quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Tamerlão

Tamerlão, o Coxo (8 de abril de 1336 – 18 de fevereiro de 1405), foi o último dos grandes conquistadores nômades da Ásia Central de origem turco-mongol.

Nascido nos domínios do Canato Chagatai, de uma família de pastores, agregou em torno de si diversas tribos, graças à sua competência como guerreiro, à sua astúcia como político e ao seu carisma como entusiasta da religião e das artes. Com a ajuda de um vasto exército, construiu um poderoso e agressivo império, conhecido como Império Timúrida, que não resistiria à sua morte.

Ascensão

Tamerlão (Timur) começou sua carreira como um bandido pouco importante. Quando jovem, foi ferido por flechas na mão direita e no joelho, enquanto participava de gloriosas batalhas, ou roubando carneiros, a versão de seus inimigos, deixando-o manco e com um braço semi paralisado pelo resto da vida. Sua família havia se agregado ao recém formado Canato Chagatai, um dos quatro reinos mongóis originários da fragmentação do grande império de Genghis Khan. A unidade política desse reino era praticamente inexistente, e os clãs viviam de maneira quase independente, como pastores nômades ou semi-nômades. Tamerlão nasceu e cresceu nesse contexto, onde a liderança não era herdada, mas conquistada e mantida pela força e pela coragem. É possível que o respeito que conquistou esteja ligado à sua personalidade carismática e ao seu gênio militar. Arabshah, um historiador de Damasco, observa que a lealdade conquistada por Timur seria devida ao seu sucesso como ladrão de ovelhas, e que seus seguidores seriam ladrões, depois transformados em guerreiros hábeis e disciplinados.

No decorrer da década de 1360 Timur estabeleceu alianças entre líderes tribais, tornando-se virtualmente o líder de todo o Canato Chagatai. Para confirmar sua autoridade, Timur forjou uma relação distante de parentesco com Genghis Khan, e assumiu para si o título de Khan.

Personalidade

Tamerlão foi descrito por diversos cronistas do século XIV, e cada relato apresentava o imperador sob um enfoque diferente: ora nobre e educado, ora violento e explosivo, ora um bárbaro aculturado, ora um amante das artes. Mas todos os relatos concordam que Timur possuía personalidade complexa que fascinava e tornava perplexos mesmo os seus desafetos.

Era adepto de uma versão do Islão que incorporava os velhos cultos animistas mongóis e tomou para si a missão de expandir e fortalecer a fé islâmica no mundo, assumindo também o papel de um líder religioso para seu povo. Além disso, sabia que os chagatai precisavam ser mantidos ocupados, para evitar descontentamentos entre seus exércitos, e empreendeu contínuas campanhas militares contra seus vizinhos durante seu reinado. Assim, seu poder se consolidou, também, por saber como lidar com seus inquietos compatriotas, além de expandir seu império para além das estepes da Ásia Central

Apesar da natureza rude do modo de vida mongol, o imperador chagatai era um entusiasta de história, arte, arquitetura, poesia e filosofia, e não raro fazia questão de poupar artistas, historiadores e engenheiros estrangeiros durante suas conquistas - exterminando todo o resto da população. Timur também apreciava a visita de embaixadores e mercadores estrangeiros, com os quais aprendia sobre a história e a cultura de povos tão distantes quanto os espanhóis e italianos. Durante seu reinado, a cidade de Samarcanda, para onde esses prisioneiros eram deportados, tornou-se a pérola das estepes asiáticas, com grandes obras de arquitetura e urbanismo.

A característica pela qual Tamerlão tornou-se mais conhecido - e temido - em todo o ocidente foi sua crueldade, a brutalidade com que tratava os povos conquistados. Apesar de ser um líder militar refinado (estabelecia novas estratégias jogando xadrez), não abria mão da violência para abater a moral dos inimigos e impor respeito sobre os povos conquistados. Atos como o assassínio de um grupo de crianças pequenas - ocorrido no ataque a Isfahan, quando dizimou quase toda a população local, empilhando seus crânios em montes do lado de fora da cidade - e o emparedamento de duas mil pessoas em uma torre de Isfizar para sufocar uma rebelião, tiveram enorme repercussão negativa na reputação de Tamerlão na Europa e em reinos adjacentes, mas inflava o orgulho dos chagatai.

