sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Divindades Aquáticas

Ponto é o antigo deus pré-olímpico do mar. Segundo Hesíodo, Ponto nasceu por partenogénese de Gaia, ou seja, Gaia gerou Ponto por si própria. Com Gaia, Ponto foi pai de Nereu (velho do mar), e de Taumante, dos aspectos perigosos do mar, Fórcis e sua irmã e esposa Ceto, e de Euríbia. Com Talassa (cujo nome também significa "mar", mas com uma raiz pré-grega), foi pai dos Telquines.

Nereu é um deus marinho primitivo, representado como um personagem idoso – o velho do mar. É filho de Pontos e de Gaia. Desposou a oceânide Dóris e foi pai de cinquenta filhas, as Nereiades, e de um filho, Nérites. O seu reino é o Mediterrâneo, e mais particularmente, o Egeu. É conhecido por suas virtudes e por sua sabedoria. Tem o dom da profecia e, como outras divindades, pode mudar de aparência. Ajudou vários heróis, como Hércules, que sempre conseguia descobri-lo, mesmo quando mudava de forma.

Proteu
Proteu é filho dos titãs Tétis e Oceano, ou ainda de Poseidon. Proteu era o pastor dos rebanhos de Poseidon. Reverenciado como profeta, tinha o dom da premonição e assim atraía o interesse de muitos que queriam saber as artimanhas do poderoso destino. Porém, ele não gosta de contar os acontecimentos vindouros; então, quando algum humano se aproximava, ele fugia ou metamorfoseando-se, assumia aparências marinhas monstruosas e assustadoras. Porém, se o homem fosse corajoso o bastante para passar por isso, ele lhe contava a verdade. 

Sua filha, a ninfa Eidoteia, ensinou a Menelau, rei de Esparta, o que ele teria que fazer para fazer Proteu contar como seria possível voltar a Esparta após a guerra de Troia. A ninfa Cirene também ensinou seu filho Aristeu o que fazer para poder saber do deus como reparar os seus enxames perdidos.

Tritão
Tritão é um deus marinho, filho de Poseidon e Anfitrite, geralmente representado com cabeça e tronco humanos e cauda de peixe. Ele é representação masculina de uma sereia. Ele é conhecido como o rei dos Mares. É um fiel servidor de seus pais, atuando como seu mensageiro e acalmando as águas do mar para que a carruagem de Poseidon deslize com segurança. Para tal ele se utiliza de búzios como instrumento, produzindo assim uma música apaziguadora. 

Glauco era uma divindade marinha cujas origens divergem em diferentes fontes. A sua história mais conhecida é aquela contada por Ovídio, que diz que Glauco nasceu um mortal, vivendo como pescador. Descobrindo acidentalmente uma erva mágica que conseguia trazer os peixes que apanhava de volta à vida, decidiu experimentá-la em si mesmo. Após comer da erva, Glauco também pulou na água, seguindo o exemplo dos peixes que reviveram. Foi acolhido pelas divindades aquáticas, e com o consentimento dos deuses Oceano e Tétis, foi lavado de tudo que era mortal, tornando-se imortal, e tendo sua forma mudada: seus cabelos se tornaram verdes como o mar, seus ombros alargaram-se e suas pernas se transformaram em uma cauda de peixe.   

Glauco cortejando
a ninfa Cila
Glauco apaixonou-se por Cila, uma bela ninfa, mas não foi correspondido: a ninfa sempre se afastava da água quando ele tentava aproximar-se, assustada pela aparência dele. O deus recorreu então ajuda à feiticeira Circe, pedindo-lhe que preparasse uma poção que fizesse que Cila o amasse. Porém, estando a própria bruxa já apaixonada por ele, tentou dissuadi-lo com palavras afetuosas. Ele, contudo, afirmou que árvores cresceriam no fundo do mar e algas no cimo das montanhas antes que ele deixasse de amar Cila. 

Enfurecida, Circe enfeitiçou a fonte em que Cila se banhava, para que esta se tornasse um monstro de doze pés e seis cabeças. Então, quando Cila finalmente entrou na fonte, viu serpentes na água. Tentando fugir, deu-se conta de que as serpentes eram na verdade o seu próprio corpo. A ninfa foi chorar a Glauco, que a recusou devido à sua aparência terrível. Circe esperou a visita do deus, mas ele, sabendo ter sido obra dela, não a perdoou pela crueldade. 

Glauco ainda tentou o amor de Ariadne, abandonada por Teseu na ilha de Naxos, mas, também não a conseguiu, pois Dionísio a desposou. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ninfas

Na mitologia grega, ninfas são qualquer membro de uma grande categoria de deusa - espíritos naturais femininos, às vezes ligados a um local ou objeto particular. Muitas vezes, ninfas compõem o aspecto de variados deuses e deusas. São frequentemente alvo da luxúria dos sátiros. Em outros resumos as ninfas seriam fadas sem asas, leves e delicadas.

Algumas Classes de Ninfas

Dríades:  Eram ninfas associadas aos carvalhos. De acordo com uma antiga lenda, cada dríade nascia junto com uma determinada árvore, da qual ela exalava. A dríade vivia na árvore ou próxima a ela. Quando a sua árvore era cortada ou morta, a divindade também morria. Os deuses frequentemente puniam quem destruía uma árvore. A palavra dríade era também usada num sentido geral para as ninfas que viviam na floresta. As ninfas de outras árvores são chamadas de hamadríade.

