domingo, 30 de junho de 2013

Revolução Industrial

Revolução Industrial foi a transição para novos processos de manufatura no período entre 1760 a algum momento entre 1820 e 1840. Esta transformação incluiu a transição de métodos de produção artesanais para a produção por máquinas, a fabricação de novos produtos químicos, novos processos de produção de ferro, maior eficiência da energia da água, o uso crescente da energia a vapor e o desenvolvimento das máquinas-ferramentas, além da substituição da madeira e de outros biocombustíveis pelo carvão. A revolução teve início na Inglaterra e em poucas décadas se espalhou para a Europa Ocidental e os Estados Unidos.

A Revolução Industrial é um divisor de águas na história e quase todos os aspectos da vida cotidiana da época foram influenciados de alguma forma por esse processo. A população começou a experimentar um crescimento sustentado sem precedentes históricos, com uma boa renda média. Nas palavras de Robert E. Lucas Jr., ganhador do Prêmio Nobel: "Pela primeira vez na história o padrão de vida das pessoas comuns começou a se submeter a um crescimento sustentado... Nada remotamente parecido com este comportamento econômico é mencionado por economistas clássicos, até mesmo como uma possibilidade teórica."

O início e a duração da Revolução Industrial variam de acordo com diferentes historiadores. Eric Hobsbawm considera que a revolução "explodiu" na Grã-Bretanha na década de 1780 e não foi totalmente percebida até a década de 1830 ou de 1840, enquanto T. S. Ashton considera que ela ocorreu aproximadamente entre 1760 e 1830. Alguns historiadores do século XX, como John Clapham e Nicholas Crafts, têm argumentado que o processo de mudança econômica e social ocorreu de forma gradual e que o termo "revolução" é equivocado. Este ainda é um assunto que está em debate entre os historiadores.

A revolução impulsionou uma era de forte crescimento econômico nas economias capitalistas e existe um consenso entre historiadores econômicos de que o início da Revolução Industrial é o evento mais importante na história da humanidade desde a domesticação de animais e a agricultura. A Primeira Revolução Industrial evoluiu para a Segunda Revolução Industrial, nos anos de transição entre 1840 e 1870, quando o progresso tecnológico e econômico ganhou força com a adoção crescente de barcos a vapor, navios, ferrovias, fabricação em larga escala de máquinas e o aumento do uso de fábricas que utilizavam a energia a vapor.

Contexto histórico

Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo.

Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.

Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.

De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto da Revolução Industrial e não sua causa.

Com a evolução do processo, no plano das Relações Internacionais, o século XIX foi marcado pela hegemonia mundial britânica, um período de acelerado progresso econômico-tecnológico, de expansão colonialista e das primeiras lutas e conquistas dos trabalhadores. Durante a maior parte do período, o trono britânico foi ocupado pela rainha Vitória (1837-1901), razão pela qual é denominado como Era Vitoriana. Ao final do período, a busca por novas áreas para colonizar e descarregar os produtos maciçamente produzidos pela Europa produziu uma acirrada disputa entre as potências industrializadas, causando diversos conflitos e um crescente espírito armamentista que culminou, mais tarde, na eclosão, da Primeira Guerra Mundial (1914).

A Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Europa devido a três fatores: 
1) os comerciantes e os mercadores europeus eram vistos como os principais manufaturadores e comerciantes do mundo, detendo ainda a confiança e reciprocidade dos governantes quanto à manutenção da economia em seus estados; 2) a existência de um mercado em expansão para seus produtos, tendo a Índia, a África, a América do Norte e a América do Sul sido integradas ao esquema da expansão econômica européia; e 3) o contínuo crescimento de sua população, que oferecia um mercado sempre crescente de bens manufaturados, além de uma reserva adequada (e posteriormente excedente) de mão-de-obra.

O pioneirismo britânico

Coalbrookdale, cidade britânicaconsiderada um dos berços da Revolução Industrial.

O Reino Unido foi pioneiro no processo da Revolução Industrial por diversos fatores:

Pela aplicação de uma política econômica liberal desde meados do século XVIII. Antes da liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais estavam cartelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela qual a entrada de novos competidores e a inovação tecnológica eram muito limitados. Com a liberação da indústria e do comércio ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto espaço de tempo.

O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior impulso após a Revolução Inglesa, que forneceu ao seu capitalismo a estabilidade que faltava para expandir os investimentos e ampliar os lucros.

A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos com outros países. Um desses acordos foi o Tratado de Methuen, celebrado com a decadência da monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos no mercado português.

A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão mineral em seu subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período. Dispunham de mão-de-obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras, que provocou o êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros urbanos em busca de trabalho nas manufaturas.

A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, adquirir matérias-primas e máquinas e contratar empregados.

Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia na Inglaterra, pode se constatar que a taxa de juros no final do século XVIII era de cerca de 5% ao ano; já na China, onde praticamente não existia progresso econômico, a taxa de juros era de cerca de 30% ao ano.

O liberalismo de Adam Smith

As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas dúvidas. O pensador escocês Adam Smith procurou responder racionalmente às perguntas da época. Seu livro A Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das obras fundadoras da ciência econômica. Ele dizia que o individualismo é útil para a sociedade. 

Seu raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a sociedade é beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira prepara uma deliciosa carne assada, você saberia explicar quais os motivos dela? Será porque ama o seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está pensando, em primeiro lugar, nela mesma ou no pagamento que receberá no final do mês? De qualquer maneira, se a cozinheira pensa no salário dela, seu individualismo será benéfico para ela e para seu patrão. E por que um açougueiro vende uma carne muito boa para uma pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se alimente bem ou porque está olhando para o lucro que terá com futuras vendas? Graças ao individualismo dele o freguês pode comprar boa carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário e emprego.

