quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Os Argonautas

De acordo com as lendas da mitologia grega, os Argonautas compuseram uma expedição que buscava pelo Velocíno de Ouro, a lã de ouro de um carneiro alado. 

Quando Éson foi destronado por Pélias, seu filho Jasão teria retornado logo após atingir a maioridade para retomar o trono que lhe pertencia. Para livrar-se da ameça de Jasão, Pélias o ordenou que fosse em busca do Velocíno de Ouro, o que seria suficientemente arriscado para poder eliminar o jovem pretendente ao trono. Para realização da tarefa, um mensageiro foi enviado por toda a Grécia para convocar heróis interessados em participar da empreitada. 

Ao fim da jornada desse arauto, cerca de 50 jovens heróis de grande valor e renome se apresentaram para cumprir a tarefa. Cada um deles ofereceu suas habilidades específicas para auxiliar na expedição. A Orfeu, por exemplo, que tinha o dom da música, coube a tarefa de cadenciar o trabalho dos remadores e de, principalmente, sobrepujar com sua voz, o canto das sereias que seduziam os navegantes. Argos, filho de Frixo, construiu o navio e por isso, em sua homenagem, a embarcação recebeu seu nome. Tífis, discípulo de Atena na arte da navegação foi designado piloto. Morto na Bitínia, foi substituído por Ergino, filho de Posidão. Castor e Pólux, gêmeos filhos de Zeus e Leda, atraíram a proteção do pai durante a tempestade que a nau foi obrigada a enfrentar. Destacavam-se ainda entre os heróis: Admeto, filho do rei Feres; Ídmon e Anfiarau, célebres adivinhos; Teseu , considerado o maior herói grego; Hércules que não completou a expedição; Etálides, filho de Hermes que atuou como arauto; os irmãos Idas e Linceu e, é claro, Jasão, chefe e comandante da expedição.

Ilha de Lemnos

Em sua primeira escala, aportaram na ilha de Lemnos, habitada somente por mulheres. É que Afrodite, insultada por estas que lhe negavam culto, castigou-as com um cheiro insuportável de forma que seus maridos partiam em busca das escravas da Trácia. Movidas pelo ódio e pelo despeito, assassinaram seus esposos instalando na ilha uma espécie de república feminina, situação que perdurou até a chegada dos argonautas, que então lhes deram filhos.

Os Doliones

Na ilha de Samotrácia, segunda escala do grupo se iniciaram nos Mistérios dos Cabiros com o intuito de obter proteção contra naufrágios. A seguir, penetrando no Helesponto, mar onde caiu e morreu a jovem Heles, ancoraram na península da Propôntida, no país dos doliones, povo governado pelo rei Cízico. Foram ali recebidos com festas e honrarias e já se fazia noite quando os argonautas partiram para Mísia. Porém, foram obrigados a retornar devido a uma grande tempestade que se abateu sobre eles. Os doliones não reconheceram os argonautas por causa da escuridão da noite e, pensando tratar-se de invasores, atacaram. Instalou-se uma sangrenta batalha que se estendeu por toda a noite. Com o amanhecer, os vitoriosos tripulantes de Argo verificaram o triste engano. Jazia entre os mortos, o rei Cízico, que foi enterrado por Jasão e seus companheiros com homenagens e magníficos funerais.

O Desaparecimento de Hilas, Amigo de Hércules

Foi na Mísia que Hércules interrompeu sua viagem. É que Hilas, seu amigo predileto, tendo sido encarregado de buscar água numa fonte, foi capturado pelas Ninfas que o arrastaram para as profundezas dos rios. Hércules voltava do bosque onde tinha ido buscar madeira para refazer seu remo partido quando tomou conhecimento de seu desaparecimento através de Polifemo, que tinha ouvido seus gritos de socorro. Saíram então os dois em busca do amigo varando a floresta durante a noite. Pela manhã, Argo partiu com menos três tripulantes a bordo, pois os dois também não retornaram: Polifemo fundou posteriormente naquelas terras a cidade de Cio, onde se fez rei e Hércules seguiu seu rumo de aventuras.

Âmico, Gigante Filho de Poseidon 

Estranho hábito tinha o rei Âmico ao receber os visitantes que chegavam por suas terras. O rei dos bébricios, gigante filho de Poseidon, os desafiava para a luta e em seguida os matava a socos. Lá chegando, os argonautas foram imediatamente provocados pelo rei que os instigava. Foi Pólux quem representou seus companheiros, aceitando o embate. Ao final da luta, venceu o gigante e como castigo fê-lo prometer que jamais importunaria novamente os estrangeiros que ali chegassem.

Fineu e as Hárpias

A expedição seguiu seu rumo e aportou na Trácia, onde reinava Fineu, o adivinho, que por suas crueldades tinha obtido a cegueira como castigo dos deuses. Vivia atormentado pelas Harpias, aves de rapina com rosto de mulher e seios, que perseguiam-no e roubavam todo seu alimento e por isso ofereceu ajuda aos argonautas caso estes concordassem em livrá-lo de tão grande desgraça. 

Calais e Zetes, filhos alados do vento Norte, Bóreas, foram os responsáveis por tal façanha. Atraíram as Harpias com o odor delicioso de laudo banquete e depois, com suas espadas fatais cortando os ares, expulsaram dali definitivamente as perversas criaturas. Conforme o combinado, Fineu revelou aos argonautas a maneira de evitar o perigo das Rochas Flutuantes. 

As Ciâneas

As Ciâneas ou Rochedos Azuis, também chamadas de Sindrômades ou Simplégades, eram dois recifes que se fechavam violentamente, esmagando qualquer coisa que entre eles se interpusesse. Disse-lhes que antes de por ali se aventurar, enviassem uma pomba. Se esta lograsse atravessar os rochedos, este seria o sinal de sucesso também para os marinheiros. O pássaro conseguiu atravessar as Simplégades, muito embora, ao se fecharem, as Ciâneas cortaram as pontas de suas penas maiores. Igual sorte teve Argo, que conseguiu ultrapassar o obstáculo com apenas uma leve avaria na popa. Ao passarem pelas terras dos mariandinos, os argonautas sofreram ainda duas perdas: Tifis, o piloto e Ídmon, o adivinho, morto por um javali durante uma caçada.

O Auxílio de Medéia

Jasão segurando o
Velocino de Ouro
Chegaram enfim à Cólquida, reino de Eetes, onde cabia a Jasão a tarefa mais árdua: capturar o Velocino de Ouro. Medeia, filha do rei e conhecida por suas habilidades na arte da feitiçaria, apaixonou-se perdidamente pelo chefe da expedição e por isso, não mediu esforços para auxiliá-lo nas árduas tarefas que o rei impôs como condição para entregar-lhe o talismã.

Jasão tirou proveito dos feitiços e encantamentos da feiticeira e sem esforço partiu da Cólquida levando consigo o Velocino de Ouro. Os argonautas ainda passaram por alguns percalços mas enfim chegaram a seu destino final onde entregaram a Pélias o Velocino. Jasão partiu para Corinto, onde consagrou a embarcação ao deus Poseidon.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Amazonas

As Amazonas eram as integrantes de uma antiga nação de guerreiras da mitologia grega. Entre as rainhas célebres das amazonas estão Pentesileia, que teria participado da Guerra de Troia, e sua irmã, Hipólita, cujo cinturão mágico foi o objeto de um dos doze trabalhos de Hércules. Saqueadoras amazonas eram frequentemente ilustradas em batalhas contra guerreiros gregos na arte grega, nas chamadas amazonomaquias.