Plêiades: Ninfas da chuva. Eram filhas de Atlas e Pleione, filha do Oceano. Quando Pleione estava passeando pela Beócia com suas sete filhas, foi perseguida pelo caçador Órion, por sete anos. Júpiter, com pena delas, apontou um caminho até as estrelas, e elas formaram a cauda da constelação do Touro. As plêiades são: Electra, Maia (mãe de Hermes), Taigete, Alcíone, Celeno, Asterope e Mérope (mãe de Glauco). Seis das plêiades tiveram filhos com deuses, mas Mérope casou-se com um mortal, por isso esta estrela não pode ser vista. 

Musas: As Musas, filhas de Júpiter e Mnemósine (Memória), eram as deusas do canto e da memória. Em número de nove, tinham as musas a seu encargo, cada uma separadamente, um ramo especial da literatura, da ciência e das artes. 
  • Calíope: Musa da Poesia épica.
  • Clio: da história.
  • Euterpe: d poesia lírica.
  • Melpômene: da tragédia.
  • Terpsícore: da dança e do canto.
  • Erato: da poesia erótica.
  • Polínia: da poesia sacra.
  • Urânia: da astronomia 
  • Talia: da comédia.

Quione: Talvez a única ninfa da neve, filha de Bóreas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Nereida

Na mitologia grega, as Nereidas ou Nereides eram as cinquenta filhas (ou cem, segundo outros relatos) de Nereu e de Dóris. Nereu compartilhava com elas as águas do Mar Egeu.

Nereu, um deus marinho mais antigo que Poseidon, era filho de Pontos, era descrito como um velho pacato, justo, benévolo e sábio que representava a calma e serenidade do mar. Já Dóris era filha de Oceano e de Tétis, sendo uma das três mil Oceânides. As Nereidas eram veneradas como ninfas do mar, gentis e generosas, sempre prontas a ajudar os marinheiros em perigo. Por sua beleza, as Nereidas também costumavam dominar os corações dos homens.

São representadas com longos cabelos, entrelaçados com pérolas. Caminham sobre golfinhos ou cavalos-marinhos. Trazem à mão ora um tridente, ora uma coroa, ora um galho de coral. Algumas vezes representam-nas metade mulheres, metade peixes.

O único relato onde elas prejudicam os mortais consta do mito de Andrômeda. Segundo o mito, elas exigiram o sacrifício de Andrômeda como punição pelo fato de Cassiopeia, mãe da jovem, ter alegado ser mais bela que as Nereidas.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Náiades

Náiades são ninfas aquáticas com o dom da cura e da profecia e com certos controles sobre a água. Assemelhavam-se às sereias e, com a voz igualmente bela, elas viviam em fontes e nascentes ou até cachoeiras; deixavam beber dessa água, mas não se banhar delas, e puniam os infratores com amnésia, doenças e até com a morte. 

Homero, na Ilíada, dá-lhes como pai a Zeus, mas outros consideram-nas filhas de Oceano ou do deuses-rio onde residem. As filhas do deus-rio Asopo, por exemplo, são náiades. 

Eram belas; tinham pele clara um pouco bronzeada ou até azulada e olhos azuis e marrons escuros. 

As Náiades se dividem em cinco tipos diferentes: 

- Crinéias: Náiades que habitam fontes; 
- Limneidas (ou Limnátides): Náiades que habitam os lagos; 
- Pegéias: Náiades que habitam nascentes; 
- Potâmides: Náiades que habitam os rios; 
- Eleionomae: Náiades que habitam os pântanos.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Hipocampo

O Hipocampo é uma criatura mitológica partilhada pela mitologia Fenícia e Grega. Tem tipicamente sido descrito como cavalo na parte anterior do seu corpo como peixe na parte posterior como a cauda de um peixe escamoso, como um cavalo-marinho.

Na mitologia grega, o hipocampo servia de companhia e montaria às nereidas e de animal de tração ao carro de Poseidon. 

Criados por Poseidon a partir da espuma do mar, são animais com caudas de peixe brilhantes, semelhantes ao arco-íris, e a parte frontal de seus corpos são de corcel branco. Os hipocampos são as montarias do exército de Poseidon. Homero associa Poseidon, que era o deus dos cavalos, tremores na terra e no mar, causados pelos cascos de bronze dos cavalos sobre a superfície do mar, e Apolónio de Rodes, sendo conscientemente arcaico em Argonautica, descreve o cavalo de Poseidon que emerge do mar e galopando para longe do outro lado das areias líbias. Em imagens helenísticas e romanas, no entanto, Poseidon muitas vezes leva uma carruagem marítima puxada por hipocampos. Assim, hipocampos são associados com esse deus em ambas as representações antigas e as mais modernas, como nas águas do século 18 na Fonte de Trevi em Roma.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Hespérides

As Hespérides, na mitologia grega, são primitivas deusas primaveris que representavam o espírito fertilizador da natureza, donas do jardim das Hespérides, situado no extremo ocidental do mundo.

