sábado, 31 de dezembro de 2011

Medéia

Jasão e Medeia
Na mitologia grega, Medeia era filha do rei Eetes, da Cólquida (atualmente, a Geórgia), sobrinha de Circe (aparecendo, ainda, como filha de Circe e Hermes ou como irmã de Circe e filha de Hécata) e que foi, por algum tempo, esposa de Jasão. É uma das personagens mais terrivelmente fascinantes desta mitologia, ao envolver sentimentos contraditórios e profundamente cruéis, que inspiraram muitos artistas ao longo da história - na escultura, pintura, teatro, cinema, ópera...

História

Tudo começa quando Jasão chega à Cólquida, do Reino de Iolcos, para reivindicar o Velocino de ouro para si. Como é frequente em muitos mitos, Eetes promete-lhe o velocino, desde que o herói cumpra uma tarefa. Jasão teria de lavrar um campo com dois touros monstruosos e indomados, de cascos de bronze e que expeliam fogo pelas narinas, que lhe tinham sido oferecidos por Hefesto (touro de colchis). Em seguida, teria de semear no campo lavrado os dentes de um dragão que fora morto por Cadmo em tempos passados. Segundo alguns relatos, Hera, como protetora de Jasão, pediu a Afrodite que fizesse com que Medeia se apaixonasse por Jasão. Assim, ela, conhecendo as segundas intenções do seu pai, passa a ajudar o herói. Em troca, ele se casaria com ela, e a levaria consigo no caminho de volta a Iolcos. Medeia oferece, então, ao estrangeiro, um unguento que deveria usar no corpo e no seu escudo, tornando-o invulnerável ao fogo e ao ferro durante um dia - o suficiente para enfrentar os touros e lavrar o campo.

Medeia adverte-o também de que dos dentes de dragão nascerá uma seara de soldados que se virarão contra ele e que o tentarão matar. Contudo, Medeia, conhecedora da história de Cadmo, dá-lhe a simples solução para o problema: basta lançar uma pedra, de longe, para o meio desse exército erguido da terra. Os soldados entrariam em discussão sobre quem atirara a pedra e matariam uns aos outros. Com tais conselhos, Jasão executou as tarefas com facilidade e voltou a reclamar o velocino de ouro a Eetes.

O rei da Cólquida, furioso, resiste e tenta frustrar de novo os intentos do argonauta, tentando incendiar a nau Argo, de onde este viera, além de pretender matar a sua tripulação. É novamente Medeia quem ajuda Jasão a escapar a esse destino, ao adormecer com narcóticos o dragão que guardava o velocino de ouro e avisando-o dos planos do pai. Conseguem, assim, fugir de Cólquida, com o tesouro almejado.  

É então que o lado cruel de Medeia se revela pela primeira vez. Quando partem, leva consigo Apsirto, seu irmão, sabendo que não tardaria que seu pai lhes fosse no encalço. Para o atrasar, mata o irmão e despedaça-o, dispersando os restos mortais pelo caminho, sabendo que o pai tentaria recolher cada pedaço para lhe dar a sepultura devida. O crime os faz incorrer, contudo, na ira de Zeus que faz a expedição  afastar-se da sua rota. Então, é a própria nau, Argo, onde seguem que ganha o dom da fala e que os informa que terão de ser ritualmente purificados do crime cometido contra Apsirto junto de Circe, tia de Medeia (filha de Helios - o Sol, tal como o seu pai). Param, por isso, algum tempo junto da feiticeira que os purifica, mas não aceita a permanência de Jasão no seu território.

Em Tessália

De volta à Tessália, atribuiu-se a Medeia a profecia de que o timoneiro da nau Argo, Eufemo, governaria a Líbia - o que viria, contudo, apenas a cumprir-se no seu descendente Bato. Chegados a Creta, Medeia voltou a ter um papel importante perante Talo, o homem de bronze, que, quase invulnerável, rondava a ilha, lançando pedras contra as naus que se aproximassem para que não chegassem a acostar. O seu ponto fraco consistia numa veia protegida por uma cavilha, no fundo da perna. Existem muitas versões sobre a morte do gigante. Se há autores, como Apolodoro, que a atribuem a uma flecha disparada por Peante, a maioria das versões atribui este novo sucesso às artes mágicas de Medeia que o terá enfeitiçado a partir da nau, levando-o à loucura com falsas visões de imortalidade se retirasse a cavilha, ou, através de drogas que o levaram a ferir-se com uma rocha no ponto sensível do seu corpo. Morrendo o gigante, a tripulação pode descansar em terra firme.

Vários comentadores do mito consideram que foi a própria Hera, mulher de Zeus, a dispor o destino de Jasão em direção à Cólquida, para que este trouxesse consigo Medeia, a mulher certa para levar Pélias à morte. Com a chegada de Medeia e Jasão, o tirano recusa-se a largar o poder. O facto de ter atentado contra a vida de Jasão ao enviá-lo na demanda do velo de ouro, faz com que Medeia engendre uma nova forma de o levar à perdição, fazendo uso das artes ocultas e de alguma astúcia. Fazendo-se amiga das filhas do rei, diz-lhes que é capaz de rejuvenescer quem ela quiser. Para o provar, mandou esquartejar um carneiro velho e colocou-o dentro de um caldeirão com uma poção fervente. De seguida, retirou o animal, inteiro e de bastante boa saúde. Outros autores sustentam que fez a prova com Éson, o próprio pai de Jasão, o que lhe dava ainda mais crédito. As raparigas, excitadas, correram a esquartejar o pai e lançar os seus pedaços dentro do caldeirão. Como é óbvio, não voltou a sair de lá com vida. Depois deste incidente macabro, Medeia fugiu com o seu amado para Corinto.

Em Corinto 

Em Corinto, a felicidade de Medeia foi de pouca duração. Já com filhos de Jasão, foi alvo da intriga do rei Creonte que influenciou Jasão a deixá-la, de modo a casá-lo com a sua filha, Creúsa (ou Glauce). Tendo convencido Jasão, tratou de banir Medeia de Corinto. Esta, contudo, antes de abandonar a cidade, ainda conseguiu vingar-se, novamente aliando astúcia com magia. Fez chegar às mãos de Creúsa um vestido e jóias - um presente literalmente envenenado, já que cada acessório tinha sido embebido numa poção secreta. Assim que a sua rival se vestiu, sentiu o seu corpo invadido de um fogo misterioso que logo se espalhou para o seu pai, que a tentou socorrer, bem como para todo o palácio - episódio este que tem semelhanças com a morte de Héracles, por obra de Nesso. Alguns narradores contam que Medeia, em fuga, não teve possibilidade de levar consigo os filhos que, perante a negligência de Jasão, foram apedrejados até à morte pela família de Creonte, como vingança.

Contudo, a versão mais conhecida é ainda mais sombria e deve-se a Eurípides, na sua tragédia Medeia, apresentada pela primeira vez em 431 a.C.. Aqui, é a própria Medeia quem mata os filhos antes de fugir para Atenas, não num acesso de loucura, mas num ato de fria e premeditada vingança em relação ao marido infiel. Eurípides foi, na altura, acusado de ceder perante um elevado suborno de cidadãos coríntios que preferiam uma versão onde não fosse o povo daquela cidade a cometer o infanticídio.

