Caio Julio César (13 de julho, 100 a.C. – 15 de março de 44 a.C.), foi um patrício, líder militar e político romano. Desempenhou um papel crítico na transformação da República Romana no Império Romano.
As suas conquistas na Gália estenderam o domínio romano até o oceano Atlântico: um feito de consequências dramáticas na história da Europa. No fim da vida, lutou numa guerra civil com a facção conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos optimates, tornou-se ditador (no conceito romano do termo) vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e econômicas em Roma.
A guerra não apenas cobrira César de glória e riquezas, mas também o deixara com um exército veterano de tamanho sem rival, inteiramente subordinado a seu favor pela distribuição dos saques efetuados na Gália. Embora ninguém em Roma pudesse evitar que ele se tornasse ditador, ainda decorreriam alguns anos de guerra civil antes que todos os que duvidavam fossem convencidos. Entretanto, exatamente quando se estabeleceu na cidade para gozar dos frutos de sua vitória, César foi assassinado. Seus imediatos no comando lutaram entre si durante mais alguns anos, mas por fim o último desses que restaram, seu sobrinho otaviano, herdou o manto do poder sob o título de Augusto, e Roma tornou-se um verdadeiro império.
Assassinato
Assassinato
Nos idos de março (15 de março no Calendário romano) de 44 a.C., César foi comparecer a uma sessão do Senado. Marco Antônio, tendo ouvido falar sobre o complô de um libertador assustado chamado Servilius Casca, e temendo o pior, foi avisar César. Os conspiradores, contudo, anteciparam isso, e enviaram Trebônio para intercepta-lo enquanto ele se aproximava do Teatro de Pompeu, onde a sessão aconteceria, para para-lo. Ao ver a agitação no senado (no momento do assassinato), Antônio fugiu.
Um grupo de senadores cercam Júlio César, em uma pintura feita por Karl von Piloty. |
De acordo com Plutarco, quando César chegou, o senador Tílio Cimber lhe apresentou uma petição para revogar o exílio imposto ao seu irmão. Os outros conspiradores se aproximaram sob o pretexto de oferecer apoio e cercaram César. Segundo Plutarco e Suetônio, César dispensou o pedido mas Cimber o agarrou pelo ombro e puxou ele pela túnica. César então berrou para Cimber: "Por que, isso é violência!" ("Ista quidem vis est!"). Ao mesmo tempo, Casca pegou sua adaga e partiu para o pescoço de César. Este, contudo, se virou rapidamente e pegou Casca pelo braço. De acordo com Plutarco, César teria dito, em latim, "Casca, seu vilão, o que você está fazendo?" Casca, assustado, gritou em grego "Ajuda, irmão!". Poucos momentos depois, todos do grupo, incluindo Bruto, atacaram o ditador. César tentou se afastar mas, cego pelo sangue que escorria da cabeça, tropeçou e caiu. Mesmo no chão, no pórtico, ele continuou a ser esfaqueado. De acordo com Eutrópio, cerca de 60 homens participaram do assassinato. César teria sido esfaqueado 23 vezes.
O historiador Suetônio afirmou que um médico que examinou o corpo teria dito que apenas um ferimento, o infligido no peito, teria sido letal. Não se sabe quais foram as últimas palavras de César e isso ainda é assunto de debate entre historiadores e acadêmicos até os dias atuais. Suetônio disse que pessoas da época afirmaram que as últimas palavras de César, proferidas em grego, foram "Até você, criança?". Contudo, até Suetônio tem dúvidas e ele crê que César disse nada.
Plutarco também afirma que César não pronunciou algo antes de morrer, mas puxou sua toga sobre a cabeça quando ele viu Bruto entre os conspiradores. A versão mais famosa sobre o que Júlio César teria dito antes da morte é a célebre frase em latim "Et tu, Brute?" ("E você, Bruto?", comumente referida como "Até tu, Bruto?"); esta fala na verdade vem da peça Julius Caesar, pelo dramaturgo inglês William Shakespeare. Esta frase não tem qualquer base histórica e o uso do latim por Shakespeare aqui vai de encontro a maioria das versões, que afirmam que César teria pronunciado palavras em grego. Mas de fato, a frase Et tu, Brute? já era popular antes mesmo da peça.