A rigor, o termo Hespérides designa dois grupos distintos de divindades, que com frequência são confundidos. O primeiro, e mais antigo, é o das três deusas Hespérides, que personificam a luz da tarde e o ciclo do entardecer. Segundo Hesíodo, são filhas de Nix (a noite) e Érebo (a escuridão). Há, no entanto, outras versões para a sua ascendência. Uma delas as dá como filhas de Éter (luz celeste) e Hemera (luz do dia).

O outro grupo é o das sete ninfas Hespérides, ou ninfas do poente, cuja origem é também controversa. Segundo a versão mais corrente, são filhas do titã Atlas com a deusa Héspera. Também são descritas como filhas de Zeus e Têmis ou de Fórcis e Ceto.

As deusas

Egle, Erítia e Héspera
As deusas Hespérides passeiam pelos céus, encarregando-se de iluminar todo o mundo com a luz da tarde. Desta forma, fazem parte do ciclo do dia: Hemera traz o dia, as Hespérides trazem o entardecer e Nix fecha o ciclo com a noite

As Hespérides possuem atributos semelhantes aos das Horas (que presidem as estações do ano) e também das Graças. Junto de Hemera (o Dia), compunham o séquito de Hélio (o Sol), de Eos (a Aurora) e de Selene (a Lua), iluminavam o palco e mostravam a dança das Horas, de quem se tornaram companheiras.

Como às Graças, as Hespérides cantavam em coro, com voz maravilhosa, junto às nascentes sussurrantes que exalam ambrósia e costumavam ocultar-se através de súbitas metamorfoses.


As três deusas Hespérides são:
Egle - "a radiante" - deusa da luz avermelhada da tarde
Erítia - "a esplendorosa" - deusa do esplendor da tarde
Héspera - "a crepuscular" - deusa do crepúsculo vespertino.

As ninfas

As ninfas Hespérides, também chamadas de ninfas do poente, habitavam o extremo Ocidente, não longe da ilha dos bem-aventurados, nas margens do oceano. Tinham o dom da profecia e da metamorfose. Eram belas, jubilosas e simbolizavam a fertilidade do solo. Moravam em um belo palácio localizado à frente do jardim das árvores dos pomos de ouro. À medida que o mundo ocidental foi sendo mais bem conhecido, precisou-se a localização do país da Hespérides como junto ao monte Atlas.

A paternidade destas ninfas é muito controversa. Uma versão diz que elas são filhas de Zeus e Têmis, outra, que descendem de Fórcis e Ceto. A interpretação evemerista diz que Héspero, o astro da tarde, teria tido uma filha chamada Hespéride, que junto de Atlas, seu tio, deu à luz as ninfas Hespérides.

Segundo Evêmero as ninfas Hespérides são sete donzelas:
Aretusa - Hespéria - Hespéris - Egéria - Clete - Ciparissa - Cinosura 

As ninfas possuíam o dom de controlar a vontade de feras selvagens e eram consideradas guardiãs da ordem natural, das fronteiras entre o dia e a noite, dos tesouros dos deuses, e também das fronteiras entre os três mundos (a Terra, o paraíso e o mundo subterrâneo).

O jardim das Hespérides

O Jardim das Hespérides
O jardim das Hespérides era considerado o mais belo de toda a Antiguidade. Quando Hera se casou com Zeus, recebeu de Gaia como presente de núpcias, algumas maçãs de ouro. Hera as achou tão belas que as fez plantar em seu jardim, no extremo Ocidente.

O jardim das Hespérides era conhecido como jardim dos imortais, pois continha um pomar que abrigava árvores mágicas de onde nasciam os pomos de ouro, considerados fontes de juventude eterna.

Para chegar até o jardim havia muitos obstáculos, tais como a gruta das Greias e a gruta das Górgonas. O próprio jardim era povoado de monstros que o protegiam, tais como um terrível dragão, filho de Fórcis e Ceto, e também Ladão, o dragão de 100 cabeças filho de Tifão e Equidna.

Plínioe Solino relatam apenas dois heróis que encontraram os jardins das Hespérides: Perseu quando fora enfrentar Medusa; e Héracles em um dos seus doze famosos trabalhos.

Do jardim das Hespérides saiu também o famoso "pomo da discórdia", pelo qual Atena, Hera e Afrodite se submeteram ao julgamento de Páris.

domingo, 18 de setembro de 2011

Eco

Eco era uma bela jovem ninfa grega. Amava os bosques e os montes, onde muito se distraía. Era querida pela deusa Ártemis, a quem acompanhava em suas caçadas. Tinha, no entanto, um defeito: falava demais e sempre queria dar a última palavra em qualquer conversa ou discussão.

Em certa ocasião, Hera desconfiou, com razão, que seu marido Zeus se divertia com as ninfas. Enquanto as ninfas se escondiam de Hera, Eco tentou distraí-la com uma conversa e, no entanto, foi castigada: só seria capaz de falar repetindo o que os outros dissessem.

Eco e Narciso

Enquanto vagava em seu sofrimento, noutra parte havia um homem chamado Narciso. Era ele tão belo que mulheres e homens ao verem-no logo se apaixonavam. Mas Narciso, que parecia não ter coração, não correspondia a ninguém.