Em Atenas 

Medeia fugiu para Atenas, onde se casa com o Rei Egeu. Eles tiveram um filho, Medo. Quando Teseu volta, Medeia tenta envenená-lo, mas Egeu descobre que Teseu era seu filho e impede o assassinato.

De volta à Cólquida 

Medeia e Medo voltam para a Cólquida, e descobrem que Eetes tinha sido deposto por seu irmão Perses. Medeia e Medo matam Perses, e Medo se torna rei. Quando Medo conquista um grande território, este passa a se chamar Média.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ariadne

Ariadne e Teseu
Ariadne, segundo a mitologia grega, é a filha de Minos, rei de Creta e Parsífae, rainha de Creta. Apaixonou-se por Teseu quando este foi mandado a Creta, voluntariamente, como sacrifício ao Minotauro que habitava o labirinto construído por Dédalo e tão bem projetado que quem se aventurasse por ele não conseguiria mais sair e era devorado pelo Minotauro. Teseu resolveu enfrentar o monstro. Foi ao renomado Oráculo de Delfos para descobrir se sairia vitorioso. O Oráculo disse-lhe que deveria ser ajudado pelo amor para vencer o minotauro.

Ariadne, a filha do rei Minos, lhe disse que o ajudaria se este a levasse a Atenas para que ela se casasse com ele. Teseu reconheceu aí a única chance de vitória e aceitou. Ariadne, então, deu-lhe uma espada e um novelo de linha (Fio de Ariadne), para que ele pudesse achar o caminho de volta, do qual ficaria segurando uma das pontas. Teseu saiu vitorioso e partiu de volta à sua terra com Ariadne, embora o amor dele para com ela não fosse o mesmo que o dela por ele.

Dionísio e Ariadne

No caminho de volta, passaram na ilha de Naxos, então governada por Smerdius, filho de Naxos. Os habitantes de Naxos receberam Teseu e seus companheiros como convidados mas, durante a noite, Teseu teve um sonho em que Dionísio o ameaçava se ele não deixasse Ariadne para o deus.

Teseu parte sem Ariadne, e Dionísio a leva para a montanha chamada de Drius. Depois disso, os dois desaparecem, e Ariadne nunca mais foi vista.

Existem outras versões para a separação entre Teseu e Ariadne. Em uma outra versão do mito, Ariadne desespera-se, ao acordar sozinha. A deusa do amor, Afrodite, ao perceber seu desespero, tem pena de Ariadne e promete-lhe um amante imortal, em lugar do ingrato mortal que a enganara.

Naxos era a ilha preferida de Dionísio, filho de Zeus e Sêmele, onde foi deixado depois de ter sido capturado por marinheiros.

Encontrando Ariadne em desespero, atrevendo-se, o inconsolável Dionísio trata logo de a consolar e logo a toma como esposa. Dá-lhe uma linda coroa de ouro como presente de casamento, cravejada de pedras preciosas, que, a pedido dela, ele atira ao céu quando Ariadne morre. Conservando sua forma, a bela logo se torna uma constelação, repleta de estrelas brilhantes, entre um Hércules ajoelhado e o Homem, que tem bem segura nas mãos a Serpente.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Andrômeda

Andrômeda e Perseu
Andrômeda era considerada uma princesa filha de Cefeu, rei da Etiópia e também de Cassiopéia. Andrômeda foi prometida em casamento a Phineus, que Cefeu e Cassiopéia consideravam o genro ideal. 

Umas das histórias mais famosas de Andrômeda é a de quando sua mãe disse que ela era mais bonita que as Nereidas, que eram as filhas do rei Nereu, que na maioria das vezes é acompanhado por Poseidon, seu melhor amigo. Por causa do insulto, Poseidon, para punir Cassiopéia pelo que havia falado, mandou um monstro marinho, o Cetus, para então atacar e destruir toda a Etiópia. Então o rei Cefeu desesperado com o que estava acontecendo resolveu consultar o Ammon - oráculo de Zeus -, que disse que só acabaria tudo quando ele resolvesse sacrificar sua filha Andrômeda - que era virgem -, dando sua filha para o monstro. E devido as circunstâncias, o rei não teve escolha, pois a sua terra já estava bastante devastada. Andrômeda foi acorrentada em uma rochedo para que Cetus, o monstro, a devorasse. 

No momento em que Andrômeda já estava acorrentada, Perseu, filho de Zeus, sobrevoava a Etiópia, pois acabava de matar a medusa. Ele conseguiu soltar a princesa e derrotar Cetus. 

Perseu e Andromeda então se apaixonaram, foi então que seus pais anularam o contrato de que Andromeda era prometida para Phineus e concordaram que ela ficasse com Perseu. Mas Phineus não ficou satisfeito com essa troca e resolveu enfrentar Perseu. Mas Perseu tinha uma arma muito poderosa - o cabelo da Medusa que ainda era mágico, foi então que Perseu sem fazer esforço algum, apenas levantando sua mão e mostrando o cabelo da Medusa, Phineus caiu e se transformou em rocha. Andrômeda e Perseu então se casaram e partiram para a lua de mel em Argos e foram morar em Tirinto. Desta união tiveram sete filhos: o Perses, Alceu, Perseides, Heleus, Mestor, Estênelo, Electrião e tiveram uma filha, a Gorgophone. 

Quando Andrômeda morreu, ela foi colocada por Atena entre as constelações perto do hemisfério norte, perto de Perseu, seu marido e Cassiopéia sua mãe. Por isso seu nome foi dado à maior galáxia próxima da Via Láctea.

Outra Versão Apresentada Por Conon

Cefeu, irmão de Fineu, era rei de Jope e da Fenícia, que nesta época se chamava Jopia. Como havia dois pretendentes a Andrômeda, Fineu e Fênix, e Cefeu, depois de muito tempo, decidiu que ela se casaria com Fênix, não querendo entrar em conflito com o irmão, Cefeu disse que levaria Andrômeda para uma ilha deserta, onde ela sacrificava a Vênus. Fênix aproveitou a chance e levou Andromeda, em seu navio decorado com uma baleia, chamado de Cetus. Andrômeda, acreditando estar sendo raptada, gritou por socorro, o que chamou a atenção de Perseu. Este pulou para o barco com tal fúria, que deixou os marinheiros petrificados, e levou Andrômeda consigo para Argos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Circe

Circe oferecendo uma
xícara a Odisseu.
Circe era, na mitologia grega, uma feiticeira, ou, em versões racionalizadas do mito, uma especialista em venenos. Era filha da deusa Hécate com Eetes, em outras versões seria filha do deus Hélios e da ninfa Perseis. Também podendo ser filha de Hécate e Hélios.

Na Odisseia

No decurso de suas perambulações, o herói Ulisses e sua tripulação desesperada desembarcam na praia da ilha de Eana, onde vivia Circe, filha de Hécate. Ao desembarcar, Ulisses subiu a um morro e, olhando em torno, não viu sinais de habitação, a não ser um ponto no centro da ilha, onde avistou um palácio rodeado de árvores.

Ulisses enviou à terra 23 homens, chefiados por Euríloco, para verificar com que hospitalidade poderiam contar. Ao se aproximarem do palácio, os gregos viram-se rodeados de leões, tigres e lobos, não ferozes mas domados pela arte de Circe, que era uma feiticeira poderosa. Todos esses animais tinham sido homens e haviam sido transformados em feras por seus encantamentos.

