretação do seu conteúdo seja largamente discutida, considerando muitas passagens como propaganda de César sobre o seu exército e sua capacidade de liderança. Existe até mesmo uma edição acrescida de comentários de Napoleão Bonaparte.

A conquista da Gália por Júlio César

Os Helvécios

A Gália nos tempos de
Júlio César (58 a. C.)
O meio mais certo de agradar os eleitores em Roma era trazer de volta grandes produtos de saques de conquistas estrangeiras, e distribuí-los liberalmente por toda a cidade. Na época do final da República Romana, entretanto, o império era grande demais para que os dois cônsules governantes ficassem guerreando por todo o mundo, reunindo riquezas e glória em guerras estrangeiras durante o único ano para o qual eram eleitos. Em vez disso, eles tinham sua oportunidade como procônsules, ex-cônsules, que eram nomeados pelo Senado como governadores de províncias em fronteiras problemáticas (mas potencialmente lucrativas). Um cônsul popular era recompensado com uma rica província que ele podia extorquir, enquanto outro, impopular, talvez recebesse um vasto território de deserto rochoso, habitado por nômades sujos e pobres. Depois de servir seu termo como cônsul, o extremamente popular Gaio Júlio Cesar recebeu quatro legiões e o carto de governante de diversas províncias romanas do norte, especialmente a Gália meridional (atualmente o sul da França).

César estava ansioso por uma desculpa, qualquer desculpa, para começar a conquista e o saque, de modo que ficou muito contente quando os helvécios pediram permissão para migrar através do protetorado romano para a Gália, em 58 a. C. Ele negou a permissão, mas os helvécios foram em frente de qualquer jeito. César colocou-se no caminho deles com seis legiões. Construiu uma longa muralha barrando o caminho dos invasores, perto do lago Genebra, e esperou. Os helvécios também ficaram esperando. 

Quando os helvécios tentaram desbordar as tropas romanas, César os surpreendeu cruzando um rio e esmagou a retaguarda deles. Depois os perseguiu de perto sem lhes dar descanso, matando os que se desgarravam, até que acidentalmente estendeu demais suas linhas de suprimento. Quando ele recuou, os helvécios deram meia-volta e o perseguiram, até que os romanos fincaram pé numa colina perto da importante cidade gálica de Bibracte, na França central. Ali conseguiram repelir os ataques dos adversários. Depois contra-atacaram e os destruíram.

Ariovisto

Ao norte, duas tribos gaulesas do vale do Reno, os éduos e os séquanos, estavam em guerra, de modo que estes últimos contrataram os suevos, uma tribo germânica chefiada por Ariovisto, para ajudá-los. Depois que os éduos foram derrotados, entretanto, Ariovisto não se retirou. Apossou-se de um terço o território dos séquanos, onde estabeleceu 120 mil membros de seu próprio povo. Posteriormente, mais um terço do território dos éduos foram conquistados por Ariovisto.

Entretanto César não queria deixar que os germânicos estabelecessem um poderoso território tão perto da fronteira romana, de modo que em resposta a pedidos de ajuda dos aeduis ele exigiu a retirada dos suevos. Quando Ariovisto zombou da exigência, César marchou com 30 mil homens para o norte, em setembro. Os dois lados parlamentaram e manobraram durante algum tempo, até que o acampamento romano em Vosgue viu-se cercado por 70 mil germânicos vociferantes. Os romanos calmamente formaram suas linhas e atacaram. Derrotaram os suevos e os perseguiram de perto por 24 quilômetros. Tendo perdido 25 mil homens, os inimigo escapou atravessando o rio Reno de volta, e logo correu o boato que Ariovisto morrera, provavelmente assassinado por seus próprios correligionários revoltados.

Avançando Mais

Durante o ano seguinte, César permaneceu no norte combatendo os belgas, uma coalisão importante de tribos gaulesas que se armavam para bloquear a expansão romana. Em junho de 56 a.C. César construiu uma ponte de madeira sobre o Reno, em dez dias, a primeira do mundo a cruzar o rio. Esse espantoso feito de engenharia intimidou a maior parte das tribos locais, que entregaram reféns ao general, como símbolo de sua rendição. César gastou apenas 18 dias cruzando o rio, incendiando a cidade de uma das tribos que resistiu à sua investida. Destruiu a ponte depois que se retirou, a fim de não deixar uma porta desguarnecida para o império.