Conquistas

Tamerlão unificou os chagatai em torno de si usando astúcia política, mas fez uso de seus arqueiros montados em pequenos cavalos mongóis para vencer exércitos e conquistar cidades na Ásia. Inicialmente, Timur era senhor da Transoxiana e parte do Turquestão, e começou a expandir seus domínios para o Coração, o Afeganistão e Multão, no Paquistão. Conquistou a velha cidade de Deli, a Pérsia, o Iraque, a Armênia e o sul da Rússia, então sob domínio do Canato da Horda Dourada. 

Quando uma guarnição cristã de Sivas, na Armênia, perguntou quais seriam os termos para uma rendição, Tamerlão jurou que não derramaria uma gota de sangue. Depois que o inimigo se rendeu, ele cumpriu o prometido e, em vez disso, enterrou-os vivos.

Seu exército ainda saquearia o reino da Geórgia várias vezes. Na conquista de Deli, Timur teve que enfrentar pela primeira vez um exército montado sobre elefantes. Sem saber como enfrentar essa força desconhecida para os mongóis, ordenou que apanhassem os camelos que os escoltavam e carregaram-nos com fardos de palha. Atearam fogo aos fardos e enviaram os camelos em disparada para as linhas inimigas, causando pânico aos elefantes, forçando sua retirada.

Estratégias

Para seus admiradores, Tamerlão era um tipo de guerreiro astucioso. Como um jovem bandido do interior selvagem da Ásia Central, ele fazia seus soldados erguerem fogueiras desnecessárias em um círculo em torno do inimigo para convencê-lo de que estavam inferiorizados em efetivo. Fazia com que seus cavaleiros arrastassem ramos de árvores para levantar uma nuvem de poeira maior.  

Campanhas: sudoeste (1381-84)

Gerações após Gêngis Khan ter destruído Herat, em 1221, a cidade renascera, tornando-se uma parada rica e culta da Estrada da Seda. Durante os primeiros dias como mercenário itinerante, Tamerlão trabalhou para a dinastia que governava aquela cidade, e então tentou negociar uma aliança marital. O governante na época concordou a princípio, mas ficou argumentando sobre os detalhes. Então os espiões de Tamerlão descobriram que Herat estava reforçando suas defesas, um evidente ato provocativo. Tamerlão atravessou velozmente 480 quilômetros de um deserto e montanhas inóspitas, para pôr cerco à cidade. Sabendo o destino que esperava uma defesa malsucedida, Herat desistiu de lutar e conseguiu misericórdia.

Com seu exército mobilizado e tendo viajado tanto para o oeste, Tamerlão continuou sua ofensiva. Na partilha por quatro, a parte persa do império de Gêngis Khan ficara sendo o domínio dos Il-Khans, maso khanato desmoronou mais ou menos na mesma época do ocaso da dinastia Chagatai. Explorando o vácuo do poder, Tamerlão invadiu a Pérsia com o que viria a ser sua característica crueldade.

Na Cidade de Isfizar, ele trancou 2 mil prisioneiros em uma torre, deixando-os morrer de fome. Zaranj, cidade próxima, suscitava más lembranças para Tamerlão, pois fora lá que ele recebera seus ferimentos debilitantes, de modo que, embora tenham se rendido sem qualquer luta, os habitantes foram massacrados e sua cidade, incendiada.

Sudoeste (1386-88)

Durante algum tempo, Tamerlão voltou para casa a fim de descansar, antes de invadir a Pérsia de novo. Depois de conquistar a cidade de Isfahan, no Irã central, ele instalou uma guarnição lá e estava pronto para conceder misericórdia, mas a população se sublevou e atou a guarnição. Tamerlão avançou sobre a cidade de novo e liquidou com seus habitantes, plantando em estacas as cabeças, como um aviso para outros, que podiam querer resistir a sua força. A cidade próxima de Shiraz entendeu a mensagem e rendeu-se imediatamente. Um historiador muçulmano explorando Isfahan logo depois contou 28 torres de 1.500 cabeças cada, antes de interromper o circuito que fazia em torno das ruínas. O provável total estava perto de 70 mil.