Nesta perspectiva, portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em seus lucros. No entanto, como para lucrar precisariam vender produtos bons e baratos, no fim, acabaria contribuindo com a sociedade. Como o individualismo seria bom para toda a sociedade, as pessoas deveriam viver de modo que pudessem atender livremente a seus interesses individuais.

Para Adam Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos indivíduos. Para o autor escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a economia". Se as forças do mercado agissem livremente, a economia poderia crescer com vigor. Desse modo, cada empresário faria o que bem entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento criado pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam totalmente liberados. Sem a intervenção do Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como se houvesse uma "mão invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o capitalismo e a liberdade individual promoveriam o progresso de forma harmoniosa.

Avanços tecnológicos - O motor a vapor

O motor a vapor de James Watt, alimentado principalmente com carvão, impulsionou a Revolução Industrial no Reino Unido e no resto mundo.

As primeiras máquinas a vapor foram construídas na Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de ferro e de carvão e fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias aumentou muito. E os lucros dos burgueses donos de fábricas cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários ingleses começaram a investir na instalação de indústrias.

As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e provocaram mudanças tão profundas que os historiadores atuais chamam aquele período de Revolução Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de pessoas se transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou.

As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de carvão. Eram tão importantes quanto as máquinas que produziam tecidos.

As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se cansavam, tinham de ser trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava 45 km/h e podia seguir centenas de quilômetros. Assim, a Revolução Industrial tornou o mundo mais veloz. Como essas máquinas substituíam a força dos cavalos, convencionou-se em medir a potência desses motores em HP (do inglês horse power ou cavalo-força).

Ordem cronológica

 Século XVII

1698 - Thomas Newcomen, em Staffordshire, na Grã-Bretanha, instala um motor a vapor para esgotar água em uma mina de carvão.

Século XVIII

1708 - Jethro Tull (agricultor), em Berkshire, na Grã-Bretanha, inventa a primeira máquina de semear puxada a cavalo, permitindo a mecanização da agricultura.

1709 - Abraham Darby, em Coalbrookdale, Shropshire, na Grã-Bretanha, utiliza o carvão para baratear a produção do ferro.

1733 - John Kay, na Grã-Bretanha, inventa uma lançadeira volante para o tear, acelerando o processo de tecelagem.

1740 - Benjamin Huntsman, em Handsworth, na Grã-Bretanha, descobre a técnica do uso de cadinho para fabricação de aço.

1761 - Abertura do Canal de Bridgewater, na Grã-Bretanha, primeira via aquática inteiramente artificial.

1764 - James Hargreaves, na Grã-Bretanha, inventa a fiadora "spinning Jenny", uma máquina de fiar rotativa que permitia a um único artesão fiar oito fios de uma só vez.

1765 - James Watt, na Grã-Bretanha, introduz o condensador na máquina de Newcomen, componente que aumenta consideravelmente a eficiência do motor a vapor.

1768 - Richard Arkwright, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning-frame", uma máquina de fiar mais avançada que a "spinning jenny".

1771 - Richard Arkwright, em Cromford, Derbyshire, na Grã-Bretanha, introduz o sistema fabril em sua tecelagem ao acionar a sua máquina - agora conhecida como "water-frame" - com a força de torrente de água nas pás de uma roda.

1776 - 1779 - John Wilkinson e Abraham Darby, em Ironbridge, Shrobsihire, na Grã-Bretanha, constroem a primeira ponte em ferrofundido.

1779 - Samuel Crompton, na Grã-Bretanha, inventa a "spinning mule", combinação da "water frame" com a "spinning jenny", permitindo produzir fios mais finos e resistentes. A mule era capaz de fabricar tanto tecido quanto duzentos trabalhadores, apenas utilizando alguns deles como mão-de-obra.

1780 - Edmund Cartwright, de Leicestershire, na Grã-Bretanha, patenteia o primeiro tear a vapor.

1793 - Eli Whitney, na Geórgia, Estados Unidos, inventa o descaroçador de algodão.

1800 - Alessandro Volta, na Itália, inventa a bateria elétrica.

Século XIX

1803 - Robert Fulton desenvolveu uma embarcação a vapor na Grã-Bretanha.

1807 - A iluminacão de rua, a gás, foi instalada em Pall Mall, Londres, na Grã-Bretanha.

1808 - Richard Trevithick expôs a "London Steam Carriage", um modelo de locomotiva a vapor, em Londres, na Grã-Bretanha.

1825 - George Stephenson concluiu uma locomotiva a vapor, e inaugura a primeira ferrovia, entre Darlington e Stockton-on-Tees, na Grã-Bretanha.

1829 - George Stephenson venceu uma corrida de velocidade com a locomotiva "Rocket", na linha Liverpool - Manchester, na Grã-Bretanha.

1830 - A Bélgica e a França iniciaram as respectivas industrializações utilizando como matéria-prima o ferro e como força-motriz o motor a vapor.

1843 - Cyrus Hall McCormick patenteou a segadora mecânica, nos Estados Unidos.

1844 - Samuel Morse inaugurou a primeira linha de telégrafo, de Washington a Baltimore, nos Estados Unidos.

1856 - Henry Bessemer patenteia um novo processo de produção de aço que aumenta a sua resistência e permite a sua produção em escala verdadeiramente industrial.