Em 55 a. C., ele cruzou o canal da Mancha, invadindo a Bretanha, para ver se valia a pena conquistar aquele território. Levou apenas duas legiões, ou porque planejava não mais do que um reconhecimento ou porque, arrogantemente, supôs que aquela força seria bastante para subjugar a ilha. De qualquer modo, os britânicos mostraram ser mais fortes do que ele esperava. César ficou com suprimentos escassos, mas mesmo assim atacou a partir de sua base e destruiu alguns vilarejos, só para mostrar que não seria forçado a se retirar. Depois retornou ao continente.

SPQR: Senatus
Populusques
Romanus
A essa altura, Cesar já tinha conseguido mais duas novas legiões, somando um total de oito. No inverno de 54-53 a. C., o rei Ambiórix, dos eburões germânicos, enganou as forças romanas: aceitou que passassem em segurança por seu território, mas depois as emboscou. Uma legião quase inteira foi massacrada, perdendo sua Águia, que era o símbolo visível da legião e um poderoso talismã. Os sobreviventes fugiram de volta para seu acampamento e cometeram suicídio, pois não queriam cair prisioneiros dos germânicos.

César chegou e retaliou, destruindo cada aldeia e fazenda no território dos eburões. Embora houvesse fugido e se escondido da vingança direta dos romanos, a maioria da população ficou agora exposta à inanição durante o inverno. César também deu às tribos vizinhas a permissão para que fizessem o que quisessem com os eburões. Embora não saibamos exatamente o que essas tribos fizeram, com certeza foi algo terrível. A história nunca mais voltou a mencionar os eburões.

Em 53 a. C., César dispunha de dez legiões. Ele voltou do norte e varreu  a Gália novamente, certificando-se de que todas as tribos soubessem que as governava. Esmagou uma série de tribos gaulesas teimosas, uma por uma, vendendo as mulheres e crianças para mercadores de escravos que seguiam seu exército por onde este marchava.

Finda sua campanha, César pôde reivindicar toda aquela região como território romano. Embora todo exército gaulês que se levantara contra os romanos houvesse sido derrotado, o povo decidiu realizar um último esforço para expulsar os invasores. Uma grande coalizão de tribos já pacificada empreendeu uma revolta sob o comando de Vercingetórix, chefe da tribo dos arvernos. Para levar os romanos à inanição, os gauleses destruíam todo suprimento que não podiam remover ou defender, e o subsequente sítio da capital gaulesa de Avaricum foi quase uma punição para os romanos lá fora, e os gauleses lá dentro. Por 27 dias, debaixo de forte chuva, os romanos tentaram montar torres om rodas para tomar a cidade, enquanto os gauleses realizavam sortidas externas visando perturbar os trabalhos. Finalmente os engenhos de assédio ficaram prontos e um assalto romano ultrapassou as muralhas. Os conquistadores massacraram todos os inimigos dentro da cidadela. César relata que não houve sobreviventes: "Nem homens, nem mulheres, nem crianças. Da população de cerca de 40 mil, apenas oitocentas, que fugiram da cidade ao primeiro sinal do inimigo, conseguiram chegar com segurança a Vercingetórix.

Vercingetórix se rende a Júlio César, 
pintura no Museu Crozatier, 
em Le Puy-en-Velay.
Vercingetórix mantivera-se afastado durante o sítio de Avaricum, vencendo diversos pequenos confrontos, antes que César o encurralasse no bastião de Alésia. Mais uma vez os romanos estabeleceram seu acampamento em forma de anel, circundando toda a fortaleza inimiga, e começaram a construir as máquinas de assédio. Depois que eles repeliram um tentativa de gauleses fora do perímetro, visando quebrar o cerco, Vercingetórix desistiu. Entregou-se à mercê de César, e embora este tivesse uma reputação de perdoar os inimigos, dessa vez manteve-se firme. Vercingetórix ficou jogado numa cela por diversos anos, até o dia festivo da procissão triunfal de César. Então foi retirado de lá, conduzido pelas ruas de Roma e ritualmente estrangulado no final.