Do lado de dentro do palácio vinham sons de uma música suave e de uma bela voz de mulher que cantava. Euríloco a chamou em voz alta, e a deusa apareceu e convidou os recém-chegados a entrar, o que fizeram de boa vontade, exceto Euríloco, que desconfiou do perigo. A deusa fez seus convivas se assentarem e serviu-lhes vinho e iguarias. Quando haviam se divertido à farta, tocou-os com uma varinha de condão e eles se transformaram imediatamente em porcos, com "a cabeça, o corpo, a voz e as cerdas" de porco, embora conservando a inteligência de homens.

Euríloco se apressou a voltar ao navio e contar o que vira. Ulisses, então, resolveu ir ele próprio tentar a libertação dos companheiros. Enquanto se encaminhava para o palácio encontrou-se com um jovem que se dirigiu a ele familiarmente, mostrando que estava a par de suas aventuras. Revelou que era Hermes e informou Ulisses acerca das artes de Circe e do perigo de aproximar-se dela. Como Ulisses não desistiu de seu intento, Hermes deu-lhe o broto de uma planta chamada Moli, dotada de poder enorme para resistir às bruxarias, e ensinou-lhe o que deveria fazer.

Ulisses prosseguiu seu caminho e, ao chegar ao palácio, foi recebido cortesmente por Circe, que o obsequiou como fizera com seus companheiros. Depois que ele havia comido e bebido, tocou-o com sua varinha de condão, dizendo:

- Ei! procura teu chiqueiro e vá espojar-se com teus amigos.

Em vez de obedecer, Ulisses desembainhou a espada e investiu furioso contra a deusa, que caiu de joelhos, implorando clemência. Ulisses ditou-lhe uma fórmula de juramento solene de que libertaria seus companheiros e não cometeria novas atrocidades contra eles ou contra o próprio Ulisses. Circe repetiu o juramento, prometendo, ao mesmo tempo, deixar que todos partissem são e salvos, depois de os haver entretido hospitaleiramente.

Cumpriu a palavra. Os homens readquiriram suas formas, o resto da tripulação foi chamado da praia e todos foram tratados magnificamente durante vários dias, a tal ponto que Ulisses pareceu ter-se esquecido da pátria e se resignado àquela vida inglória de ócio e prazer.

Por fim seus companheiros apelaram para seus sentimentos mais nobres, e ele recebeu a censura de boa vontade. Circe ajudou nos preparativos para a partida e ensinou aos marinheiros o que deveriam fazer para passar sãos e salvos pela costa da Ilha das Sereias. As sereias eram ninfas marinhas que tinham o poder de enfeitiçar com seu canto todos que o ouvissem, de modo que os infortunados marinheiros sentiam-se irresistivelmente impelidos a se atirar ao mar, onde encontravam a morte.

Circe aconselhou Ulisses a cobrir com cera os ouvidos de seus marinheiros, de modo que não pudessem ouvir o canto, e a amarrar-se a si mesmo no mastro dando instruções a seus homens para não libertá-lo, fosse o que fosse que ele dissesse ou fizesse, até terem passado pela Ilha das Sereias.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pandora

A Caixa de Pandora
Pandora, na mitologia grega, é considerada como a mulher que, como Eva nos mitos bíblicos, é criada para tentar e seduzir o homem, provocando sua destruição. Ela era a filha mais velha de Zeus, a portadora de todos os dons. Ao completar nove anos, ela teria sido presenteada pelo pai com um colar antes pertencente a Prometeu. Este, ao roubar dos deuses o fogo, doando-o à humanidade para que esta sobrevivesse, foi punido pelo deus olímpico .

Preso por correntes ao Monte Cáucaso, com seu fígado devorado por um abutre diariamente por trinta mil anos, Prometeu, antes de ser punido, preveniu seu irmão, Epimeteu, que recusasse todo presente vindo de Zeus. Não foi, porém, levado a sério por seu familiar, que logo aceitou Pandora como esposa. Há várias versões desta história, mas a essência é basicamente a mesma.

Algumas dizem que a famosa caixa pertenceria à mulher, que nela guardaria suas lembranças, tornando-se prisioneira de uma delas, a tristeza de ter o colar de Prometeu destruído. Não conseguindo se libertar desta maldição, ela teria se suicidado aos 36 anos. Nesta mesma linha, alguns sustentam que a moça teria levado consigo, no casamento, um recipiente contendo todas as desgraças que poderiam destruir a humanidade, tais como a velhice, o trabalho, a doença, a loucura, a mentira e a paixão. Epimeteu teria, por curiosidade, aberto a peça, involuntariamente liberando no mundo estes terríveis males. Dentro deste receptáculo teria restado apenas a esperança, única dádiva ali presente.

Outras histórias afirmam que a caixa pertenceria a Epimeteu. Hipnotizado pela beleza de Pandora, ele teria adormecido profundamente, quando então ela teria desvelado o conteúdo da arca e assim dado fim à chamada Idade de Ouro da Humanidade. O termo ‘Caixa de Pandora’ representaria, assim, o terrível desejo de conhecimento do homem, desmedido, sem limites, o mesmo que perpassa Adão e se concretiza no ato de Eva, com a conseqüente expulsão do Paraíso, ou seja, o pagamento de um preço terrível pela sede de ver sempre mais além.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Calisto

Calisto e Zeus, sob a forma de
Ártemis.
Calisto, na mitologia grega, foi uma bela jovem, que deu origem à constelação da Ursa Maior. Arcas, seu filho, tornou-se rei da Pelásguia, que passou a se chamar Arcádia em sua honra. Calisto era filha de Licáon, rei da Arcádia.

Calisto provocava ciúme em Hera, pois sua beleza cativara seu marido, Zeus. Hera então castigou-a transformando-a num urso.

Calisto, no entanto, tentava ao máximo lutar contra seu destino mantendo-se o mais ereta possível, tentando assim conquistar a piedade dos deuses. Mas a indiferença de Zeus a fazia crer ser este deus cruel, apesar de nada poder dizer, pois agora só sabia rugir.

Sua vida agora era de medo. Tinha medo dos caçadores que rodeavam sua antiga casa, pois tinha sido ela também uma caçadora. Temia as noites que passava sozinha. Temia as feras, mesmo que agora ela mesma fosse uma.

Um dia, no entanto, em uma de suas caminhadas pelo bosque, reconheceu seu filho, Arcas, agora um homem, um caçador. Calisto, mesmo assim, quis abraçá-lo e, ao aproximar-se, provocou o medo do filho que lhe ergueu a lança e, quando estava para deferir o golpe, Zeus, compadecido com o trágico acontecimento que estava por vir, afastou os dois colocando-os no céu. Calisto transformou-se na Ursa Maior e Arcas em Arctofilax, a Ursa Menor, o guardião da ursa.

Hera, indignada com a honra concedida a Calisto, pediu a Poseidon que não fosse permitido a Arcas e Calisto passarem a linha do horizonte para que estivessem sempre presos no mesmo espaço do céu.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Deucalião e Pirra

Deucalião foi um filho de Prometeu e Climene. Era casado com Pirra (filha de Epimeteu e Pandora). Quando a fúria de Zeus foi lançada contra o holismo dos pelásgios, Zeus decidiu pôr um fim à idade do bronze com o dilúvio. Avisado por Prometeu, o casal construiu um barco de madeira que equipou com provisões, para se salvar do dilúvio. 