As amazonas teriam vivido na região do Ponto, parte da atual Turquia, próximo à costa do mar Euxino (o mar Negro). Teriam formado um reino independente, sob o governo de uma rainha, das quais a primeira teria se chamado Hipólita. 

Em certas versões do mito, nenhum homem podia ter relações sexuais, ou viver na comunidade amazona; porém uma vez por ano, de modo a preservar a sua raça da extinção, as amazonas visitavam os gargáreos, uma tribo vizinha. As crianças do sexo masculino que nasciam destas relações eram mortas, enviadas de volta para os seus pais ou expostas à natureza; já as crianças do sexo feminino eram mantidas e criadas por suas mães, treinadas em práticas agrícolas, na caça e nas artes da guerra.

Jasão e os Argonautas

As amazonas também aparecem no mito de Jasão e os Argonautas, que teriam aportado na ilha de Lemnos, em seu caminho até a terra da Cólquida. Descobriram que a ilha era habitada somente por mulheres, governadas pela rainha Hipsípile. Deram à ilha o nome de Gynaikokratumene, palavra grega que pode ser traduzida como "reinada por mulheres". Apolônio de Rodes escreveu que as mulheres receberam Jasão e seus companheiros em formação de batalha. A jovem rainha contou então ao herói que Lemnos havia sido invadida, e todos os homens assassinados, convidando os Argonautas a tomarem os lugares dos seus falecidos esposos. Sem perceber o ardil, já que na realidade eles seriam assassinados como aqueles que os haviam antecedido, os Argonautas decidem ir embora e, enquanto velejam pelo Helesponto, para dentro do mar Euxino, ouvem: "fuja da costa amazônica, ou Temiscira logo, com rude alarme, reunirá e armará suas amazonas."

Hércules e Um de Seus Doze Trabalhos

Um dos doze trabalhos impostos ao herói Hércules por Eristeu foi o de obter a cinta da rainha amazona Hipólita. Foi acompanhado por seu amigo, Teseu, que raptou a princesa Antíope, irmã de Hipólita, um incidente que levou a uma invasão retaliatória da Ática na qual Antíope morreu, lutando ao lado de Teseu contra suas compatriotas. Em certas versões, no entanto, Teseu se casa com Hipólita, enquanto noutras casa-se com Antíope e ela sobrevive. 

Belerofonte, Príamo e Aquiles

As amazonas aparecem na arte grega do período arcaico da história da Grécia, associadas à diversas lendas. Teriam invadido a Lícia, porém foram derrotadas por Belerofonte, que foi enviado para combatê-las por Ióbates, rei daquela nação, na esperança de que o herói morresse nas mãos delas, tamanha era a confiança na força das guerreiras, na época. 

Teriam também atacado os frígios, que foram auxiliados por Príamo, então um jovem rapaz. No entanto, anos mais tarde, próximo ao fim da Guerra de Troia, suas antigas oponentes se juntaram a ele contra os gregos, sob a rainha Pentesileia "trácia por nascimento", morta por Aquiles no Aethiopis, poema épico de Artino de Mileto que continuou a Ilíada.

As amazonas também teriam empreendido uma expedição à ilha de Leuke, na foz do rio Danúbio, onde as cinzas de Aquiles teriam sido depositadas por sua mãe, Tétis. O fantasma do herói morto apareceu, assustando tanto os cavalos das guerreiras, que estas foram derrubadas e pisoteadas por eles, forçando-as a fugir.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Héracles - ou Hércules

Hércules é o nome em latim dado pelos antigos romanos ao herói da mitologia grega Héracles, filho de Zeus e da mortal Alcmena, que era esposa de Anfitrião.  Segundo o mito, aproveitando o fato de Anfitrião estar ausente, em batalha, Zeus se caracterizou como ele, e se fez passar pelo mesmo. Ao retornar da batalha, Anfitrião descobriu a traição, e, irado construiu uma grande fogueira para queimar Alcmena viva. Zeus então, mandou nuvens de chuva para apagar o fogo, o que acabou fazendo com que Anfitrião aceitasse a situação. Hércules, portanto, nasceu do encontro de Zeus e Alcmena.

A deusa Hera, esposa de Zeus, enciumada pela traição, enviou duas serpentes para matar Hércules ainda no berço. Não teve exito, pois ainda bebê, Hércules estrangulou as serpentes com as próprias mãos.

Quando adulto, Hera provocou em Hércules um ataque de fúria, que o levou a matar sua esposa Mégara e seus três filhos. Como punição pelo crime, o oráculo de Delfos o incumbiu de doze tarefas de extremo risco. Essas tarefas são chamadas de “Os doze trabalhos de Hércules”. São eles:

Os Doze Trabalhos de  Hércules

Hércules e o Leão de Neméia
1. No Peloponeso, estrangulou o Leão da Nemeia - filho dos monstros Ortros e Equidna - que devastava a região e que os habitantes do local não conseguiam matar. Hércules vendo que não conseguia vitória com sua clava ou suas setas matou-o com as próprias mãos. Acabada a luta arrancou a pele do animal com as suas próprias mãos e passou a utilizá-la como peça do vestuário. A criatura converteu-se na constelação de leão. Chegando a frente de Euristeus, este ficou tão assustado com a demonstração de força de Hércules, que ordenou que as próximas provas de vitória fossem feitas fora da cidade. 

Hércules e a Hidra de
Lerna
2. Matou a Hidra de Lerna, filha monstruosa de duas criaturas grotescas, a Equidna e Tifão. Era uma serpente com corpo de dragão, que possuía nove cabeças (sendo que a do meio era imortal), mal eram cortadas, e exalavam um vapor que matava quem estivesse por perto. Hércules matou-a cortando suas cabeças enquanto seu sobrinho Iolau impedia sua reprodução queimando suas feridas com tições em brasa. A nona cabeça foi enterrada debaixo de um grande rochedo. A deusa Hera enviou ajuda à serpente – um enorme caranguejo, mas Hércules pisou-o e o animal converteu-se na constelação de Câncer (do latim cancer, "caranguejo"). Por fim, o herói banhou suas flechas com o sangue da serpente para que ficassem envenenadas.  