Certo dia, vagando Eco pelos bosques, encontrou o belo mancebo por quem, claro, caiu de amores. Como não podia falar-lhe, limitou-se a segui-lo, sem ser vista.

O jovem, porém, estando perdido no caminho, perguntou: "Tem alguém aqui?"

Ao que obteve apenas a resposta: "Aqui, aqui, aqui…".

Eco e Narciso
Narciso intimou a quem respondia para sair do esconderijo. Eco apareceu-lhe e, como não podia falar, usou as mãos para em gestos dizer do grande amor que lhe devotava. Narciso, chateado com a quantidade de pessoas a amarem-no, rejeitou também à bela ninfa. A pobre Eco, tomada de desgosto, rezou para que Afrodite lhe tirasse a vida. A deusa, entretanto, tanto gostou daquela voz, que deixou-a viver.

Segundo a narrativa de Ovídio, um rapaz apaixonou-se depois por Narciso e, desprezado, orou aos deuses por vingança, sendo atendido por Nêmesis - a deusa que arruína os orgulhosos - que decidiu fazer com que o belo moço sofresse daquele mesmo desprezo com que aos outros tratava: vê-lo cair de amores pela sua própria imagem, refletida no lago. Sem poder jamais ser correspondido pela imagem, morre de desgosto, indo para o País de Hades, a terra dos criminosos, onde passa a eternidade atormentado pela visão do próprio reflexo nas águas do rio Estige.

sábado, 17 de setembro de 2011

Cila

Cila é o nome de duas heroínas distintas da mitologia grega, que são às vezes confundidas. Uma delas, citada por Homero e por Ovídio, era uma bela ninfa que se transformou em um monstro marinho. A outra é uma princesa, filha de Niso, rei de Mégara. Virgílio é um dos autores que identificam as duas: ele menciona a filha de Niso como sendo idêntica à mulher que tem monstros saindo dos quadris.

Glauco e Seu Amor Não Correspondido

Segundo o poeta romano Ovídio, Glauco era um humano que as divindades aquáticas resolveram transformar em uma criatura do mar, com uma barba verde-acinzentada, largos ombros, braços azulados, pernas curvadas com nadadeiras na extremidade. Ele se apaixonou pela ninfa Cila, que apavorada com sua aparição, põe-se a fugir, pelas águas, pelas rochas, pelas cavernas submarinas. Mas o amor do pobre Glauco era imenso e, desesperado, ele se lança em perseguição da bela ninfa, implorando, aos prantos, que lhe conceda um pouco de atenção. Impassível às suas súplicas, Cila continua sua fuga, escondendo-se num lugar tão inacessível que jamais Glauco conseguiria encontrá-la. 

Depois de inúteis buscas, Glauco é obrigado a reconhecer sua derrota. Apenas algum poder superior lhe facultaria conquistar o afeto da formosa ninfa. Abatido, torturado, Glauco dirige-se à ilha de Eeia, onde morava Circe, a feiticeira, e roga-lhe que o ajude a conquistar sua amada. Circe promete atendê-lo, mas acaba enamorando-se pelo deus marinho. Como Glauco a rejeita, agora é Circe quem põe-se a percorrer os mares, sem descanso atrás de seu amado. Como encantos de mulher revelam-se insuficientes, ela recorre a seus poderes de feiticeira, e decide transformar Cila em uma criatura tão horrenda e repulsiva que todo o amor de Glauco haveria de transformar-se em aversão. 

Sem ser vista, Circe derrama veneno nas águas de uma fonte onde a ninfa costumava banhar-se e retorna para a ilha de Ea onde aguarda pelos resultados. Quando Cila mergulha na água enfeitiçada seu belo corpo começa lentamente a transformar-se. Monstros horrendos surgem à sua volta, com ensurdecedor alarido. Aterrorizada, a ninfa procura afastá-los e fugir. Então descobre que os monstros são parte de si mesma, nascem de seu corpo. Desesperada corre ao encontro de Glauco e em seus braços chora longamente. Ele também lamenta a beleza perdida, mas recusa-se a permanecer com a antiga ninfa, pois o grande amor não existe mais.

Cila retira-se para longe e vai viver no estreito de Messina, entre a Sicília e a Itália, aterrorizando os mortais que antes a cortejavam, deslumbrados com sua extraordinária beleza. Na ilha de Ea, Circe inutilmente espera o retorno de Glauco. Revoltado com sua traição e crueldade, Glauco jamais quis visitá-la, passando toda a existência cultivando a lembrança de uma ninfa bela e doce, que um dia se perdeu nos feitiços do ciúme.

O aterrorizante monstro marinho em que Cila se transformou tinha o torso de uma bela mulher mas, em volta da cintura, possuía seis cabeças de serpente com três fileiras de dentes e um círculo de doze cães ladradores. Os cães a alertavam quando um navio estava passando, de forma que ela pudesse capturar os navegantes.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sirinx

Havia uma certa ninfa, cujo nome era Sirinx, muito querida pelos sátiros e pelos espíritos dos bosques; ela, porém, não se entregava a nenhum, sendo fiel cultuadora de Ártemis, e dedicava-se à caça. Quem a visse em suas vestes de caça a teria tomado pela própria Ártemis; a única diferença é que seu arco era de chifre e o da deusa, de prata. 