Legado 

O teimoso e incorruptível Marco Pórcio Catão, um dos últimos senadores de Roma a acreditar na república, opunha-se vigorosamente às guerras de César. Achava que César as empreendera sob falsos pretextos, e que ele deveria ser entregue aos germânicos para ser punido. Outros homens poderosos em Roma também se opunham a César, mas principalmente porque a ambição dele de tornar-se ditador conflitava com as próprias ambições deles de fazerem o mesmo.

A guerra não apenas cobrira César de glória e riquezas, mas também o deixara com um exército veterano de tamanho sem rival, inteiramente subordinada a seu favor pela distribuição dos saques efetuados na Gália. Embora ninguém em Roma pudesse evitar que ele se tornasse ditador, ainda decorreriam alguns anos de guerra civil antes que todos os que duvidavam fossem convencidos. Entretanto, exatamente quando se estabeleceu na cidade para gozar dos frutos de sua vitória, César foi assassinado. Seus imediatos no comando lutaram entre si durante mais alguns anos, mas por fim o último desses que restaram, seu sobrinho Otaviano, herdou o manto do poder sob o título de Augusto, e Roma tornou-se um verdadeiro império.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Invasão Romana da Britânia

Por volta de 43 d.C., momento da principal invasão romana da Britânia, a ilha já tinha sido frequente objetivo de invasões planeadas e realizadas por forças da República Romana e do Império Romano. Assim como outras regiões nos limites do império, Britânia estabelecera relações diplomáticas e comerciais com os romanos ao longo de um século desde as expedições de Júlio César em 55 e 54 a.C., e a influência econômica e cultural de Roma era uma parte significativa da tardia pré-romana Idade do Ferro britânica, especialmente no sul.

Introdução 

Entre 55 a.C. e 40 d.C., a política de pagamento de tributos, troca de reféns e vassalagem das tribos britânicas, iniciada com as invasões da Britânia por Júlio César durante a Guerra das Gálias, continuou sem sofrer apenas câmbios. César Augusto preparou a invasão da ilha em três ocasiões (34 a.C., 27 a.C. e 25 a.C.). A primeira e terceira foram abortadas por causa de revoltas produzidas em outras regiões do império, e a segunda por os líderes britânicos parecerem dispostos a chegar a um acordo e evitarem a guerra. Segundo a Res Gestae de Augusto, dois reis britânicos, Dunovelauno e Tincomaro, viajaram suplicantes a Roma durante o seu reinado, e a Geografia de Estrabão, escrita durante este período, afirma que a Britânia pagou mais em tributos e impostos do que poderia implicar se a ilha fosse conquistada.

Na década de 40 d.C., a situação política dentro da Britânia era instável. Os Catuvelaunos substituíram os Trinovantes como o reino mais poderoso a sudeste da Britânia, tomando a antiga capital Trinovantiana de Camuloduno (atual Colchester), e iniciaram uma política de pressões para os seus vizinhos os Atrébates, dirigidos pelos descendentes do antigo aliado e posterior inimigo de Júlio César, Cômio.

Calígula planejou uma campanha contra os britanos em 40, mas a sua execução foi realmente estranha: segundo o que escreve Suetônio em Vidas dos Doze Césares, o imperador dispôs as suas tropas em formação de batalha ao longo do canal da Mancha e ordenou que atacassem permanecendo na água. Posteriormente ordenou que os soldados deviam recolher conchas da água como "o tributo que o oceano devia ao monte Capitolino e ao monte Palatino". Os historiadores modernos não se mostram seguros a respeito de se essa ação foi um castigo a um possível motim dos soldados ou consequência de um dos desvarios de Calígula. O certo é que esta tentativa de invasão preparou as tropas e facilitou a invasão de Cláudio iniciada três anos depois (por exemplo, Calígula edificou um farol em Bolonha-sobre-o-Mar, que serviu como modelo para outro construído em 43 d.C., em Dubris).

