terça-feira, 14 de maio de 2013

Guerra dos Trinta Anos - Part I

A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) é a denominação genérica de uma série de guerras que diversas nações europeias travaram entre si a partir de 1618, especialmente na Alemanha, por motivos variados: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. 

As rivalidades entre católicos e protestantes e assuntos constitucionais germânicos foram gradualmente transformados numa luta europeia. Apesar de os conflitos religiosos serem a causa direta da guerra, ela envolveu um grande esforço político da Suécia e da França para procurar diminuir a força da dinastia dos Habsburgos, que governavam a Áustria. As hostilidades causaram sérios problemas econômicos e demográficos na Europa Central e tiveram fim com a assinatura, em 1648, de alguns tratados que, em bloco, são chamados de Paz de Vestfália.

Sacro Império Romano Germânico

O Sacro Império Romano Germânico começou como uma tentativa medieval para unir novamente a cristandade, mas no início da Era Moderna ele era apenas uma colcha de retalhos de pequenos países, todos eles reunidos num conjunto nominal. No início, o chamado império compreendia diversas terras por toda a Europa central que falavam tcheco, holandês, francês, alemão e italiano, mas já pelo século XVII suas bordas estavam desgastadas, e o império compreendia principalmente a Alemanha. Na teoria, todos os pequenos reis, duques, bispos e condes da Alemanha prestavam vassalagem ao imperador, mas, na prática, esse laço era muito frouxo.

Guerra Santa: ou Católica ou Luterana

A Guerra dos trinta Anos não foi a primeira guerra santa a devastar a Alemanha depois da Reforma. Na primeira onda de luterismo, muitos príncipes alemães haviam se apoderado de todos os estados livres de impostos que a Igreja acumulara durante seus séculos de privilégios. Frequentes revoltas de camponeses anabatistas também varriam a região, para sempre sufocadas brutalmente pelas autoridades de ambas as religiões. Finalmente, uma guerra de grandes proporções terminou em 1555, com o Tratado de Augsburg, que estabeleceu um novo equilíbrio, permitindo aos príncipes alemães escolher que religião queriam, desde que fosse ou católica ou luterana.

Calvinismo Entra em Cena

O equilíbrio manteve-se enquanto os credos predominantes restringiam-se à religião católica e luterana, mas o advento do calvinismo complicaria o cenário. Considerada uma força renovadora, a nova linha religiosa conquistou diversos soberanos. Os jesuítas e a Contra-Reforma, por outro lado, contribuíram para que o catolicismo recuperasse forças. Assim nasceu o projeto expansionista dos Habsburgos, idealizado por Fernando, duque de Estíria, que fora educado pelos jesuítas. O perigo ameaçava tanto as potências protestantes no Norte como a vizinha França.

Fernando, de Habsburgo

Fernando II,
rei da Boêmia
Por tradição, o Sacro império Romano Germânico era governado por um Habsburgo, uma família com raízes na Áustria, com casamentos e propriedades que se espalhavam por toda a Europa. Quando o velho imperador se aproximou do fim da vida sem ter filhos, a família começou a se movimentar visando a sucessão. Por fim, intrigas palacianas apontaram para o arquiduque Fernando, de Estíria, como o herdeiro do imperador. Pouco a pouco as terras dos Habsburgo foram transferidas para o controle de Fernando. Enquanto o velho imperador fora forçado a aceitar acordo com os protestantes sob seu domínio, Fernando fora educado por jesuítas, e adotou uma linha dura no apoio ao catolicismo. Na Estíria, seu feudo natal, ele deu aos residentes a simples escolha de serem católicos ou ir embora. Um terço dos habitantes da região fugiu. Enquanto ia pondo mais terras dos Habsburgo sob seu controle, o duque insistia que seus novos súditos se conformassem com a nova orientação, em partes cada vez maiores do império.

A Defenestração de Praga: Fernando Versus Frederico

Frederico V,
eleitor palatino
Embora a tradição desse o império aos Habsburgo, a lei punha a escolha oficial do imperador do Sacro Império Romano Germânico nas mãos de sete eleitores. Três deles eram arcebispos, que naturalmente apoiavam os Habsburgo católicos. Os outros quatro votos pertenciam a governantes seculares de pequenos países dentro do império: Brandemburgo, Saxônia, o Palatinado e Boêmia. os três primeiros haviam se convertido ao protestantismo, e talvez preferissem um imperador protestante, o qual protegeria seus interesse. O voto restante pertencia ao rei da Boêmia (atual República Checa), tradicionalmente católico, um cargo que se tornara uma herança que vinha passando de mão em mão na casa dos Habsburgo. Como você pode ver, os católicos estavam com uma ligeira vantagem, com 4 votos a 3.

Embora os Habsburgo fossem católicos, a população em geral da Boêmia havia se tornado calvinista. A Boêmia, como o próprio império, era uma monarquia que elegia seu governante, mas, quando a nobreza do país se reuniu em Praga para endossar sem discussão o novo Habsburgo como imperador, os habitantes da cidade começaram a imaginar se talvez um protestante não seria uma escolha melhor. 


A Defenestração de Praga
Eles tentaram obter a renovação da garantia de liberdade religiosa por parte de Fernando, mas, no dia 23 de maio de 1618, as negociações foram interrompidas, de maneira trágica. Os boêmios atiraram os representantes dos Habsburgo pela janela, sobre um monte de esterco, e escolheram Frederico, o eleitor calvinista do Palatinado, para ser o imperador. De um só golpe, a casa dos Habsburgo perdera seu único eleitoral, e o conde Frederico, do Palatinado, tinha agora dois votos seus, próprios, mais o apoio de outros dois eleitores protestantes, o que constituía a maioria.

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