sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Napoleão Bonaparte

Napoleão Bonaparte (Ajaccio, 15 de agosto de 1769 — Santa Helena, 5 de maio de 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Adotando o nome de Napoleão I, foi imperador da França de 18 de maio de 1804 a 6 de abril de 1814, posição que voltou a ocupar por poucos meses em 1815 (20 de março a 22 de junho). Sua reforma legal, o Código Napoleônico, teve uma grande influência na legislação de vários países. Através das guerras napoleônicas, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.

Oriundo de uma grande, influente e respeitável família da pequena, desacreditada e inconsequente ilha da Córsega, na parte italiana da França, Napoleão Bonaparte nunca realmente se encaixou. Embora originalmente almejasse seguir o sacerdócio como o irmão, foi em vez disso enviado pelo pai a uma escola militar na França, onde aprendeu sua profissão e fez muitos poucos amigos. Sonhava um dia libertar a Córsega da França, mas, enquanto a Revolução Francesa avançava, foi empolgado por visões grandiosas de libertar o mundo inteiro. Em 2011, um exame de DNA de costeletas de Napoleão que eram guardadas em relicário confirmou a origem caucasiana de Napoleão desmentindo uma possível ascendência árabe do imperador. 

Bonaparte ganhou destaque no âmbito da Primeira República Francesa e liderou com sucesso campanhas contra a Primeira Coligação e a Segunda Coligação. A trajetória da carreira de Bonaparte nunca foi tranquila e, durante as duas décadas do seu domínio, suas oscilações violentas arrastavam a Europa, conforme ele jogava e ganhava ou jogava e perdia. No término da campanha italiana, Bonaparte alcançara o apogeu. Ele voltou, teve uma recepção de herói em Paris, e gozou da adulação do povo francês. Então jogou e perdeu.

A Companhia do Egito

Ninguém sabe, realmente, por que Bonaparte invadiu o Egito, país controlado pelos turcos. Aparentemente, seria o primeiro passo para atacar a Grã-Bretanha na Índia. Publicamente, era a anunciada política da França para levar a civilização republicana e racional aos atrasados povos do Oriente. Os inimigos de Bonaparte no governo da França queriam vê-lo tão longe quanto possível e o próprio Bonaparte queria imitar Alexandre e César. O planejamento, no entanto, era deficiente, com muitos suprimentos e tropas não chegando no tempo previsto aos portos de embarque. Por pura sorte, a armada francesa conseguiu cruzar o Mediterrâneo sem ser apanhada e capturada pela superior esquadra inglesa.

Em julho de 1708, depois de um nauseante desembarque na praia, Bonaparte mandou seus trôpegos soldados se reerguerem e os comandou pelo deserto, sem água bastante ou quaisquer mapas atualizados, indo vagamente em direção ao Cairo. Acossada durante todo o caminho pelos guerrilheiros beduínos, a coluna finalmente se viu nos subúrbios do Cairo, e Bonaparte declarou o Egito livre de séculos de desgoverno dos turcos. Nesse meio-tempo, a frota inglesa, sob o comando de lorde Nelson, encontrou os navios franceses na baía de Abukir, no delta do Nilo, e sangrentamente confirmou a superioridade naval da Inglaterra, deixando a força expedicionária de Bonaparte encalhada a milhares de quilômetros de casa.

Os 13 meses que Bonaparte passou no Egito abririam essa antiga e misteriosa terra aos estudiosos europeus, mas isso quase não teve efeito na trajetória da carreira dele. O isolamento desesperador de seu exército significava que ninguém na França sabia das condições de deterioração das tropas, a eclosão da peste bubônica, os massacres dos nativos insubordinados, um ataque fútil à Palestina e os suicídios de oficiais desesperados. Tudo o que Paris sabia era que Bonaparte derrotara a temível e exótica cavalaria mameluca à sombra das pirâmides. O fato de que os egípcios rapidamente aprenderam a evitar a batalha aberta em troca da tática de bater e correr, que consumia o moral da tropa, não fazia diferença; Bonaparte provara ser o novo Cesar.

Em agosto de 1799, Bonaparte abandonou seu desgastado exército ao seu destino e voltou sorrateiramente à frança - para uma nova recepção de herói. Seu país precisava dele. Todos os inimigos estrangeiros que ele derrotara haviam voltado a se reunir numa Segunda Coalizão e atacado.

1799

Em 1799, liderou um golpe de Estado e instalou-se como primeiro cônsul. Cinco anos depois, o senado francês o proclamou imperador. Na primeira década do século XIX, o império francês sob comando de Napoleão se envolveu em uma série de conflitos com todas as grandes potências europeias, as Guerras Napoleônicas. Após uma sequência de vitórias, a França garantiu uma posição dominante na Europa continental, e Napoleão manteve a esfera de influência da França, através da formação de amplas alianças e a nomeação de amigos e familiares para governar os outros países europeus como dependentes da França. As campanhas de Napoleão são até hoje estudadas nas academias militares de quase todo o mundo.

Guerra Peninsular

Os únicos reveses de Napoleão durante o apogeu foram na Espanha e seus arredores. Em 1800, ele forçara a Espanha a fazer uma aliança para unir sua frota com a dele. No papel, parecia que Napoleão estava pronto para desafiar o controle britânico dos mares;  no entanto, em 1804, Nelson destruiu a frota franco-espanhola em Trafalgar, terminando com a esperança de Napoleão de expandir seu império além da Europa. Jogando com as forças restantes, ele tentou arruinar a Grã-Bretanha, proibindo todo comércio entre o continente e o Reino Unido. Quaisquer países que quebrassem o embargo eram invadidos pelas forças francesas e incluídos no império. Para aumentar o controle sobre os portos, ele anexou, em sequência, grande parte da costa europeia, do mar Báltico no norte à costa croata no sul.

Portugal, no entanto, obstinadamente se recusou a aderir ao Sistema Continental. Napoleão enviou um exército para remover essa mancha pró-britânica do mapa da Europa, mas isso requeria uma longa linha de suprimentos cruzando a Espanha. O pesado trânsito militar que cruzava o país provocou atrito com os espanhóis, causando rixas, depois tumultos e, finalmente, a rebelião. Uma completa invasão francesa em 1808 substituiu o rei Bourbon em Madri pelo irmão de Napoleão, mas os espanhóis continuaram de guerrilha, a palavra espanhola para "guerras pequenas". Os franceses torturavam e executavam, rotineiramente, os rebeldes suspeitos que caíam em suas mãos, o que forneceu motivo para uma assombrosa série de desenhos de Goya, mas que não acabou com a rebelião. Finalmente, tropas britânicas regulares sob o comando do duque de Wellington abriram caminho à força, a partir de Portugal, para ajudar os rebeldes.

Estilo de Guerra

A diferença mais significativa entre a arte de guerra sob napoleão e aquela das gerações anteriores foi a paixão nacionalista desencadeada pela Revolução Francesa. A França era capaz de lutar contra a Europa inteira, porque todo o país se unia na defesa dos ideais de igualdade e razão contra os ressentidos camponeses recrutados por oficiais aristocratas, característica na maneira monarquista de guerrear.

As guerras napoleônicas representaram o auge da era do mosquete, em que os exércitos se dispunham em linha, disparavam um contra o outro de depois avançavam. Isso pode parecer estúpido para nós, mas o poder de fogo napoleônico era tão ineficiente que a única maneira de fazer uma cunha no oponente era concentrar em um ponto centenas de mosquetes, descarregando tranquilamente constantes salvas de tiros. Os mosquetes foram desenhados para serem carregados e disparados com rapidez, não com precisão.

A Campanha da Rússia 

A invasão da Rússia por Napoleão foi a campanha mais solitária e chocante das guerras napoleônicas, provavelmente de todo o século XIX. Quando a Rússia se recusou a cortar o comércio dom a Grã-Bretanha, Napoleão recrutou por toda a Europa ocupada 611.900 soldados e 25 mil civis de apoio para o Grande Exército. Seu Grande Armée foi seriamente danificado na campanha e nunca se recuperou totalmente. Em 1813, a Sexta Coligação derrotou suas forças em Leipzig. No ano seguinte, a coligação invadiu a França, forçou Napoleão a abdicar e o exilou na ilha de Elba. Menos de um ano depois, ele fugiu de Elba e retornou ao poder, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, em junho de 1815. Napoleão passou os últimos seis anos de sua vida confinado pelos britânicos na ilha de Santa Helena. Uma autópsia concluiu que ele morreu de câncer no estômago, embora haja suspeitas de envenenamento por arsênio.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Rainha Vitória

Vitória (Londres, 24 de Maio de 1819 – East Cowes, 22 de Janeiro de 1901), oriunda da Casa de Hanôver, foi rainha do Reino Unido de 1837 até a morte, sucedendo ao tio, o rei Guilherme IV. A incorporação da Índia ao Império Britânico em 1877 conferiu a Vitória o título de Imperatriz da Índia.

Vitória era filha do príncipe Eduardo Augusto, Duque de Kent e Strathearn, o quarto filho do rei Jorge III. Tanto o duque de Kent como o rei morreram em 1820, fazendo com que Vitória fosse criada sob a supervisão da sua mãe alemã, a princesa Vitória de Saxe-Coburgo-Saalfeld. Herdou o trono aos dezoito anos, depois de os três tios paternos terem morrido sem descendência legítima. O Reino Unido era já uma monarquia constitucional estabelecida, na qual o soberano tinha relativamente poucos poderes políticos directos. Em privado, Vitória tentou influenciar o governo e a nomeação de ministros. Em público tornou-se um ícone nacional e a figura que encarnava o modelo de valores rigorosos e moral pessoal.

