Mapa da viagem de Fernão de Magalhães
à volta do mundo (1519-1522).
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A partir de 1516, vários portugueses descontentes com a coroa portuguesa reuniram-se Sevilha, ao serviço do recém coroado Carlos I de Espanha. Entre eles estavam os navegadores Diogo e Duarte Barbosa, Estevão Gomes, João Serrão, Fernão de Magalhães, os cartógrafos Jorge Reinel e Diogo Ribeiro, os cosmógrafos Francisco e Rui Faleiro e o mercador flamengo Cristóvão de Haro.
Fernão de Magalhães, que navegara na Índia ao serviço de D. Manuel I até 1512, quando da chegada às Molucas, e mantinha contacto com Francisco Serrão aí residente, desenvolveu a teoria de que as ilhas estariam na zona de influência espanhola de Tordesilhas e que havia uma passagem no Atlântico Sul, sustentado em estudos dos irmãos Faleiro. Ciente dos esforços da coroa espanhola para encontrar uma rota para a Índia navegando para oeste, apresentou o projeto de aí chegar.
A coroa espanhola e Cristovão de Haro financiaram a expedição de Fernão de Magalhães. A 10 de agosto de 1519 partiu de Sevilha a frota de cinco navios - a caravela Trinidad como navio-almirante sob o comando de Magalhães, e as naus San Antonio, Concepción, Santiago e Victoria com uma tripulação de cerca de 237 homens de várias nações, com objetivo de chegar às ilhas Molucas (arquipélago que faz parte da Indonésia) por ocidente, tentando recuperá-las para a esfera econômica e política da Espanha. A frota navegou para sul, evitando o território Português no Brasil, tornando-se a primeira a chegar à Tierra del Fuego, no extremo das Américas.
**Victoria, o único navio da frota de Magalhães a ter completado a circumnavegação. Detalhe do mapa "Maris Pacifici", o primeiro dedicado ao Pacífico, Ortelius, 1589).
Victoria, o único navio da frota de Magalhães a ter completado a circumnavegação. |
Em 21 de Outubro, a partir do cabo Virgenes, começou uma árdua viagem de 600 km através do estreito nomeado então de todos os Santos, actual estreito de Magalhães. Em 28 de Novembro três navios entraram no oceano Pacífico - então chamado "mar Pacífico", devido à sua aparente quietude. A expedição conseguiu atravessar o Pacífico. Magalhães morreu em batalha em Mactan, próximo de Cebu, nas Filipinas, deixando ao espanhol Juan Sebastián Elcano a tarefa de completar a viagem, chegando às Ilhas das Especiarias em 1521. Em 6 de setembro de 1522 a Victoria regressou a Espanha com apenas dezoito membros da tripulação inicial, completando assim a primeira circum-navegação do mundo. Dos homens que partiram nos cinco navios, apenas 18 completaram a circum-navegação e conseguiram voltar para a Espanha em 1522 com Elcano. Dezessete outros regressaram mais tarde: doze, capturados pelos portugueses em Cabo Verde, entre 1525-1527, e cinco sobreviventes da Trinidad. Antonio Pigafetta, um acadêmico veneziano que insistira embarcar e se tornou um fiel assistente de Magalhães, escreveu um diário detalhado que se tornou a principal fonte do que hoje se sabe sobre esta viagem.
Esta viagem à volta do mundo deu à Espanha o conhecimento valioso do mundo e seus oceanos, que mais tarde ajudou na exploração e colonização das Filipinas. Embora esta não fosse uma alternativa viável para concorrer com a rota do Cabo portuguesa em torno da África (o estreito de Magalhães era muito distante para sul, e o oceano Pacífico demasiado vasto para abranger numa única viagem a partir de Espanha) sucessivas expedições espanholas usaram esta informação para viajar da costa mexicana através de Guam para Manila.
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