Hércules e a  Corça de Cerineia
3. Alcançou correndo a Corça de Cerineia, um animal lendário, com chifres de ouro e pés de bronze. A corça, que corria com assombrosa rapidez e nunca se cansava, era Taígete, ninfa que, para fugir a perseguição de Zeus foi transformada por Ártemis no animal. Como ela tinha uma velocidade insuperável, Hércules a perseguiu incansavelmente durante um ano até que, exausta, foi atingida por uma flecha disparada pelo herói. Ferida levemente, foi levada nos ombros do herói até o reino de Euristeu. Em outra versão do mito, Héracles tinha de capturar a corça, mas sem machucá-la; ele a perseguiu durante um ano, até conseguir pegá-la com uma rede, porém ela acabou se ferindo. O herói pôs então a culpa em Euristeu, para que Ártemis se zangasse com ele. Em uma terceira versão, Hércules levou um ano para realizar o trabalho a seguir, que era capturar a corça que habitava o monte Cerineu. Este animal parecia ser mais tímido do que perigoso, e sagrado para Ártemis; Hércules finalmente aprisionou-a e estava levando-a para Euristeu quando se encontrou com Ártemis, que estava muito zangada e ameaçou matá-lo pelo atrevimento em capturar seu animal; mas quando ficou sabendo sobre os trabalhos, concordou em deixar Hércules levar o animal, com a condição que Euristeu o libertasse logo que o tivesse visto. 

Hércules e o Javali de Erimanto
4. Capturou vivo o Javali de Erimanto, que devastava os arredores, ao fatigá-lo após persegui-lo durante horas. Euristeu, ao ver o animal no ombro do herói, teve tamanho medo que foi se esconder dentro de um caldeirão de bronze. As presas do animal foram mostradas no templo de Apolo, em Cumas.  


5. Limpou em um dia os currais de Aúgias, rei de Élida, que continham três mil bois e que há trinta anos não eram limpos. Estavam tão fedorentos que exalavam um gás mortal. Para isso, Hércules desviou o curso dos rios Alfeu e Peneu, fazendo-os passar por dentro dos estábulos, limpando-os.   

Monstros do Lago Estínfalo

6. Matou no lago Estínfalo, com suas flechas envenenadas, monstros cujas asas, cabeça e bico eram de ferro, e que, pelo seu gigantesco tamanho, interceptavam no vôo os raios do Sol. Com seu arco, conseguiu matar alguns e os outros, expulsou a outros países. 



Hércules e o Touro de Creta
7. A sétima tarefa de Hércules era levar o Touro de Creta vivo até Euristeu, que por sua vez entregaria-o a Hera. O touro era enraivecido e aterrorizava o povo da ilha grega de Creta, pois Poseidon, o deus dos mares, o havia oferecido a Minos, rei local, em um sacrifício, e o rei não teve coragem de sacrificar um animal tão bonito e tão forte. Hércules não só capturou-o como, montado no animal, levou-o até Euristeu. 

Cavalos Cuspidores de Fogo

8. Castigou Diómedes (rei da Trácia), filho de Ares, possuidor de cavalos que vomitavam fumo e fogo, e a que ele dava a comer os estrangeiros que as tempestades arrolavam à sua costa. O herói entregou-o à voracidade de seus próprios animais. 




9. Venceu as amazonas, tirou-lhes a rainha Hipólita, apossando-se do cinturão mágico que ela vestia e oferecendo a Admeta, filha de Euristeus, que desejava muito possuir a jóia. 

Hércules e  Gerião
10. Levou a Euristeus os bois de Gerião, monstro de três cabeças que vivia na Ilha de Eritéia, da qual Gerião era o rei. Depois de uma longa viagem, Hércules chegou à fronteira da Líbia e Europa onde, segundo a lenda, abriu uma passagem no meio de uma montanha, dando origem ao Estreito de Gibraltar (canal que separa a Europa da África). Para consegui os bois, Hércules teve de matar o gigante Eurítion e seu cão de duas cabeças.

Hércules e Atlas
11. O seu décimo primeiro trabalho foi colher os pomos de ouro do Jardim das Hespérides, após matar o dragão de cem cabeças que os guardava. O dragão foi morto por Atlas, que o ajudou. E durante o trabalho, Hércules sustentou o céu nos ombros no lugar do titã.  Os pomos eram maças dedicadas à Juno, por ocasião de seu casamento e eram vigiadas por um dragão. Alguns estudiosos acreditam que os pomos de ouro eram as laranjas da Espanha.

Hércules e o Cão Cérbero
12. O último trabalho consistiu em trazer do mundo dos mortos o seu guardião, o cão Cérbero. Hades autorizou-o a levar Cérbero para o cimo da Terra sob a condição de conseguir dominá-lo sem usar as suas armas. Hércules lutou com ele só com a força dos seus braços, quase o sufocou, dominando-o. Depois levou-o a Euristeu, que, com medo, ordenou-lhe que o devolvesse.

Ao realizar as doze tarefas, além de se redimir pela morte de sua esposa e de seus filhos, Hércules conquistou a imortalidade. Casou-se com Dejanira, que sem querer lhe causou a morte usando do veneno da Hidra que ele tinha matado em seu segundo trabalho: após Hércules ferir mortalmente o centauro Nesso com flechas envenenadas no sangue da Hidra, este deu seu sangue a Dejanira, dizendo que era uma poção do amor, para ser usada na roupa. Dejanira acreditou, e, quando sentiu ciúmes de Íole, usou o sangue de Nesso para banhar as roupas de Héracles, que sentiu dores de queimadura insuportáveis, preferindo o suicídio na pira crematória.

Na condição de imortal, Hércules foi transportado para o Olimpo, onde se casou com a deusa da juventude, Hebe.

domingo, 27 de novembro de 2011

Perseu

Perseu segurando a cabeça
de Medusa
Perseu, na mitologia grega, foi o herói mítico grego que decapitou a Medusa, monstro que transformava em pedra qualquer um que olhasse em seus olhos. Perseu era filho de Zeus, que sob a forma de uma chuva de ouro, introduziu-se na torre de bronze e engravidou Dânae, a filha mortal do rei de Argos.

A Profecia Acerca de Seu Nascimento

Acrísio, rei de Argos, era casado com Eurídice, filha de Lacedemon, e tinha uma filha Dânae, mas não tinha filhos homens. Quando Acrísio perguntou ao oráculo como ele poderia ter filhos homens, a resposta foi que Dânae teria um filho que o mataria.

Dânae foi trancada em uma câmara de bronze subterrânea e posta sob guarda, mas ela foi seduzida por Zeus, que assumiu a forma de uma chuva de ouro. Acrísio, não acreditando que sua filha estivesse grávida de Zeus, colocou-a em um baú, que foi jogado ao mar. O cesto chegou à ilha de Sérifo, onde foi encontrada por Díctis, que criou o menino.

Perseu se tornou um grande homem, forte, ambicioso, corajoso, aventureiro e protetor da mãe. Polidectes, irmão de Acrísio, com medo de que a ambição de Perseu o levasse a lhe usurpar o trono, propôs um torneio no qual o vencedor seria quem trouxesse a cabeça da Medusa, o instinto aventureiro de Perseu não o deixou recusar. Em outra versão do mesmo mito todos os convidados em uma homenagem ao Rei, deveriam dar-lhe um presente, como Perseu era pobre se ofereceu para trazer a cabeça da Medusa como presente.

Perseu, conhecendo sua mãe, disse que iria participar do torneio, mas não disse que iria enfrentar a Medusa, com receio de que ela o impedisse. Da batalha contra Medusa saiu vitorioso graças à ajuda de Atena, Hades e Hermes. Atena deu a ele um escudo tão bem polido, que tal qual num espelho, podia se ver o reflexo ao olhar para ele. Hades lhe deu um elmo que torna invisível quem o usa, e Hermes deu a ele suas sandálias aladas, três objetos que foram definitivos para a vitória de Perseu.