Casou-se com o seu primo direito, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, em 1840. Os seus nove filhos e vinte e seis dos seus quarenta e dois netos casaram-se com outros membros da realeza e famílias nobres por todo o continente europeu, unindo-as entre si, o que lhe valeu a alcunha de "a avó da Europa". Após a morte de Alberto em 1861, Vitória entrou num período de luto profundo durante o qual evitou aparecer em público. Como resultado do seu isolamento, o republicanismo ganhou força durante algum tempo, mas na segunda metade do seu reinado, a popularidade da rainha voltou a aumentar. Os seus jubileus de ouro e diamante foram muito celebrados pelo público.

O seu reinado de 63 anos e 7 meses foi o mais longo, até à data, da história do Reino Unido e ficou conhecido como a Era Vitoriana. Foi um período de mudança industrial, cultural, política, científica e militar no Reino Unido e ficou marcado pela expansão do Império Britânico. Vitória foi a última monarca da casa de Hanôver. O seu filho e sucessor, o rei Eduardo VII, pertencia à nova casa de Saxe-Coburgo-Gota.

Após a revolta dos sipais, em 1857, a Companhia Britânica das Índias Orientais, que tinha vindo a governar grande parte da Índia, foi dissolvida e a possessões e protectorados britânicos no país foram incorporados formalmente no Império Britânico. A rainha tinha uma visão relativamente balançada sobre o conflito e condenou as atrocidades cometidas por ambos os lados. Escreveu sobre o seu "sentimento de horror e arrependimento pelo resultado desta guerra civil sangrenta", e insistiu, incentivada por Alberto, que devia ser anunciada uma proclamação oficial afirmando que a transferência de poder da companhia para o estado "devia mostrar um sentimento de generosidade, benevolência e tolerância religiosa". Por ordem da rainha uma referência que ameaçava a "diminuição de religiões nativas e costumes" foi substituída por uma passagem que garantia a liberdade religiosa. 

Imperatriz da Índia

Nas eleições de 1874, Disraeli voltou ao poder e o seu governo passou uma lei de regulação de culto público em 1874 que retirava os rituais católicos da liturgia anglicana, algo que Vitória apoiou. A rainha preferia missas curtas e simples e gostava mais da doutrina da igreja presbiteriana escocesa do que inglesa. Também foi este primeiro-ministro que fez passar a lei que deu o título de Imperatriz da Índia a Vitória no dia 1 de Maio de 1876. O novo título foi proclamado no Delhi Durbar no dia 1 de Janeiro de 1877.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Abraham Linconl

Abraham Lincoln (Hodgenville, 12 de fevereiro de 1809 —Washington, 15 de abril de 1865) foi um político norte-americano. 16° presidente dos Estados Unidos, posto que ocupou de 4 de março de 1861 até seu assassinato em 15 de abril de 1865, Lincoln liderou o país de forma bem-sucedida durante sua maior crise interna, a Guerra Civil Americana, preservando a União e abolindo a escravidão, fortalecendo o governo nacional e modernizando a economia. Criado em uma família carente na fronteira oeste, Lincoln foi autodidata, se tornou um advogado, líder do Partido Whig, deputado estadual de Illinois durante os anos de 1830, e membro da Câmara dos Representantes por um mandato durante a década de 1840.

Ao fim da guerra, Lincoln teve uma visão moderada sobre a Reconstrução, buscando reunir a nação rapidamente através de uma política de reconciliação generosa em face da persistente amarga divisão. Seis dias depois de o general Robert E. Lee das forças Confederadas se render, Lincoln foi assassinado pelo ator e simpatizante confederado John Wilkes Booth, sendo o primeiro presidente dos Estados Unidos a ser assassinado e fazendo o país entrar em luto. Lincoln tem sido consistentemente considerado por estudiosos e pelo povo como um dos três maiores presidentes dos Estados Unidos (junto de George Washington e Franklin D. Roosevelt pela opinião de estudiosos, e Ronald Reagan e Bill Clinton pela avaliação popular).

Pintura representando o assassinato
de Abraham Linconl.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Leopoldo II, da Bélgica

Leopoldo II (Bruxelas, 9 de abril de 1835 — Laeken, 17 de dezembro de 1909) foi o segundo rei dos belgas. Era o segundo filho do rei Leopoldo I, a quem sucedeu em 1865, permanecendo rei até sua morte. Foi irmão da imperatriz Carlota do México e primo-irmão da rainha Vitória do Reino Unido.

Prólogo da História entre o Congo e Leopoldo II

A ocupação britânica do Egito, em 1879, fez mais do que enfurecer os nativos e provocar a revolta sob a liderança de Mahdi. Também aborreceu o restante da Europa.

Embora ninguém na Europa estivesse realmente querendo a África, tampouco deixariam alguém ficar com ela; assim, logo que os ingleses fizeram sua tentativa, o restante da Europa se levantou e exigiu o seu quinhão. Com a Inglaterra controlando o Egito, todos os outros países - França, Alemanha Portugal, Itália - queriam participar da festa. Em 188, os representantes de uma dúzia de nações se reuniram em Berlim para dividir a África imparcialmente entre todos os pretendentes. É claro que nenhuma nação representada na conferência era africana, mas eu realmente preciso lhe dizer isso? Mesmo os Estados africanos ocidentalizados, como o Transvaal e a Libéria, foram barrados.

Além de dividir as esferas nacionais de influências, os delegados endossaram formalmente o plano de Leopoldo. O Congo seria uma colônia privada sob o controle pessoal do rei - e não uma possessão do Estado da Bélgica. Em parte, Leopoldo recebeu o Congo como um acordo. nenhuma grande potência queria deixar que aquilo caísse nas mãos de outra grande potência, mas doar tudo ao rei da pequena e neutra Bélgica parecia ser seguro.

Borracha Vermelha

A princípio, O Estado Livre não foi uma operação bem-sucedida. Como os céticos no Parlamento belga haviam prognosticado, as colônias custavam mais e produziam menos do que Leopoldo imaginara. Depois de dez anos, o Estado Livre caminhava para a bancarrota e Leopoldo estava quase pedindo ao governo belga para tirar aquilo de suas mãos. Ele foi salvo por uma onda mundial de demanda por borracha. Em 1888, Dunlop inventara o pneu de borracha com câmara de ar para bicicletas e, em 1895, Michelin fez o mesmo para os automóveis. De repente, Leopoldo possuía algo que todo mundo queria

Mão de Obra em Abundância

Além dos recursos naturais da bacia do Congo, o Estado Livre explorava a abundante mão de obra local. Toda a população de qualquer cidade próxima podia ser recrutada para abrir uma estrada ou assentar trilhos cortando a selva. Os habitantes podiam ser recrutados como carregadores por quanto tempo a companhia precisasse deles e, se morressem de exaustão, haveria muitos outros na próxima parada da trilha.

As cidades recebiam cotas regulares de borracha, marfim ou madeira a serem extraídas da selva. Qualquer trabalhador que não produzisse sua cota de borracha ficava passível de castigo. Uma forte vergastada com um chicote de couro de hipopótamos era só o começo. A mulher dele podia ser sequestrada, e seu resgate exigido em borracha. A maioria dos postos avançados da companhia exibia um número de mulheres sujas, emaciadas e acorrentadas aguardando os maridos trazerem sua cota de borracha ao comandantes do posto. 

Uma Mão Por Uma Vida

Quando os pelotões de segurança da companhia eram enviados em expedições punitivas, eram advertidos para não desperdiçar munição - uma bala, um morto. Não devia usar a munição da companhia caçando grandes presas por esporte. Como prova de sua moderação, deviam trazer de volta uma mão decepada para cada bala disparada. 

Mãos amputadas tornaram-se uma espécie de moeda corrente - prova de que as ordens estavam sendo obedecidas. Uma cesta de mãos defumadas cobria qualquer perda na produção e, se a borracha não chegasse, as forças de segurança do Estado Livre, sairiam para coletar uma cota de mãos em seu lugar. Os nativos rapidamente aprenderam que concordar em sacrificar uma das mãos podia salvar uma vida. 

E não apenas mãos. Depois que um comandante rosnou que seus homens estavam sacrificando apenas mulheres e crianças, os soldados voltaram do ataque seguinte com cestas cheias de pênis. As notícias das atrocidades não chegavam à Europa, porque qualquer viagem que envolvesse o Estado Livre era extremamente regulada. 

A história Vaza

Os antiquados humanistas do período antiescravagista haviam escutado e relatado, durante anos, histórias terríveis sobre o Congo, mas ninguém os levava a sério. Eles eram demasiadamente alinhados com radicais no Parlamento Inglês, e seus apelos pela moralidade e boa vontade eram ignorados ou ridicularizados. Então alguém de dentro botou a boca no trombone sobre o Estado Livre do Congo.

Em 1900, Edmud Morel, ainda trabalhando como escriturário da empresa de navegação, Finalmente reparou na escassez de exportações para o Congo. A balança comercial era muito boa, os lucros eram fáceis. Toda aquela borracha estava indo para a Europa, mas nada estava saindo para pagar por isso - só munição. A única conclusão possível era que as companhias de comércio estavam roubando. Notou, também, que os livros oficiais eram adulterados para esconder isso.

Ele escreveu uma denúncia anônima que atraiu a atenção dos idealistas reformadores sociais profissionais que todo mundo ignorava. Morel lhes recomendou esquecer a filantropia e atacar Leopoldo por criar monopólios, violando os acordos de Berlim que regulavam o livre-comércio. Também os aconselhou a incitar o ressentimento pela exclusão da Grã-Bretanha do lucrativo comércio. Uma vez que conseguissem fazer as pessoas olharem para o Congo, elas veriam por si mesmas as atrocidades.

