terça-feira, 21 de maio de 2013

Guerras Religiosas na França - Part I

As Guerras religiosas na França constituem uma série de oito conflitos que devastaram o reino da França na segunda metade do século XVI, opondo católicos e protestantes, marcando um período de declínio do país.

Períodos de conflitos 

As guerras religiosas ocorrem entre 1562 e a promulgação do Édito de Nantes (1599), entrecortadas por curtos períodos de paz, conforme segue:

Primeira: 1562–1563
Segunda: 1567–1568
Terceira: 1568-1570
Quarta: 1572–1573
Quinta: 1574–1576
Sexta: 1576–1577
Sétima: 1579–1580
Oitava: 1585–1598

Todavia, ainda haveria prolongamentos desse conflitos, ao longo dos séculos XVII (o Cerco de la Rochelle, entre 1627 e 1628, e novas perseguições aos protestantes, após a revogação do Édito de Nantes, em 1685) e XVIII (Guerra dos Camisards), até o Édito de tolerância (1787), sob Louis XVI, considerado como um marco do fim dos confrontos.

Antecedentes

Herique II, de França
Nessa época as relações internacionais na Europa Ocidental eram simples: todo mundo odiava seu vizinho. A Espanha se opunha à França, que se opunha à Inglaterra, que se opunha à Escócia. Isso fazia com que os países alternassem seus aliados, cujos monarcas casavam ocasionalmente uns com os outros. O rei Filipe II, da Espanha, era casado com a rainha Mary Tudor, na Inglaterra, enquanto o príncipe Francisco, da França, que logo se tornaria rei, era casado com Mary, rainha da Escócia. Todos esses monarcas eram católicos, embora a população da Grã-Bretanha fosse constituída principalmente de protestantes.

O rei francês na época, Henrique II, odiava a "escória luterana". Coroado em 1547, com a idade de 28 anos, ele tinha a força e a vontade política para manter na linha sua minoria no Parlamento. Com um rei jovem e sadio, pai de quatro filhos e três filhas, o futuro da dinastia de Henrique Valois parecia seguro, mas então o rei teve a órbita ocular perfurada num torneio de armas em 1559. Depois de penar em agonia por diversos dias, o rei Henrique morreu, deixando a França nas mãos de seu filho Francisco, de 15 anos de idade.

A Primeira Guerra 

Como tantos outros monarcas, o rei Francisco II dependia da família de sua esposa para ajudá-lo a se manter no poder. Sua rainha, Mary Stuart, da Escócia, era ligada pelo lado da mãe à família Guise, de poderosos católicos franceses.

Em 1560, os protestantes franceses conceberam um plano para matar tantos Guise quanto fosse possível, e sequestrar o rei, a fim de forçá-lo a expulsar os membros restantes da família. Os huguenotes estavam tao orgulhosos de seu plano que contaram a todo mundo o que iam fazer. Quando o golpe foi deslanchado, os Guise estavam preparados. Os conspiradores foram repelidos e depois caçados, enforcados e esquartejados, às vezes depois de julgados. O rei e sua corte assistiram à decapitação de 52 revoltosos no pátio do castelo.

Catarina de Médici
Homem sempre doentio, Francisco morreu em dezembro de 1560, depois de um ano no trono. Seu irmão de 10 anos de idade, o quieto, melancólico Carlos IX, subiu ao trono, mas Catarina de Médici, sua mãe e esposa antes obediente do rei Henrique, ficou exercendo o poder real, como regente. Catarina era filha de Lourenço de Médici, o frio e ardiloso governante de Florença, na Renascença, a quem Maquiavel dedicara seu livro O Príncipe, mas ela não aprendeu nada com seu mestre. Durante as décadas em que dominou a política, Catarina elaborou uma série de planos inábeis e acordos fracos que, constantemente, foram tornando a situação cada vez pior. No lado positivo, Catarina estabeleceu tendências, introduzindo, em uma nação relativamente antiquada, novidades italianas, como o garfo, o rapé, o brócolis, o silhão, os lenços de mão e as gavetas para roupas de senhoras.

A fim de obter apoio entre as proeminentes famílias protestantes, especialmente entre os Bourbon, e contrabalançar o crescente poder da família Guise, Catarina legalizou o culto protestante, o que aborreceu a maioria católica do país, mas manteve os protestantes em rédeas curtas, o que aborreceu a minoria deles. 

As guerras começaram quando um outro Francisco, o duque de Guise, atravessava a cidade de Vassy, e parou na igreja local para assistir à missa. Os protestantes estavam orando e cantando num celeiro próximo, que lhes servia de templo, porque a Coroa proibia os protestantes de construírem igrejas verdadeiras. Surgiu uma escaramuça entre os paroquianos rivais, atraindo o séquito do duque. A luta cresceu de proporção, e finalmente os católicos terminaram incendiando o celeiro dos protestantes e matando quantos puderem alcançar.

Em pouco tempo os franceses de ambas as religiões estavam fortificando suas cidades e trazendo apressadamente milícias para suas regiões. Os exércitos sectários lutaram em diversas batalhas encarniçadas, mas por fim o duque de Guise foi assassinado, e o comandante dos huguenotes, Luís de Bourbon, príncipe de Conde, morreu no campo de batalha, deixando os lados se debatendo, sem liderança e prontos para negociar. Gaspar de Coligny, um almirante que servira com Conde, surgiu como novo líder dos protestantes. 

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