Preparativos de Cláudio 

Três anos depois da frustrada invasão de Calígula, o seu sucessor no trono, o imperador Cláudio, provavelmente utilizando as tropas do seu predecessor, formou uma força invasora para reabilitar no trono a Verica, um rei exilado dos Atrébates. Aulo Pláucio, um importante senador, foi posto no comando de quatro legiões que somavam um total de 20 000 soldados sem contar os auxiliares, com os quais somariam por volta de 40 000. As legiões de Plaúcio foram as seguintes:

Legio II Augusta
Legio IX Hispana
Legio XIV Gemina
Legio XX Valeria Victrix

A II Augusta é famosa por ter sido comandada pelo futuro imperador Vespasiano. Segundo os escritos antigos, outros três homens de posição consular foram designados comandantes da força de invasão. Cneu Hosídio Geta, foi designado provavelmente como comandante da IX Hispanica. O irmão de Vespasiano Tito Flávio Sabino é mencionado com Geta pelo historiador Dião Cássio (Cássio afirma que Sabino era tenente de Vespasiano, mas como Sabino era o irmão maior e precedeu Vespasiano no cursus honorum, foi seguramente tribuno militar). Segundo Eutrópio, Cneu Séntio Saturnino foi na sua condição de antigo cônsul, mas ao ser idoso demais é provável que acompanhasse Cláudio quando este desembarcou na ilha.

Cruzamento e invasão 

A força principal de invasão de Pláucio partiu em três divisões. Geralmente, acredita-se que o porto do que partiu o exército romano foi Bolonha-sobre-o-Mar, e que o principal ponto de desembarque foi Rutúpias (Rutupiae; atual Richborough, na costa Leste de Kent). Contudo, não fica demonstrado que fossem estes dois locais. Dião Cássio não menciona o nome do porto de partida, e embora Suetônio afirme que a força secundária partiu sob o comando de Cláudio de Bolonha, isso não significa necessariamente que a força de invasão inteira partisse dali. Pela sua vez, Richborough conta com um grande porto natural, que seria adequado, e amostra restos arqueológicos romanos que indicam uma ocupação militar no momento adequado. Contudo, Dião Cássio alega que os romanos partiram de leste para oeste, e uma viagem de Bolonha a Richbourough suporia um deslocamento de sul a norte. Alguns historiadores sugestionam que a força invasora navegou de Bolonha para Solent, desembarcando nas cercanias de Noviômago Reginoro(Chichester) ou Southampton, em território governado oficialmente por Vérica. Uma explicação alternativa propõe uma viagem do rio Reno para Richborough, que suporia um deslocamento de leste a oeste.

Derrota da resistência sul 

A resistência dos britanos foi dirigida pelos líderes Togoduno e Carataco, filhos do rei dos catuvelaunos, Cunobelino. Uma importante força britânica enfrentou-se com os invasores romanos nas imediações de Rochester, no rio Medway. A batalha prolongou-se durante dois dias. O general romano Hosídio Geta foi capturado durante a contenda, mas foi resgatado e desequilibrou a contenda em favor dos romanos, sendo recompensado com um triunfo ao seu regresso a Roma.

Os britânicos retrocederam para o Tâmisa com o exército romano perseguindo-os ao longo do rio e causando numerosas baixas quando atravessavam o território de Essex. Desconhece-se se para este fim os romanos construíram uma ponte fixa ou se a edificaram temporariamente, embora seja confirmado que ao menos uma divisão de auxiliares batávios cruzou o rio e constituiu uma força independente.

Quando o líder britano Togoduno faleceu após a débâcle do Tâmisa, Pláucio deteve a sua ofensiva e enviou uma mensagem a Cláudio pedindo que se unisse para dirigir a ofensiva final. Dião Cássio escreve que Pláucio precisava do apoio de Cláudio para derrotar o ressurgimento dos britanos que estavam decididos a vingar a morte de Togoduno. Contudo, Cláudio não era militar. O Arco de Cláudio afirma que o imperador recebeu a rendição de onze líderes da resistência britana sem sofrer perda alguma. Suetônio afirma que Cláudio recebeu a rendição dos britanos sem estar presente numa só batalha. É provável que os catuvelaunos estivessem já à beira da derrota pela habilidade militar de Plaútio, o que permitiu Cláudio aparecer como o vencedor na marcha final sobre Camuloduno. Dião Cássio relata que Cláudio trouxe das afastadas regiões do império elefantes de guerra, (embora não se tenham descoberto restos deles), e armamento pesado que impediu um novo rebrote dos insurgentes nativos. Onze líderes a sudeste da Britânia renderam-se ao imperador, e este regressou para Roma junto a Camuloduno para celebrar a sua vitória. Carataco, pela sua vez, escapou e continuou resistindo os invasores desde o afastado oeste. Em comemoração da vitória de Cláudio, o filho do imperador, Cláudio Tibério Germânico foi recompensado com o título honorífico de Britânico.