Propinas Pagas Por Leopoldo

Todos os inimigos de Leopoldo logo se sentiram pressionados. Morel foi acusado de ser pago pelos rivais dos negócios de Leopoldo. Vários jornais importantes da Alemanha pararam, de repente, de criticar as condições no Congo e começaram a apresentar um ponto de vista mais ambíguo. Ninguém sabia explicar essa mudança surpreendente, até que Leopoldo, acidentalmente, deixou de reembolsar seu "homem da mala" pelo suborno que ele vinha pagando aos jornais. Uma série de telegramas confusos, trocados sobre quem deveria pagar quem, logo veio a público. 

Leopoldo cometeu um grande erro ao contratar Henry Kowalsky, o mais famoso advogado de San Francisco, para melhorar sua imagem pública e fazer um lobby generoso no Congresso. Quando começou a perceber que Kowalsky era perigosamente excêntrico, o rei tentou se afastar dele. Zangado e traído, Kowalsky vendeu as cartas de Leopoldo para William Randolph Hearst, que então adotou a causa do Congo n sua rede de jornais.

O regime da colônia africana de Leopoldo II, o Estado Livre do Congo, tornou-se um dos escândalos internacionais mais infames da virada do século XIX para o XX. O relatório de 1904, escrito pelo cônsul britânico Roger Casement, levou à prisão e à punição de oficiais brancos que tinham sido responsáveis por matanças a sangue frio durante uma expedição de coleta de borracha em 1903 (incluindo um indivíduo belga que matou a tiros pelo menos 122 congoleses).

Em 1908, já ficara inegável que o povo do Congo fora miseravelmente explorado, e o clamor foi estrondoso. A comunidade internacional finalmente forçou Leopoldo a entregar o país. O Parlamento belga relutantemente comprou o Congo do seu rei a um preço exorbitante, e prometeu administrá-la justa e honestamente. Leopoldo morreu um ano depois.

domingo, 26 de agosto de 2012

Otto von Bismarck

Otto Eduard Leopold von Bismarck-Schönhausen (Schönhausen, 1 de Abril de 1815 — Aumühle, 30 de Julho de 1898) foi um nobre, diplomata e político prussiano e uma personalidade internacional de destaque do século XIX.

Otto von Bismarck, o chanceler de ferro, foi o estadista mais importante da Alemanha do século XIX. Coube a ele lançar as bases do Segundo Império, ou 2º Reich (1871-1918), que levou os países germânicos a conhecer pela primeira vez na sua história a existência de um Estado nacional único. Para formar a unidade alemã, Bismarck desprezou os recursos do liberalismo político, preferindo a política da força, assim como tomou firmes atitudes anticlericais contra a Igreja católica numa política que ficou conhecida por Kulturkampf (luta pela cultura).

Política 

Quando primeiro-ministro do reino da Prússia (1862-1890), unificou a Alemanha, depois de uma série de guerras, tornando-se o primeiro chanceler (1871-1890) do Império Alemão.

De início extremamente conservador, aristocrata e monarquista, Bismarck lutou contra o crescente movimento social democratana década de 1880 ao tornar ilegais várias organizações e ao instituir, de forma pragmática, a lei de acidentes de trabalho, o reconhecimento dos sindicatos, o seguro de doença, acidente ou invalidez entre outras, convencido de que só com a ação do estado na resolução destes problemas se poderia fazer frente às novas ideias políticas. Tornou-se conhecido como o "Chanceler de Ferro" (Eiserner Kanzler).

A política de Bismarck pautou-se pelo nacionalismo e pelo militarismo. As guerras contra a Dinamarca, Império Austro-Húngaro e depois contra a França asseguraram a unificação da Alemanha em torno de um regime militarista. Alguns historiadores observam que devido ao regime autoritário de Bismarck a democracia alemã posteriormente na república de Weimar falharia, iniciando-se o regime ditatorial do Terceiro Reich.

Infância 

Bismarck nasceu em 1 de abril de 1815 na propriedade de sua família abastada, situada na Prússia, tendo sido o quarto filho de seu pai, Karl Wilhelm Ferdinand von Bismarck, um proprietário imobiliário junker e ex-oficial prussiano, e sua mãe, Wilhelmine Luise Mencken, uma filha bem-educada de um alto funcionário do governo em Berlim. O nome e a família de Bismarck estavam entre os mais antigos da região. A.J.P. Taylor mais tarde comentou sobre a importância desta dupla herança: apesar de Bismarck parecer fisicamente com seu pai e aparentar ser um junker prussiano para o mundo exterior — uma imagem que muitas vezes ele incentivou vestindo uniforme militar, mesmo que não fosse um oficial regular — ele também foi mais cosmopolita e altamente educado do que era normal para os homens de tal formação. Falava e escrevia fluentemente inglês, francês e russo. Quando jovem, costumava citar Shakespeare ou Byron em cartas a sua esposa.

A juventude

Bismarck foi educado nas escolas secundárias Friedrich-Wilhelm e Graues Kloster. De 1832 a 1833, estudou Direito na Universidade de Göttingen,6 onde foi um membro daCorps Hannovera Göttingen, uma corporação de estudantes, antes de se matricular naUniversidade Humboldt de Berlim (1833-35).

Embora em Göttingen, Bismarck tornou-se amigo ao longo da vida de um estudante norte-americano, John Lothrop Motley, que descreveu Bismarck como Otto v. Rabenmark em sua novela a Esperança de Morton, ou as Memórias de um Provincial (1839). Motley se tornou um eminente historiador e diplomata.

Bismarck desejava se tornar um diplomata, mas começou a sua formação prática como um advogado em Aachen e Potsdam e logo renunciou, após ter colocado sua carreira em risco por cortejar sem prévio consentimento duas moças inglesas, primeiro Laura Russell, sobrinha do Duque de Cleveland, e em seguida Isabella Loraine-Smith, filha de um rico clérigo. Bismarck não conseguiu se casar com qualquer uma delas. Também serviu no exército durante um ano e tornou-se um oficial da Landwehr (reserva), antes de retornar para administrar as propriedades da família em Schönhausen após a morte de sua mãe, quando ele estava com vinte e poucos anos.

Primeiro Ministro 

Depois de estudar Direito nas universidades de Göttingen e de Berlim, trabalhou por pouco tempo como administrador judicial em Aachen. Em 1847 conquistou uma cadeira no Landtag da Prússia onde gravitou no grupo ultraconservador liderado pelos irmãos Gerlach. Três anos mais tarde, participou como representante da Prússia na Dieta de Frankfurt, onde se destacou por suas ideias conservadoras e anti-austríacas. Depois foi sucessivamente embaixador em São Petersburgo e Paris, onde conheceu o imperador Napoleão III. Retornou a Berlim em 1862 e foi nomeado por Guilherme I primeiro-ministro da Prússia, posto no qual se dedicou por inteiro à tarefa de forjar a unificação alemã. Guilherme I se preparava para abdicar em 1862 e se voltou a Bismarck como sua última esperança de manter a supremacia junker.

Quando foi primeiro-ministro do reino da Prússia, unificou a Alemanha, depois de uma série de guerras. Em 1864, Bismarck levou a Prússia a uma guerra vitoriosa contra a Dinamarca pela posse do Schleswig-Holstein (então dinamarquês, hoje pertencente à Alemanha). Duas etapas para atingir a unificação definitiva. Conseguiu, depois da guerra de 1866 contra a Áustria, que Viena cedesse a Berlim a preponderância no mundo germânico (1ª etapa). Na segunda etapa, precipitou com o despacho de Ems o seu país na guerra franco-prussiana de 1870, que terminou com a vitória da Prússia e trouxe a unificação definitiva dos estados alemães.

Chanceler 

Em 21 de março de 1871,
Bismarck, considerado um herói,
foi nomeado príncipe e chanceler
imperial do Reich.
Em seu célebre discurso de 14 de Maio de 1872 perante o Reichstag, para demonstrar bem a pujança e independência da Nação Alemã, afirmou perante os parlamentares: "Seien Sie außer Sorge, nach Kanossa gehen wir nicht, weder körperlich noch geistig" ("Não tenham receio, não iremos a Canossa nem de corpo nem de alma!"; recordando a humilhação sofrida pelo imperador germânico Henrique IV, em 1077, quando teve que ir, descalço e apenas com um cilício, em pleno inverno, pedir perdão ao Papa Gregório VII por não se haver submetido a autoridade papal, no castelo de Canossa, na Itália).

Iniciou várias reformas administrativas internas, criou uma moeda comum para todo o estado, instituiu um banco central e promulgou um código civil e um código comercial comuns a toda a Alemanha.

Em política externa, presidiu o Congresso de Berlim de 1878, no qual atuou como mediador entre as grandes potências. Nesse mesmo ano, uma aliança com a Áustria-Hungria marcou uma nova etapa de conservadorismo na política de Bismarck, que se refletiu internamente através de sua política anti-socialista. Contudo, na intenção de contestar as críticas social-democratas, instituiu um sistema de previdência social — o primeiro da história contemporânea — que lhe atraiu o apoio de amplos setores operários. Na política externa, sua atividade centrou-se na criação de um complexo sistema de alianças, destinado a conseguir o isolamento internacional da França e a realçar o papel da Alemanha.

Declínio e últimos anos

Bismarck no seu leito de morte
(Friedrichsruh, 2 de Agosto de 1898),
desenho de Emanuel Grosser.
Em 1890, seu poder começou a declinar em virtude de crescentes divergências com o novo Kaiser, Guilherme II, que levaram o chanceler a demitir-se em 18 de março.

