quinta-feira, 9 de maio de 2013

Guerra dos Sete Anos

A Guerra dos Sete Anos foram conflitos internacionais que ocorreram entre 1756 e 1763, durante o reinado de Luís XV, entre a França, a Áustria e seus aliados (Saxônia, Rússia, Suécia e Espanha), de um lado, e a Inglaterra, Portugal, a Prússia e Hanôver, de outro. 

Vários fatores desencadearam a guerra: a preocupação das potências européias com o crescente prestígio e poderio de Frederico II, o Grande, Rei da Prússia; as disputas entre a Áustria e a Prússia pela posse da Silésia, província oriental alemã, que passara ao domínio prussiano em 1742 durante a guerra de sucessão austríaca; e a disputa entre a Grã-Bretanha e a França pelo controle comercial e marítimo das colônias das Índias e da América do Norte. Também foi motivada pela disputa por territórios situados na África, Ásia e América do Norte.

A fase norte-americana foi denominada Guerra Franco-Indígena (ou Guerra Francesa e Indígena), e participaram a Inglaterra e suas colônias norte-americanas contra a França e seus aliados algonquinos. A fase asiática iniciou o domínio britânico nas Índias.

Foi o primeiro conflito a ter carácter mundial, e o seu resultado é muitas vezes apontado como o ponto fulcral que deu origem à inauguração da era moderna. A Guerra foi precedida por uma reformulação do sistema de alianças entre as principais potências europeias, a chamada Revolução Diplomática de 1756, e caracterizou-se pelas sucessivas derrotas francesas na Alemanha (Rossbach), no Canadá (queda de Québec e Montreal) e na Índia.

Junkers

Dispersos em fragmentos por toda a planície da Europa setentrional, o reino da Prússia não tinha fronteiras naturais. Havia a própria Prússia no Báltico oriental, Brandemburgo em volta de Berlim, a Pomerânia na costa do Báltico central e uns poucos pedaços de terra, como Kleve e Ravensberg, acima dos Países Baixos. Nações como essas tendem a ser esmagadas pelos exércitos que passam por elas para atacar países que lhes interessam. Somente criando um dos melhores exércitos do mundo poderia um país assim convencer generais saqueadores a respeitar sua neutralidade e passar ao largo.

O pai de Frederico, o Grande, Frederico Guilherme, conseguira isso com frugalidade pessoal. Em vez de construir palácios magníficos, custeou um exército. Em vez de empregados, tinha soldados. O restante da Europa considerava isso mais uma excentricidade do que uma política nacional, e ria em vez de se preocupar.

O fanatismo obstinado com que os prussianos construíram seu exército resultou na formação de soldados que eram superiores fosse qual fosse o adversário. Os prussianos não fraquejavam ou hesitavam. Seu treinamento e disciplina permitiam que disparassem cinco tiros para cada dois da infantaria austríaca.

Os exércitos prussianos dessa época continuaram evoluindo a partir dos grupos mercenários do século anterior. Estavam se tornando verdadeiros exércitos nacionais, formados de cidade em cidade pelo rufar dos tambores, que atraía enfastiados rapazes das fazendas para o recrutamento. Cada unidade era permanente aquartelada em um distrito, onde conseguia novos recrutas. Três quartos do exército prussiano eram realmente prussianos.

Esse efetivo certamente não representava o melhor que a Prússia tinha pra oferecer. As tropas regulares se formavam geralmente com a escória da sociedade. Pessoas úteis, como trabalhadores, lojistas e artesãos, eram importantes demais para a economia nacional para serem sacrificadas - criminosos, camponeses sem terra, adolescentes, vagabundos, bêbados. Como os aristocratas prussianos - os Junkers - não tinham coisa melhor para fazer, eram nomeados oficiais.

A plebe incapaz que formava as fileiras só podia ser controlada pela disciplina mais brutal. Chicotadas violentas constituíam a punição padrão para quase todas as transgressões, a não ser que alguma fosse bastante séria para requerer castigo pior. O exército prussiano estabelecera normas para dificultar a deserção - nenhum acampamento perto de florestas, nada de marcas noturnas, nenhuma pilhagem sem supervisão. A cavalaria patrulhava os limites da tropa, mais para manter os prussianos dentro do que para manter o inimigo fora.

Começa a Guerra

Depois de perder a Silésia na primeira guerra contra os fortíssimos prussianos, a rainha Maria Theresa da Áustria passou o período de paz seguinte cortejando todos os aliados de Frederico. Isso mostrou ser bastante fácil, já que nenhuma das outras grandes potências queria um novo ator dinâmico, como a Prússia, para substituir uma velha potência em declínio, como a Áustria. O maior sucesso de maria Theresa nessa revolução diplomática foi tornar-se amiga da França, inimiga mortal da Áustria havia mais de cem anos. A czarina Isabel da Rússia também concordou em fazer parte do grupo anti-Frederico.

Quando se tornou óbvio que a nova aliança estava pronta para atacar assim que o tempo aquecesse com a chegada da primavera de 1757, Frederico lançou um ataque preventivo em agosto de 1756 contra o que pensou ser o ponto de partida deles, o independente ducado da Saxônia. Infelizmente, a Saxônia não aderira oficialmente à coalizão contra a Prússia, de modo que Frederico invadira uma nação neutra sem aviso ou provocação. Isso tornou muito mais fácil para o restante da Europa declarar guerra a ele.

Como o novo alinhamento unia todos os católicos, Frederico tentou persuadir a Inglaterra e outros países da Europa setentrional a juntar-se a ele em solidadriedade protestante, o que foi reconhecido como uma manobra cínica. De acordo com um inglês da época, Frederico "gritava religião como o pessoal grita fogo quando quer ajudar". De qualquer maneira, para os ingleses não importava de que lado estavam, desde que os franceses estivessem do outro.

A Guerra dos Sete Anos foi um período precipitado e hiperativo que ziguezagueou pela Europa central, detonando todos os exércitos que se encontravam. A habilidade de Frederico para atacar em todas as direções e defender-se praticamente de toda a Europa durante sete anos sempre surpreendeu os historiadores militares, e suas táticas têm sido zelosamente estudadas e analisadas. Ele venceu batalhas importantes contra espantosas disparidades de forças e milagrosamente se recuperou de suas derrotas ocasionais; no entanto, o toque final que deu a vitória a Frederico foi mais um fator de sorte do que de habilidade.

Verdadeira Primeira Guerra Mundial

Tendo os europeu espalhado sua luta pelo mundo inteiro, alguns escritores - Winston Churchill, por exemplo - argumentaram que a Guerra dos Sete Anos merceia o crédito de ser a verdadeira primeira guerra mundial. 

Duas das maiores potências coloniais, França e Inglaterra, usaram a guerra europeia como uma desculpa para lutar entre si em outras partes. Na América do Norte, a França venceu as primeiras batalhas na região selvagem dos Apalaches, que separava seus assentamentos, mas, então um recém-chegado exército britânico capturou Quebec, o que colocou a Inglaterra no controle de todo o continente americano. Na Índia, os britânicos derrotaram decididamente o aliado local da França na Batalha de Plassey, o que lhes abriu caminho para dominar a totalidade do subcontinente.

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