O Mito do dilúvio

Espantado com o ódio instaurado entre a humanidade, Zeus decidiu exterminar a espécie humana, certo de que esta fora o maior erro que os deuses haviam cometido. Convocado o conselho dos deuses, todos obedeceram e tomaram o caminho do palácio do céu. Esse caminho pode ser visto no céu em todas as noites claras, a chamada Via Láctea, e ao longo dele se acreditavam ficar os palácios dos deuses. 

Dirigindo-se à assembléia reunida, Zeus expôs as terríveis condições que reinavam na Terra e anunciou que iria destruir todos os homens e criar uma nova raça que fosse mais digna de viver e que soubesse melhor cultuar os deuses. Tomou o seu raio, e já ia despedi-lo contra o mundo, destruindo-o pelo fogo, quando percebeu o perigo que um incêndio teria para os próprios deuses. Decidiu então inundar a Terra. 

O titã Prometeu, que tinha o dom de profecia, previu os planos dos deuses e orientou seu filho, Deucalião, que construísse uma arca para sobreviver ao grande desastre. 

O vento norte, que espalha as nuvens, foi encadeado; o vento sul foi solto e em breve cobriu todo o céu com uma escuridão profunda. As nuvens, empurradas em bloco, romperam-se; torrentes de chuva caíram; as plantações inundaram-se. Não satisfeito, Zeus pediu ajuda a seu irmão Poseidon. Este soltou os rios e lançou-os sobre a Terra. Sacudia-a com um terremoto e lançou o refluxo dos oceanos sobre as praias. Rebanhos, animais, homens, casas e templos foram tragados pelas águas. 

De todas as montanhas, apenas a do Parnaso ultrapassava as águas. Nele o arca de Deucalião (o mais justo dos homens) e Pirra (a mais virtuosa das mulheres) encontrou refúgio. Zeus viu que apenas eles haviam sobrevivido e cessou a tempestade. Poseidon retirou as suas águas. Em segurança, Deucalião dirigiu-se a Pirra e disse-lhe: 

"- Ó esposa, única mulher sobrevivente, unida a mim primeiramente pelos laços do parentesco e do casamento, e agora por um perigo comum, pudéssemos nós possuir o poder de nosso antepassado Prometeu e renovar a raça, como ele fez, pela primeira vez! Como não podemos, porém, dirijamo-nos àquele templo e indaguemos dos deuses o que nos resta fazer." 

Entraram em um templo ainda coberto de lama e aproximaram-se do altar. Prostaram-se em terra e rogaram à deusa Têmis que os esclarecesse sobre a maneira de agir naquela situação. 

"- Saiam do templo com a cabeça coberta e as vestes desatadas e atirai para trás os ossos de vossa mãe" - respondeu o oráculo. 

Pirra ficou confusa com o que o oráculo disse: não se sentia capaz de fazer o que ele estava pedindo. Deucalião pensou seriamente e chegou à conclusão de que se a Terra era a mãe comum de todos, as pedras seriam os seus ossos. Resolveram tentar. Os dois velaram o rosto, afrouxaram as vestes, apanharam as pedras e atiraram-nas para trás. As pedras amoleceram e começaram a tomar forma humana. As pedras atiradas pelas mãos do homem, tornaram-se homens; pelas mãos da mulher, tornaram-se mulheres. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Píramo e Tisbe

Píramo e Tisbe é um conto romântico da mitologia romana. Foi contada por Ovídio em sua Metamorfoses e influenciou muitos autores depois.

História

Há muito, muito tempo atrás, as bagas profundamente vermelhas da amoreira eram brancas como a neve. A mudança de cor que se operou foi provocada por algo de bastante estranho e triste - a morte de dois jovens apaixonados. Piramo e Tisbe viviam na Babilónia, a cidade da rainha Semíramis em casas tão juntas que uma das paredes era comum a ambas. Cresceram assim, lado a lado e aprenderam a amar-se mutuamente. Queriam casar mas os pais não permitiam. O amor, porém, não pode ser proibído. Era impossível continuar a manter separados aqueles dois seres profundamente apaixonados.

Na tal parede que ambas as casas partilhavam havia uma fenda de que nunca ninguém se apercebera. Os dois jovens descobriram-na e, através dela, susurravam doces palavras de amor. A odiosa barreira que os separava transformara-se no meio de comunicarem um com o outro. Todas as manhãs, à hora em que o alvorecer apagava o brilho das estrelas e os raios do sol já tinham absorvido a geada dos campos, dirigiam-se a passo furtivo até junto da fenda e aí ficavam em doces murmúrios, umas vezes trocando palavras de amor ardente, outras lamentando a sua triste sorte.

Porém, chegou o dia em que não podiam resistir por mais tempo. Resolveram, pois, tentar esquivar-se nessa noite e atravessar a cidade às escondidas até ao campo em que finalmente podiam estar juntos sem nenhum embargo. Combinaram encontrar-se num local onde havia uma enorme amoreira, carregada de bagas brancas e perto da qual gorgolejava a fonte. O plano agradou-lhes em absoluto e esperaram até ao anoitecer.

O sol mergulhou no Oceano e as trevas envolveram a Terra. Na escuridão, Tisbe escapuliu-se de casa e no maior silêncio dirigiu-se para o local combinado. Príamo ainda não tinha chegado, não obstante Tisbe ficou à espera dele, pois o amor tornava-a audaciosa. De repente distinguiu à luz do luar uma leoa. O animal tinha morto alguém, pois trazia as patas ensanguentadas...vinda de saciar a sua sede na fonte. A jovem conseguiu por-se a salvo porque a fera se encontrava ainda a uma distância considerável. Mas ao fugir, apanhada de surpresa, deixou cair a capa. Quando a leoa regressou ao covil abocou-a e fê-la em pedaços antes de desaparecer no interior do bosque.

Quando Piramo apareceu alguns minutos depois, diante dele, na obscuridade, os farrapos ensanguentados da capa e as pegadas nítidas da leoa só podiam levar a uma conclusão. Tisbe tinha sido morta. E ele deixara o seu amor, aquela terna donzela vir sozinha para um lugar tão perigoso como aquele!...Como não tinha sido o primeiro a protegê-la?

"Fui eu que a matei!"

Levantou do pó espezinhado o que restava da capa e beijando-a mais uma vez levou-a para junto da amoreira.

"Agora vais beber do meu sangue!"

Arrancou a espada e enterrou-a no coração.O sangue em borbotões esparrinhou as bagas, que se tingiram de vermelho-escuro. Entretanto, Tisbe, ainda que aterrorizada pela leoa, receava antes de tudo o mais não conseguir encontrar-se de novo com o seu amado. Resolveu aventurar-se a regressar para junto da árvore.

Viu uma árvore, mas nem uma centelha de brilho branco se divisava nos ramos. Enquanto, perplexa, fitava a planta, notou, estarrecida que alguma coisa se mexia no chão. Começou a recuar, horrorizada. Mas, de repente, espreitando por entre as sombras, teve a certeza de que havia lá uma coisa. Era Piramo, banhado em sangue, prestes a expirar. Voou para ele e enlaçou-o. Beijou-lhe os lábios frios, implorando-lhe que a olhasse, que lhe falasse.