Na última etapa da vida, afastado de toda atividade política, Bismarck dedicou-se à redação de suas Memórias. Morreu em Friedrichsruh, perto de Hamburgo, em 30 de julho de 1898. Bismarck não viu a publicação dos dois primeiros volumes de "Pensamentos e reminiscências" (Gedanken und Erinnerungen) em 1898, uma vez que insistiu que deveriam ser divulgados somente postumamente.

Encontra-se sepultado no Bismarck Mausoleum zu Friedrichsruh, Friedrichsruhe na Alemanha.

sábado, 25 de agosto de 2012

Ludwing da Baviera (editar)

Luís II (Ludwig Otto Friedrich Wilhelm von Wittelsbach) (Munique, 25 de agosto de 1845 — Munique, 13 de junho de 1886), membro da Casa de Wittelsbach foi rei da Baviera de 1864 até 1886, pouco tempo antes da sua morte. Foi também Duque de Zweibrücken e Conde Palatino do Reno.

É por vezes referido como o Rei Louco, embora a veracidade desta afirmação seja contestada. Na base da sua deposição houve alegações de que o rei sofreria de uma doença mental, embora nunca tenha sido realizado qualquer exame médico. Como viria a morrer no dia seguinte em circunstâncias igualmente misteriosas, as questões em volta deste suposto diagnóstico continuam envolvidas em controvérsia. Uma das suas frases mais citadas foi: "Desejo continuar sendo um eterno enigma para mim e para os outros." Também devido à sua personalidade excêntrica, recebeu outras alcunhas depreciativas, como o Rei Cisne pelos Ingleses e Rei de conto de fadas pelos alemães.

Luís II é conhecido como um excêntrico, com um imenso legado na história da arte e na arquitetura. Encomendou a construção de vários castelos e palácios extravagantes e fantasistas, sendo o mais famoso o Castelo de Neuschwanstein, e foi um patrono devoto do compositor Richard Wagner.

Infância e adolescência

Príncipe Luís da Baviera (à esquerda) com os seus pais e irmão mais novo, o Príncipe Otto, em 1860.

Nascido no Palácio Nymphenburg, hoje localizado nos subúrbios de Munique, Luís era o filho mais velho de Maximiliano II da Baviera, então príncipe herdeiro) e da sua esposa Princesa Maria da Prússia. Os seus pais pretendiam batizá-lo como Otto, mas o seu avô, Luís I da Baviera, insistiu que o neto recebesse o seu nome, uma vez que ambos haviam nascido no dia 25 de agosto, dia de São Luís, padroeiro da Baviera. O seu irmão mais novo, nascido três anos depois, foi batizado como Otto.

Como jovem herdeiro numa época em que quase toda a Europa era composta por monarquias, Luís era continuamente lembrado do seu estatuto de realeza. Maximiliano II quis instruir ambos os filhos sobre os encargos e responsabilidades reais desde muito cedo. Luís era extremamente mimado e severamente controlado pelos seus tutores que o submetiam a um regime rigoroso de estudo e exercício. Há quem aponte estas tensões derivadas do crescimento no seio de uma família real como causas para o seu comportamento bizarro na idade adulta. Luís não teve afinidade com os seus pais. Os conselheiros do Rei Maximiliano sugeriam-lhe que, nos seus passeios diários, poderia eventualmente fazer-se acompanhar pelo seu sucessor. O rei respondeu: "Mas que vou eu dizer-lhe? Afinal, meu filho não tem qualquer interesse no que as outras pessoas lhe dizem." Anos mais tarde, Luís passou a referir-se à mãe como "a consorte do meu antecessor". Luís terá sido muito mais próximo do seu avô, o rei Luís I, que provinha de uma família de excêntricos.

Na sua infância houve momentos de felicidade. Passava a maior parte do tempo no Castelo de Hohenschwangau, um castelo fantasista construído pelo pai perto do Schwansee (Lago dos Cisnes), perto de Füssen. A decoração apresentava motivos góticos com inúmeros frescos que retratavam as sagas germânicas. A família também viajava frequentemente para o Lago Starnberger. Na adolescência, Luís tornou-se grande amigo de seu ajudante de ordens, o príncipe Paulo, da abastada família Thurn und Taxis. Ambos cavalgavam juntos, liam poesia em voz alta e encenavam cenas das óperas românticas de Wagner. A amizade chegou ao fim quando Paulo ficou noivo, em 1866. Nessa época, Luís também iniciou uma amizade duradoura com uma prima distante, a duquesa Isabel da Baviera, apelidada de Sissi, que viria a tornar-se Imperatriz da Áustria e Rainha da Hungria através do seu casamento com Francisco José .

Início do reinado e as guerras

Luís II logo após sua ascensão ao trono da Baviera, em 1864.

Luís havia acabado de completar 18 anos quando o pai morreu subitamente, deixando-lhe o trono da Baviera. Embora não estivesse totalmente preparado para o cargo, sua juventude e boa aparência o tornaram popular na Baviera. Um dos seus primeiros atos como rei foi convocar o compositor Richard Wagner para a sua corte em Munique poucas semanas depois da sua ascensão ao trono. Wagner tinha uma notória reputação de revolucionário e namorador e estava constantemente em fuga dos credores. Luís admirava Wagner desde a adolescência, depois de ter assistido às óperas Lohengrin e Tannhäuser aos 15 anos. As composições de Wagner apelavam à imaginação e fantasia do rei e preenchiam um vazio emocional. Em 4 de maio de 1864, Wagner, aos 51 anos de idade, foi recebido em audiência com Luís II no Palácio Real de Munique. Após sua primeira reunião com o rei, Wagner escreveu: "Ah, é tão elegante e inteligente, emotivo e encantador, que temo que sua vida derreta neste mundo vulgar como um sonho fugaz dos deuses." O rei foi provavelmente quem salvou a carreira de Wagner. Acredita-se que as composições posteriores de Wagner, bem como sua estreia no prestigiado Teatro Real de Munique (atual Ópera do Estado Bávaro), jamais teriam acontecido sem o patronato de Luís.

Um ano após a audiência com o rei, Wagner apresentou a aclamada ópera Tristan und Isolde em Munique. Mas o comportamento extravagante e escandaloso do compositor desagradou o povo conservador da Baviera e Luís foi forçado a pedir a Wagner que deixasse a capital seis meses depois, em dezembro de 1865.

O interesse cénico de Luís não se limitava a Wagner. Em 1864, promoveu a construção de um novo teatro real, conhecido hoje como Staatstheater am Gärtnerplatz, confiando a sua direção a Karl von Perfall em 1867. Luís desejava levar a Munique o melhor do teatro europeu e, com o auxílio de Perfall, apresentou ao público bávaro obras de Shakespeare, Calderón, Mozart, Gluck, Ibsen, Weber e muitos outros. Também contribuiu para melhorar substancialmente o padrão de interpretação de obras de Schiller, Molière e Corneille.

Entre 1872 e 1885, o rei assistiu a 209 apresentações privadas (Separatvorstellungen) como único espectador, ou com um convidado, em dois teatros da corte, perfazendo um total de 44 óperas, sendo 28 de Wagner incluindo oito apresentações de Parsifal, 11 balés e 154 peças, num custo total de 97.300 marcos alemães.

O factor de maior tensão durante o início do reinado foi a pressão para conceber um herdeiro, e as relações com a Prússia militarista. Ambos os assuntos se tornaram proeminentes em 1867.

Casamento

Luís ficou noivo da duquesa Sofia Carlota da Baviera, sua prima e irmã mais nova de sua grande amiga, a imperatriz Isabel da Áustria. O noivado foi divulgado em 22 de janeiro de 1867, mas depois de adiar várias vezes a data do casamento, Luís acabou por cancelar o compromisso em outubro. Poucos dias antes do anúncio, Sofia recebera uma carta do rei dizendo-lhe o que já sabia: "O que sustentou a nossa relação foi sempre … o destino notável e profundamente comovente de Richard Wagner". Após o término do noivado, Luís escreveu para sua ex-noiva: "Minha amada Elsa! Seu pai cruel nos separou. Eternamente seu, Heinrich" (os nomes Elsa e Heinrich referiam-se a personagens das óperas de Wagner). Luís nunca se casaria, mas Sofia casou-se mais tarde com Fernando de Orléans, duque d'Alençon.

Ao longo do seu reinado, Luís teve uma sucessão de amizades íntimas com outros homens, incluindo seu escudeiro e mestre do cavalo, Richard Hornig (1843-1911), o ator de teatro húngaro Josef Kainz e o cortesão Alfons Weber. Começou a anotar num diário os seus pensamentos íntimos e as suas tentativas de reprimir o desejo sexual e permanecer fiel à sua fé católica romana. Os diários originais de 1869 perderam-se durante a Segunda Guerra Mundial e o que resta hoje são cópias das anotações feitas durante a conspiração para a sua deposição em 1886. A transcrição destes diários, juntamente com cartas e outros documentos pessoais sobreviventes, sugerem que Luís II era homossexual e que lutou contra esta condição ao longo da vida. A homossexualidade não era punível na Baviera desde 1813. Alguns diários anteriores sobreviveram na Geheimes Hausarchiv de Munique e trechos registrados a partir de 1858 foram publicados por Evers em 1986.

As relações com a Prússia tornaram-se o centro das atenções a partir de 1866. Durante a Guerra das Sete Semanas que começou em julho, Luís concordou, assim como vários outros principados alemães, em tomar posição pelo lado da Áustria contra a Prússia. Quando os dois lados negociaram o fim da guerra, os termos requeriam que Luís aceitasse um tratado de defesa mútua com a Prússia.