1865 - O primeiro cabo telegráfico submarino é estendido através do leito do oceano Atlântico, entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

1869 - A abertura do Canal de Suez reduziu a viagem marítima entre a Europa e a Ásia para apenas seis semanas.

1876 - Alexander Graham Bell inventou o telefone nos Estados Unidos (em 2002 o congresso norte-americano reconheceu postumamente o italiano Antonio Meucci como legítimo invetor do telefone)

1877 - Thomas Alva Edison inventou o fonógrafo nos Estados Unidos.

1879 - A iluminação elétrica foi inaugurada em Mento Park, New Jersey, nos Estados Unidos.

1885 - Gottlieb Daimler inventou um motor a explosão.

1895 - Guglielmo Marconi inventou a radiotelegrafia na Itália.

sábado, 29 de junho de 2013

Abolicionismo

O abolicionismo foi um movimento político que visou à abolição da escravatura e do comércio de escravos. Desenvolveu-se durante o iluminismo do século XVIII e tornou-se uma das formas mais representativas de activismo político do século XIX até a actualidade. Teve, como antecedentes, o apoio de alguns Papas católicos.

Racismo: O "Nós" sempre foram melhor do que "eles". 

Durante a maior parte da história da humanidade os "nós" era uma pequena tribo, como os saxões, atenienses, venezianos, ou seja lá quem mais fossem, no grande mar dos "eles". Foi o comércio de escravos o principal responsável pela invenção do racismo, essa divisão da humanidade em grupos organizados apenas pela aparência física. Um ciclo de retroalimentação se desenvolveu; tanto africanos viviam como escravos no Novo Mundo que a escravidão parecia uma condição óbvia, natural, para os africanos. Uma vez que os europeus passaram a associar a pele escura com escravidão, toda pessoa com essa característica era, presumidamente, escrava, e, se não era, bem, então deveria ser.

Portugal

O primeiro-ministro reformista Marquês de Pombal aboliu a escravidão em Portugal e nas colônias da Índia a 12 de Fevereiro de 1761, pelo que Portugal é considerado pioneiro no abolicionismo. Contudo, nas colônias portuguesas da América e África continuou sendo permitida a escravidão e muitos negreiros continuavam a transportar ilegal e disfarçadamente escravos de África para o Brasil. Juntamente com a Grã-Bretanha, no começo do século XIX Portugal proibiu o comércio de escravos e em 1854 por decreto foram libertos todos os escravos do Estado nas colônias. Dois anos mais tarde, também foram libertos todos os escravos da Igreja nas colônias. A 25 de Fevereiro de 1869 produziu-se finalmente a abolição completa da escravidão no império português.

Reino Unido 

A Society for Effecting the Abolition of Slavery (Sociedade para efetuar a abolição da escravatura) foi fundada em 1789 por Thomas Clarkson. Nas suas apresentações informou da trata de escravos e as suas práticas e buscou o apoio do parlamento.

Depois de uma campanha do parlamentar William Wilberforce, em 25 de março de 1807 foi aprovado pelo Parlamento Britânico o Slave Trade Act ou Ato contra o Comércio de Escravos, que proibia o comercio de escravos em todo o Império Britânico. Entretanto, mais importante do que colocar novas leis nos livros, foi a iniciativa dos ingleses de engajar sua marinha no patrulhamento da costa da África, e na prisão de traficantes de escravos, como se fossem piratas, independentemente de sua nacionalidade.  

Por conta disso, o oceano Atlântico tornou-se palco de um constante jogo entre polícia e bandidos, e, como a maior parte das atividades ilegais, a escravização de africanos tornou-se ainda mais brutal. Para evitar serem capturados com escravos a bordo, alguns navios negreiros prendiam toda a sua carga numa única corrente comprida. Se avistassem um barco-patrulha, o primeiro escravo era lançado por sobre a amurada, e a corrente carregava todos os escravos para dentro do mar, um após o outro. 

Entre 1820 e 1870, a Marinha Britânica apreendeu quase 1.600 navios e libertou 150 mil escravos. A maioria era desembarcada em Freetown, Serra Leoa, porque era impossível levá-los de volta a suas pátrias, tão espalhadas pelo interior antiescravagista.

A 23 de Agosto de 1833, foi aprovada a Slavery Abolition Act (Ata de abolição da escravidão) pela qual desde 1 de Agosto de 1834 ficavam livres todos os escravos das colônias britânicas. Durante um período de transição de quatro anos permaneceriam, em troca de um soldo, ligados ainda com o seu amo. Os proprietários de plantações do Caribe foram indenizados com vinte milhões de livras esterlinas.

Haiti

Em 1791, os escravos da colônia francesa de Santo Domingo se rebelaram, enquanto a pátria-mãe voltava a atenção para a Revolução Francesa. Foram necessárias centenas de milhares de mortes e muitos anos, mas por fim eles firmaram o Haiti como segundo país independente do hemisfério ocidental.

França 

Após a Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, foi abolida a escravidão em 4 de Fevereiro de 1794 na Convenção Nacional. Contudo, Napoleão restabeleceu a escravidão a 20 Maio de 1802. A abolição definitiva chegou em 27 de Abril de 1848.

Revolução Industrial

Embora fosse moral, a força impulsionadora do abolicionismo não teria feito muito progresso se não fossem as mudanças econômicas. No começo da era moderna, tantos negócios necessitavam de escravos em algum ponto do processo que ninguém poderia abolir a escravidão sem perder muito dinheiro. Depois, no meio do século XVIII, as economias industriais emergentes começaram a produzir muito dinheiro sem usar escravos. Subitamente, a abolição da escravidão não levaria mais à falência tantas pessoas importantes, de modo que ficou muito mais fácil assumir uma postura moral.