Certo dia, quando ela voltava da caça, Pã encontrou-a disse-lhe isto e muito mais. A ninfa correu, sem parar para ouvir as lisonjas, e ele a perseguiu, até as margens do rio, onde a agarrou, dando-lhe apenas tempo de gritar pedindo a ajuda de suas companheiras, as ninfas da água. Estas ouviram e acenderam ao pedido. Pã abraçou o que acreditava ser o corpo de uma ninfa e na verdade era apenas um feixe de juncos!

Como desse um suspiro, o ar, atravessando os juncos, produziu uma melodia melancólica. Encantado com a novidade e com a doçura da música, o deus exclamou: "Assim, pelo menos, serás minha."

Tomou alguns juncos, de tamanhos desiguais, colocou-os lado a lado, e assim construiu o instrumento que chamou de Sirinx, em homenagem à ninfa. 

domingo, 11 de setembro de 2011

Sátiros e Faunos

Sátiros, na mitologia grega, era um ser da natureza com o corpo metade humano e metade de bode. Equivale ao fauno da mitologia romana. Normalmente eram-lhes consagrados o pinho e a oliveira e apesar de serem divinos, não eram imortais.

Na mitologia dos povos gregos, os sátiros são divindades menores da natureza com o aspecto de homens com cauda e orelhas de asno ou cabrito, pequenos chifres na testa, narizes achatados, lábios grossos, barbas longas.

Viviam nos campos e bosques e tinham freqüentes relações sexuais com as ninfas (principalmente as Mênades, que a eles se juntavam no cortejo de Dionísio).

Já os faunos eram gênios dos bosques da mitologia latina, representados como bodes da cintura para baixo e humanos da cintura para cima, mas dotados de chifres de bodes. Eram considerados descendentes do deus Fauno e de sua esposa Fauna ou Bona Dea. O pinheiro e a oliveira selvagem lhes eram consagrados e eles presidiam aos trabalhos dos campos.

Faunos e sátiros tinham originalmente características bem diferentes, mas a arte romana e a arte clássica da Europa moderna trataram os dois termos como sinônimos e misturaram seus traços. Os sátiros tinham aspecto mais humanos, salvo pela cauda e orelhas de asno, mas eram lascivos e bêbados. Os faunos tinham aspectos mais animalescos, mas costumavam ter comportamento mais digno. Entretanto, podiam ser selvagens às vezes, especialmente quando embriagados. Nesse aspecto eles se assemelham aos sátiros que também seriam dominados pelo seu lado animal quando embriagados. Entre as ninfas, eles podem ser percebidos como homens (quando na forma humana) desengonçados e atrapalhados.

sábado, 10 de setembro de 2011

Hades - Mundo Inferior

O Hades, é a terra dos mortos da mitologia grega, governada pelo deus homônimo. Situado no mundo inferior, em baixo da superfície terrestre, é conhecido também como casa ou domínio de Hades e é o lugar para onde vão as almas das pessoas mortas (sejam elas boas ou más), guiadas por Hermes, o emissário dos deuses, para lá tornarem-se sombras. É governado por Hades, usa-se seu nome freqüentemente para designar seu mundo.

Os deuses olímpicos saíram vitoriosos da batalha travada contra os Titãs, e Zeus, Poseidon e Hades partilharam entre si o universo; Zeus ficou com os céus e as terras, Poseidon ficou com os oceanos e Hades ficou com o mundo dos mortos. Do mundo inferior, os titãs pediram socorro à Érebo, ao que Zeus respondeu lançando Érebo para lá também, onde se tornou a noite eterna do Hades (Érebo pode ser também outra designação do mundo inferior).

Inicialmente, acreditava-se que o Hades ficava para oeste, para lá do horizonte onde começava o rio Oceano, que dava a volta ao mundo. Posteriormente, o escritor romano Virgílio diz que sua entrada seria perto do Vesúvio, uma região vulcânica que sofre tremores e desprende um cheiro terrível vindo das profundezas. As almas mortas têm primeiro de passar por vários deuses maléficos e monstros. Independente de por onde entrarem os mortos poderiam sempre confiar em Hermes para indicar-lhes o caminho.

Caronte e o rio Aqueronte

Caronte 
Antes de chegar ao Hades, os mortos pegam a balsa de Caronte para atravessar o rio Aqueronte (das dores). Caronte transporta os heróis, as crianças, os ricos e os pobres para o Hades propriamente dito. Caronte cobra moedas para fazer a passagem. Era costume grego colocar uma moeda, chamada óbolo, sob os olhos do cadáver, para pagar Caronte pela viagem. Se a alma não pudesse pagar, ficaria forçadamente na margem do Aqueronte para toda a eternidade, e os gregos temiam que pudesse regressar para perturbar os vivos.

Hades ordenou-lhe que não transportasse vivos, fossem quais fossem as razões para atravessar o rio, ameaçando-o com um pesado castigo, mas alguns, com muita habilidade, conseguiam enganar Caronte ou convencê-lo a abrir uma exceção.

Cérbero

Cérbero
Em algumas versões, em vez do rio Aqueronte aqui estaria o rio Estige, entretanto se considerarmos que o Estige é o rio da imortalidade, é mais provável sua localização nos Campos Elísios.