Este tratado colocaria a Baviera de volta à linha de fogo três anos depois, quando se iniciou a Guerra Franco-Prussiana. A Prússia e os seus aliados venceram o conflito, factor decisivo para a ambição Prussiana de unificação de todos os pequenos reinos germânicos num único Império Alemão sob o governo do rei Guilherme I da Prússia, agora proclamado Imperador ou kaiser.

A pedido do chanceler prussiano Bismarck e em troca de certas concessões financeiras, Luís escreveu uma declaração (intitulada Kaiserbrief) em dezembro de 1870 apoiando criação do Império Alemão. Com a criação do Império, a Baviera perdeu seu estatuto de reino independente e tornou-se apenas um estado no império. Luís tentou protestar contra estas alterações, recusando-se a participar na cerimônia em que Guilherme I foi proclamado o primeiro Kaiser. No entanto, a delegação do primeiro-ministro da Baviera, conde Otto von Bray-Steinburg, havia garantido uma posição privilegiada do Reino da Baviera dentro do Império Alemão (Reservatrechte). A Baviera conseguiu assim manter seu próprio corpo diplomático e exército, que só ficaria sob o comando da Prússia em tempos de guerra.

Após a criação da Grande Alemanha, Luís retirou-se gradativamente da política, e passou-se a dedicar a projetos criativos pessoais, como os famosos castelos, onde interveio pessoalmente em cada detalhe da arquitetura, decoração e mobiliário.

Os castelos de Luís II 

Brasão do Rei Luís sobre a entrada do Castelo de Neuschwanstein.

Luís foi notavelmente excêntrico de uma forma que interferia com as suas funções de chefe de estado. Ele detestava as cerimónias públicas e evitava eventos sociais formais sempre que possível, preferindo uma vida de fantasia que procurou ter através seus diversos projetos criativos. A sua última participação num desfile militar foi em 22 de agosto de 1875 e o último banquete oferecido à corte em 10 de fevereiro de 1876.17 Tais idiossincrasias causaram tensões entre os ministros, mas não lhe afectaram a popularidade entre os bávaros. O rei gostava de viajar pelo interior da Baviera e de conversar com agricultores e trabalhadores que conhecia ao longo do trajeto, recompensando a hospitalidade de seus súditos com presentes lascivos. O Rei é ainda recordado na Baviera como Unser Kini, que significa "O Nosso Querido Rei" no dialeto bávaro.18

Luís também usou a sua fortuna pessoal, complementada anualmente a partir de 1873 por 270.000 marcos do Welfenfonds,17 para financiar a construção de uma série de castelos elaborados. Em 1867 visitou as obras de Viollet-le-Duc no Castelo de Pierrefonds, e oPalácio de Versalhes em França, bem como o Castelo de Wartburg, próximo a Eisenach, na Turíngia, obras que constituem referências para o que será o estilo das suas edificações. Estes projetos empregaram centenas de trabalhadores, o que significou um fluxo considerável de dinheiro para as regiões relativamente pobres onde os seus castelos foram construídos. Os valores relativos aos custos totais entre 1869 e 1886 para a construção e apetrechamento de cada castelo foram publicados em 1968: Castelo de Neuschwanstein, 6.180.047 marcos; Palácio de Linderhof, 8.460.937 marcos (uma grande parcela a ser gasta na "Gruta de Vênus");Palácio de Herrenchiemsee (desde 1873), 16.579.674 marcos.

Em 1868, Luís encomendou os primeiros esboços para dois dos seus edifícios. O primeiro foi o Castelo de Neuschwanstein, uma imponente palácio em estilo Neorromânico, imponentemente situado num penhasco alpino. O segundo foi o Palácio de Herrenchiemsee, uma réplica do Palácio de Versalhes, a ser construído na Ilha de Herrenchiemseeno meio do Lago Chiemsee, inicialmente projectado para superar seu antecessor em escala e opulência apesar de apenas a secção central ter sido construída.

No ano seguinte, terminou a construção dos aposentos reais na Residência de Munique, à qual acrescentou um opulento jardim de inverno nos telhados do palácio. Inicialmente concebido como uma pequena estrutura, o espaço sofreu ampliações em 1868 e 1871 e atingiu as dimensões 69,5 x 17,2 x 9,5m. O jardim de inverno foi fechado em junho de 1886, parcialmente desmontado no ano seguinte e demolido em 1897.19 20



Castelo de Neuschwanstein, em fotocromo de 1890.

Em 1869, Luís supervisionou o lançamento da pedra fundamental do Castelo de Neuschwanstein a partir de um cume montanhoso com uma deslumbrante vista para a casa de sua infância, o Castelo de Hohenschwangau, construído pelo pai. As paredes de Neuschwanstein estão decoradas com frescos em representação das lendas descritas nas óperas de Wagner, incluindo de alguma forma o menos mítico Meistersinger, mas não cenas das óperas em si.

Após ver frustrados os planos de um festival de teatro para as óperas de Wagner em Munique por oposição da corte, deu apoio à construção do Bayreuth Festspielhaus entre 1872 e 1876. No ano inaugural do teatro, viria assistir aos ensaios e àquela que seria terceira apresentação pública do terceiro ciclo do Der Ring des Nibelungen.

Em 1878 foi concluída a construção do Palácio de Linderhof, um edifício ornamentado em estilo neo-rococó francês, com belíssimosjardins de inspiração francesa. No interior do palácio, a iconografia reflete o fascínio de Luís com o governo absolutista do Ancien Régime francês. Luís via-se como o "Rei Lua", uma sombra romântica do Rei Sol. Na base do palácio foi construída a "Gruta de Vênus", iluminada por energia elétrica, onde foi instalado um barco em forma de concha.

O parque e os jardins do palácio possuem várias estruturas notáveis, que demonstram a influência que imaginário das óperas de Wagner e das sagas germânicas em Luís II, completas antes da conclusão do próprio palácio. A Hundinghütte, uma cabana inspirada em Die Walküre de Wagner onde Luís costumava organizar banquetes, complementada no exterior por uma árvore artificial com uma espada cravada no tronco.nota 6 Em 1877, perto da Hundinghütte conclui a construção do Einsiedlei des Gurnemanz nota 7 , feito à semelhança do Terceiro Ato de Parsifal de Wagner, com um prado de flores onde o rei praticava a contemplação e a leitura. Também no mesmo local, foi montada a "Casa Marroquina", adquirida por Luís na Exposição Universal de 1878, em Paris. nota 8 .21 De Linderhof, Luís fazia passeios ao luar num elaborado trenó doséculo XVIII, com lacaios envergando librés de época. Também em 1878, começou a construção do Palácio de Herrenchiemsee, uma réplica do Palácio de Versalhes.22

Em 1879 viajou para Inglaterra, onde visitou Sir Richard Wallace, a quem tinha escrito requisitando informações sobre a arquitetura medieval inglesa.23 Wallace aconselhou Luís a fazer uma viagem pelo interior da Inglaterra, a fim de pesquisar uma variedade de edifícios eclesiásticos, que poderiam inspirar novos projetos de construção.

Na década de 1880, Luís planejou a construção de um novo castelo em Falkenstein, próximo a Pfronten, no distrito de Ostallgäu (um lugar que ele conhecia bem, como registrou em seu diário em 16 de outubro de 1867: "Falkenstein selvagem, romântico" 24 ) - inspirado na torre da St Mary's Church de Baldock 25 nota 9 -, um palácio bizantino em Graswangtal e um palácio de verão chinês em Plansee, no Tirol. Em 1885, uma estrada e suprimento de água foram instalados em Falkenstein, mas as antigas ruínas permaneceram intocadas;26 os outros projetos não foram além planos iniciais.

Controvérsia e luta pelo poder[editar | editar código-fonte]



Retrato (concluído em 1887) de Luís II em seu último ano de vida, exibindo as vestes e insígnias de Grão Mestreda Real Ordem de São Jorge para a Defesa da Imaculada Conceição.

Embora o rei tenha pago por seus projetos com seus próprios fundos e não com dinheiro público,27 isso não poupou a Baviera da derrocada financeira. Em 1885, o rei acumulava um total de 14 milhões de marcos em dívidas, havia feito empréstimos pesados com sua família e, ao invés de economizar, como seus ministros haviam aconselhado, ele continuou gastando com opulência e com seus novos projetos. Ele exigiu que fossem levantados empréstimos junto à realeza europeia e manteve-se afastado dos assuntos de Estado. Irritado, sentindo-se perseguido por seus ministros, ele considerou demitir todo o gabinete, substituindo-o por políticos jovens. O gabinete decidiu agir primeiro.18

Buscando uma causa para depor Luís por meios constitucionais, os ministros decidiram se rebelar, alegando que ele era mentalmente doente e incapaz de governar. Solicitaram ao tio de Luís, o príncipe Leopoldo, que assumisse a regência assim que o rei fosse deposto. Leopoldo aceitou, com a condição de que os conspiradores apresentassem provas confiáveis que atestassem a irremediável loucura de Luís.28

Entre janeiro e março de 1886, os conspiradores montaram um Ärztliches Gutachten ("Relatório Médico") que atestava a incapacidade de Luís para os negócios de governo. A maior parte dos detalhes constantes do relatório foram compilados pelo conde von Holnstein, que estava desiludido com Luís e buscou ativamente a sua queda. Holnstein usou sua alta posição para arrancar dos serviçais do rei uma longa lista de queixas, considerações e fofocas. A longa e extenuante descrição de comportamentos bizarros incluiu sua timidez patológica; sua indiferença para com os negócios de Estado; seus caros e complexos arroubos de fantasia, incluindo piqueniques ao luar onde seus jovens pagens dançavam nus; conversas com pessoas imaginárias; modos infantis e desleixados à mesa; o envio de agentes em viagens longas e caras para o exterior a fim de investigarem detalhes arquitetônicos para seus projetos e tratamento abusivo, por vezes violento, dos seus serviçais.28

Embora algumas destas acusações pudessem ser verdadeiras, não chegaram a ser confirmadas. Eram, no entanto, suficientes para convencer o príncipe Leopoldo a cooperar. Em seguida, os conspiradores se aproximaram do primeiro-ministro prussiano, Otto von Bismarck, que duvidou da veracidade do relatório, mas não impediu os ministros de continuar com seu plano.18

No início de junho, o relatório foi finalizado e assinado por uma junta de quatro psiquiatras: Bernhard von Gudden, diretor do Asilo de Munique; Hubert von Grashey (genro de Gudden) e seus colegas, Hagen e Hubrich. O relatório declarou em seu diagnóstico que o rei sofria de paranóia, e concluiu: "Sofrendo de tal desordem, não se pode mais permitir liberdade de ação e Sua Majestade foi declarada incapaz de governar; que a incapacidade não será apenas por um ano duração, mas durará por toda a vida de Sua Majestade". Estes homens nunca conheceram o rei, nem o examinaram.28

Deposição[editar | editar código-fonte]



Luís II da Baviera em 1882.