Por que a Revolução Industrial fez terminar a escravidão? Não é que os escravos não pudessem realizar o trabalho. O problema real era que os escravos eram um investimento de longo prazo, que imobilizava o capital e se tornava mais arriscado quando a economia se tornava mais dinâmica. Com os mercados sempre flutuando, era mais fácil contratar e despedir mão de obra conforme fosse necessário, em vez de criar escravos desde que eram bebês, para empregos que poderiam já ter desaparecido quando aqueles bebês fossem grandes o bastante para trabalhar.

Apenas a produção agrícola era suficientemente estável, ano após ano, para tornar exequível adquirir uma força de trabalho anos antes que fosse utilizada. Além disso, as fazendas eram mais autossuficientes do que as cidade, tornando muito mais barato manter escravos ali. Alimentação, água, habitação e lenha era facilmente obtidas nas fazendas, de modo que, em épocas ruins, era possível ficar quieto e esperar que a economia melhorasse. Agora na cidade, o mais prático a fazer era pagar um salário aos trabalhadores e deixar a própria manutenção por conta deles próprios. 

Estados Unidos da América

O movimento abolicionista foi formado em 1830 nos estados do norte dos Estados Unidos, nos quais teve muita publicidade. Em 1831, foi fundada a New-England Anti-Slavery Society (Sociedade antiescravatura de Nova Inglaterra).

O movimento tinha as suas raízes no século XVIII, onde nascera visando a proibir a trata de escravos. A posse de escravos foi permitida até o final da Guerra de Secessão, particularmente nos estados do sul. A constituição tratava, em certos pontos, da escravatura, embora em nenhum ponto fosse usada esta palavra.

Todos os estados a norte de Maryland aboliram a escravidão entre 1789 e 1830, gradualmente e em diferentes momentos. Contudo, o seu status permaneceu inalterado no sul e os costumes e o pensamento público desenvolveram-se na defesa da escravidão como resposta ao crescente fortalecimento da atitude antiescravidão do norte. O ponto de vista contra a escravidão que mantinham muitos homens do norte após 1830 foi levando lenta e imperceptivelmente para o movimento abolicionista. A maioria dos estados do norte não aceitavam as posições extremas dos abolicionistas. Abraham Lincoln, apesar de ser contrário à escravidão, também não aceitava o abolicionismo.

O abolicionismo como princípio era um pouco mais que um mero desejo de ampliar as restrições à escravatura. A maioria dos nortistas aceitavam a existência da escravidão, não tinham como objetivo mudar isso, mas favorecer uma política de libertação indenizada e gradual. Os abolicionistas, por outro lado, queriam terminar com a escravidão para sempre e o movimento caracterizou-se pelo apoio da aplicação da violência para precipitar o fim, como mostram as atividades de John Brown.

Muitos abolicionistas americanos desempenharam um papel ativo contra da escravidão no Underground railroad, que, visava a ajudar os escravos fugitivos apesar das grandes penas que isto podia acarretar segundo a lei federal que entrou em vigor em 1850.

Mediante a Declaração de Emancipação (promulgada pelo presidente Abraham Lincoln, na que foi declarada a liberdade de todos os escravos em 1863 e entrou em efeito pela primeira vez no final da Guerra Civil 1865) os abolicionistas americanos obtiveram a libertação dos escravos nos estados que continuava havendo escravidão. O movimento abolicionista abonou o campo para o movimento para os direitos civis norte-americano.

Cuba

Em Cuba, a escravidão não foi proibida senão depois da sua primeira e malsucedida guerra pela Independência, a Guerra dos Dez Anos. Quando a insurreição foi sufocada, em 1878, já um número muito grande de escravos havia fugido para que pudessem ser recapturados, de modo que o governo espanhol decidiu não discutir com escravos que possuíssem armas. Em termos técnicos, o tratado de paz concedia a liberdade a qualquer escravo que houvesse lutado em qualquer um dos dois lados na guerra, em outras palavras, àqueles que possuíssem armas. O restante foi emancipado oito anos mais tarde.

Brasil 

Em 1888, mais de um século depois do início do movimento abolicionista, o Brasil tornou-se a última nação ocidental a abolir a escravidão, durante uma revolta política que incluiu a derrubada da monarquia. A Lei Áurea foi assinada em 13 de Maio de 1888

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Fome na Índia Britânica

A fome parece fácil de ser explicada. Se não há bastante comida, as pessoas morrem de fome. Se não chove, a plantação não cresce e as pessoas morrem de fome. Se há geada ou os gafanhotos aparecem no tempo errado, as pessoas morrem de fome. O problema é que a fome nunca se distribui igualmente pela sociedade. Mesmo em face de uma colheita ruim, os ricos e poderosos permanecem gordos e felizes.

Fome da Índia (1769 - 70)

Bengala, Índia
Com a sua vitória em Plassey (Guerra dos 7 Anos), os britânicos (por meio da Companhia Britânica das Índias Orientais) acabaram controlando Bengala, mas logo tiveram um mau começo. Em 1769, as chuvas sazonais não chegaram à Índia, e a fome resultante, entre 1769 e 1770, matou em torno de 10 milhões de pessoas, um quarto da população de Bengala.