A Cabeça de Medusa e o Surgimento de Pégaso

O poeta romano Ovídio conta que a Medusa teria sido originalmente uma bela donzela, "a aspiração ciumenta de muitos pretendentes", sacerdotisa do templo de Atena. Um dia ela teria cedido às investidas do "Senhor dos Mares", Poseidon, e deitado-se com ele no próprio templo da deusa Atena; a deusa então, enfurecida, transformou o belo cabelo da donzela em serpentes, e deixou seu rosto tão horrível de se contemplar que a mera visão dele transformaria todos que o olhassem em pedra.

Então Perseu, guiado pelo reflexo no escudo, sem olhar diretamente para a Medusa, derrotou-a cortando sua cabeça, que ofereceu à deusa Atena. Diz a lenda que, quando Medusa foi morta, o cavalo alado Pégaso e o gigante Crisaor surgiram de seu ventre. As outras duas irmãs de Medusa, Esteno e Euríale, perseguiram Perseu, mas este conseguiu escapar devido ao capacete de Hades, que o tornou invisível às Górgonas.

Atlas é Petrificado

Passou em seu retorno pelo país das Hespérides, onde ficava o titã Atlas, que foi condenado a segurar a abóbada celeste em seus ombros. Vendo que o lugar era muito bonito, Perseu pediu a Atlas se podia dormir pelos arredores naquele dia, dizendo ao titã: "Se vês uma pessoa pela sua família, saiba que sou filho de Zeus e se, porém, valorizas grandes feitos, saiba que matei a górgona Medusa". Atlas responde: "Tu, mortal, mataste a rainha das górgonas? Nenhum mortal teria condições para fazer tal coisa". Muito revoltado por não ter sido acreditado por Atlas, Perseu mostra a cabeça de Medusa ao enorme titã, este quando encara os olhos da górgona começa a ter todo seu corpo petrificado, seus ossos se transformam em uma montanha, sua barba em floresta e sua cabeça o cume.

Perseu casa-se com Andrômeda

Continuando sua volta para casa, passou por uma ilha onde viu uma linda mulher acorrentada no meio do mar, não fossem as lágrimas que vertiam de seu rosto, teria confundido-a com uma estátua. Perseu pergunta a jovem o que fez para merecer tal punição, a moça então diz a ele: "Eu sou Andrômeda, minha mãe Cassiopeia ousou comparar sua beleza com as filhas de Poseidon, as ninfas do mar, e fomos castigadas por isso. Poseidon mandou um monstro de Ceto destruir nossa cidade pelo erro de minha mãe e eu fui oferecida como sacrifício". Perseu diz que salvará a bela moça, se esta prometer casar com ele, mas antes de receber a resposta, uma grande onda se abriu no meio e o monstro marinho apareceu. Sem pensar duas vezes Perseu foi de encontro ao monstro e, aproveitando sua vantagem de voar, ganhou a sangrenta batalha. Os pais de Andrômeda lhe concederam sua mão e Perseu voltou para casa com ela.

Polidectes é Petrificado

Ao chegar em casa vê uma desordem, o rei de Serifo, Polidectes, e seus seguidores, vão atrás de Dânae, mãe de Perseu, para violentá-la. Perseu convoca seus amigos para lutarem com ele, mas o rei e seus fiéis eram em muito maior número. Quando a batalha parecia perdida, o herói lembra do que ocorrera a Atlas quando este fixou seus olhos no petrificante olhar da górgona Medusa e diz: "Aqueles que forem meus amigos, que fechem os olhos". Os que acreditaram então fecham seus olhos e Perseu ergue a cabeça de Medusa, todos que estavam contra ele (e inclusive alguns amigos descrentes) são petrificados, menos o rei, que percebera o que ocorreria e vira seu rosto, ele então pede clemência a Perseu: "Por favor, ó Perseu, me deixe viver, eu reconheço que tu és mais forte e que mataste a górgona, então não me mate também". O argiano responde: "Tratarei bem de você Polidectes, deixarei você em minha casa para jamais esquecer da covardia que me mostra agora". Perseu vira o rosto de Medusa na sua direção, petrificando-o, na posição de covardia em que ele se mostrava, levando a estátua para casa, jamais esquecendo do ocorrido.
Cumprimento da profecia

Conforme a profecia, Perseu acabou assassinando o avô durante uma competição esportiva, em que participava da prova de arremesso de discos. Fazendo um lançamento desastroso, acertou acidentalmente seu avô sem saber que ele estava ali. Assim, cumpriu-se a profecia que Acrísio mais temia. Apesar disso Perseu se recusou a governar Argos (trocando de reinos com Megapente, filho de Preto) e governou Tirinto e Micenas (cidade que fundou), estabelecendo uma família de sete filhos: Perseides, Perses, Alceu, Helio, Mestor, Sthenelus, e Electrião, e uma filha, Gorgófona. Seus descendentes também governaram Micenas, de Electrião à Euristeu, após os quais Atreu conquistou o reino, tais descendentes incluíam, também, o grande herói Hércules. Seguindo esta mitologia Perseu também é o ancestral dos persas.

sábado, 26 de novembro de 2011

Teseu

Teseu foi, na mitologia grega, um grande herói ateniense. Filho de Egeu e Etra, seu nome significa "o homem forte por excelência". É o maior herói de Atenas e um dos maiores heróis gregos.

Egeu, Etra e Poseidon: o Nascimento de Teseu

Egeu casou-se com duas mulheres, Meta e Chalciope, mas não teve filhos com nenhuma delas; temendo perder o reino para seus irmãos (Palas, Niso e Lico), Egeu consultou a Pítia, mas não entendeu sua resposta.

Na volta para Atenas, Egeu se hospedou em Trezena, cujo rei Piteu, compreendendo o oráculo, fez Egeu se embebedar e deitar com sua filha Etra. Na mesma noite, porém, Poseidon também se deitou com Etra.

Egeu pediu a Etra que, se ela desse à luz um menino, só revelasse ao filho quem era seu pai quando ele tivesse forças para pegar a espada e as sandálias que ele escondera sob uma enorme pedra. Depois disso devia ir em segredo até Atenas, portando a espada de seu pai e calçando suas sandálias.

Nasceu um menino, que cresceu vigoroso e forte como um herói. Aos dezesseis anos seu vigor físico era tão impressionante que Etra decidiu contar-lhe quem era o pai e o que se esperava dele. Teseu ergueu então a enorme pedra antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai e dirigiu-se a Atenas.

A Viagem Para Atenas

Em sua viagem, chegou a Epiadouro, onde encontrou Perifetes, filho de Hefesto e de Anticleia. Perifetes, assim como seu pai, era coxo e usava sua muleta como clava para matar os peregrinos que estavam indo para Epiadouro. Teseu matou-o com a sua própria muleta/clava e guardou-a como lembrança de sua primeira vitória. Teseu passou por várias outras batalhas, entre elas, batalhou uma vez com Sínis, gigante filho de Poseidon, que amarrava seus inimigos em um pinheiro e os arremessava contra rochas, envergando o mesmo até o chão. Teseu fez o mesmo com Sínis e prosseguiu em sua viagem.