Embora pensemos no passado como uma época mais brutal do que a de hoje, vale a pena notar que, entretanto, muitos dos soldados de Tamerlão ficavam horrorizados com a ordem de massacrar civis e outros muçulmanos. Tamerlão exigia de cada unidade certo número de cabeças, ou então que sofressem as consequências. Os oficiais eram designados para conferir a contagem. Os soldados de ânimo mais fraco compravam sua quota dos companheiros com menos escrúpulos. A princípio, o preço de uma cabeça era 20 dinares, mas conforme o massacre prosseguia e o suprimento subia para cumprir a demanda, o preço caiu para meio dinar. 

Noroeste (1390-91)

Uma dinastia mongol, que se intitulava a Horda Dourada, herdara o quarto europeu do império de Gêngis Khan, a oeste dos montes Urais, estendendo-se pelas estepes da Rússia e da Ucrânia. Tinha havido uma disputa dinástica na década de 1370, e durante algum tempo Tamerlão deixou que Toktamish, o pretendente marginal da liderança, dormisse em seu sofá, falando metaforicamente, até que pudesse arranjar um cargo para ele. Tamerlão ajudou-o a conquistar o trono da Horda Dourada, mas então os dois herdeiros de Gêngis Khan se desentenderam. Logo depois que Tamerlão se retirara da sua primeira incursão na Pérsia, Toktamish se esgueirou atrás dele e tomou Tabriz, uma cidade que Tamerlão reservara para conquistar mais tarde.

Era evidente que a Eurásia não era bastante grande para a ambição dos dois. Tamerlão partiu para o norte, entrando na imensidão desconhecida da Sibéria, e depois virou para a esquerda e, atravessando as vastas florestas da Rússia, surpreendeu o inimigo. Em junho de 1391, o exército de Tamerlão - 100 mil homens e mulheres - caiu avassaladoramente sobre a Horda Dourada, na Batalha de Kunduzcha. Depois de feroz luta, Toktamish fugiu, com as tropas de Tamerlão perseguiu-o de perto. Embora Toktamish conseguisse fugir, suas principais cidades, Sarai e Astrakhan, foram conquistadas e saqueadas.

Sudoeste (1393)

Pérsia, novamente.

Noroeste (1395)

Toktamish, novamente.

Sudeste (1398-99)

No verão de 1398, Tamerlão partiu para punir seu companheiro muçulmano, o sultão de Déli, por tolerar todas as culturas e permitir a livre circulação dos hindus, o que Tamerlão considerava uma afronta ao Islã. Em dezembro, ele já cruzara todas as montanhas, desertos e rios  que separavam a Índia do restante do mundo, e conduziu seu exército para o sul, pela planície do Punjab. Enquanto atravessava o país, ele foi acumulando milhares de prisioneiros hindus, que levaria de volta como escravos.

O exército de Tamerlão sobrepujou as forças do sultão à vista das muralhas de Déli, derrotando os elefantes de guerra com a tática dos camelos flamejantes, descrita anteriormente. Durante a batalha, Tamerlão ouviu seus prisioneiros ovacionarem os ataques indianos, de modo que mandou matá-los, 100 mil deles, de acordo com as crônicas. Originalmente ele planejava poupar a cidade, mas, quando seus soldados saqueavam e praticavam estupros ao atravessar a cidade, surgiram altercações e lutas com os habitantes. A coisa evoluiu para uma verdadeira rebelião contra os invasores, que Tamerlão sufocou com sua típica crueldade. Cerca de 50 mil pessoas foram massacradas, e suas cabeças fincadas em estacas fora dos quatro cantos da cidade. Depois ele confiscou todo o tesouro que a grande capital acumulara ao longo dos anos, juntamente com dezenas de milhares de novos escravos.