44 - 60 

Em 44 d.C., o general Vespasiano assumiu o comando de uma pequena força e marchou para oeste subjugando as tribos e capturando uma série de ópidos ao longo do seu caminho. A marcha de Vespasiano chegou ao menos até Exeter e, provavelmente, alcançou a região de Bodmin. A Legio IX Hispânica foi enviada para norte, para Lincoln e, após quatro anos de invasão, é provável que a área em redor de Humberat é o rio Severn caísse sob controle romano. A situação da estrada romana conhecida como Fosse Way levou muitos historiadores a debater o papel da rota como uma fronteira durante a primeira ocupação. É mais provável que a fronteira entre os romanos e os britanos estivesse mudando durante este período.

No fim de 47 d.C., o novo governador da Britânia, Públio Ostório Escápula, iniciou uma campanha contra as tribos assentadas no atual Gales e Cheshire Gap. A tribo dos Siluros, assentada na região do sudeste de Gales, causou consideráveis problemas a Escápula e defendeu com firmeza a fronteira galesa situada nas proximidades do seu território. O próprio Carataco foi derrotado num encontro e fugiu para o território dos Brigantes, que ocuparam os Peninos. A rainha deste povo, Cartimándua, estava pouco disposta a batalhar com os romanos e decidiu assinar um tratado de paz com eles pelo qual lhes entregava Carataco e eles comprometiam-se a apoiá-la militarmente. Quando Ostório faleceu, foi substituído por Aulo Dídio Galo, que penetrou na fronteira galesa, tomando-a, mas sem continuar, provavelmente porque Cláudio queria evitar uma dura guerra de desgaste com o objetivo de se abrir caminho através do montanhoso território britânico.

Quando Nero ascendeu ao trono após a morte de Cláudio em 54 d.C., parecia decidido a continuar a invasão da ilha e nomeou Quinto Verânio como governador da província, um homem com experiência em tratar com as belicosas tribos da Ásia Menor. Verânio e o seu sucessor, Caio Suetônio Paulino dirigiram com sucesso uma campanha ao longo do território de Gales, famosa por destruir a resistência dos druidas ao capturar as suas capitais, Mona e Anglesey, em 60 d.C.. A ocupação final de Gales foi detida por causa da rebelião da rainha Boudica, cujas tropas obrigaram os romanos a retroceder para sudeste. Os siluros não foram conquistados por completo até 76 d.C., após uma longa e dura campanha dirigida pelo general romano Sexto Júlio Frontino.

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Após a derrota dos insurgentes britanos sob o comando da rainha Boudica na Batalha de Watling Street, os seguintes governadores enviados por Roma continuaram a sua conquista avançando para norte.

Cartimándua foi obrigada a pedir apoios os romanos para que a ajudassem a enfrentar-se com a rebelião do seu marido Venútio. Quinto Petílio Cerial tomou umas quantas legiões estacionadas em Lincoln e avançou até chegar a Iorque. As legiões enfrentaram-se com Venútio e derrotaram-no nas imediações de Stanwick, por volta de 70 d.C. Como resultado, a tribo dos Brigantes foi totalmente romanizada.

Sexto Júlio Frontino foi enviado a governar a província romana da Britânia em 74 d.C. em substituição de Quinto Petílio Cerial. O novo governador subjugou a tribo dos Siluros e os povos hostis a Roma que se assentavam no território de Gales, estabelecendo o seu acampamento base em Caerleon, guarnecendo-o com a Legio II Augusta e estabelecendo uma série de pequenas fortificações situadas a cerca de 15 – 20 km de distância entre elas. Durante o seu mandato foi construída uma fortificação em Pumsaint, a oeste de Gales, em parte com o objetivo de explorar os recursos auríferos de Dolaucothi. Frontino retirou-se da província em 78 d.C. e ao seu regresso à capital foi designado como comissionado de águas em Roma.