Quando Teseu chegou em Atenas já era conhecido pelos seus feitos, mas o rei Egeu não sabia que ele era seu filho. Medeia já estava instalada no palácio real depois de fugir de Corinto após o assassinato de quatro pessoas, inclusive seus dois filhos. Medeia sabia da identidade do herói, mas não contou a Egeu e sim o convenceu a matar o forasteiro, que poderia ser uma ameaça ao seu reinado. Colocou veneno no vinho e ofereceu ao visitante ilustre. Teseu tirou a espada para seu conforto à mesa e Egeu o reconheceu, evitando assim a sua morte. Medeia mais uma vez foi expulsa de um reino, só que desta vez voltou para a Cólquida.

Ao tomar conhecimento de que seus primos, os cinquenta Palântidas, queriam tirar o trono de seu pai, Teseu resolveu acabar com eles. Os primos se dividiram para fazer uma emboscada, mas Teseu foi avisado pelo arauto Leos. Depois, Teseu teve de se exilar por um ano em Trezena.


O Minotauro do Labirinto de Creta

Para combater o touro de Creta, foi enviado anteriormente por Egeu o jovem Androgeu, que era filho de Minos e sua esposa Pasífae, reis de Creta. Dizem que o motivo foi a inveja pelo desempenho do jovem nos jogos de Atenas. Como o jovem pereceu tentando matar o touro, seu pai Minos resolveu fazer uma guerra contra Atenas, da qual saiu vencedor. 

Uma variante do mito dá a morte de Androgeu por motivos políticos, pois este teria se unido aos Palântidas, que eram inimigos de Egeu. Minos rumou para Mégara com sua poderosa esquadra e logo partiu para cercar Atenas. Durante a guerra uma peste enviada por Zeus contra os atenienses provocou a derrota de Egeu, o que levou o rei Minos a cobrar uma taxa a cada nove anos. A taxa foi em forma de sete rapazes e sete moças atenienses enviados para Creta, onde seriam colocados no labirinto para serem devorados pelo seu filho monstruoso, o Minotauro. Na terceira remessa de jovens, Teseu estava presente e resolveu intervir no problema. Entrou no lugar de um jovem e partiu para Creta para entrar no Labirinto. Na partida usou velas pretas para navegar e seu pai entregou-lhe um jogo de velas brancas, para usar caso saísse vitorioso na missão.

Ariadne e o Novelo de Lã

Teseu e o Minotauro
Com efeito, a linda Ariadne, filha do poderoso Minos, apaixonou-se por Teseu e combinou com ele um meio de encontrar a saída do terrível labirinto. Um meio bastante simples: apenas um novelo de lã.

Ariadne ficaria à entrada do palácio, segurando o novelo que Teseu iria desenrolando à medida que fosse avançando pelo labirinto. Para voltar ao ponto de partida, teria apenas que ir seguindo o fio que Ariadne seguraria firmemente. Teseu avançou e matou o monstro com um só golpe na cabeça. 

Abandonando Ariadne no Caminho e Esquecendo de Trocar as Velas

No caminho de volta, parou na ilha de Naxos e de lá zarpou, deixando Ariadne dormindo. Esta é a versão mais conhecida e numa outra é Dionísio que pediu para Teseu deixar a jovem lá. Como presente de núpcias para Ariadne, Dionísio lhe deu um diadema de ouro cinzelado feito por Hefesto. Este diadema foi mais tarde transformado em constelação. Dionísio e Ariadne tiveram quatro filhos: Toas, Estáfilo, Enopião e Pepareto. Em outra variante, Teseu abandonou Ariadne porque amava Egle filha de Panopleu. Em uma quarta variante, levou Ariadne para a praia da ilha para amenizar seu enjoo. Um vento muito forte deixou o navio à deriva e quando ele conseguiu voltar encontrou a princesa morta.

A escala seguinte foi na ilha de Delos, onde consagrou uma estátua de Afrodite, presente de Ariadne. Depois ele e seus companheiros realizaram uma dança circular que se tornou um rito na ilha de Apolo e foi executado por muito tempo.

Ao se aproximar de Atenas, Teseu se esqueceu de trocar as velas negras pelas velas brancas e seu pai, quando avistou o navio, achou que ele havia morrido na empreitada, atirando-se do penhasco no mar. Por isso, o mar Egeu recebe o nome do rei.  

Subindo ao trono, Teseu organizou um governo democrático, reunindo os habitantes da Ática, fazendo leis sábias e úteis para o povo. Vendo que tudo corria bem e os atenienses estavam felizes, Teseu mais uma vez se ausentou em busca das aventuras que tanto apreciava.

As Aventuras de Teseu

Teseu liderou uma luta contra as Amazonas e suas origens são contadas com alguma diferença. Numa das versões lutou junto com Héracles e recebeu como prêmio a Amazona Antíope e teve com ela um filho chamando Hipólito. Em outra versão Teseu foi sozinho à terra das Amazonas e raptou Antíope. As Amazonas então invadiram a Ática para vingar o rapto. Numa terceira variante, as Amazonas invadiram Atenas, pois Teseu tinha abandonado Antíope para se casar com a irmã de Ariadne, Fedra. De qualquer maneira, para comemorar a vitória sobre as Amazonas os atenienses instituíram as festas chamadas Boedrômias.

Em uma de suas aventuras com Pirítoo, resolveu raptar Helena, ainda uma criança, e logo em seguida ir ao Hades raptar Perséfone. Foi estimulado por serem as duas de ascendência divina. Resolveram que Helena seria esposa de Teseu e Perséfone de Pirítoo. Os heróis foram a Esparta e raptaram Helena de dentro de templo de Ártemis, mas não contavam que os irmãos da jovem, Castor e Pólux, fossem atrás da irmã. Teseu levou Helena para Afidna para ficar sob os cuidados de sua mãe Etra e ele e Pirítoo foram ao Hades raptar Perséfone. Durante esta aventura Castor e Pólux conseguiram resgatar a sua irmã. Este resgate foi facilitado por Academo, que revelou o esconderijo da princesa. No Hades foram convidados pelo seu rei para sentarem e comerem, com isso ficaram presos nos assentos infernais. Quando Héracles foi ao inferno libertá-los, somente lhe foi permitido levar Teseu, ficando Pirítoo preso na 'cadeira do esquecimento'.

Quando Teseu retornou para Atenas encontrou a cidade transtornada e transformada. Cansado de tanta luta e do trabalho administrativo, enviou seus filhos para Eubéia, onde reinava Elefenor (enganar com promessas), e resolveu morar na ilha do Ciros. Licomedes (o que age como lobo), o rei da ilha de Ciros, sentindo-se ameaçado, resolveu matar o herói, jogando-o de um penhasco. Mesmo depois de sua morte, o eidolon (alma sem o corpo) de Teseu ajudou os atenienses durante a batalha de Maratona, em 480 a.C., afugentando os persas.