- Sou eu, Tisbe, a tua amada! - exclamava a chorar. Ao ouvir pronunciar o nome dela Piramo entreabiu os olhos para a contemplar pela derradeira vez. Depois a morte fechou-lhe os olhos para sempre.

Tisbe viu a espada que caira da mão dele e ao lado a sua capa manchada e esfarrapada. Foi então que compreendeu o que acontecera.

- A tua mão te matou e o teu amor por mim. Eu também sei ter coragem. Também eu sei amar. Só a morte seria capaz de nos separar e contudo agora deixará de ter esse poder. - Mergulhou no coração a espada ainda húmida do sangue da sua vida.

Os deuses, porém, apiedaram-se dos dois, assim como os pais de ambos. O fruto vermelho-escuro da amoreira é o único testemunho perpétuo desses verdadeiros apaixonados cujas cinzas se encontraram reunidas numa única urna, pois nem a morte conseguiu separá-los.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Céfalo e Prócris

Céfalo era um belo jovem, amante dos exercícios. Levantava-se antes do amanhecer, para perseguir a caça. Aurora viu-o, apaixonou-se e raptou-o. Céfalo, porém, era recém-casado, e amava profundamente sua esposa que se chamava Prócris. A jovem era favorita de Diana, que lhe dera um cão, mais veloz que qualquer outro, e um dardo, que jamais errada o alvo; e Prócris oferecera estes presentes ao marido. Céfalo sentia-se tão feliz com a esposa, que resistiu a todas as propostas de Aurora, que, afinal, o despediu, irritada, dizendo: "Vai, ingrato mortal, fica com tua esposa, a qual, se não me engano,, hás de lamentar ter conhecido."

A Raposa e o Cão

Céfalo regressou e voltou a ser tão feliz quanto antes, com sua esposa, - façanhas pelos bosques. Ora, aconteceu que uma divindade irritada mandara uma voraz raposa devastar a região, e os caçadores acorreram, em grande número, para capturá-la. Todos os seus esforços foram em vão; nenhum cão conseguia acompanhar o animal na corrida. E, finalmente, procuraram Céfalo, a fim de que lhes emprestasse seu famoso cão, cujo nome era Lelaps. Mal o cão fora solto, disparou como um dardo, com tal velocidade que a vista não podia segui-lo. Se não tivessem visto suas pegadas na areia, todos teriam acreditado que ele voara. 

De pé, no alto de um morro, Céfalo e os outros assistiram à corrida. A raposa tentou todas as artimanhas: corria em círculo, perseguida de perto pelo cão que, de boca aberta, investia sempre, mas mordia apenas o ar. Céfalo já ia lançar mão do dardo, quando viu o cão e a raposa pararem instantaneamente. Os deuses celestes, criadores de ambos, não queriam que nenhum dos dois saísse vitorioso. E em sua própria atitude de vida e de ação, haviam sido petrificados. Tão naturais pareciam, que, ao vê-los, tinha-se a impressão de que um ia latir e a outra dar um salto para a frente.

Céfalo e Prócris

Céfalo, embora tivesse perdido o cão, continuou a deleitar-se com a caça. Saía pela madrugada, vagava pelos bosques e pelos montes, sem qualquer acompanhante, não necessitando ajuda, pois seu dardo era arma segura para todos os casos. Fatigado com a caça, quando o sol ia alto no céu, procurava sombreado, junto ao qual corria um frígido regato e, estendido na relva, com as vestes atiradas para um lado, gozava a frescura da brisa. Às vezes, costumava dizer em voz alta: "Vem, brisa suave, vem afagar-me e leva o calor que me abrasa".

Alguém que passava um dia, ouviu-o falando desse modo ao ar e, acreditando, por tolice, que ele estivesse falando com alguma mulher, correu a contar o segredo a Prócris, sua esposa. O mor é crédulo. Prócris, diante do choque, desmaiou. Voltando a si, sem demora, disse: "Não pode ser verdade; não acreditarei nisso, a não ser que eu mesma seja testemunha."

Assim, aguardou, com o coração ansioso, até a manhã seguinte, quando Céfalo saiu, como de costume. Acompanhou-o, então, furtivamente, e escondeu-se no lugar que o informante indicara. Céfalo apareceu, quando se sentiu cansado da caçada, e estendeu-se na verde relva, exclamando: "Vem, brisa suave, vem afagar-me. Sabes quanto te amo. Tu tornas deliciosos os bosques e minhas caminhadas solitárias."

Continuava a soltar estas exclamações, quando ouviu, ou julgou ouvir, no meio do bosque, um ruído semelhante a um soluço. Supondo ser algum animal selvagem, atirou o dardo na direção do ruído. Um grito de sua amada Prócris revelou-lhe que a arma atingira o alvo com precisão. Correu para o lugar e encontrou-a ensanguentada, tentando arrancar da ferida o dardo, que fora presente dela mesma. Céfalo ergueu-a do chão, lutou para estancar o sangue, gritou-lhe que vivesse, que não o deixasse desamparado, recriminando-se de sua morte. Ela entreabriu os olhos e conseguiu murmurar estas palavras: "Imploro-te, se algum dia me amaste, se algum dia mereci de ti benevolência, meu marido, que satisfaças minha última vontade: não te cases com essa odiosa Brisa!"

Isso revelou todo o mistério; mas que adiantava revelá-lo agora? Prócris morreu, mas seu rosto tinha uma expressão de calma, olhando com ternura e perdão para o marido, que a fez compreender a verdade. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Minos

Minos Mordido por 
uma cobra, detalhe do afresco 
O Juízo Final.
Na mitologia grega, Minos foi um rei semi-lendário da ilha de Creta, filho de Zeus e da princesa fenícia Europa. Teria nascido em cerca de 1 445 a.C. e reinado de 1 406 a.C. a 1 204 a.C. (segundo a Crônica de Jerônimo de Stridon). 

Há diversas variantes de seu mito, tendo em algumas dela a existência de dois Minos. Além disso muitos estudiosos questionam a interessante semelhança entre o nome Minos e o nome de outros reis semi-lendários da Antiguidade como Menés do Egito, Manos da Germânia, Manu da Índia.

No poema épico A Divina Comédia, Minos aparece como um dos juízes do inferno sendo ele quem ouve as confissões dos mortos e designa-os a um círculo ou sub-círculo específico de acordo com a falta relatada.

Família

Minos era filho de Zeus, que havia raptado Europa, filha de Agenor e Teléfassa, ou filha de Fênix, filho de Agenor e Teléfassa. Foi para procurar Europa que Agenor enviou seus outros filhos, que, desistindo da busca, fundaram vários reinos: Cadmo fundou Tebas, Fênix a Fenícia, Cílix a Cilícia e Tasos a cidade da ilha de Tasos.

Zeus se transformou em um touro, e levou Europa até Creta; lá, Europa teve três filhos com Zeus: Minos, Sarpedão e Radamanto. Astério, rei de Creta, casou-se com Europa, e criou seus filhos.

Início do reinado em Creta

Após a morte de Astério, houve uma rivalidade entre os filhos de Europa, pois estes haviam apaixonado-se pelo mesmo homem, Mileto, filho de Apolo e Aria, filha de Cleochus. Por Mileto preferir Sarpedão, Minos entrou em guerra aberta contra ambos, o que causou a fuga destes para a Cária. Segundo outra versão, o motivo da briga foi Atymnius, filho de Zeus e Cassiepea. Mileto fundou a cidade de Mileto e Sarpedão se aliou a Cílix, em guerra com os lícios. Outra versão afirma que Radamanto também foi exilado da ilha tendo ele ido para a Beócia, e seu irmão Sarpedão para a Anatólia onde conquistou os mílios e terminou como rei destes. Radamanto quando morreu tornou-se um dos três juízes do inferno.