De acordo com Plutarco, após o assassinato, Bruto deu um passo adiante como se ele fosse falar algo para os colegas senadores. Eles, contudo, fugiram as pressas do prédio. Brutos e seus companheiros próximos foram então pelas ruas gritando pela cidade: "Povo de Roma, nós somos novamente livres!" Contudo, com a história do que havia ocorrido se espalhando rapidamente, a maioria da população resolveu se trancar dentro de casa. O corpo de César permaneceu no chão do senado por mais três horas antes que fosse removido.
O cadáver de César foi posteriormente cremado. No local onde a pira funerária ocorreu, foi erguido o Templo de César alguns anos mais tarde (a leste da praça principal do Fórum romano). Apenas o altar do templo está preservado até os dias atuais. Uma estátua de cera foi mais tarde erguida no Fórum, exibindo as 23 feridas. Ao contrário do que os conspiradores acreditavam, a morte de César não ressuscitou a República Romana, com a nação se tornando um Império menos de duas décadas depois. Muitos dos conspiradores morreriam nos eventos posteriores, incluindo Bruto e Cássio. Assim, o legado político de César perduraria.
Eventos Após Sua Morte
A série de eventos que aconteceu após a morte de César pegou os seus assassinos de surpresa. A morte do ditador não reergueu a República. Pelo contrário, ela acabaria sedimentando o caminho para a transição para o Império. As classes média e baixa da sociedade romana, com o qual César era tremendamente popular, ficaram enfurecida pelo fato de que um pequeno grupo de aristocratas mataram o seu amado líder. Marco Antônio, que na verdade vinha se afastando de César, capitalizou na dor da plebe e ameaçou soltá-las em cima dos Optimates, talvez com o intuito de tentar tomar o poder total em Roma para si. Porém, para seu espanto, César havia nomeado um sucessor em testamento, seu sobrinho-neto Otaviano, dando a ele o posto de chefe da família (herdeiro do nome de César) e além disso lhe dava acesso a sua gigantesca fortuna.
Após sua morte, Antônio foi um dos que tentaram se aproveitar do legado político de César e tentou usa-lo, sem sucesso, para conseguir o poder máximo em Roma.
Durante o funeral de César, as coisas literalmente esquentaram. Na enorme pira funerária feita para ele, o povo compareceu em massa, jogando madeira no fogo, móveis e até roupas para alimentar as chamas. O fogo acabou ficando muito alto, danificando o fórum e causando danos. A multidão então atacou as casas de Bruto e Cássio, que são obrigados a fugir para a Macedônia. Os aristocratas acusaram Antônio de jogar o povo contra eles, levando a uma nova ruptura na liderança política romana, o que precipitaria em uma nova guerra civil. Contudo, os rumos deste conflito não terminaria bem para nenhum desses dois, com a figura do sobrinho-neto e herdeiro vindo a proeminência. Otaviano, que tinha apenas 18 anos quando César morreu, mostrou-se um político habilidoso, e enquanto Antônio se preparava para enfrentar Décimo Bruto na primeira fase da guerra civil, ele igualmente se preparava para sua ascensão na vida pública.
Bruto e Cássio, líderes da facção aristocrática anti-César, estavam reunindo um exército na Grécia para recuperar o poder em Roma. Para combate-los, Antônio precisa de sua própria tropa, além de dinheiro e de legitimidade, algo que ele pretendia conquistar no legado de César. Com inimigos em comum, Antônio e Otaviano, junto com o comandante Lépido, se aliam, confrontam os assassinos de César e seus simpatizantes no senado e se saem vitoriosos.
Em 27 de novembro de 43 a.C., é formalizada a lex Titia que cria o Segundo Triunvirato ("Governo de Três"). Então eles oficialmente deificaram César como Divus Iulius, em 42 a.C., o que fez de César Otaviano o Divi filius ("Filho de um deus").
Já que a clemência de César para perdoar ex inimigos acabou custando sua vida, o Segundo Triunvirato traz de volta a proscrição, abandonada no governo de Sula. Isso levou a uma série de assassinatos políticos para assim poderem pagar por suas legiões e vencer a guerra contra Bruto e Cássio. Em seguida, Otaviano, Antônio e Lépido se tornam os governantes de Roma, sem qualquer rival.