Depois de sua morte, porém, os atenienses, arrependidos, foram a Ciros buscar suas cinzas e ergueram um templo magnífico em sua honra.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jasão

Jasão foi um herói grego da Tessália. Filho de Esão com Alcímede ou Polímede, já que há versões diversas sobre quem seria de fato sua mãe. 

Esão, filho e sucessor do rei Creteu, foi despojado do trono por seu meio irmão Pélias, filho de Tiro e Poseidon. Jasão foi enviado à Tessália para ser educado pelo centauro Quirón. Ao completar vinte anos, decidiu reivindicar o poder que por direito lhe pertencia. Em outra versão, Pélias recebeu interinamente o poder de Esão até que se tornasse adulto. De qualquer forma, ao completar a maioridade, o herói decidiu retornar à Iolco e quando lá chegou encontrou a cidade em festa.

O rei ao vê-lo, embora não o reconhecesse, suspeitou do estrangeiro ao lembrar-se do oráculo que havia predito sobre a ameaça que sofreria vinda de um homem de apenas uma sandália. E Jasão assim se apresentava, visto que havia perdido uma de sua sandálias durante a viagem, ao atravessar um rio de forte correnteza carregando Hera em seus braços, que estava sob o disfarce de uma velha. 

Apavorado com a previsão do oráculo e já ciente das intenções do sobrinho, resolveu eliminar o inimigo. Para tanto, incumbiu-o de capturar em longínquas terras o Velocino de Ouro. Devido ao alto grau de periculosidade, esse empreendimento praticamente significava uma condenação à morte, mas Jasão, herói por excelência, não se deteve e partiu, chefiando outros cinquenta heróis numa grandiosa nau, denominada Argos. 

Os Argonautas e a Ajuda de Medeia

Jasão e seus amigos enfrentaram muitos obstáculos e realizaram muitas façanhas para chegar à Cólquida. (Ver suas aventuras aqui) Porém lá chegando, suas dificuldades não se esgotaram, pois o rei Eetes, tão logo tomou conhecimento das intenções do chefe dos argonautas , incumbiu-o de nova bateria de árduas tarefas. Como condição para lhe entregar o Velocino de Ouro, deveria domar dois touros selvagens de pesadas patas de bronze. Feito isso, o próximo passo seria atrelar o arado aos dois animais para arar a terra e semeá-la com dentes de dragão.

Da exótica semeadura, nasceriam gigantes armados os quais Jasão deveria derrotar. Contudo, nem bem haviam chegado à Cólquida, o chefe dos argonautas já tinha conquistado o coração da filha do rei e de Hécate, a princesa Medeia, famosa por suas habilidades na arte da feitiçaria que se colocou à sua disposição para ajudá-lo através de seus poderes mágicos. Para domar os touros, Medeia entregou a Jasão um bálsamo que o tornou invulnerável ao fogo e ao ferro. Uma vez preparada a terra e plantados os dentes de dragão, surgiram terríveis gigantes que avançavam em direção a Jasão. Medeia aconselhou o jovem herói a atirar-lhes algumas pedras. Os gigantes, não sabendo a procedência do ataque começaram a lutar entre si.

Somente quando muitos já haviam morrido e os poucos que restaram se encontravam extenuados pela batalha é que Jasão se apresentou para o combate exterminando os remanescentes. Surpreso com a vitória do forasteiro, Eetes descumpriu sua palavra recusando-se a entregar o Velocino de Ouro, idealizou um plano para matar Jasão e incendiar Argo. Mais uma vez o rei foi traído por Medeia que tomando conhecimento das intenções do pai, avisou Jasão do perigo que corria. Levou o herói às escondidas onde ficava guardado o precioso talismã, adormeceu o dragão com seus mágicos cantos e juntamente com Jasão, roubou o Velocino de Ouro. Em seguida, embarcou com os argonautas levando o Velo e Apsirto, filho do rei, que foi com a intenção de proteger sua irmã.

Sentindo-se duplamente enganado, Eetes partiu pelos mares em busca de seus filhos. Medeia, sabendo da atitude do pai, matou e esquartejou o irmão Apsirto, lançando seus restos mortais ao mar a fim de atrasar a perseguição, pois sabia que seu pai iria fazer de tudo para dar uma sepultura para seu filho. Com efeito, ao ver os restos do filho boiando, Eetes desesperado, se deteve a recolhê-los. Com isso Argo conseguiu tomar distância do outro navio. 

Mais tarde Jasão esteve um longo tempo meditado sobre o caráter daquela mulher que levava consigo: afinal, estava prestes a se casar com uma mulher capaz de fazer em postas o próprio irmão! 
- Fiz isso por amor a ti, meu adorado, compreende?! Percebe agora a imensidão do meu amor?
Por um instante chegou à barreira dos dentes de Jasão esta pergunta singular: "E qual seria então, a imensidão do seu ódio, Medeia?" 

Depois que Argo conseguiu se livrar da perseguição do rei Eetes, acabou por se desviar da rota porque Zeus, revoltado com a natureza do crime praticado por Medeia, enviou uma borrasca que atingiu a embarcação. Era necessário purificar-se de tão hediondo crime e por isso aportaram no reino de Circe, maga que através de suas magias e encantamentos os purificou, aplacando a ira do grande deus.

Contudo, quando chegaram ao reino dos Feaces na ilha de Corcira, os argonautas se depararam com uma situação bastante desfavorável. É que Eetes, inconformado com a morte do filho e com a fuga da princesa, enviou uma nau encarregada de trazer de volta a princesa. Seus súditos pressionavam o rei Alcínoo para que este lhes entregasse a princesa tão logo esta aportasse em seu reino. Arete, a rainha, sabendo das intenções do marido de devolver Medeia caso ela fosse virgem, providenciou o casamento dos jovens às escondidas.

Pélias Não Cumpre Sua Palavra 

Pélias, ao ver chegar o chefe dos argonautas trazendo o Velocino de Ouro, recusou-se a honrar sua palavra devolvendo-lhe o trono, e ainda expulsou seu sobrinho de Iolco. E Jasão obedece suas ordens sem relutar, mesmo sabendo que seu tio, enquanto ele estava fora, induziu seus pais ao suicídio, e em seguida assassinou seu irmão Promaco. Mais uma vez Medeia foi em seu auxílio e para vingá-lo, fez com que as filhas do rei acreditassem ser possível devolver a juventude de seu velho pai Pélias. Iludidas pela feiticeira, elas o esquartejaram e deitaram seus membros a ferver num caldeirão.

Depois que Jasão saiu de Iolco, foi com Medeia para Corinto, onde teve dois filhos com ela. Lá, o triste fim de Jasão se aproximava.

Medeia é Rejeitada

A gratidão é um crime imperdoável para os deuses e o herói se esqueceu de tão importante preceito quando envergonhado de Medeia a repudiou para casar-se com Creúsa, filha do rei de Corinto, Creonte. A rejeição surgiu quando ele recebeu a proposta de se casar com a filha do rei com a condição de se livrar de sua esposa e de seus dois filhos - para que eles não queiram reivindicar o trono mais tarde. Jasão, aceitando o pedido, expulsa Medeia e seus dois filhos de Corinto, e diz para eles procurarem um outro lugar para morar. 