De quem foi a culpa? Um capitão da marinha alemã presente na região na época, escreveu: "Essa fome se deveu, em parte, à safra ruim de arroz do ano anterior, mas também deve ser atribuída, principalmente, ao monopólio dos britânicos sobre as últimas safras desses alimentos, mantidas por eles a tal preço que a maioria dos infelizes habitantes... ficou impossibilitada de comprar a décima parte do que precisavam para vive".

Foi o prólogo trágico para os dois séculos seguintes de governo britânico.

1876-77

Vamos avançar 100 anos, até uma época em que toda a Índia já estava sob o controle da Inglaterra, e a autoridade da Companhia Britânica das Índias Orientais fora transferida para a Coroa. Em 1874, uma seca nas províncias de bengala e Bihar, no nordeste indiano, arruinou a safra. A fome chegou para milhões de infelizes camponeses, mas a autoridade local, Sir Richard Temple, entrou em ação e montou um sistema modelar de assistência social para aliviar os famintos. Ele importou da Birmânia meio milhão de toneladas de arroz, que distribuiu gratuitamente para os pobres. Graças à rápida ação de temple, apenas 23 pessoas morreram de fome nesse período. Isso foi considerado o "único esforço inglês de assistência verdadeiramente bem-sucedido durante o século XIX".

Temple foi severamente repreendido pela extravagância de alimentar os nativos famintos sob seu encargo. A Economist o criticou por ensinar aos indianos que "é dever do governo mantê-los vivos". Toda a classe governista o desprezou por desperdiçar dinheiro público e interferir na ordem natural das coisas. Humilhado pelas críticas, Temple aprendeu a lição e quis fazer correções. A oportunidade veio rapidamente, em  1876, quando as chuvas de monção não chegaram a uma área muito maior. O solo secou e morreu. As plantações murcharam, o gado definhava.

Ao assumir a tarefa de supervisionar os esforços para aliviar essa nova escassez, Temple estava empenhado em provar que podia ficar dentro do orçamento. "Tudo precisava estar subordinado", prometeu ele, "à consideração financeira de desembolsar a menor soma de dinheiro compatível com a preservação da vida humana".

Isso soou agradavelmente ao vice-rei da Índia, Robert Bulwer-Lytton, que precisava de todo o caixa do tesouro público para travar uma nova guerra de conquista no Afeganistão. Nesse meio tempo, a rainha Vitória acabara de ser proclamada imperatriz da Índia, e lord Lytton passou grande parte do ano de 1876 planejando uma extravagância para comemorar a magnificência de seu novo chefe supremo. A comemoração terminou com uma semana de festas para 68 mil governantes nativos - a maior celebração desse tipo da história.

Aliviar a fome, portanto, era algo que estava num distante terceiro lugar na lista de prioridades do governo britânico na Índia. Os governantes nativos da Índia, como os mongóis, tradicionalmente estocavam a colheita dos anos bons para se protegerem dos anos magros; sob as ordens britânicas, porém as boas safras anteriores haviam sido exportadas para a Inglaterra. Quando as colheitas fracassaram em 1876, nada fora estocado na Índia. A escassez fez os preços subirem além do alcance do indiano comum. Os negociantes suspenderam o fornecimento de cereais na esperança de que os preços subissem ainda mais.

A filosofia predominante na época era de que o auxílio deveria ser difícil de obter, para desencorajar o pobre a se tornar dependente das doações do governo. Os beneficiados deviam trabalhar muito para seu sustento, cavando valas e quebrando pedras. Os campos aceitavam apenas pessoas aptas e saudáveis nos seus projetos de serviço público, e só empregavam trabalhadores que morassem, pelo menos, a 15 quilômetros de distância, sob a teoria de que uma caminhada longa eliminava os fracos. Centenas de milhares eram dispensados por serem fracos demais para qualquer trabalho.

A maioria das autoridades britânicas concordava com a ideia de que ajudar o pobre criava um ciclo de dependência. Lytton argumentava que a população indiana "tende a aumentar mais rapidamente do que a comida que cultiva no solo". e qualquer alívio seria simplesmente absorvido pela futura procriação descontrolada. 

Em 1877, Temple e Lytton impuseram o Ato contra Contribuições Caridosas em todas as terras sob seu controle; o decreto declarava ilegais quaisquer doações particulares de ajuda que pudessem rebaixar os preços dos cereais praticados pelo mercado livre. A lei era sustentada pela ameaça de prisão. Ao mesmo tempo, enquanto o povo indiano morria de fome, mais de 300 mil toneladas de grãos eram exportadas da Índia para a Europa.

Os futuristas e modernistas esperavam que as brilhantes e novas tecnologias da era moderna, particularmente ferrovias, tornassem a fome obsoleta ao levar rapidamente alimentos para as áreas afetadas; na prática, porém, a tecnologia teve o efeito oposto. As áreas mais bem servidas por ferrovias sofreram mais, porque isso permitia que os mercadores exportassem as colheitas para mercados mais lucrativos. 

Entre os grandes potentados nativos, apenas o Nizam de Hyderabad, no centro-sul da Índia, oferecia ajuda caridosa. Milhares de famintos caminhavam muitos quilômetros para chegar aos centros de distribuição dele, e frequentemente morriam pelo caminho. Em 1878, um relatório oficial sobre a fome absolveu o governo de qualquer responsabilidade, e jogou toda a culpa no clima.  

1896-97

Quando ficou claro que milhões de indianos haviam morrido durante a fome de 1876, o governo preparou relatórios, planos e um Fundo da Fome especial para assegurar que isso jamais aconteceria outra vez. Vinte anos depois, a escassez aconteceu novamente, e então foi descoberto que a maior parte do Fundo da Fome já fora gasta enquanto ninguém estava olhando. 