Minos fez as leis dos cretenses, e se casou com Pasífae, filha de Hélio e Perseis, no entanto, segundo Asclepíades, Minos casou-se com Creta, filha de Astério. Seus filhos foram Catreu, Deucalião, Glauco e Androgeu, e suas filhas foram Acalle,Xenodice, Ariadne e Fedra; além destes, ele teve filhos com a ninfa Paria, Eurimedonte, Nephalion, Chryses e Philolaus, e com Dexithea ele teve o filho Euxanthius.

Pasífae havia enfeitiçado Minos para que sempre que tentasse traí-la, bestas sairiam do corpo de seu marido e matariam sua amante; no entanto, Minos acabou por ter um caso com Prócris, filha de Erecteu e esposa de Céfalo, que antes já havia se prostituído para Pteleon, e havia fugido para Creta quando foi descoberta. Minos ofereceu a ela um cachorro veloz e um dardo que jamais errava o alvo e esta, em troca, ofereceu a ele uma raiz que permitiria que fossem para cama. No entanto, temendo Pasífae, Prócris regressou para Atenas.

O Minotauro e o labirinto

Minos ansiava governar sobre Creta, no entanto, seu reinado era contestado, o que o levou a pedir que um touro emergisse do mar para ser sacrificado em sua homenagem, durante um sacrifício a Poseidon; este atendeu o pedido, mas Minos, ao invés de sacrificar o touro, o colocou junto de seu rebanho e sacrificou outro touro no lugar. Em represália, Poseidon fez com que o touro se tornasse selvagem e que Pasífae se apaixonasse por ele.

Após ser banido de Atenas por ter assassinado Perdix, Dédalo, um famoso arquiteto e inventor ateniense, refugiou-se em Creta e lá construiu um aparelho mecânico de madeira no formato de uma vaca para que Pasífae pudesse copular com o touro. Da união do touro com Pasífae nasceu Astério, mais conhecido como Minotauro (criatura metade homem, metade touro), que foi encerrado no labirinto construído por Dédalo a mando de Minos.

Androgeu e o tributo de Atenas

Androgeu havia vencido todas as provas dos jogos panatenaicos suscitando a inveja do rei Egeu, que acaba por mandar assassinar o príncipe. Minos invade então a Ática mas não logra tomar Atenas. Reza a Zeus para que este provoque peste e fome à cidade. Com a derrota do rei Egeu, Minos impôs um tributo de sete rapazes e sete moças que deviam ser sacrificados ao Minotauro anualmente.

Teseu e o minotauro

Teseu, filho de Egeu, decidiu voluntariamente ser um dos escolhidos para irem a Creta serem devorados pelo Minotauro, prometendo a seu pai que iria matá-lo e se voltasse vitorioso, o navio, que habitualmente possuía velas pretas, teria velas brancas. Chegando em Creta, os jovens e donzelas são exibidos a Minos, e, durante a exibição, Ariadne avista Teseu e acaba por apaixonar-se por ele. Com a promessa de que levaria Ariadne para Atenas, Teseu recebe dela um novelo de lã encantado (o fio de Ariadne) e uma espada, que Teseu usou para matar a fera. Em outra versão, o herói mata a criatura a socos; ainda segundo outra versão, foi com a espada de ouro de seu pai, que Teseu alcançou a vitória.

Para não perder-se durante o caminho, Ariadne segurou uma das pontas do novelo que se desenrolava a medida que Teseu adentrava no labirinto. Uma versão alternativa diz que o novelo foi preso na porta do labirinto. No meio do labirinto Teseu matou a fera, libertou os atenienses e retornou pelo mesmo caminho por onde havia adentrado. Após o grandioso feito, Teseu foge para seu navio acompanhado de Ariadne e os atenienses, no entanto, não zarpa da ilha antes de fender o casco dos navios cretenses.

Durante a viagem de regresso Teseu aportou na ilha de Naxos para coletar água. Ariadne foi abandonada por Teseu na ilha, uma ocorrência para a qual há várias explicações: uma tempestade desviou o barco de Teseu; Minerva apareceu-lhe nos sonhos e ordenou que o fato fosse realizado; Teseu já era casado; Dioniso apaixonou-se por Ariadne, e acabou por enfeitiçar Teseu para esquecê-la; Dioniso ordena a Teseu que este abandone a jovem na ilha. Quando estavam próximos da costa de Atenas, Teseu tomado pela imensa alegria, esqueceu-se de trocar as velas do barco para brancas, fazendo com que Egeu, em um momento de desespero, se lançasse ao mar que hoje tem seu nome para homenageá-lo.

Dédalo e Ícaro

Quando Minos descobriu que Dédalo tinha feito a vaca para Pasífae, este fugiu de Creta, com a ajuda da rainha. Ícaro (filho de Dédalo) foge com seu pai, mas acaba por morrer em um acidente naval na ilha que passou a se chamar Icária. Diodoro apresenta a versão alternativa de que Dédalo fugiu de Creta voando: com seu engenho inigualável, constrói para si e para seu filho dois pares de asas, ligadas com cera. Ícaro, deslumbrado com a beleza do firmamento, sobe demasiado e o Sol derrete a cera de suas asas, precipitando-o nas águas do mar Egeu, enquanto Dédalo consegue chegar à Sicília.

Morte de Minos

Dédalo passou um bom tempo trabalhando para o rei Cócalo, construindo várias maravilhas. Minos, porém, quando soube que Dédalo tinha se refugiado na Sicília, resolveu fazer uma campanha contra a ilha. Desembarcando com uma grande força na ilha, no local chamado a partir de então de Heracleia Minoa, Minos demandou de Cócalo que entregasse Dédalo para ele ser punido, porém, o rei, trouxe Minos como convidado ao seu palácio, e assassinou-o durante o banho, fervendo-o em água quente. Cócalo devolveu o corpo de Minos aos cretenses, dizendo que ele tinha se afogado no banho; os cretenses o enterraram na Sicília, no lugar onde mais tarde foi fundada a cidade de Acragas, e lá seus restos ficaram até que Terone, tirano de Acragas, devolveu seus ossos para os cretenses.

Após sua morte, Minos tornou-se, assim como Radamanto e Éaco, um dos três juízes do inferno, sendo ele o juiz responsável pelo veredito final. Seu sucessor foi seu filho Catreu.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Midas

Midas é um personagem da mitologia grega, rei da Frígia. É baseado em um rei de mesmo nome da Frígia (uma região da moderna Anatólia, Turquia), do século VIII a.C., havendo sobre esse rei dois conhecidos mitos. Tinha um filho chamado Litierses, que servia a ele como protetor (Litierses era conhecido como “ceifador de homens”, devido à sua fama de decapitar os inimigos).

O principal mito atribuído a Midas, o de transformar em ouro tudo o que tocava, adquiriu um caráter simbólico e metafórico na sociedade contemporânea, sendo facilmente compreensíveis na nossa cultura analogias simbólicas como a de um “complexo de Midas”.