Às 4 horas da manhã de 10 de junho de 1886, uma comissão do governo, incluindo Holnstein e von Gudden, chegou a Neuschwanstein para entregar formalmente ao rei o documento de deposição e colocá-lo sob custódia. Prevenido uma ou duas horas antes, por um servo fiel, seu cocheiro Fritz Osterholzer, Luís ordenou à polícia local que o protegesse e os comissários foram expulsos do castelo sob a mira de armas. Num incidente paralelo, especialmente famoso, os comissários foram atacados pela baronesa Spera von Truchseß,nota 10 leal ao rei, que bateu nos homens com seu guarda-chuva e correu para os apartamentos reais para identificar os conspiradores. Luís prendeu os comissários em seguida mas, após mantê-los encarcerados por várias horas, acabou por libertá-los.

Nesse mesmo dia, o governo proclamou publicamente Leopoldo como Príncipe Regente. Os amigos do rei e seus aliados incentivaram-no a fugir ou para seguir para Munique, a fim de reconquistar o apoio do povo. Luís hesitou, preferindo emitir uma declaração, supostamente elaborada por seu ajudante de ordens conde Alfred Durckheim, que foi publicada em um jornal de Bamberg, em 11 de junho:

"O Príncipe Leopoldo pretende, contra a minha vontade, ascender à Regência de minha terra, e meu ministério de outrora, por meio de falsas alegações sobre o meu estado de saúde, enganou meu povo amado, e está se preparando para cometer atos de alta traição. […] Apelo a todos os fiéis da Baviera que reunam-se em torno de meus fiéis partidários para impedir a traição planejada contra o Rei e a pátria."

O governo conseguiu impedir a circulação da declaração, confiscando a maior parte dos jornais e panfletos. Com a hesitação de Luís, seu apoio diminuiu. Camponeses que se juntaram a sua causa estavam dispersos, e os policiais que guardavam Neuschwanstein foram substituídos por um destacamento policial de 36 homens que fechou todas as entradas para o castelo.

Posteriormente, o rei decidiu escapar, mas era tarde demais. Na madrugada de 12 de junho, uma segunda comissão chegou. O rei foi preso logo após a meia-noite e às 4 da manhã levado para um trem. Ele interpelou o Dr. Gudden: "Como você pode declarar-me insano? Afinal, você nunca me viu ou examinou antes."; ao que o médico respondeu:"não era necessário, as provas documentais (os depoimentos dos serviçais) são abundantes e totalmente fundamentadas. Isso foi decisivo."29 Luís foi levado para o Castelo de Berg, às margens do Lago Starnberger, ao sul de Munique.

Morte misteriosa[editar | editar código-fonte]



Velório de Luís II.

Em 13 de junho de 1886, por volta das 18 horas, Luís pediu ao Dr. Gudden para acompanhá-lo em um passeio pelo bosque do Castelo de Berg, ao longo da margem do Lago Starnberger. Gudden concordou (a caminhada pode até ter sido a sua sugestão) e disse aos enfermeiros para não acompanhá-los. Suas palavras eram ambíguas ("Es darf kein mitgehen Pfleger") e não é claro se eles deveriam ser seguidos a uma distância discreta. Os dois homens foram vistos pela última vez por volta de 18:30 e deveriam retornar às 20 horas, mas nunca voltaram. Após horas de buscas por toda a propriedade, sob chuva e ventos fortes, os corpos do rei e do médico foram encontrados flutuando em águas rasas perto das margens do lago. O relógio de Luís II havia parado de funcionar às 18:54. Os guardas responsáveis pelo patrulhamento do bosque alegaram não ter ouvido e visto nada.

A morte de Luís II foi considerada oficialmente como suicídio por afogamento, mas isso tem sido questionado.30 31 O rei era conhecido como um exímio nadador em sua juventude; a água, no local em que seu corpo foi encontrado, não alcançava sequer sua cintura e o laudo da necrópsia indicou que não havia água em seus pulmões.30 32 Luís havia expressado sentimentos suicidas durante suas crises, mas a teoria de suicídio não explica totalmente a morte do Dr. Gudden.



Memorial erguido no local onde o corpo de Luís II foi encontrado, no Lago Starnberger.

Muitos sustentam que Luís foi assassinado por seus inimigos, enquanto tentava escapar de Berg. Um relato sugere que o rei foi baleado.30 O pescador pessoal do rei, Jakob Lidl (1864-1933), declarou: "Três anos após a morte do rei, eu fui obrigado a fazer um juramento de que nunca iria dizer certas coisas - nem à minha esposa, nem em meu leito de morte, nem a qualquer sacerdote … O Estado se comprometeu a cuidar da minha família se alguma coisa acontecer comigo em qualquer tempo, de paz ou de guerra." Lidl manteve seu juramento, ao menos verbalmente, mas deixou para trás anotações que foram encontradas depois de sua morte. De acordo com Lidl, ele estava escondido atrás de alguns arbustos com seu barco, à espera de encontrar o rei, a fim de levá-lo pelo lago, onde partidários aguardavam para ajudá-lo a escapar. "Assim que o rei se aproximou e colocou um dos pés em seu barco, um tiro ecoou na margem, aparentemente matando-o instantaneamente, e o rei caiu sobre a proa do barco."30 33 No entanto, o relatório da necrópsia indica que não havia cicatrizes ou ferimentos visíveis no corpo do rei morto. Por outro lado, muitos anos mais tarde, a condessa Josephine von Wrba-Kaunitz mostraria a alguns convidados para um chá da tarde, uma capa de chuva cinzenta com dois buracos de bala nas costas, afirmando ser o que Luís estaria usando no momento de sua morte.34 Outra teoria sugere que Luís morreu de causas naturais (como um ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral), provocadas pelo frio extremo (12 °C) das águas do lago durante uma tentativa de fuga.30

O corpo de Luís II foi vestido com as insígnias da Ordem de Santo Huberto e velado na Capela Real da Münchner Residenz. Na mão direita ele segurava um buquê de jasmins brancos, colhidos por sua prima, a Imperatriz Isabel da Áustria.35 Após um serviço fúnebre elaborado, os restos mortais do rei foram sepultados na cripta da Michaelskirche, em 19 de junho de 1886. Seu coração, porém, não se encontra com o resto do seu corpo. Seguindo as tradições da Baviera, o coração do rei foi depositado numa urna de prata e enviado para o Gnadenkapelle ("Capela da Misericórdia"), em Altötting, onde foram colocados ao lado dos corações de seu pai e avô.

Três anos após sua morte, uma pequena capela foi construída com vista para a cruz que foi erguida no Lago Starnberger, no local onde o corpo de Luís foi encontrado. Uma cerimônia é celebrada em intenção de sua alma, anualmente, no dia 13 de junho.

Luís II foi sucedido por seu irmão Otto I, mas este também foi declarado incapaz de governar devido ao seu estado mental e o príncipe Leopoldo permaneceu na Regência.

Legado[editar | editar código-fonte]



Coroação de Luís II, 1865.

A maior parte dos historiadores acredita que Luís tinha uma natureza profundamente peculiar e irresponsável, mas a questão dainsanidade clínica permanece controversa.1 Outros acreditam que, ao invés de qualquer transtorno psicológico, ele pode ter sofrido os efeitos do clorofórmio, utilizado num esforço para controlar sua dor de dentes crônica. Sua prima, a Imperatriz Sissi, considerou: "o Rei não era louco; era apenas um excêntrico vivendo num mundo de sonhos. Eles poderiam tê-lo tratado com mais delicadeza, e assim, talvez, poupá-lo de tão terrível fim."

O Príncipe Regente Leopoldo, tio de Luís, manteve-se à frente do governo até sua morte, em 1912, aos 91 anos de idade. Ele foi sucedido na regência por seu filho mais velho, também chamado Luís. A nova regência durou apenas 13 meses (até novembro de 1913), quando Luís declarou seu final, depôs Otto I e proclamou-se rei, como Luís III da Baviera. Seu reinado durou até o final daPrimeira Guerra Mundial, quando a monarquia em toda a Alemanha chegou ao fim.