Oeste (1400-1404)

Em outubro de 1400, Tamerlão avançou para o oeste. tendo reduzido a Pérsia de um grande império a um mero atalho, ele atravessou o país e atacou além dele. No caminho, conquistou todas as grandes cidades, e enterrou viva a guarnição de Sivas. Destruiu Alepo e empilhou 20 mil cabeças. Depois saqueou e incendiou Damasco e eliminou sua população, em março de 1401.

Uma pequena força enviada para se apoderar de Bagdá não tivera êxito, de modo que Tamerlão voltou com todo o seu exército e sitiou a cidade por seis semanas. Num dia insuportavelmente quente, quando os defensores se refugiaram na sombra, Tamerlão atacou. Depois que a cidade foi conquistada, ele ordenou que cada um de seus guerreiros lhe trouxesse uma cabeça cortada; algumas fontes dizem duas. Apenas os clérigos e os estudiosos foram poupados do massacre. Quando ficou patente que havia menos habitantes em Bagdá do que a cota estabelecida por Tamerlão, foram trazidas cabeças do próprio acampamento mongol: seguidores, prostitutas e escravos pessoais, porque ninguém ousava desafiar um comando de Tamerlão. Os mongóis demoliram todas as construções seculares e cercaram as ruínas com 120 torres, erigidas com 90 mil cabeças ao todo, enquanto Tamerlão fazia uma peregrinação a um santuário próximo, para rezar.

A invasão para oeste colocou Tamerlão em conflito com os turcos otomanos, que estavam ocupados, eliminando os últimos vestígios do Império Bizantino. O sultão turco, Bayezid, o Trovão, esmagara uma fieira de inimigos, tanto na Europa quanto na Ásia, e tudo que precisava para coroar sua carreira e ser aclamado como o maior guerreiro da história do Islã era conquistar Constantinopla, sede do império, saída para o mar Negro, e o portão para a Europa, e que resistira por séculos aos invasores muçulmanos.

Então, em 1402, as hordas de Tamerlão surgiram avassaladoramente do leste, e Bayezid precisou abandonar seu sítio de Constantinopla para barrar o avanço dos mongóis. Bayezid partiu com um grande exército calejado nas batalhas e enfrentou Tamerlão em Ancara. Foi uma luta dura, e diversas unidades turcas, constituídas de constritos descontentes, passaram para o lado inimigo, trazendo o caos à posição otomana. Bayezid foi derrotado e capturado, juntamente com seu séquito. Tamerlão tinha, sem querer, salvado a Europa dos turcos por meio séculos mais.

Contam-se muitas histórias da humilhação sofrida pelo ex-sultão nas mãos do comandante mongol. Dizem que Bayezid foi mantido numa gaiola, em público, que sua esposa foi forçada, nua, a servir refeições a membros da corte, que Tamerlão o usava como banquinho para descansar os pés. Provavelmente essas histórias não são verdadeiras, porque não apareceram nos registros históricos senão muito mais tarde. Os primeiros historiadores disponíveis alegaram que Bayezid foi bem tratado.

Chegando ao litoral mais a oeste da Anatólia, na península da Turquia, Tamerlão montou cerco à Ordem dos Cavaleiros de Rodes, na cidade cristã de Esmirna, que aguentou o sítio por umas poucas semanas, e depois suportou o costumeiro massacre e pilhagem. Mais tarde, quando a frota cristã chegou para ajudar os cavaleiros a romper o cerco, Tamerlão escarneceu deles e mostrou que haviam chegado tarde demais catapultando as cabeças dos ex-defensores para cima dos navios.

Amir Tamerlão

Tamerlão tinha grande respeito pelos estudiosos e atraiu muitos deles para sua corte. Encomendou magníficas edições do Corão aos melhores calígrafos. Era também um mestre no xadrez, e a versão mais complicada do jogo ainda leva seu nome. No xadrez de Tamerlão, o tabuleiro tem duas vezes mais casas do que o xadrez regular e mais peças, tais como elefantes, que pulam duas casas, em diagonal, e girafas, que se movem uma em diagonal e três em linha reta. 