Na outra margem do Aqueronte ficaria Cérbero, o cão de guarda de três cabeças do Hades. Era muito dócil e gentil com as almas que chegavam, mas demonstrava sua face violenta caso elas tentassem fugir.

Heróis no Submundo

Mesmo com Cérbero e Caronte guardando a entrada para o Hades, vários heróis conseguiram ir e vir do Submundo, como Odisseu (quando foi pedir ajuda ao adivinho Tirésias sobre o seu retorno a Ítaca), Hércules (quando foi capturar o cão de três cabeças como parte de um dos seus 12 trabalhos), Orfeu (ao tentar reaver seu amor Eurídice), Teseu (foi junto de Pirítoo tentar raptar Perséfone) e Eneias (que junto de Sibila desceu ao mundo dos mortos)

Os juízes do Inferno

No Mundo inferior as almas eram julgadas por três juízes, com responsabilidades específicas: Minos, tinha o voto decisivo, Éaco, julgava as almas européias e Radamanto, julgava as almas asiáticas. Nem mesmo Hades interferia no julgamento deles, a não ser em raras ocasiões.

Quando um morto caía no Tártaro parece que ele recebia uma punição específica, como Sísifo que foi condenado a rolar uma pedra com suas mãos até o alto de uma montanha, e toda vez que estava alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida.

Os juízes não são deuses e sim mortos que devido à sua forte personalidade e seu senso de justiça tornaram-se juízes. Em algumas versões Hades seria o presidente do tribunal dos mortos.

O Tártaro

O Tártaro é semelhante ao inferno da mitologia cristã, para onde vão as almas malignas. Em outra versão, Tártaro é exclusivamente onde estão aprisionados os titãs, vigiados pelos três Hecatônquiros: Coto, Briareu e Giges.

Sendo que os mortos caem simplesmente no mundo inferior, em algumas versões ele possuía um largo portão de bronze que era fechado por dentro, abrindo-se apenas para dar entrada a mais uma sombra, cercado por muralhas triplas que rodeavam os condenados, e não consta que nenhum conseguisse escapar. Nele trabalhava Hécate, as Harpias (Aelo, Ocípite e Celeno), as Górgonas (Medusa, Esteno, e Euríale). Interessante observar que as harpias e as górgonas já morreram e agora servem a Hades. As Erínias, deusas da vingança (Tisífone, Megaira e Alecto), ficariam parte do tempo punindo os mortos no Tártaro e outro punindo os vivos na Terra. Também trabalhariam no Tártaro as Queres, deusas da morte violenta (existem várias Queres, algumas são Híbride, Limos e Poinê), apesar de em algumas versões as Queres trabalharem ao lado de Tânato (enquanto Tânato representa a morte tranquila, as Queres representam a morte cruel, antes da hora), e em outras trabalham com Ares, deus da guerra.

No Tártaro correria o rio Cócito (das lamentações), Flegetonte (do fogo) e Erídano.

Os Campos Elísios 

É o paraíso, onde estão as almas dos heróis, santos, poetas e etc. Hades também era ajudado por dois deuses que ficavam nos Campos Elísios, Tânatos, o deus da morte e Hipnos, o deus do sono.

Aqui correria o rio Estige (da imortalidade), que aparece em várias lendas e uma delas é quando a nereida Tétis tentou tornar Aquiles imortal mergulhando-o neste rio, porém, ao mergulhá-lo, segurou-o por um dos calcanhares (daí a expressão "calcanhar de Aquiles" significando ponto vulnerável), assim, esta parte ficou vulnerável, podendo levá-lo à morte.

Aqui brilhava o sol e havia cascatas de vinho, mas independentemente de quanto se bebesse, ninguém ficava embriagado. Segundo algumas versões seus habitantes ficavam aqui 1000 anos até apagar-se tudo de terreno neles, depois disto esqueciam toda a sua vida (provavelmente bebendo do rio Lete) e reencarnavam ou realizavam metempsicose - reencarnar em animais. Os mortos dos campos elísios podem voltar à Terra, mas como sua nova vida é tão boa, raramente o fazem, mesmo por pouco tempo.

Hades moraria num palácio nos campos elísios com sua esposa Perséfone, circundado por um bosque de álamos e salgueiros estéreis. O solo era recoberto de "asfódelo", planta das ruínas e dos cemitérios. Lá havia um vale por onde corria o rio Lete e onde as almas dos que iam voltar a Terra esperavam por um corpo, no momento devido. Em algumas versões o palácio de Hades ficava junto ao tribunal de julgamento. 

Campo

É uma região de nevoeiros e de árvores assustadoras. Aqui está a Planície dos Narcisos, mais além estão os campos verdes do Érebo, em algumas versões aqui está o Rio Lete (apesar de ser mais aceito ele nos Campos Elísios). Aqui estão os mortos menos afortunados. Não sofriam tormentos especiais a não ser a tristeza, muitos fugiriam se pudessem.

Rios do Mundo Inferior

- Rio Aqueronte: das dores.
- Rio Estige: da imortalidade.
- Rio Lete: do esquecimento.
- Rio Cócito: das lamentaçõe.
- Rio Flegetonte: do fogo. 
- Rio Erídano: 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Moiras - ou Parcas

As MoirasParcas, como são conhecidas pelos romanos, são três deusas: Cloto (Nona), Láquesis (Décima) e Átropos (Morta). Determinam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte, de maneira que nem Zeus pode contestar suas decisões. Cloto tece o fio da vida, Láquesis cuida de sua extensão e caminho, e Átropos corta o fio. São também designadas fates, daí o termo fatalidade.

