sábado, 7 de janeiro de 2012

Zulus

Os zulus são um povo do sul da África, vivendo em territórios correspondentes à África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Moçambique. Embora hoje tenham expansão e poder político restritos, os zulus foram, no passado, uma nação guerreira que resistiu à invasão imperialista britânica e bôere no século XIX. A província sul-africana do KwaZulu-Natal é considerada a sua pátria original.


Shaka Zulu (KwaZulu-Natal,1773? — 22 de setembro de 1828) foi um chefe tribal zulu e estrategista militar, que transformou os zulus de uma etnia com pouca expressão territorial em um império que ensombrou os desígnios coloniais britânicos.

Filho orfão e ilegítimo de Senzanganakhona, chefe do clã zulu dos nguni, Shaka e a mãe foram banidos da sua aldeia e mandados de volta para a aldeia de sua família, onde Shaka passou o resto de sua infância como um órfão, escarnecido, ameaçado e provocado pelas outras crianças. Anos mais tarde, quando Shaka assumiu o poder, seu exército surpreendeu a velha aldeia com uma furtiva incursão noturna. Depois de reunir os habitantes, Shaka matou todos os que haviam escarnecido dele na infância, empalando-os pelo reto dos mourões pontudos das cercas dos currais, e, depois acendendo fogo embaixo deles. Para os aldeões que apenas haviam ficado assistindo enquanto os outros o provocavam, Shaka mostrou alguma misericórdia: seus crânios foram rachados com uma clave em busca de morte rápida. Só um único homem, que podia comprovar um ato anterior de bondade para com Nandi, foi poupado.

Ao atingir a puberdade, Shaka seguiu os costumes dos Mtetwa, e juntamente com os outros rapazes da sua idade (intanga), integrou o regimento isiCwe do exército de Dingiswayo. Shaka integrou-se bem na vida militar, e à medida que a sua fama pessoal e autoridade aumentava, introduziu alterações às tácticas anteriormente utilizadas.

Uma das mudanças mais importantes foi o abandono das tácticas de combate "atacar e retirar", pelo combate corpo a corpo, perseguição do inimigo, e da aniquilação total do inimigo. Estas tácticas foram sendo adoptadas por outros clã dos Nguni. No início da década de 1810, contra os Buthelezi em 1810, e posteriormente contra os Nongoma em 1812, Shaka havia aperfeiçoado a implementação dos seus homens no campo de batalha numa formação de ataque em forma de lua, com as pontas denominadas izimpondo (cornos), e o centro de isifuba (peito), com a qual obteve grandes êxitos, e seria a formação de combate padrão dos zulus nos próximos noventa anos.

Em 1816 foi enviado por Dingiswayo, chefe dos mtetwa, e regressa do exílio, e rapidamente se afirma rei dos zulus, eliminando todos que se lhe opunham. Um dos seus primeiros actos é constituir quatro regimentos, que são a origem do impi, nome pelo qual os exércitos zulus ficariam conhecidos. Os impis estavam armados com uma pequena lança, a assegai, um escudo de couro de boi, uma espécie de porrete que podia ser arremessado no inimigo com grande precisão e ainda o "cuspe de veneno", substância tóxica encontrada numa erva que era mastigada pelos guerreiros de Shaka, que a cuspiam no rosto dos inimigos durante os combates, causando grande irritação nos olhos. Apoiado neste impi, parte para nesse mesmo ano para atacar novamente os Buthelezi.

A cada novo episódio de loucura sanguinária, Shaka perdia apoio, até que finalmente foi assassinado por seus meio-irmãos, enquanto estava dentro da paliçada da sua aldeia. Enquanto ele estava sendo abatido, todos os dortesãos, criados, vizinhos e aldeãos fugiram da alfeia, aterrorizados, temendo serem acusados por aquilo. O corpo de Shaka ficou abandonado na aldeia vazia durante a noite; a única proteção contra as hienas que rondavam por ali era uma das esposas favoritas da sua adolescência, que ficara para trás. Na manhã seguinte, ele foi enterrado às pressas numa cerimônia mínima. Seus ossos estão provavelmente sob uma rua qualquer da cidade de Stanger, na África do Sul. 

Toda a carreira de Shaka se passou além do horizonte do mundo literário, então só temos informações de segunda mão sobre a sua vida. Visitantes europeus à corte de Shaka retornaram com horríveis histórias sobre um louco rei selvagem que disseminava morte e destruição aonde fosse. As tribos locais transmitiram lendas, rumores e histórias orais que somente foram passadas para o papel muito depois dos fatos. Isso deixa bastante espaço para reescrever a história da maneira que se quiser.

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