Fim de Jogo

Já então com 71 anos, Tamerlão esmagara os dois impérios mais poderosos da Ásia: Déli e os otomanos. Realizara conquistas em todas as direções, com exceção do leste, penetrando na China. Recentemente a dinastia Ming, liderada por Zhu Yuanzhang, expulsara os mongóis de seu país, e Tamerlão decidiu que isso não podia continuar. Com um novo exército, ele partiu para restaurar o império de Gêngis Khan, mas a velhice o alquebrou e ele morreu em 1405, antes de seu exército cruzar a fronteira. 

O significado das conquistas de Tamerlão, embora tenham sido enormes, sangrentas e pitorescas, é pequeno e cheio de ironias. Ele era um muçulmano devoto, que destruiu quase exclusivamente inimigos muçulmanos, e foram os derrotados nas suas guerras que deixaram legados verdadeiros, enquanto Samarcanda se tornou uma cidde estagnada, deserta, sob o governo de khans cujo nomes foram esquecidos. 

Exumação

O corpo de Tarmelão foi exumado de seu túmulo em 1941 pelo antropólogo soviético Mikhail Gerasimov. De seus ossos, ficou claro que Tamerlão era um homem alto e de peito largo com ossos fortes no rosto. Gerasimov também descobriu que as características faciais de Tamerlão conformavam-se a parciais características da raça amarela, que ele acreditava, em parte, apoiar a noção de Tamerlão de que ele era descendente de Genghis Khan. Gerasimov foi capaz de reconstruir a imagem de Tamerlão a partir de seu crânio. Sua altura era de 1,73 metros, alto para sua época. Também confirmou a claudicação, devido a uma lesão no quadril de Tamerlão.

O túmulo de Tamerlão é protegido por uma laje de jade, na qual estão esculpidas as palavras em árabe: "Quando eu ascender dos mortos, o mundo vai tremer". Diz-se que quando Gerasimov exumou o corpo, uma inscrição adicional dentro do caixão foi encontrada, lendo-se "Quem abrir o meu túmulo soltará um invasor mais terrível do que eu". Em qualquer caso, dois dias depois de Gerasimov começar a exumação, a Alemanha nazista lançou a Operação Barbarossa, a invasão da União Soviética. Tamerlão foi re-enterrado com ritual islâmico completo em novembro de 1942, pouco antes da vitória soviética na Batalha de Stalingrado.

O legado de Tamerlão

O império de Tamerlão sucumbiu logo após seu criador. Dividido entre os filhos de Timur, as velhas rivalidades tribais voltaram a surgir entre os mongóis. Aliado ao ressurgimento dos povos conquistados e dos turcos a leste, a divisão política fez com que os chagatai fossem inteiramente absorvidos ainda no início do Século XV. A influência das conquistas de Tamerlão viu-se no adiamento da queda de Constantinopla, e na introdução da cultura mongol na Índia (cujo último imperador mongol só seria deposto no final do Século XIX).

A herança mais duradoura de Tamerlão não foi política, mas no campo das artes. O povo mongol era rude e pouco preocupado com a atividade artística, mas os mestres artífices deportados nas conquistas de Timur produziram um prolífico acervo de obras em metal, madeira, laca, pedras preciosas, pinturas. Samarcanda, Bucara e outras cidades se tornaram obras de arte da arquitetura, com suas grandes e belas mesquitas, torres e palácios (embora o próprio Tamerlão vivesse em uma tenda, ou na sela de um cavalo) decoradas com ricos ladrilhos, mosaicos e pinturas, retratando não só motivos abstratos típicos da arte islâmica, mas também cenas da natureza, do cotidiano e da própria vida de Timur, o Coxo. Historiadores e poetas prosperaram sob o patrocínio de Tamerlão, e perpetuaram sua arte ao longo dos anos seguintes à sua morte.

A nova nação da Ásia central, o Uzbequistão, está reabilitando Tamerlão como um herói nacional. Uma magnífica estátua equestre domina a principal praça da capital do país, Tashkent, substituindo o busto de Karl Marx, que estivera no local durante a era soviética, o qual já substituíra a estátua anterior de Stálin, que substituíra a estátua original do czarista Konstantin Kaufman, conquistador russo da Ásia central. Aparentemente, aquela praça nunca honrou uma pessoa viável.

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