O governo em Londres financiara o Fundo da Fome com impostos da Índia, e não britânicos. Esse dinheiro extra permitiu que Lytton, em 1879, abolisse a taxação sobre as mercadorias de algodão que entravam na Índia provenientes da Inglaterra, ajudando assim as companhias têxteis britânicas de Lancashire, enquanto empobrecia a indústria indiana de algodão. e ainda sobrou muito dinheiro para invadir o Afeganistão.

Em 1892, um quarto do total da receita do governo da Índia era usado para manter o próprio governo, sustentando os pensionistas britânicos, o gabinete indiano e os juros da dívida. Muito pouco disso voltava para a economia local; a maior parte ia para os bancos e aposentados ingleses. tais encargos internos acabavam com qualquer superávit que a economia dos lavradores pudesse produzir, incluindo os cereais das boas safras, que normalmente seriam estocados para os anos difíceis.

Então, em 1896, as chuvas da monção não chegaram, e as colheitas falharam. Mais uma vez, o preço dos grãos subiu às alturas, além do alcance do indiano comum. Mais uma vez, o povo morreu de fome. 

Um missionário descreveu um fazendeiro muçulmano que vendera sua terra, depois sua casa, e depois seus utensílios de cozinha para comprar alimento para a sua família. Quando tudo acabou, ele deu seu filho para que os missionários cuidassem. Depois de, chorando, garantir ao menino que isso não queria dizer que ele não o amava, só que não tinha escolha, o homem foi embora, deixando o menino para ser criado como cristão.

1899-1900

Sabemos hoje que essas estiagens foram causadas pela Oscilação Sul do El Niño, um aquecimento esporádico da superfície do sul do oceano Pacífico, mas proximidades da costa do Peru, que altera o sistema climático do mundo inteiro, trazendo chuva quando é habitualmente seco e estiagem quando habitualmente chove. Depois de uma breve interrupção na estiagem, o El Niño voltou em 1899, trazendo um período ainda mais longo de seca.

Apesar de toda a experiência já adquirida pelas autoridades, essa nova seca causou tantos estragos quanto os anteriores. O novo vice-rei da Índia, lorde Curzon, repetiu a maioria das políticas que haviam matado tanta gente nas estiagens anteriores. Os príncipes nativos não agiram melhor. O marajá de Indore vetou todos os gastos para ajuda, enquanto Curzon deportava os refugiados que chegavam dos principados autônomos.

Com a escassez de cereais, o preço dos alimentos foi às nuvens. As autoridades britânicas viam trapaceiros em toda parte, e suspeitavam que muitos indianos candidatos à ajuda tivessem "Enterrados reservas de grãos e ornamentos". Testes criados para manter o maior número possível de indianos sem assistência impediram 1 milhão de pessoas de receber ajuda da presidência de Bombaim. Quando os populistas do Kansas, nos Estados Unidos, embarcaram 200 mil sacas de grãos para amenizar a fome "em solidariedade aos camponeses indianos", os funcionários britânicos taxaram a carga. A ordem vigente entre a oficialidade era que "os impostos fossem coletados a todo custo". 

Apesar da explosão demográfica mundial que caracterizou os séculos XIX e XX, a população da Índia sofreu um declínio absoluto entre 1895 e 1905.  O número de mortos na crise de 1899-1900 já foi estimado em mais 6,8 ou 19 milhões - no mesmo nível de grandeza da crise de 1876. Dessa vez, entretanto, o relatório do governo inglês, escrito depois do fato, reconheceu que a escassez proveio mais do fracasso da economia do que do fracasso do clima. Havia muitos cereais na Birmânia em bengala que poderiam ter sido enviados ao sul e ao oeste para alimentar os famintos. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

União Soviética

A União Soviética foi um Estado socialista localizado na Eurásia que existiu entre 1922 e 1991. Uma união de várias repúblicas soviéticas subnacionais, a URSS era governada por um regime unipartidário altamente centralizado comandado pelo Partido Comunista e tinha como sua capital a cidade de Moscou.

A União Soviética teve suas raízes na Revolução Russa de 1917, que depôs o autocracia imperial. Após a revolta, os bolcheviques, liderados por Vladimir Lênin, derrubaram o governo provisório que tinha sido estabelecido. A República Socialista Federativa Soviética Russa foi então criada e a Guerra Civil Russa começou. O Exército Vermelho entrou em diversos territórios do antigo Império Russo e ajudou os comunistas locais a tomar o poder. Em 1922, os bolcheviques foram vitoriosos, formando a União Soviética, com a unificação das repúblicas soviéticas da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia. 

Em 1924, após a morte de Lenin, houve a liderança coletiva da troika e uma breve luta de poder, quando então Josef Stálin chegou ao poder em meados dos anos 1920. Stálin associou a ideologia estatal ao marxismo-leninismo e iniciou um regime de economia planificada. Como resultado, o país passou por um período de rápida industrialização e coletivização, que lançou as bases de apoio para o esforço de guerra posterior e para o domínio soviético após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, Stálin reprimiu tanto os membros do Partido Comunista quanto elementos da população através de seu regime autoritário.