Atualmente, turistas pagam para visitar o túmulo e os castelos de Luís II. Ironicamente, os castelos cuja construção teriam causado ruína financeira do reino, são hoje em dia a principal fonte de renda do estado da Baviera. Os palácios foram doados à Baviera em 1923 pelo príncipe Rodolfo, filho e herdeiro presuntivo de Luís III.36



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Josef Stálin

Josef Vissarionovitch Stálin (Gori, 18 de dezembro de 1879 — Moscou, 5 de março de 1953), foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e do Comitê Central a partir de 1922 até a sua morte em 1953, sendo assim o líder da União Soviética.

Começo da Sua História

À primeira vista, Josef Stálin era um dos menos prováveis candidatos a se tornar líder da Russia soviética. Nascido na Geórgia, em 1879, sob o nome de Ioseb Dzhugashvili, ele só aprendeu russo mais tarde, na escola. Foi enviado a um seminário jesuíta, mas acabou expulso por motivos que permanecem como que misteriosos. Sobram especulações, mas nenhuma delas foi provada, de modo que vamos apenas dizer que ele foi expulso porque era Stálin. 

Depois do seminário, ele fez todas as coisas que um rebelde ambicioso deveria fazer, como escrever e imprimir panfletos revolucionários, organizar greves, roubar bancos, ser preso, escapar da prisão e cumprir dois períodos de exílio na Sibéria. Em 1913, ele adotou o pseudônimo de Stálin, da palavra russa para “aço”, que foi uma melhoria do seu apelido de infância, Chopura, em russo, ou “Pocky”, das cicatrizes que a varíola deixara no seu rosto. 

Primeira Guerra Mundial e a Guerra Civil Russa

Ele ainda estava na Sibéria quando estourou a Primeira Guerra Mundial. Em 1917, o novo governo republicano da Russia perdoou todos os prisioneiros políticos do czar, e Stálin retornou à civilização. Pouco importante em 1917, ele foi abrindo caminho para cima durante a Guerra Civil Russa. Sua subserviência sicofântica fez com que ganhasse o apelido depreciativo de “Porta voz de Lênin”. O principal rival de Stálin nas gralhas de Lênin era o intelectual carismático e salvador Leon Trotsky

Em 1922, Lênin alçou Stálin à condição de chefe do Partido Comunista porque ninguém queria o cargo. Na época uma função de menor importância, tediosa, mas que deu a Stálin, homem dos detalhes, a capacidade de expurgar do partido a relação de trotskistas e promover seus próprios partidários. Depois que os comunistas tomaram o poder na Rússia, o efetivo da organização cresceu. Os intelectuais urbanos que haviam formado a espinha dorsal do movimento durante a fase clandestina foram engolidos pelo influxo de membros que não eram tão bem versados nas sutilezas da teoria marxista. Esses novos membros se identificavam mais fortemente com o terra a terra Stálin do que com judeus urbanos como Trotsky. 

Logo depois disso, Lênin viu-se enfraquecido devido a um derrame, o que deixou o governo nas mãos de bajuladores que discutiam sobre o que Lênin realmente queria. Como porta-voz de Lênin, Stálin controlava grande parte do diálogo do chefe com o mundo exterior; entretanto, quando Lênin finalmente morreu, em 1924, ele já não se dava tão bem com Stálin. Seu último testamento teria deserdado Stálin em favor de Trotsky, mas Stálin interceptou e destruiu o documento. 

Durante os pouco anos seguintes, a União Soviética foi governada por um comitê, e não por um ditador. Stálin aliou-se a alguns radicais, num triunvirato governante que isolou Trotsky. Quando este foi completamente removido do governo, em 1925, Stálin se livrou de seus parceiros originais, e pegou dois moderados. O resultado dessas manobras foi que Trotsky foi exilado em 1929, e Stálin conquistou o poder supremo. 

Vida Pessoal de Hitler


Ekaterina,
Primeira Esposa de Hitler.
A primeira esposa de Stalin, Ekaterina Svanidze, morreu em 1907, apenas quatro anos após seu casamento. Eles tiveram um filho, Yakov Dzhugashvili, que atirou em si mesmo por causa do tratamento duro de Stalin sobre ele, mas sobreviveu. Depois disso, Stalin disse: "Não consegue sequer atirar direito". Yakov serviu no Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial e foi capturado pelos alemães. Eles ofereceram trocá-lo pelo Marechal de Campo Friedrich Paulus, que havia se rendido depois da Batalha de Stalingrado, mas Stalin recusou a oferta. Depois, alega-se que Yakov morreu, em uma cerca elétrica no campo de concentração de Sachsenhausen, pelos guardas que vigiavam o campo, quando tentava escapar. Alguns dizem que cometeu suicídio, mas isso não foi provado. Yakov teve um filho, Yevgeny, que foi recentemente notável por defender o legado de seu avô em tribunais russos. Yevgeny é casado com uma mulher georgiana, tem dois filhos, e netos. 

Sua segunda esposa foi Nadezhda Alliluyeva que morreu em 1932, oficialmente de doença. Ela pode ter cometido suicídio, atirando-se depois de uma briga com Stalin, deixando uma nota de suicídio que, segundo a sua filha era "em parte pessoal, em parte política". De acordo com Biografia A&E, há também uma crença entre alguns russos que Stalin assassinou sua esposa após a briga, o que aparentemente aconteceu em um jantar em que Stalin sarcasticamente acendeu cigarros pela mesa para ela. Alguns biógrafos dizem que isso eliminou os últimos vestígios de humanidade que o ditador tinha, e o transformou de um simples canalha num monstro. 

Com ela, Stalin teve um filho, Vasily Dzhugashvili, e uma filha, Svetlana Alliluyeva. Vasili seguiu carreira militar na Força Aérea Soviética, morrendo em consequência do abuso de álcool em 1962, no entanto, isto ainda está em discussão. Distinguiu-se na Segunda Guerra Mundial como um hábil aviador. Svetlana deixou a URSS em 1967 e morreu em 2011 nos Estados Unidos. 

A mãe de Stalin, cujo funeral ele não compareceu, morreu em 1937. Alega-se que Stalin guardava rancor de sua mãe por obrigá-lo a entrar no seminário.

A Liquidação dos Kulaks e a Fome na Ucrânia

Começando em 1929, Stálin tentou enquadrar a agricultura na linha da teoria comunista, abolindo as fazendas privadas e reunindo todos os camponeses em fazendas coletivas. Ali podiam compartilhar o uso de equipamentos modernos e eram forçados a vender as colheitas a preços determinados pelo governo. Os camponeses que resistiam eram fuzilados ou, mais provavelmente, deportados para lugares de climas inóspitos, onde trabalhavam em projetos estatais sem que ninguém soubesse.

Em vez de entregar seus animais, os camponeses os matavam e os comiam. Stálin retaliou contra qualquer desafio a suas ordens não entregando alimento às comunidades desobedientes. Racionou a comida das famílias de acordo com sua lealdade ao Estado. Camponeses prósperos, chamados kukaks, transformaram-se o bode expiatório universal de tudo o que saía errado na União Soviética. Não apenas era toda escassez de alimentos atribuída aos lucros dos kukaks, mas todo mundo sabia que os kukaks espalhavam doenças venéreas, tinham péssimos hábitos de higiene e exploravam o trabalho das outras pessoas. Famílias inteiras de kukaks foram erradicadas e despachadas para o exílio em lugares inóspitos. Maltratados, despojados e exaustos de suas longas jornadas, os cadáveres de kukaks se empilhavam nas estações ferroviárias rurais.


Vítima do Holodomor
numa rua da cidade
ucraniana de Carcóvia.
O choque na agricultura soviética perturbou toda a infraestrutura, não apenas as fazendas, mas também os meios de transportes e moinhos, especialmente no grande produtor de trigo, a Ucrânia. O sistema se estressou e finalmente entrou em colapso. Em 1932, uma crise intensa de fome irrompeu por toda a União Soviética, e entre 7 e 10 milhões de pessoas morreram em poucos anos. Embora milhões de camponeses ainda estivessem passando fome na Ucrânia, os comissários soviéticos confiscavam todo o cereal para preencher suas quotas rígidas. Até mesmo os grãos reservados para sementes do plantio do ano seguinte eram arrecadados, enquanto 5 milhões de ucranianos morriam de fome. Qualquer pessoa nas áreas atingidas que não apresentassem barriga inchada e membros finos como galhos de árvores era suspeita de esconder alimentos e era punida.

Tirando a Vida Cinco Anos de Cada Vez

Quando Stálin chegou ao poder pela primeira vez, a Rússia ainda funcionava sob a Nova Política Econômica de Lênin, que estava tratando de reconstruir a economia devastada pela guerra, permitindo um capitalismo em pequena escala. Isso não apenas aborrecia os comunistas linha-dura em um nível filosófico, mas também não ia claramente restaurar todo o poderia do país para a próxima guerra mundial.

"Nós estamos cinquenta a cem anos atrás dos países desenvolvidos", declarou Stálin em 1931. "Precisamos cobrir essa distância em dez anos. Ou fazemos isso ou eles irão nos esmagar."

Sob uma série de Planos Quinquenais, foram construídas enormes cidades industriais entre as regiões carboníferas da Ucrânia e no lado asiático dos montes Urais. Ferrovias e canais ligavam esses centros industriais e seus recursos vitais. Represas e reservatórios foram construídos em alguns dos maiores rios do mundo, para gerar energia e fornecer irrigação para as colheitas.