As Tecelãs do Destino

Na mitologia criada pelos gregos, Nix, deusa da Noite, uma das divindades primordiais, gera entre outras criaturas as tecelãs do destino: Cloto, Láquesis e Átropos, damas sombrias representadas na literatura, especialmente na poesia clássica, como mulheres de aparência funesta, desempenhando o terrível compromisso de elaborar, tecer e interromper o fio da vida de todos os seres; e nas artes plásticas retratadas como belas donzelas. Estas irmãs detinham um poder incontestável, ditando o destino tanto dos deuses quanto dos mortais, não sendo questionadas nem mesmo por Zeus, pois qualquer interferência de sua parte influenciaria na ordem natural do Universo.

Consideradas as ‘Fiandeiras do Destino’, elas tecem o futuro do Homem e dos deuses em um tear especial, a Roda da Fortuna. Ao enrolar os fios da existência dos seres vivos neste instrumento, cada pessoa se encontrará na posição mais almejada, o alto da roda, ou em baixo, na esfera menos desejada, simbolizando os momentos de fortuna ou de má sorte. Nos momentos de necessidade, elas criaram Têmis, deusa responsável pela justiça; Nêmesis, encarregada da ética; e as Eríneas, que detinham o poder de punir os homens; elas cresceram assim como irmãs, educadas pelo Destino.

A Moira era compreendida inicialmente como uma unidade, sendo descrita na Ilíada como uma norma localizada acima de tudo e de todos. Na Odisséia ela já representa as fiandeiras, perdendo seu papel singular e conquistando um valor tríplice. As três irmãs, assim, assumem tarefas distintas. Clotho é a que tece, significando em grego ‘fiar’; ela detém o fuso, manipula-o e estimula o fio da vida a iniciar sua trajetória.

Lachesis avalia os compromissos, as provas e as dores que caberão a cada ser, distribuindo assim entre os homens seus respectivos destinos; ela também sorteava quem partiria para o reino da Morte, denotando no idioma grego ‘sortear’; e Átropos, que tem sob sua égide o poder de romper o fio da vida com sua tesoura encantada; na Grécia seu nome tinha o sentido de ‘não voltar’. As Moiras estão ligadas às etapas essenciais da existência – o início e o final da vida; nascimento e morte; e o casamento.

Entre os romanos elas são conhecidas como Parcas, sendo batizadas de Nona, Décima e Morta, basicamente com as mesmas antigas atribuições, mas agora regendo apenas os mortais. O Destino continua a ser feminino, ligado a momentos próprios da mulher, como o parto, o matrimônio e a morte, a qual também sela o futuro da natureza masculina.

Aos poucos o símbolo da Moira foi novamente ganhando um aspecto singular, simbolizando os mistérios do Destino, e muitas vezes ligada à imagem da Fortuna. Hoje ela conserva seu papel de protetora dos partos, e entre alguns é vista ainda em sua essência tríplice, como três velhinhas irlandesas.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Erínias - ou Fúrias

Orestes sendo atormentado
pelas Erínias
As Erínias (Fúrias para os romanos) eram personificações da vingança, semelhantes a Nêmesis. Enquanto Nêmesis (deusa da vingança) punia os deuses, as Erínias puniam os mortais. Eram Tisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Inominável). 

Viviam nas profundezas do tártaro, onde torturavam as almas pecadoras julgadas por Hades e Perséfone. Nasceram das gotas do sangue que caíram sobre Gaia quando o deus Urano foi castrado por Cronos. Pavorosas, possuíam asas de morcego e cabelo de serpente. 

As Erínias, deusas encarregadas de castigar os crimes, especialmente os delitos de sangue, são também chamadas Eumênides, que em grego significa as bondosas ou as Benevolentes, eufemismo usado para evitar pronunciar o seu verdadeiro nome, por medo de atrair sobre si a sua cólera.  

Versão de Ésquino

Segundo a sua versão, as Erínias são filhas da deusa Nix, da noite. Supunha-se elas serem muitas, mas na peça de Ésquilo elas são apenas três, que encarregavam-se da vingança e habitam, segundo as versões, o Érebo ou o Tártaro, o inframundo, onde descansam até que são de novo reclamadas na Terra. Os seus nomes são: 

Alecto (a implacável): eternamente encolerizada. Encarrega-se de castigar os delitos morais como a ira, a cólera, a soberba, etc. Tem um papel muito similar ao da deusa Nêmesis, com diferença de que esta se ocupa do referente aos deuses, Alecto tem uma dimensão mais "terrena". Alecto é a Erínia que espalha pestes e maldições. Seguia o infractor sem parar, ameaçando-o com fachos acesos, não o deixando dormir em paz. 

Megaira, que personifica o rancor, a inveja, a cobiça e o ciúme. Castiga principalmente os delitos contra o matrimônio, em especial a infidelidade. É a Erínia que persegue com a maior sanha, fazendo a vítima fugir eternamente.Terceira das fúrias de Ésquilo, grita ininterruptamente nos ouvidos do criminoso, lembrando-lhe das faltas que cometera. 