Pacto Com a Alemanha

No início da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha nazista, inicialmente para evitar um confronto, mas o tratado foi desconsiderado em 1941, quando os nazistas invadiram o território da URSS e deram início ao maior e mais sangrento teatro de guerra da história. As perdas soviéticas durante a guerra foram proporcionalmente as maiores do conflito, devido ao custo para adquirir vantagem sobre as forças das Potências do Eixo em batalhas intensas, como a de Stalingrado, que conduziram os soviéticos pela Europa Oriental até a captura de Berlim em 1945, infligindo a grande maioria das perdas alemãs durante a guerra. 

Os territórios que a URSS conquistou das forças do Eixo na Europa Central e Oriental posteriormente se tornaram os Estados satélites do Bloco Oriental. Diferenças ideológicas e políticas com os seus homólogos do Bloco Ocidental, que era liderado pelos Estados Unidos, levou à formação de diversos pactos econômicos e militares que culminaram no longo período da Guerra Fria.

Após a Morte de Stálin

Um processo de desestalinização seguiu-se após a morte de Stálin, reduzindo os aspectos mais duros da sociedade soviética. Em seguida, a URSS passou a iniciar vários dos mais significativos avanços tecnológicos do século XX, incluindo o lançamento do primeiro satélite artificial e do primeiro voo espacial de um ser humano na história, fatores que criaram a corrida espacial. A crise dos mísseis de Cuba em 1962 marcou um período de extrema tensão entre as duas superpotências, o que foi considerado o mais próximo de um confronto nuclear mútuo. Na década de 1970, houve um relaxamento das relações internacionais, mas as tensões políticas foram retomadas com a invasão soviética do Afeganistão em 1979. A ocupação drenou recursos econômicos e arrastou-se sem alcançar resultados políticos significativos.

Último Líder Soviético

Na década de 1980 o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, buscou reformar a União com a introdução das políticas glasnost e perestroika em uma tentativa de acabar com o período de estagnação econômica e de democratizar o governo. No entanto, as reformas de Gorbachev levaram ao surgimento de fortes movimentos nacionalistas e separatistas no país. As autoridades centrais então iniciaram um referendo, que foi boicotado pelas repúblicas bálticas e pela Geórgia e que resultou em uma maioria de cidadãos que votaram a favor da preservação da União como uma federação renovada. Em agosto de 1991, uma tentativa de golpe de Estado contra Gorbachev foi feita por membros linha-dura do governo, com a intenção de reverter as reformas. 

O golpe fracassou e o presidente russo Boris Yeltsin desempenhou um papel de destaque em sua derrota, o que resultou na proibição do Partido Comunista. Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou e as doze repúblicas restantes surgiram da dissolução da União Soviética como países pós-soviéticos independentes. A Federação Russa, o Estado sucessor da República Socialista Federativa Soviética Russa, assumiu os direitos e obrigações da antiga União Soviética e tornou-se reconhecido como a continuação de sua personalidade jurídica.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Tratado de Versalhes

O Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado como uma continuação do armistício de Novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos. O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos 231-247, fizesse reparações a um certo número de nações da Tríplice Entente.

Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado em 28 de Junho de 1919. O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeirode 1920. Na Alemanha o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do Nazismo.

No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que inevitavelmente levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da assinatura do Tratado de Versalhes.

Europa em 1920


terça-feira, 25 de junho de 2013

A Grande Depressão

A Grande Depressão, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX. Este período de depressão econômica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de ações, e em praticamente todo medidor de atividade econômica, em diversos países no mundo.

O dia 24 de outubro de 1929 é considerado popularmente o início da Grande Depressão, mas a produção industrial americana já havia começado a cair a partir de julho do mesmo ano, causando um período de leve recessão econômica que se estendeu até 24 de outubro, quando valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque, a New York Stock Exchange, caíram drasticamente, desencadeando a Quinta-Feira Negra. Assim, milhares de acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham. Essa quebra na bolsa de valores de Nova Iorque piorou drasticamente os efeitos da recessão já existente, causando grande deflação e queda nas taxas de venda de produtos, que por sua vez obrigaram o fechamento de inúmeras empresas comerciais e industriais, elevando assim drasticamente as taxas de desemprego. O colapso continuou na segunda-feira negra (o dia 28 de outubro) e terça-feira negra (o dia 29). 

Efeitos da Grande Depressão

Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Estes efeitos, bem como sua intensidade, variaram de país a país. Outros países, além dos Estados Unidos, que foram duramente atingidos pela Grande Depressão foram a Alemanha, Países Baixos, Austrália, França, Itália, o Reino Unido e, especialmente, o Canadá. Porém, em certos países pouco industrializados naquela época, como a Argentina e o Brasil (que não conseguiu vender o café que tinha para outros países), a Grande Depressão acelerou o processo de industrialização. Praticamente não houve nenhum abalo na União Soviética, que tratando-se de uma economia socialista, estava econômica e politicamente fechada para o mundo capitalista.

Medidas Tomadas Por Roosevelt

Os efeitos negativos da Grande Depressão atingiram seu ápice nos Estados Unidos em 1933. Neste ano, o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou uma série de medidas conhecidas como New Deal.

Essas políticas econômicas, adotadas quase simultaneamente por Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Schacht na Alemanha foram, três anos mais tarde, racionalizadas por Keynes em sua obra clássica.

O New Deal, juntamente com programas de ajuda social realizados por todos os estados americanos, ajudou a minimizar os efeitos da Depressão a partir de 1933. A maioria dos países atingidos pela Grande Depressão passaram a recuperar-se economicamente a partir de então. Em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários que ajudaram a ascensão de regimes ditatoriais, como os nazistas comandados por Adolf Hitler na Alemanha. O início da Segunda Guerra Mundial terminou com qualquer efeito remanescente da Grande Depressão nos principais países atingidos.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Graf Zeppelin

O Graf Zeppelin (LZ 127) foi um dirigível fabricado pela empresa Luftschiffbau-Zeppelin GmbH, na Alemanha.