Mitos sobre Midas

Certa vez Baco (Dionísio), deu por falta de seu mestre e pai de criação, Sileno. O velho andara bebendo e, tendo perdido o caminho, foi encontrado por alguns camponeses que o levaram ao seu rei, Midas. Midas reconheceu-o, tratou-o com hospitalidade, conservando-o em sua companhia durante dez dias, no meio de grande alegria.

No décimo-primeiro dia, levou Sileno de volta e entregou-o são e salvo a seu pupilo. Baco ofereceu, então, a Midas o direito de escolher a recompensa que desejasse, qualquer que fosse ela. Midas pediu “todo ouro em que pudesse pôr as mãos”. Baco consentiu, embora pesaroso por não ter ele feito uma escolha melhor.

Midas seguiu caminho, jubiloso com o poder recém-adquirido, que se apressou a pôr em prova. Mal acreditou nos próprios olhos quando viu um raminho que arrancara de um carvalho transformar-se em ouro em sua mão. Segurou uma pedra; ela mudou-se em ouro. Pegou um torrão de terra; virou ouro. Colheu um fruto da macieira; ter-se-ia dito que furtara do jardim das Hespérides.

Sua alegria não conheceu limite e, logo que chegou à casa, ordenou aos criados que servissem um magnífico repasto. Então verificou, horrorizado, que, se tocava o pão, este enrijecia em suas mãos; se levava comida à boca, seus dentes não conseguiam mastigá-la. Tomou um cálice de vinho, mas a bebida desceu-lhe pela boca como ouro derretido, sua filha se encostou a ele e se transformou em ouro.

Consternado com essa aflição sem precedentes, Midas lutou para livrar-se daquele poder: detestava o dom. Tudo em vão, porém; a morte por inanição parecia aguardá-lo. Ergueu os braços, reluzentes de ouro, numa prece a Baco, implorando que o livrasse daquela destruição fulgurante. Baco, divindade benévola, ouviu e consentiu. “A água corrente desfaz o toque”, disse-lhe Baco, “mergulhas o que tocastes num rio e os objetos em que tocaste voltarão a ser o que eram”. Midas correu a cumprir o que dissera o deus do vinho e, com a água do rio Pactolo, que correu num jarro, foi banhando todos os objetos em que tocara, restituindo-lhes a natureza primitiva, a começar pela própria filha, que ele, então, pôde abraçar sem perigo de torná-la de ouro. Dizem que Midas, ao se abaixar para colher a água na margem do rio, tocou na areia com as mãos e que, por isso, ainda hoje, o rio Pactolo corre por sobre um leito de areias douradas.

Orelhas de burro

Após os eventos envolvendo o toque de ouro (que não perdeu), Midas abandonou a riqueza e virou um seguidor de Pã, deus dos bosques (deus do ovo). Um dia Pã afirmou tocar melhor do que Apolo e o deus do Sol resolveu fazer um duelo com Pã, julgado pelo deus Tmolo. Pã agradou a todos com sua flauta, mas, após Apolo tocar sua lira, Tmolo deu o prêmio a ele. Midas indignou-se, questionou a decisão e Apolo enfurecido deu a Midas orelhas de burro.

Midas cobriu-as com um turbante para seus seguidores não o perceberem. Apenas o cabeleireiro sabia das orelhas, e devia guardar segredo. O cabeleireiro não estava conseguindo e, para satisfazer sua vontade, cavou um buraco, falou “O Rei Midas tem orelhas de burro!” dentro deste e cobriu-o de terra. Porém o junco que cresceu no lugar do buraco “cantava” a frase sempre que recebia vento, espalhando a história pelo reino.

Descoberta Arqueológica

O Rei Midas realmente existiu. Em 1954, pesquisadores do Museu de Arqueologia e Antropologia da University of Pennsylvania sob a liderança de Rodney Young, após escavações na Turquia, em Gordiom (hoje Yassihüyük) antiga capital da Frígia, localizaram o túmulo de Midas. O caixão mortuário estava muito bem preservado, era feito de troncos de árvores e em sua volta havia vasos de cerâmica e metal, taças, bandejas e outros recipientes e objetos. Ali houve, segundo Dr. Patrick E. McGovern da equipe de arqueólogos da U.Penn, um banquete fúnebre para o Rei e quase todas as iguarias e bebidas puderam ser identificadas. Cem foi a quantidade aproximada de convidados nessa grande refeição, conforme avaliação dos especialistas.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tântalo

Na mitologia grega, Tântalo foi um mitológico rei da Frígia ou da Lídia, casado com Dione. Ele era filho de Zeus e da princesa Plota. Segundo outras versões, Tântalo era filho do Rei Tmolo da Lídia (deus associado à montanha de mesmo nome). Teve três filhos: Níobe, Dascilo e Pélope.

Certa vez, ousando testar a omnisciência dos deuses, roubou os manjares divinos e serviu-lhes a carne do próprio filho Pélope num festim. Como castigo foi lançado ao Tártaro, onde, num vale abundante em vegetação e água, foi sentenciado a não poder saciar sua fome e sede, visto que, ao aproximar-se da água esta escoava e ao erguer-se para colher os frutos das árvores, os ramos moviam-se para longe de seu alcance sob a força do vento. A expressão suplício de Tântalo refere-se ao sofrimento daquele que deseja algo aparentemente próximo, porém, inalcançável, a exemplo do ditado popular "Tão perto e, ainda assim, tão longe".

Existem outras versões para o motivo de Tântalo ter sido punido. Diodoro Sículo diz que Tântalo, rei da Paphlagonia na Ásia, por ser filho de Zeus, foi admitido na mesa dos deuses, ouviu seus segredos, e divulgou entre os mortais, sendo punido por isso.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pigmalião

Pigmalião via tantos defeitos nas mulheres que acabou por abominá-las, e resolveu viver solteiro. Era escultor e executou, com maravilhosa arte, uma estátua de marfim, tão bela que nenhuma mulher de verdade com ela poderia comparar-se. Era, na verdade, de uma perfeita semelhança com uma jovem que estivesse viva e somente o recato impedisse de mover-se. A arte, por sua própria perfeição, ocultava-se, e a obra parecia produzida pela própria natureza. 

Pigmalião admirou sua obra e acabou apaixonando-se pela criação artificial. Muitas vezes, apalpava-a, como para se assegurar se era viva ou não, e não podia mesmo acreditar que se tratasse apenas de marfim. Acariciava-a e dava-lhe presentes como as jovens gostam: conchas brilhantes e pedras polidas, pássaros e flores de diversas espécies, contas de âmbar. Colocou vestidos sobre seu corpo, anéis em seus dedos e um colar no pescoço, brincos nas orelhas e cordões de pérolas no peito. 

Vestiu-a e ela não pareceu menos encantadora do que nua. Deitou-a num leito recoberto de panos coloridos com púrpura, chamou-a de esposa e colocou-lhe a cabeça num travesseiro de plumas macias, como se ela pudesse sentir a maciez. 

Estava próximo o festival de Vênus, celebrado com grande pompa em Chipre. Vítimas eram oferecidas, os altares fumegavam e o cheiro de incenso enchia o ar. Depois de ter executado sua parte nas solenidades, Pigmalião de pé, diante do altar, disse, timidamente: 

— Deuses, vós que tudo podeis, dai-me por esposa... — não se atreveu a dizer "minha virgem de marfim", mas acrescentou: ... alguém semelhante à minha virgem de marfim. 

