sábado, 29 de junho de 2013

Abolicionismo

O abolicionismo foi um movimento político que visou à abolição da escravatura e do comércio de escravos. Desenvolveu-se durante o iluminismo do século XVIII e tornou-se uma das formas mais representativas de activismo político do século XIX até a actualidade. Teve, como antecedentes, o apoio de alguns Papas católicos.

Racismo: O "Nós" sempre foram melhor do que "eles". 

Durante a maior parte da história da humanidade os "nós" era uma pequena tribo, como os saxões, atenienses, venezianos, ou seja lá quem mais fossem, no grande mar dos "eles". Foi o comércio de escravos o principal responsável pela invenção do racismo, essa divisão da humanidade em grupos organizados apenas pela aparência física. Um ciclo de retroalimentação se desenvolveu; tanto africanos viviam como escravos no Novo Mundo que a escravidão parecia uma condição óbvia, natural, para os africanos. Uma vez que os europeus passaram a associar a pele escura com escravidão, toda pessoa com essa característica era, presumidamente, escrava, e, se não era, bem, então deveria ser.

Portugal

O primeiro-ministro reformista Marquês de Pombal aboliu a escravidão em Portugal e nas colônias da Índia a 12 de Fevereiro de 1761, pelo que Portugal é considerado pioneiro no abolicionismo. Contudo, nas colônias portuguesas da América e África continuou sendo permitida a escravidão e muitos negreiros continuavam a transportar ilegal e disfarçadamente escravos de África para o Brasil. Juntamente com a Grã-Bretanha, no começo do século XIX Portugal proibiu o comércio de escravos e em 1854 por decreto foram libertos todos os escravos do Estado nas colônias. Dois anos mais tarde, também foram libertos todos os escravos da Igreja nas colônias. A 25 de Fevereiro de 1869 produziu-se finalmente a abolição completa da escravidão no império português.

Reino Unido 

A Society for Effecting the Abolition of Slavery (Sociedade para efetuar a abolição da escravatura) foi fundada em 1789 por Thomas Clarkson. Nas suas apresentações informou da trata de escravos e as suas práticas e buscou o apoio do parlamento.

Depois de uma campanha do parlamentar William Wilberforce, em 25 de março de 1807 foi aprovado pelo Parlamento Britânico o Slave Trade Act ou Ato contra o Comércio de Escravos, que proibia o comercio de escravos em todo o Império Britânico. Entretanto, mais importante do que colocar novas leis nos livros, foi a iniciativa dos ingleses de engajar sua marinha no patrulhamento da costa da África, e na prisão de traficantes de escravos, como se fossem piratas, independentemente de sua nacionalidade.  

Por conta disso, o oceano Atlântico tornou-se palco de um constante jogo entre polícia e bandidos, e, como a maior parte das atividades ilegais, a escravização de africanos tornou-se ainda mais brutal. Para evitar serem capturados com escravos a bordo, alguns navios negreiros prendiam toda a sua carga numa única corrente comprida. Se avistassem um barco-patrulha, o primeiro escravo era lançado por sobre a amurada, e a corrente carregava todos os escravos para dentro do mar, um após o outro. 

Entre 1820 e 1870, a Marinha Britânica apreendeu quase 1.600 navios e libertou 150 mil escravos. A maioria era desembarcada em Freetown, Serra Leoa, porque era impossível levá-los de volta a suas pátrias, tão espalhadas pelo interior antiescravagista.

A 23 de Agosto de 1833, foi aprovada a Slavery Abolition Act (Ata de abolição da escravidão) pela qual desde 1 de Agosto de 1834 ficavam livres todos os escravos das colônias britânicas. Durante um período de transição de quatro anos permaneceriam, em troca de um soldo, ligados ainda com o seu amo. Os proprietários de plantações do Caribe foram indenizados com vinte milhões de livras esterlinas.

Haiti

Em 1791, os escravos da colônia francesa de Santo Domingo se rebelaram, enquanto a pátria-mãe voltava a atenção para a Revolução Francesa. Foram necessárias centenas de milhares de mortes e muitos anos, mas por fim eles firmaram o Haiti como segundo país independente do hemisfério ocidental.

França 

Após a Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, foi abolida a escravidão em 4 de Fevereiro de 1794 na Convenção Nacional. Contudo, Napoleão restabeleceu a escravidão a 20 Maio de 1802. A abolição definitiva chegou em 27 de Abril de 1848.