História

O primeiro voo aconteceu em 1928, ligando Frankfurt a Nova York, e durou 112 horas. 

Em 29 de agosto de 1929, comandado por Hugo Eckener, completou o primeiro vôo em redor do mundo ao aterrissar em Lakehurst, Nova Jersey, nos Estados Unidos.

Essa epopéia ao redor do mundo durou 21 dias, iniciada em 8 de agosto, durante os quais percorreu 34.600 km. Saiu da Estação Aeronaval de Lakehurst, estado de Nova Jersey, nos EUA, atravessando o Oceano Atlântico e fazendo sua primeira escala em Friedrichshafen, na Alemanha, depois cruzou a Europa, sobrevoou os Montes Urais e atravessou a Sibéria até alcançar Tokio, onde fez escala. Posteriormente cruzou o Oceano Pacífico rumo ao Estados Unidos e, em 26 de agosto, depois de 79 horas e 22 minutos de navegação, aterrissou em Los Angeles, Califórnia. Finalmente, em 29 de agosto, retornou a Estação Aeronaval de Lakehurst, seu ponto de partida.

Apesar desse primeiro vôo (partida e chegada) ter sido nos Estados Unidos, todos os outros, fizeram rota periódicamente no Brasil, a ponto de na década de 1930 o Graf Zeppelin chegar a ser parte integrante da paisagem carioca.

No Brasil

Em seu vôo inaugural, o "Graf Zeppelin" chegou ao Recife, atracando no Campo do Jiquiá em 22 de maio de 1930. Em terra, mais de 15.000 pessoas foram assistir ao evento. Para recepcionar a aeronave, passageiros e tripulantes, ao local estiveram presentes o próprio governador do estado de Pernambuco, Estácio Coimbra e o sociólogo Gilberto Freyre. No comando da aeronave estava o Professor Hugo Eckener. O primeiro brasileiro a fazer este percurso, da Europa para o Brasil, foi o engenheiro Vicente Licínio Cardoso. Era a primeira viagem de uma longa carreira de vôos, tão regulares que, à época, se afirmava que era possível acertar o relógio por eles. Nas viagens ao Brasil, somente na cidade do Recife e do Rio de Janeiro, o LZ-127 fazia paradas, reabastecimento e embarque e desembarque de passageiros e cargas.

O LZ 127 Graf Zeppelin, no período que viajou ao Brasil, sobrevoou vários estados e cidades, como em 1º de julho de 1934, quando passou pela cidade de Joinville, no estado de Santa Catarina, na época com pouco mais de 40 mil habitantes, e foi sobrevoada uma segunda vez em 1936, só que pelo LZ-129 Hindenburg.

Ele foi uma única vez para Buenos Aires, no final de junho de 1934. Nesta viagem experimental, sobrevoou por cidades como Porto Alegre, Pelotas e Paranaguá.

Foi na cidade do Rio de Janeiro, então Capital Federal, que a companhia alemã Luftschiffbau Zeppelin GmbH construiu um dos três hangares exclusivos da linha, sendo dois na Alemanha e um terceiro no Brasil, esse inteiramente subsidiado pelo governo brasileiro. Projetado e montado com peças vindas diretamente da Alemanha, ele foi utilizado apenas nove vezes - quatro pelo LZ-127 Graff Zeppelin e cinco pelo famoso LZ-129 Hindenburg, e que explodiu em 1937, nos Estados Unidos.

Especificações

Tinha 213 m de comprimento, 5 motores, transportava 20 passageiros e cerca de 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³, sendo o maior dirigível da história até a data de sua construção em 1928. Sua estrutura era baseada numa carcaça de alumínio, revestida por uma tela recoberta por lona de algodão, pintada com tinta prata, para absorver o calor. Dentro dela, existiam 60 pequenos balões inflados com gás hidrogênio, juntamente com os seus 5 motores Maybach, com 12 cilindros, desenvolvendo até 550 HP (máximo) cada, alimentados com um combustível leve, o Blau Gas e gasolina, que o mantinham no ar, a uma velocidade de até 128 km por hora. Tinha capacidade de carga para até 62 toneladas.

Quem observava de fora a silhueta elegante e inconfundível do Graf Zeppelin, não imaginava o conforto que a gôndola proporcionava para os passageiros. Possuía banheiros, sala de jantar e estar, cozinha, e salas de rádio e navegação. O Graf Zeppelin, contava ainda com 10 camarotes, com dois beliches cada um, que confirmavam a fama de "hotel voador". A passagem, na época, custava 6.590 réis. Não era permitido fumar a bordo durante toda a viagem. Era verificado no embarque se nenhum passageiro portava isqueiros ou fósforos. Somente no advento do LZ-129, com instalações maiores e adequadas foi permitido, de forma muito controlada, fumar em local específico para tal nesse tipo de aeronave.

Desmanche

Nenhum acidente foi registrado com o LZ 127 Graf Zeppelin em cerca de uma década de operação. Após a tragédia com o LZ 129 Hindenburg em maio de 1937, ele não mais realizaou voos, sendo retirado de operação, até que foi desmanchado em 1940, juntamente com o LZ 130 Graf Zeppelin II e suas estruturas de alumínio foram utilizadas para a confecção de material bélico na Segunda Guerra Mundial.