Vênus, que estava presente ao festival, ouviu-o e compreendeu o pensamento que ele não se atrevera a formular, e, como augúrio de sua benevolência, fez a chama do altar erguer-se três vezes no ar. 

Ao voltar para casa, Pigmalião foi ver a estátua e, debruçando-se sobre o leito, beijou-a na boca. Os lábios pareceram-lhe quentes. Beijou-a de novo e abraçou-a; o marfim mostrava-se macio sob seus dedos, como a cera do Himeto. Atônito e alegre, embora duvidando, e receando que se tivesse enganado, de novo, muitas vezes, com o ardor de um amante, toca o objeto de suas esperanças. Estava realmente vivo! 

O corpo, quando apertado, cedia aos dedos, para recuperar, depois, a elasticidade. Afinal, o cultuador de Vênus encontrou palavras para agradecer à deusa e apertou os lábios de encontro a lábios tão reais como os seus próprios. A virgem sentiu os beijos e corou, e abrindo seus tímidos olhos à luz fixou-os, no mesmo momento, em seu amante. Vênus abençoou as núpcias que propiciara, e dessa união nasceu Pafos, de quem a cidade, consagrada a Vênus, recebeu o nome.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Faetonte

O jovem Faetonte, criado pela mãe, desconhecia quem fosse seu pai. Um dia, ela lhe contou quem ele era: o Sol. Desejando comprovar se a revelação era verdadeira, Faetonte foi até a morada daquele astro, um palácio brilhante de ouro, prata e marfim. Depois de narrar o acontecido, disse-lhe: "Ó luz do mundo imenso, se minha mãe não está mentindo, dê-me uma prova de que sou mesmo seu filho! Acabe de uma vez com essa minha dúvida!"

O Sol tirou da cabeça os raios que brilhavam para poder abraçar o filho. Depois de tê-lo abraçado, disse:"Para que não tenha dúvida de que sou seu pai,peça o que quiser, e eu lhe darei. Juro pelo rio dos Infernos, o Estige. Esse é o juramento que obriga os deuses a cumprirem sua palavra."

Faetonte, então, pede ao pai que lhe deixe guiar seu carro, que era puxado por cavalos alados. O pai se arrependeu da promessa, mas não podia voltar atrás. Tentou fazer o filho desistir da idéia: "Você é um mortal e o que está pedindo não é para mortais. Só eu posso dirigir o carro que leva o fogo do céu. Nem Zeus poderia fazer isso. Que espera encontrar nos caminhos do céu? Você passará por muitos perigos: os chifres da constelação de Touro, o arco de Sagitário, a boca do Leão. Além disso, há os cavalos, difíceis de domar, soltando fogo pela boca e pelas ventas. Peça outra coisa, filho, e se mostre mais sensato nos seus desejos."

Mas Faetonte não queria ouvir os conselhos do pai, que foi obrigado a satisfazer àquele pedido. Levou o rapaz ao carro. Era todo feito de ouro, prata e pedras preciosas. Faetonte olhou-o cheio de admiração. Eis que no Oriente a Aurora começou a tingir o céu de rosa. O Sol ordena às Horas velozes que atrelem os cavalos ao carro. Depois, passa uma pomada divina no rosto do filho, põe os raios ao redor da sua cabeça e profere estas recomendações: "Não use o chicote e segure as rédeas com firmeza. Os cavalos correm espontaneamente; o difícil é controlá-los. Cuidado para não se desviar da rota. Nem desça nem suba muito alto. Céu e terra devem suportar o mesmo calor, por isso vá entre um e outra."

Faetonte se instalou no carro, ligeiro ao suportar o peso de um jovem. Os cavalos alados do Sol partiram, enchendo o ar com seus relinchos de fogo. Mas como praticamente não sentiam nenhum peso nem força nas rédeas, puseram-se a correr à vontade, para fora do caminho habitual. O carro ia para cima e para baixo, provocando grande confusão entre os astros.

Ao olhar do alto do céu para a terra, Faetonte empalideceu e seus joelhos tremeram de pavor. Já se arrependia do que pedira ao pai. Que fazer? Tinha um espaço infinito de céu às suas costas, outro tanto diante dos olhos. Não largava as rédeas, mas era incapaz de segurá-las com firmeza. De repente, assustando-se à vista do Escorpião, Faetonte largou as rédeas. Os cavalos correram a toda velocidade por regiões onde jamais o carro do Sol tinha estado. A Lua se espanta de ver os cavalos correndo abaixo dos seus. As montanhas mais altas da terra são as primeiras vítimas das chamas. Depois, o solo se fende, as águas secam, o verde se queima. Cidades inteiras, com sua gente, viram cinza. Foi naquela época, dizem, que os povos da África passaram a ter cor negra. 

Faetonte vê o mundo se abrasar nas chamas do carro do Sol e não sabe o que fazer. Ele mesmo mal pode suportar o calor. Foi então que a Terra, esgotada pela seca, ergueu sua voz sagrada: "Se eu fiz por merecer isso, ó Zeus, mais poderoso dos deuses, por que não lanças teus raios contra mim? Se devo morrer pelo fogo, que seja ao menos por meio do teu! Já o mundo todo parece pronto para voltar ao caos original. Livra das chamas o que ainda resta. Preocupa-te em salvar o universo!"

O pai dos deuses, então, ouvindo aquela súplica, lança um raio contra Faetonte. O jovem, com os cabelos em chamas, tomba do céu, deixando no ar um traço de fogo, como uma estrela cadente. Ninfas recolheram seu corpo e o sepultaram. Como epitáfio, escreveram estas palavras: "Aqui jaz Faetonte, cocheiro do carro paterno. Não conseguiu dirigi-lo, mas morreu num ato de grande ousadia."

O pai de Faetonte ficou desolado. Dizem mesmo que durante um dia todo não houve sol sobre a terra.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Procrusto

Procrusto, também conhecido como "Procrustes", "Procusto", "Damastes" ou "Polipémon" é um personagem da mitologia grega, que faz parte da história de Teseu.

História 

Procrusto era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua casa, ele tinha uma cama de ferro, que tinha seu exato tamanho, para a qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Se os hóspedes fossem demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, e os que tinham pequena estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente. Uma vítima nunca se ajustava exatamente ao tamanho da cama porque Procrusto, secretamente, tinha duas camas de tamanhos diferentes.

Continuou seu reinado de terror até que foi capturado pelo herói ateniense Teseu que, em sua última aventura, prendeu Procusto lateralmente em sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que infligia aos seus hóspedes.

Etimologia

Procrusto significa "o esticador", em referência ao castigo que aplicava às suas vítimas. A mesma personagem é às vezes referida como Polipémon ou Damastes.

Simbologia 

Procrusto representa a intolerância do homem em relação ao seu semelhante. O mito já foi usado como metáfora para criticar tentativas de imposição de um padrão em várias áreas do conhecimento, como na economia, na política, na educação, na história, na metodologia científica, na medicina e na administração.

Curiosamente, a tradição rabínica menciona que um dos crimes cometidos contra os forasteiros pelos habitantes de Sodoma era quase idêntico ao de Procrusto, dizendo respeito à cama de Sodoma na qual os visitantes da cidade eram obrigados a dormir.