O general Cneu Júlio Agrícola foi designado em substituição de Frontino. O novo governador da ilha derrotou os Ordovicosem Gales e, posteriormente, tomou o comando de uma pequena força, marchando para norte, onde construiu uma série de estradas ao longo dos Peninos. Edificou uma fortificação em Chester e empregou táticas depreciáveis em algumas ocasiões com o objetivo de obter a rendição britana pelo medo. Em 80 d.C., Agrícola tinha chegado até o rio Tai, iniciando na zona a construção da grande fortaleza de Inchtuthil. Agrícola obteve uma decisiva vitória contra a Confederação de Caledônia liderada por Calgaco na Batalha do Monte Gráupio. Após a vitória, Agrícola ordenou à sua frota navegar para norte da Escócia com o fim de obter a rendição das Órcadas.

Apesar das suas vitórias, Júlio Agrícola foi chamado para Roma pelo imperador Domiciano e substituído por uma série de sucessores ineficazes que não foram capazes de subjugar os seus inimigos e continuar o avanço para norte.

A fortaleza de Inchtuthil foi desmantelada antes de finalizar a sua construção e, no seu lugar, foram erigidas outras fortificações em Gask Ridge, em Perthshire, construídas para consolidar a presença romana na zona da Escócia. Após a débâcle do monte Gráupio, é provável que os Britanos optassem por abandonar a zona devido aos altos custos da guerra, e era mais rentável ceder aos romanos o controle da zona apesar de deixar os Caledônios sem apoios.

Insucesso na conquista de Escócia 

Localização na Grã-Bretanha
da Muralha de Adriano, ao sul,
e da Muralha de Antônimo, mais ao Norte.
Após a saída de Cneu Júlio Agrícola, os romanos foram retirando-se de maneira progressiva atrás dos limes que construíram na parte central da ilha, conhecidos geralmente com o nome genérico de Muralha de Adriano.

Os romanos tentaram avançar as suas posições para norte, entre os rios Clyde e Forth em 142, quando a Muralha de Antonino foi construída. Contudo, após duas décadas de repetidos insucessos, as legiões abandonaram a sua ofensiva e retiraram-se atrás da seção da Muralha de Adriano, situada entre as regiões do rio Tyne e a área fronteiriça do fiorde de Solway. Apesar desta aparente retirada, as tropas romanas tentariam penetrar na Escócia várias vezes mais, de fato, a maior densidade de acampamentos romanos da Europa encontra-se na Escócia, como resultado das quatro ocasiões nas quais o Império Romano tentou submeter a belicosa região.

A mais importante destas invasões aconteceu em 209, quando o imperador Septímio Severo, alegando a intolerável beligerância da tribo Maeatae, iniciou uma campanha contra a Confederação da Caledônia. Para a sua campanha, o imperador tomou o comando de três legiões veteranas estacionadas na ilha e 9000 soldados imperiais apoiados por numerosa cavalaria e auxiliares subministrados por via marítima pela frota britânico-romana e as frotas do Danúbio e do Reno. O conflito foi extremamente sangrento, e ambos os bandos sofreram quantiosas baixas. Septímio Severo viu-se obrigado a retroceder atrás da sua muralha após perder 50 000 dos seus homens. Enquanto firmava o tratado de paz com os britanos, Severo reformou a Muralha de Adriano, tão profusamente que alguns historiadores lhe atribuíram a sua construção. Durante as negociações para assinar uma trégua, foi emitido o primeiro comentário do qual tem registro; atribuído a um nativo da Escócia (tal qual menciona Dião Cássio). Quando a esposa do imperador, Júlia Domna, criticou os costumes sexuais das mulheres caledônias, uma das esposas dos líderes britanos, Argentocoxos, replicou do seguinte modo: "Nós nos casamos com os melhores homens enquanto vós tendes de vos conformar com os piores". O imperador Severo faleceu em Iorque em 211, quando planeava retomar as hostilidades contra as tribos britanas. Os seus planos seriam abandonados pelo seu filho Caracala.

As últimas incursões dos romanos na Escócia limitaram-se a simples missões de exploração, ao estabelecimento de contratos comerciais, à assinatura de tratados e, finalmente, à propagação do cristianismo.

Os sucessos e insucessos dos romanos em submeter a Britânia ficam ainda presentes na geografia política das ilhas Britânicas, na qual a separação entre Escócia e Inglaterra coincide praticamente com a situação da Muralha de Adriano.
Muralha de Adriano.