Campo de Trabalho Forçado

Para desenvolver esses projetos, Stálin expandiu as prisões políticas de Lênin numa rede de campos de trabalhos forçados, sob o título de "Administração do Campo Principal", ou, resumidamente, "gulag". Para lá eram enviados os marginais, arruaceiros, queixosos, dissidentes e outros perigosos inimigos do Estado, juntamente com membros de suas famílias, e qualquer um que estivesse do lado errado de alguém poderoso. A NKVD, ou polícia secreta, suspeitava de qualquer um que tivesse entrado em contato com ideias estrangeiras, fosse por ter viajado para o exterior, fosse por ter sido capturado pelos alemães durante a Guerra Mundial, ou até mesmo por colecionar selos. Um simples atraso para o trabalho, com frequência, poderia fazer com que alguém recebesse a pecha de sabotador e fosse levado preso. Se fosse necessário mais mão de obra, a NKVD prendia indivíduos aleatoriamente, para preencher suas rígidas quotas. 

Na maior parte, esse "moedor de carne", como Solzhenitsyn chamou o sistema de repressão russa, não pretendia matar ou torturar as pessoas, mas sim reduzi-las à condição de gado, que só valia a penas alimentar enquanto ajudassem a aumentar os números de produção. Na maior parte, o horror dos guardas dos campos soviéticos não residia no seu sadismo, mas na sua indiferença pelo destino das pessoas. 

O Grande Expurgo


Sergei Kirov e Stalin em 1934.
Sergei Kirov é mais notável morto do que foi quando vivo. Esse promissor chefe do partido em Leningrado parecia ser o sucessor eventual de Stálin, até que foi morto a tiros no seu escritório em dezembro de 1934. O assassino, seu costumeiro homem solitário perturbado, foi preso nas proximidades, nu estado mental de confusão e levado embora.

Stálin resolveu imediatamente que o assassino fazia parte de uma conspiração maior, e emitiu ordens para neutralizar qualquer um suspeito de ser um inimigo do povo. Todos os problemas da década anterior, como escassez, fome, acidentes e até mesmo desastres naturais, foram então atribuídos a sabotadores contra-revolucionários que queriam solapar a sociedade soviética. Trotsky foi considerado o pivô dessa conspiração, criando o caos deliberadamente, o qual abriria as portas para seu retorno ao país.

A paranoia desenfreada de Stálin tornou-se o princípio orientador de seu governo. O assassino foi acusado de estar de conluio com Trotsky e, então, fuzilado. Duas dezenas de cúmplices do assassino também foram fuzilados. Quase todos os perdedores na escalada anterior de Stálin para o poder, foram presos, espancados para confessar, levados a desfilar em julgamentos de fancaria e depois fuzilados. 

Foi enviado um assassino para ir atrás de Trotsky no seu exílio mexicano. O ex-dirigente comunista foi levado a confiar no homem, e depois morto com um golpe de machado no crânio.

Stálin voltou também sua atenção para o exército, afastando 43 mil oficiais e executando três de cada cinco marechais, 15 de cada 16 comandantes de exército, sessenta de cada 67 comandantes de corpo de exército foi preso e fuzilado, mais do que o número de oficiais que morreriam na guerra mundial que se avizinhava.


A Grande Guerra Patriótica

Por volta de 1938, era óbvio que a Alemanha se preparava para uma guerra de conquista. A Primeira Guerra Mundial mostrara que eram necessárias pelo menos três potências para manter a Alemanha na linha, mas a França e a Grã-Bretanha não se dispunham a fazer acordos com a Rússia comunista, e os Estados Unidos não estavam interessados, de mono que Hitler fez o que queria, enquanto os franceses e ingleses assistiam impotentes.

Stálin levou em nível pessoal a desconsideração do Ocidente. Quando a França, a Grã-Bretanha, a Alemanha e a Itália assinaram o Acordo de Munique, entregando a Tchecoslováquia sem nem mesmo consulta-lo, ele encarou aquilo como um sinal de que o Ocidente iria vende-lo num piscar de olhos. Precisava agir antes deles. No ano seguinte, a Alemanha e a União Soviética assinaram um acordo secreto partilhando a Europa Oriental entre elas. Duas semanas depois de Hitler ter invadido a Polônia, os soldados de Stálin avançaram e se apoderaram de metade do país, como seu quinhão do butim. 

Em 1940, Stálin se apoderou de três repúblicas bálticas, Estônia, Letônia e Lituânia, e os soviéticos imediatamente prenderam qualquer um que pudesse trazer-lhes problemas. Quando Stálin tentou pressionar os finlandeses para que ajustassem sua fronteira comum, dando-lhe vantagens, eles recusaram, e o ditador mandou invadir o país. Os finlandeses aguentaram o peso todo da Rússia e até mesmo conseguiram montar uma bem-sucedida contraofensiva. Entretanto, no final, o simples peso dos soviéticos venceu a parada, e eles avançaram a fronteira algumas dezenas de quilômetros. Contudo, a Finlândia manteve sua independência, mas ficou com tanto ressentimento dos russos que se tornou a única democracia a apoiar Hitler na subsequente guerra mundial. 

Traído Por Hitler

A invasão alemã da Rússia, em 21 de junho de 1941, pegou os soviéticos inteiramente desprevenidos. Em batalha após batalha, os exércitos russos foram sendo aniquilados. O próprio Stálin ficou muito deprimido, em choque, durante a primeira semana de guerra, abalado demais para até mesmo se dirigir à nação pelo rádio. Por fim, ele se recuperou e emitiu ordens não permitindo qualquer retirada ou rendição. As fábricas russas no caminho dos alemães foram apressadamente desmontadas e despachadas para o leste, além dos montes Urais, a fim de retomar a produção de material de guerra. 

Por fim, o espaço infindável, os recursos e os efetivos russos fizeram virar a maré, e os alemães foram esmagados, mas o custo devastador. Homens e mulheres eram lançados contra as posições alemães com pouco treinamento, poucas armas e um mínimo de planejamento. 

Stálin pressionou seu povo sem misericórdia. Os registros oficiais mostram que durante o decurso da guerra, 158 mil soldados soviéticos foram condenados a serem executados por covardia, deserção ou fraquezas semelhantes. Mais outros 442 mil transgressores foram forçados a servir em batalhões penais, aos quais eram atribuídas missões suicidas, tais como avançar sobre campos de minas à frente dos tanques, muito mais valiosos. O modo mais provável de sair de uma unidade penal era a morte ou por ferimento, mas alguns poucos recuperaram a liberdade por atos de especial heroísmo.

Destino dos Prisioneiros de Guerra Soviéticos

Assim que os soviéticos começaram a retomar seu território perdido, Stálin voltou sua atenção para as pessoas que haviam colaborado com os invasores. Na realidade, a colaboração não era condição necessária para levantar sua desconfiança. Bastava ter sobrevivido à ocupação alemã para ficar com a reputação manchada aos olhos do ditador. Que tipo de acordo elas haviam feito com os fascistas? Que ideias perigosas as haviam contaminado? Obviamente, mesmo que Stálin não pudesse matar toda pessoa poluída pelo contato com o inimigo, mas pelo menos algumas das nacionalidades menores podiam ser punidas como um exemplo para o restante. 

Stálin punia qualquer elemento de seu povo que houvesse caído em mãos alemãs. Como parte de um acordo de tempo de guerra com os Aliados, todos os cidadãos soviéticos descobertos sob a custódia germânica, isto é, exilados, refugiados, prisioneiros de guerra e trabalhadores escravos, foram repatriados, quer quisessem ou não. Os Aliados ocidentais forçaram dezenas de milhares a voltarem na ponta dos fuzis para uma morte quase certa, especialmente aqueles que eram suspeitos de colaboração com os alemães, embora incontáveis trabalhadores e exilados inocentes houvessem sido apanhados na mesma rede, e também despachados. Talvez 1,5 milhão de prisioneiros de guerra soviéticos, tudo o que restou dos 5 milhões aprisionados pelos alemães, não foram bem recebidos na sua volta para casa. Em vez disso, foram enviados para o gulag para serem punidos por seu fracasso e purificados de suas perigosas ideias.  

Sua Morte

No final de 1952, Stálin começou a vigiar seu círculo mais íntimo e imaginar como muitos deles estariam ativamente conspirando para a sua queda. Começou a manobrar visando limpar a casa, mas no dia 1 de março de 1953, antes que pudesse iniciar esse novo expurgo, ele teve um derrame. Enquanto jazia inerme no chão, seus auxiliares, aterrorizados, não ousaram bater à sua porta por um dia inteiro. Até mesmo depois de descobrirem o que acontecera e os médicos terem sido chamados, suspeitava-se de um truque e todos andavam agitadamente em torno da cama, temerosos de dizer alguma coisa que mais tarde poderia prejudicá-los. Felizmente, não era fingimento, e Stálin morreu no dia 5 de março. 

Quem é pior: Stálin ou Hitler?

O Ocidente geralmente considera Hitler pior do que Stálin porque a maldade de Hitler nos enoja mais, mas entranhas. Hitler também dá uma história de moralidade muito melhor: apelando para os medos e ódios das pessoas, ele fazia a multidão entrar num frenesi e tornou-se líder de uma democracia livre, que rapidamente torceu de acordo com seus próprios desejos. Enquanto tentava conquistar o mundo, ele cometeu atrocidades sem paralelo. Finalmente, Hitler quis em demasia e foi derrubado pelo ódio de um mundo unificado, numa fúria final apocalíptica. É uma narrativa mais satisfatória que as pessoas gostam de contar repetidas vezes.

Stálin, no entanto, é o mais típico dos tiranos da história. Ele espreitou nas sombras, manipulou seu caminho até o topo de uma autrocracia preexistente, consolidou o poder com brutalidade e expandiu seu império jogando espertamente em ambos os lados da cerca. Numa bela idade, já avançada, morreu na cama, sem ser punido, pranteado por uma nação que o adorava.