Revolução Industrial

Embora fosse moral, a força impulsionadora do abolicionismo não teria feito muito progresso se não fossem as mudanças econômicas. No começo da era moderna, tantos negócios necessitavam de escravos em algum ponto do processo que ninguém poderia abolir a escravidão sem perder muito dinheiro. Depois, no meio do século XVIII, as economias industriais emergentes começaram a produzir muito dinheiro sem usar escravos. Subitamente, a abolição da escravidão não levaria mais à falência tantas pessoas importantes, de modo que ficou muito mais fácil assumir uma postura moral.

Por que a Revolução Industrial fez terminar a escravidão? Não é que os escravos não pudessem realizar o trabalho. O problema real era que os escravos eram um investimento de longo prazo, que imobilizava o capital e se tornava mais arriscado quando a economia se tornava mais dinâmica. Com os mercados sempre flutuando, era mais fácil contratar e despedir mão de obra conforme fosse necessário, em vez de criar escravos desde que eram bebês, para empregos que poderiam já ter desaparecido quando aqueles bebês fossem grandes o bastante para trabalhar.

Apenas a produção agrícola era suficientemente estável, ano após ano, para tornar exequível adquirir uma força de trabalho anos antes que fosse utilizada. Além disso, as fazendas eram mais autossuficientes do que as cidade, tornando muito mais barato manter escravos ali. Alimentação, água, habitação e lenha era facilmente obtidas nas fazendas, de modo que, em épocas ruins, era possível ficar quieto e esperar que a economia melhorasse. Agora na cidade, o mais prático a fazer era pagar um salário aos trabalhadores e deixar a própria manutenção por conta deles próprios. 

Estados Unidos da América

O movimento abolicionista foi formado em 1830 nos estados do norte dos Estados Unidos, nos quais teve muita publicidade. Em 1831, foi fundada a New-England Anti-Slavery Society (Sociedade antiescravatura de Nova Inglaterra).

O movimento tinha as suas raízes no século XVIII, onde nascera visando a proibir a trata de escravos. A posse de escravos foi permitida até o final da Guerra de Secessão, particularmente nos estados do sul. A constituição tratava, em certos pontos, da escravatura, embora em nenhum ponto fosse usada esta palavra.

Todos os estados a norte de Maryland aboliram a escravidão entre 1789 e 1830, gradualmente e em diferentes momentos. Contudo, o seu status permaneceu inalterado no sul e os costumes e o pensamento público desenvolveram-se na defesa da escravidão como resposta ao crescente fortalecimento da atitude antiescravidão do norte. O ponto de vista contra a escravidão que mantinham muitos homens do norte após 1830 foi levando lenta e imperceptivelmente para o movimento abolicionista. A maioria dos estados do norte não aceitavam as posições extremas dos abolicionistas. Abraham Lincoln, apesar de ser contrário à escravidão, também não aceitava o abolicionismo.

O abolicionismo como princípio era um pouco mais que um mero desejo de ampliar as restrições à escravatura. A maioria dos nortistas aceitavam a existência da escravidão, não tinham como objetivo mudar isso, mas favorecer uma política de libertação indenizada e gradual. Os abolicionistas, por outro lado, queriam terminar com a escravidão para sempre e o movimento caracterizou-se pelo apoio da aplicação da violência para precipitar o fim, como mostram as atividades de John Brown.

Muitos abolicionistas americanos desempenharam um papel ativo contra da escravidão no Underground railroad, que, visava a ajudar os escravos fugitivos apesar das grandes penas que isto podia acarretar segundo a lei federal que entrou em vigor em 1850.

Mediante a Declaração de Emancipação (promulgada pelo presidente Abraham Lincoln, na que foi declarada a liberdade de todos os escravos em 1863 e entrou em efeito pela primeira vez no final da Guerra Civil 1865) os abolicionistas americanos obtiveram a libertação dos escravos nos estados que continuava havendo escravidão. O movimento abolicionista abonou o campo para o movimento para os direitos civis norte-americano.

Cuba

Em Cuba, a escravidão não foi proibida senão depois da sua primeira e malsucedida guerra pela Independência, a Guerra dos Dez Anos. Quando a insurreição foi sufocada, em 1878, já um número muito grande de escravos havia fugido para que pudessem ser recapturados, de modo que o governo espanhol decidiu não discutir com escravos que possuíssem armas. Em termos técnicos, o tratado de paz concedia a liberdade a qualquer escravo que houvesse lutado em qualquer um dos dois lados na guerra, em outras palavras, àqueles que possuíssem armas. O restante foi emancipado oito anos mais tarde.

Brasil 

Em 1888, mais de um século depois do início do movimento abolicionista, o Brasil tornou-se a última nação ocidental a abolir a escravidão, durante uma revolta política que incluiu a derrubada da monarquia. A Lei Áurea foi assinada em 13 de Maio de 1888

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