quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Império Persa

O Império Aquemênida (550–330 a.C.), por vezes referido como Primeiro Império Persa, foi um império iraniano situado no Sudoeste da Ásia, e fundado no século VI a.C. por Ciro, o Grande, que derrubou a confederação médica. Expandiu-se a ponto de chegar a dominar partes importantes do mundo antigo; por volta do ano 500 a.C. estendia-se do vale do Indo, no leste, à Trácia e Macedônia, na fronteira nordeste da Grécia - o que fazia dele o maior império a ter existido até então. O Império Aquemênida posteriormente também controlaria o Egito. Era governado através de uma série de monarcas, que unificaram suas diferentes tribos e nacionalidades construindo um complexo sistema de estradas.

No ápice de seu poder, após a conquista do Egito, o império abrangia aproximadamente oito milhões de quilômetros quadrados situados em três continentes: Ásia, África e Europa. Em sua maior extensão, fizeram parte do império os territórios atuais do Irã, Turquia, parte da Ásia Central, Paquistão, Trácia e Macedônia, boa parte dos territórios litorâneos do Mar Negro, Afeganistão, Iraque, o norte da Arábia Saudita, Jordânia, Israel, Líbano, Síria, bem como todos os centros populacionais importantes do Egito Antigo até às fronteiras da Líbia. É célebre na história ocidental como o tradicional inimigo das cidades-estado gregas durante as Guerras Greco-Persas, pela emancipação dos escravos, incluindo o povo judeu, de seu cativeiro na Babilônia, e pela instituição de infra-estruturas como um sistema postal, viário, e pela utilização de um idioma oficial por todos os seus territórios. O império tinha uma administração centralizada e burocrática, sob o comando de um imperador e um enorme número de soldados profissionais e funcionários públicos, o que inspirou desenvolvimentos semelhantes em impérios posteriores.

Guerra Greco-Persa

A Revolta Jônia foi o primeiro grande conflito entre a Grécia e o Império Aquemênida, e como tal representa a primeira fase das chamadas Guerras Persas (ou Guerras Greco-Persas). A Ásia Menor voltou para o domínio persa, porém Dario jurou punir as cidades-estado gregas de Atenas e Erétria por seu apoio aos rebeldes durante a revolta. Ao ver também que a situação política da Grécia representava uma ameaça contínua à estabilidade do seu império, Dario decidiu empreender a conquista de toda a Grécia. As tropas persas, no entanto, foram derrotadas na Batalha de Maratona, e Dario morreu sem ter a chance de iniciar uma nova invasão. 

Xerxes I (519-465 a.C.), filho de Dario, jurou concretizar o desejo de seu pai. Organizou uma invasão maciça; seu exército penetrou a Grécia pelo norte, encontrando pouca resistência na Macedônia e na Tessália, porém seu avanço foi interrompido por três dias por um pequeno destacamento grego, durante a Batalha de Termópilas. Uma batalha naval ocorrida simultaneamente, em Artemísio, acabou de maneira inconclusiva depois de tempestades ferozes destruíram navios de ambos os lados. Os gregos recuaram ao receber a notícia da derrota em Termópilas, e os persas mantiveram o controle inconteste de Artemísio e do Mar Egeu. Após sua vitória em Termópilas, Xerxes saqueou a cidade de Atenas, que havia sido evacuada, e preparou-se para encontrar os gregos no Istmo de Corinto e no Golfo Sarônico. Em 480 a.C. os gregos conquistaram uma vitória decisiva sobre a frota persa na Batalha de Salamina, e forçaram Xerxes a recuar até Sardis. O exército que ele havia deixado na Grécia sob o comando do general Mardônio reconquistou Atenas, porém acabou por ser destruído em 479 a.C., na Batalha de Plateia. A derrota final dos persas em Mícale encorajou as cidades-estado gregas da Ásia a se revoltarem, e marcaram o fim da expansão persa na Europa.

A vitória grega salvou a civilização ocidental e o conceito de liberdade individual das hordas orientais sem rosto que são os vilões dos relatos vitorianos e filmes recentes. 
Por outro lado, não nos deixemos levar por isso. Ser conquistados pelos persas não seria o fim do mundo. pelos padrões da época, os persas eram conquistadores bem benevolentes. Por exemplo, foram o único povo da história a ser condescendente com os judeus. Permitiram que eles retornassem à palestina e reconstruíssem seu templo, em vez de massacrá-los ou deportá-los, como fizeram os assírios, babilônios, romanos, cossacos, russos e alemães em várias conjunturas da história. mesmo com uma vitória persa em Salamina, gregos livres teriam permanecido na Sicília, na Itália e em Marselha. A civilização grega mostraria mais tarde ser bastante vibrante para sobreviver a meio milênio de domínio dos romanos, acabando por usurpar o lugar deles. Não há razão para supor que os gregos não passariam intactos por algumas gerações de domínio persa. 

A Queda do Império

O ponto de vista tradicional é de que as vastas extensões e extraordinária diversidade etno-cultural do Império Persa acabaria por provocar a sua derrogada, à medida que a delegação de poder aos governos locais acabaria por enfraquecer a autoridade central do rei, fazendo com que muita energia e recursos tivesse de ser gasta nas tentativas de subjugar rebeliões locais, o que historicamente tem servido para explicar porque quando Alexandre, o Grande (Alexandre III da Macedônia) invadiu a Pérsia em 334 a.C. ele deparou-se com um reino pouco unido comandado por um monarca enfraquecido, facilmente destruído.

Este ponto de vista, no entanto, vem sendo questionado por alguns estudiosos modernos, que argumentam que o Império Aquemênida não se encontrava em crise no período de Alexandre, e que apenas as disputas internas pela sucessão monárquica dentro da própria família aquemênida é que causavam algum enfraquecimento no império. Alexandre, grande admirador de Ciro, o Grande, acabaria por provocar o colapso do império e sua subsequente fragmentação, por volta de 330 a.C., gerando o Reino Ptolemaico, o Império Selêucida e diversos outros territórios de menor extensão, que à época também conquistaram sua independência. A cultura iraniana do planalto central, no entanto, continuou a florescer e voltou a conquistar o poder na região no século II a.C.

O legado histórico do Império Aquemênida, no entanto, foi muito além de suas influências territoriais e militares, e deixou marcas importantes no cenário cultural, social, tecnológico e religioso da época. Diversos atenienses adotaram costumes aquemênidas em suas vidas diárias, numa troca cultural recíproca, e muitos foram empregados ou aliados dos reis persas. O impacto do chamado Édito de Ciro, o Grande, foi mencionado nos textos judaico-cristãos, e o império foi fundamental na difusão do zoroastrianismo por grande parte da Ásia, até à China. Mesmo Alexandre, o Grande, o homem que acabaria por conquistar este vasto império, respeitou seus costumes e impôs o respeito aos reis persas (incluindo Ciro), e até mesmo adotou o costume real persa da proskynesis, apesar da forte desaprovação de seus compatriotas macedônios. O Império Persa também daria a tônica da política, herança e história da Pérsia moderna (atual Irã). A influência também se estendeu sobre antigos territórios da Pérsia que se tornaram conhecidos posteriormente como Grande Pérsia. Um dos feitos notáveis de engenharia do império é o sistema de gestão de água conhecido como Qanat, cuja seção mais antiga tem mais de 3000 anos e 71 quilômetros.

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