Humilhada e rejeitada pelo marido, Medeia conspirava vingança. Simulando humildade, enviou magnífico traje à rival que movida por extrema vaidade o vestiu. Imediatamente a princesa começou a consumir-se em fogo, pois nem bem o terminara de vestir, o vestido começou a arder em chamas. Creúsa gritava desesperada de dor e seu pai, apavorado, tentava inutilmente livrá-la da indumentária maldita. Juntamente com o pai, Creúsa morreu queimada. Sabendo que sua vida iria ser difícil dali por diante, Medeia resolve matar seus dois filhos com uma poção envenenada, para que eles não corram o risco de sofrerem, e os entrega ela mesma à Perséfone, no Hades. Então ela foge para Atenas.

O Fim de Jasão

Existem muitas versões para o final de Jasão. Na primeira delas, o herói, desesperado se suicida. Em outra, quando descansava sob a sombra de Argos, morreu esmagado pela popa do próprio navio. Há ainda outra versão segundo a qual aliou-se a Peleu e assumiu enfim o poder em Iolco.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Orfeu

Orfeu cercado por animais
Na mitologia grega, Orfeu era poeta e médico, filho da musa Calíope e de Apolo ou Eagro, rei da Trácia. Era o poeta mais talentoso que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ganhou a lira de Apolo.

Foi um dos cinquenta homens - os argonautas - que atenderam ao chamado de Jasão para buscar o Tosão de ouro. Acalmava as brigas que aconteciam no navio com sua lira. Durante a viagem de volta, Orfeu salvou os outros tripulantes quando seu canto silenciou as sereias, responsáveis pelos naufrágios de inúmeras embarcações.

Orfeu e Eurídice

Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, atraiu um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a mordeu e a matou. Por causa disso, as ninfas, companheiras de Eurídice, fizeram todas as suas abelhas morrerem.

Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o mundo inferior, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada, e os encantou com seu canto.

Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol.

Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele então quase no final do tenebroso túnel olhou para se certificar de que Eurídice o acompanhava e não a viu. Hades e Perséfone os seguiram e como ficou estabelecido que ele não poderia olhar para Eurídice até chegar ao fim do túnel, Hades a tomou novamente.

Por um momento ele a viu, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma, seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que saía do Mundo dos Mortos. Ele a havia perdido para sempre. 

A Morte de Orfeu


Em desespero total, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar para qualquer outra mulher, não querendo lembrar-se da perda de sua amada. Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espécie de serviço de aconselhamento; ele ajudava muito os outros com seus conselhos , mas não conseguia resolver seus próprios problemas, até que um dia, furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres selvagens chamadas Mênades (também conhecidas como Bacantes) caíram sobre ele, frenéticas, atirando dardos. Os dardos de nada valiam contra a música do lirista, mas elas, abafando sua música com gritos, conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaçaram seu corpo e jogaram sua cabeça cortada no rio Hebro, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurídice! Eurídice!"

Chorando, as nove musas reuniram seus pedaços e os enterraram no monte Olimpo. Dizem que, desde então, os rouxinóis das proximidades cantaram mais docemente que os outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu à sua amada Eurídice.

Quanto às Mênades, que tão cruelmente mataram Orfeu, os deuses não lhes concederam a misericórdia da morte. Quando elas bateram os pés na terra, em triunfo, sentiram seus dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tirá-los, mais profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e também seus corpos, até que elas se transformaram em carvalhos silenciosos. E assim permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao som da lira de Orfeu, até que por fim seus troncos mortos e vazios caíram ao chão.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Odisseu - ou Ulisses

Odisseu e Penélope
Odisseu ou Ulisses, como conhecido na mitologia romana, foi um personagem da Ilíada e da Odisseia, de Homero. É o personagem principal dessa última obra, e uma figura à parte na narrativa da Guerra de Troia. É um dos mais ardilosos guerreiros de toda a epopeia grega, mesmo depois da guerra, quando do seu longo retorno ao seu reino, Ítaca, uma das numerosas ilhas gregas.

Sua Família

Quanto Tíndaro viu que havia vários pretendentes para sua filha Helena, Odisseu sugeriu que todos os pretendentes jurassem defender o escolhido de qualquer mal que fosse feito contra ele; só então Tíndaro escolheu Menelau para casar com Helena, e fez Icário, seu irmão, casar Penélope, filha de Icário, com Odisseu. Daí a amizade existente entre Menelau, seu irmão Agamemnon e Odisseu. 

Seu pai era filho único de Arcésio e sua mãe era filha de Autólico, um famoso ladrão. Da união com Penélope nasceu Telêmaco, seu querido filho, do qual teve de se afastar muito cedo para lutar ao lado de outros nobres gregos em Troia. Foi um dos elementos mais atuantes no cerco de Troia, no qual se destacou principalmente por sua prudência e astúcia.

O Cavalo de Troia
Réplica do Cavalo de Troia, em exposição na Turquia
Durante a citada guerra, muitas batalhas os gregos venceram a conselho de Odisseu, sendo este mesmo um grande guerreiro, apesar de sua baixa estatura (algumas lendas diziam mesmo que era anão). Tentou convencer Aquiles a cessar sua ira contra Agamemnon, ao lado de Ájax, filho de Telamon e de Fênix, filho de Amintor, todavia, sem obter sucesso.

Um de seus mais famosos ardis foi ajudar na construção de um cavalo de madeira, o Cavalo de Troia, que permitiu a entrada dos exércitos gregos na cidade. Aliás, a estratégia foi sua. 

Após a derrota dos troianos, ele iniciou uma viagem de dez anos de volta para Ítaca onde a sua mulher o espera com uma fidelidade obstinada, apesar da demora. Essa viagem mereceu a criação por Homero do poema épico Odisseia, na qual são narradas as aventuras e desventuras de Odisseu e sua tripulação desde que deixam Troia, algumas causadas por eles e outras devido à intervenção dos deuses.

Odisseu e sua tripulação enfrentaram tempestades terríveis. Desembarcaram na terra dos Cícones na Trácia, de onde foram expulsos. Enfrentou ventanias até que os seus navios foram parar numa terra de comedores de lótus (Lotófagos), e teve que arrancar à força sua tripulação de lá, porque todos ficaram viciados na flor, que causava esquecimento e falta de vontade de voltar ao mar.

Polifemo e a Ilha dos Ciclopes

Odisseu oferecendo vinho à Polifemo
Algum tempo depois, eles chegaram à Ilha paradisíaca dos Ciclopes. Um lugar encantado, reinado pelo ciclope Polifemo, filho de Poseidon, que após abrigá-los em uma linda gruta, devorou alguns de seus tripulantes.

Odisseu então, estrategista que era, como se nada tivesse acontecido, embebedou Polifemo, que após cair no sono, teve seu único olho furado. No dia seguinte, cego, ele tirou a pedra da porta da gruta e não pôde ver quando os homens saíram escondidos junto com os animais que ali estavam. Enquanto isso, Poseidon, pai de Polifemo jurou sua ira por Odisseu ter furado o olho de seu filho.