Tisífone, a vingadora dos assassinatos (patricídio, fratricídio, homicídio…). É a Erínia que açoita os culpados e enlouquece-os. 

As Erínias são divindades ctónicas presentes desde as origens do mundo, e apesar de terem poder sobre os deuses, não estando submetidas à autoridade de Zeus, vivem às margens do Olimpo, graças à rejeição natural que os deuses sentem por elas (e é com pesar que as toleram, pois devem fazê-lo). Por outro lado, os homens têm-lhe pânico, e fogem delas. Esta marginalidade e a sua necessidade de reconhecimento são o que, segundo conta Ésquilo, as Erínias acabam aceitando o veredicto de Atena, passando mesmo por cima da sua inesgotável sede de vingança. 

Eram forças primitivas da natureza que atuavam como vingadoras do crime, reclamando com insistência o sangue parental derramado, só se satisfazendo com a morte violenta do homicida. 

Porém, posto que o castigo final dos crimes é um poder que não corresponde aos homens (por mais horríveis que sejam), estas três irmãs se encarregavam do castigo dos criminosos, perseguindo-os incansavelmente até mesmo no mundo dos mortos, pois seu campo de ação não tem limites. As Erínias são convocadas pela maldição lançada por alguém que clama vingança. São deusas justas, porém implacáveis, e não se deixam abrandar por sacrifícios nem suplícios de nenhum tipo. Não levam em conta atenuantes e castigam toda ofensa contra a sociedade e a natureza, como por exemplo, o perjúrio, a violação dos rituais de hospitalidade e, sobretudo, os assassinatos e crimes contra a família. 

As Erínias são representadas normalmente como mulheres aladas de aspecto terrível, com olhos que escorrem sangue no lugar de lágrimas e madeixas trançadas de serpentes, estando muitas vezes acompanhadas por muitos destes animais. Aparecem sempre empunhando chicotes e tochas acesas, correndo atrás dos infratores dos preceitos morais. 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Gorgonas

Medusa: uma das três
górgonas
A Górgona é uma criatura da mitologia grega, representada como um monstro feroz, de aspecto feminino, e com grandes presas. Tinha o poder de transformar todos que olhassem para ela em pedra, o que fazia que, muitas vezes, imagens suas fossem utilizadas como uma forma de amuleto. A górgona também vestia um cinto de serpentes entrelaçadas.

Na mitologia grega tardia, diziam-se que existiam três górgonas: as três filhas de Fórcis e Ceto. Seus nomes eram Medusa, "a impetuosa", Esteno, "a que oprime" e Euríale, "a que está ao largo". Como a mãe, as górgonas eram extremamente belas e seus cabelos eram invejáveis; todavia, eram desregradas e sem escrúpulos. Isso causou a irritação dos demais deuses, principalmente de Atena, a deusa da sabedoria, que admirou-se de ver que a beleza das górgonas as fazia exatamente idênticas a ela.

Atena então, para não permitir que deusas iguais a ela mostrassem um comportamento maligno, tão diferente do seu, deformou-lhes a aparência, determinada a diferenciar-se. Atena transformou os belos cachos das irmãs em ninhos de serpentes letais e violentas, que picavam suas faces. Transformou seus belos dentes em presas de javalis, e fez com que seus pés e mãos macias se tornassem em bronze frio e pesado. Cobrindo suas peles com escamas douradas e para terminar, Atena condenou-as a transformar em pedra tudo aquilo que pudesse contemplar seus olhos. Assim, o belo olhar das górgonas se transformou em algo perigoso.

Envergonhadas e desesperadas por seu infortúnio, as górgonas fugiram para o Ocidente, e se esconderem na Ciméria, conhecido como "o país da noite eterna".

Medusa e Poseidon

Mesmo monstruosa, Medusa foi assediada por Poseidon, que amava Atena. Para vingar-se, Medusa cedeu e Poseidon desposou-a. Após isso, Poseidon fez com que Atena soubesse que ele tivera aquela que era sua semelhante. Atena sentiu-se tão ultrajada que tomou de Medusa sua imortalidade, fazendo-a a única mortal entre as górgonas. Em outras versões, Atena amaldiçoou as górgonas justamente porque quando Medusa ainda era bela, ela e Poseidon se uniram em um templo de Atena, a deusa ficou ultrajada e as amaldiçoou.

Perseu com a cabeça de Medusa
Mais tarde, Perseu, filho de Zeus e da princesa Dânae, contou com a ajuda de Atena para encontrar Medusa e cortar a sua cabeça, com a qual realizou prodígios. Pois mesmo depois de morta, a cabeça continuava viva e aquele que a olhasse nos olhos se tornava pedra. Medusa deu à luz dois filhos de Poseidon, Pégaso e Crisaor, ao qual nasceram logo após Perseu decapitar sua cabeça. 

Perseu voou então para Sérifo, onde sua mãe estava prestes a ser forçada a se casar com o rei Polidetes, que foi transformado em pedra ao olhar para a cabeça da Medusa. Perseu deu então a cabeça da Górgona para Atena, que a colocou em seu escudo, o Aegis.