Quando os navios aportaram na Ilha de Éolo (Deus dos Ventos), eles ganharam de presente um odre que continha poderosos ventos. Uma suave brisa soprou arremessando-os no sentido de Ítaca, mas os tripulantes do navio, curiosos, achando que o odre poderia conter riquezas, abriram-no libertando os ventos furiosos que os empurraram de volta para a ilha de Éolo. Desta vez, o Deus dos Ventos, recusou-se a ajudá-los. 

Os Lestrigões

Sendo assim, com muito sacrifício, seguiram novamente viagem, até que foram parar numa terra de gigantes antropófagos “Lestrigões” que logo de cara devoraram seu mensageiro e atiraram pedras contra eles. Deste ataque, somente se salvou o navio de Odisseu, que escapou em alta velocidade indo parar na Ilha de Eéia, onde vivia a feiticeira Circe, filha de Hélio (Deus Sol).

A Feiticeira Circe

Parte da tripulação de Odisseu desembarcou e foi recebida com comida e bebida encantadas por uma poção que os transformaram em porcos, indo parar no chiqueiro. Um deles escapou e foi avisar Odisseu, que prontamente se dirigia ao castelo para salvá-los, quando encontrou Hermes, que lhe ofereceu uma planta que continha o antídoto contra os feitiços da bruxa e o aconselhou a ameaçá-la com firmeza.

Quando Circe viu que seu encanto não estava mais fazendo efeito, ameaçada pela espada de Odisseu, ela desfez o encanto e ainda hospedou a todos, chegando a ter um romance com Odisseu, onde nasceu um filho chamado Telégono.

Odisseu havia perdido a direção de Ítaca, mas mesmo assim resolveu partir. Circe o aconselhou a passar antes em Hades e consultar a sombra do adivinho Tirésias. Chegando lá, ele encontrou várias outras sombras de heróis e heroínas mortos, que o alertaram para uma volta atribulada ressaltando que não deveriam em hipótese alguma, comer nenhuma rês do rebanho de Helio.

O Canto das Sereias

Odisseu ouvindo o canto das sereias
No caminho, eles enfrentaram o assédio das sereias, escapando porque conseguiram tapar os ouvidos. Odisseu, curioso acerca do canto das sereias, pediu para que seus amigos o amarrassem a um mastro, e não o soltassem em hipótese alguma. Mesmo se ele implorasse. 

Depois passaram pelo gigantesco rodamoinho “Caríbdis”; por um monstro de várias cabeças chamado “Cila” quando finalmente chegaram à Trinácia, onde o deus Hélio guardava seus rebanhos.

Quando Odisseu adormeceu, seus homens que estavam famintos desobedeceram e mataram algumas vacas para comer. Hélio ficou furioso e queixou-se com Zeus, que por castigo, destruiu toda a embarcação em alto mar e os homens da tripulação, poupando apenas Odisseu, pois foi o único que não havia tocado nos animais. Mesmo assim, ele ainda ficou durante nove dias agarrado a um pedaço de madeira da embarcação, boiando, até chegar à Ilha de Ogígia, lar da ninfa Calipso, que o acolheu. Acabaram se apaixonando e ele permaneceu por lá, durante muitos anos onde teve mais filhos.

Enquanto isso, em Ítaca, sem notícias, sua esposa o esperava fielmente. Todos achavam que ele havia morrido e os homens começaram a cortejar Penélope, chegando a plantar-se no castelo enquanto ela não se decidisse por algum deles. Ela estava sendo pressionada e ganhava tempo dizendo que só se casaria após terminar de tecer uma manta (atrasando o trabalho de propósito). Telêmaco preocupado decidiu sair em busca do pai em alto mar.

Zeus ordenou a Calipso que deixasse Odisseu retornar. Numa humilde jangada, enfrentando as tempestades provocadas pela ira de Poseidon, ele chegou quase morto a outra ilha encantada chamada Esquéria, onde seus habitantes feácios, eram evoluídos e se comunicavam diretamente com os deuses. A princesa Nausicaa, encontrou o herói nu e desacordado na praia e com o auxílio de seu pai, o Rei Alcinoo, cuidou dele e deram-lhe presentes, prometendo que o ajudariam a voltar pra casa.

Com a ajuda dos marinheiros de lá, conseguiu chegar até Ítaca. Não foi atingido, quando Poseidon irado, castigou-os por tê-lo ajudado, transformando o navio em pedra e escondendo a ilha atrás de montanhas para que nunca mais fosse encontrada por ninguém.

Sua Chegada à Ítaca

Ao pisar em Ítaca, Atenas disfarçou Odisseu como um mendigo, para que os pretendentes de sua esposa não pudessem reconhecê-lo. Ele foi procurar o porqueiro chefe, que sempre foi seu escudeiro fiel. Sem saber que se tratava do antigo patrão, o porqueiro contou em detalhes tudo o que estava acontecendo por lá e o hospedou. Enquanto estava na casa do porqueiro, Odisseu reencontrou Telêmaco que voltava de sua busca. Contou ao filho que estava disfarçado e os dois juntos começaram a arquitetar um plano para se livrarem dos pretendentes de Penélope.

Telêmaco, sem dizer nada a ninguém, levou o “Mendigo” para o castelo e exigiu que ele fosse tratado como um hóspede. Ninguém o reconheceu, a não ser sua ama Euricléia, que o conhecia desde criança. A serva prometeu segredo.

Ultimo Encontro com Seu Fiel Cão Argos

Odisseu e Argos
Mas antes de Odisseu ter entrado no castelo pela primeira vez em 20 anos, ele encontra Argos deitado, negligenciado em uma pilha de estrume de vaca, infestado de piolhos, velho e muito cansado. Este é um nítido contraste com o cão que Odisseu deixou para trás; Argos costumava ser conhecido por sua velocidade e força, e suas habilidades superiores de rastreamento. Argos reconhece Odisseu de uma só vez, e ele tem apenas a força suficiente para mexer seus ouvidos e abanar a cauda, mas não pode se levantar para cumprimentar seu mestre. Assim que Odisseu passa (mas não sem derramar uma lágrima por seu lindo cão deitado em adubo) e entra no castelo, Argos morre.

No dia seguinte, Odisseu na presença de Penélope, sem ser reconhecido, confidenciou que o marido dela estava vivo e tentava voltar para Ítaca. Penélope revelou a ele, que não aguentava mais a pressão de ter que se casar e que no dia seguinte, faria um concurso para escolher um dos seus pretendentes como marido. Seria vencedor aquele que conseguisse atirar uma flecha com o arco de Odisseu, que deveria atravessar o orifício de doze machados enfileirados no chão.

O Concurso das Flechas

No dia seguinte, nenhum dos pretendentes conseguiu lançar a flecha. Foi quando o “mendigo” sob as gargalhadas de reprovação dos pretendentes pediu que lhe fosse permitido participar da prova.

Autorizado e sem nenhum esforço, Odisseu lançou a flecha certeira em direção aos machados. Em seguida, com Telêmaco e seus servos fiéis, matou todos os pretendentes e os empregados traidores, assumindo sua verdadeira identidade. Em seguida, enfrentaram mais uma batalha contra os amigos dos pretendentes mortos que queriam se vingar. Desta vez, Atenas e Zeus os defenderam.