terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Batalha de Salamina

A Batalha de Salamina foi o combate entre a frota persa, liderada por Xerxes I e a grega, comandada por Temístocles. O acontecimento deu-se no estreito que separa Salamina da Ática, possivelmente no dia 29 de setembro de 480 a.C. e terminou com a vitória grega.

Interlúdio

Quando os persas, um império que conquistara todo mundo a seu alcance, do Paquistão ao Egito, enfrentaram os gregos, um povo que vivia no mar, suas forças conquistaram várias colônias gregas no litoral jônico da Ásia Menor (moderna Turquia). Decorreram muitos anos de tranquilidade subserviência, mas então o governante grego da cidade jônica de Mileto ficou ambicioso. Ele se livrou do jugo persa e pediu ajuda às cidades gregas de além-mar, primeiro a Esparta (que recusou), depois a Atenas (que concordou). Um exército grego formado por jônicos e atenienses marchou terra adentro e atacou Sardis, a capital de uma província persa, que eles ocuparam por pouco tempo e acidentalmente incendiaram. Dentro de poucos anos, entretanto, a revolta foi esmagada, e os atenienses voltaram apressadamente para a sua pátria, ficando quietos na esperança de que os persas os deixassem em paz.

Contudo o xá da Pérsia, Dario, não chegara aonde chegara deixando insultos sem punição, e designou um criado para lembrá-lo todos os dias dos atenienses. Dario decidiu que precisava conquistar os Estados gregos independentes no continente europeu que estavam fomentando revoltas entre os súditos gregos do Império Persa; entretanto o primeiro assalto diretamente pelo mar fracassou. Os atenienses infligiram séria derrota ao exército de Dario e os repeliram na Batalha de Maratona

Salamina

Dez anos mais tarde, o novo xá da Pérsia, Xerxes, reuniu recrutas (camponeses convocados) de todo o império, formando o maior exército já visto, grande demais para se deslocar por navios. Tomando a rota terrestre através dos Balcãs e depois descendo para a Grécia, ele foi vencendo todos os obstáculos, naturais ou feitos pelos homens. Cruzou o estreito de Dardanelos numa ponte flutuante feita de barcos, e depois seus engenheiros cavaram um canal através da perigosa península de Actes, onde fica o monte Ato.

Acossados pelos persas, um exército de 4.900 gregos sob a liderança de Esparta tentou retardar o inimigo no desfiladeiro montanhoso das Termópilas, enquanto a esquadra grega bloqueava uma tentativa de desembarque anfíbio na estreito próximo de Artemísia. A falange grega, tradicional formação de batalha na qual lanceiros fortemente couraçados se alinhavam numa muralha humana de escudos e lanças, conteve facilmente os repetidos assaltos persas. Entretanto, depois de alguns dias de duros combates, os persas descobriram uma rota que contornava o desfiladeiro das Termópilas, de modo que flanquearam e mataram os últimos defensores que bloqueavam seu caminho. O exército persa invadiu o interior da Grécia, tomando Atenas depois que os habitantes fugiram para as ilhas próximas. 

Quando tudo parecia perdido, a esquadra atenienses encontrou os navios de guerra persas no estreito canal entre a ilha de Salamina e o continente. No confuso tumulto das galeras que avançavam, abalroavam e rachavam, os persas perderam mais de duzentas naus e 40 mil marinheiros. Com os gregos controlando o mar, o enorme e faminto exército persa viu cortada sua linha de suprimentos.

Xerxes retornou à Pérsia com parte do exército, deixando uma força menor para se sustentar com os produtos da terra e terminar a conquista. Esse exército abrigou-se durante o inverno no norte da Grécia, e marchou para o sul de novo na primavera, reocupando Atenas. Depois de frenéticos esforços diplomáticos feitos pelos desalojados atenienses, as cidades-estados gregas finalmente concordaram em combinar seus exércitos. As duas forças se enfrentaram em Plateia, onde a falange grega sobrepujou os persas. Os sobreviventes empreenderam uma longa e dolorosa retirada para a Pérsia, deixando milhares de homens pelo caminho. Nesse ínterim, a frota grega atravessou velozmente o mar Egeu e liquidou os navios persas remanescentes com um ataque anfíbio na base naval de Micale, na Jônia.

Legado

Quase toda lista de batalhas decisivas ou pontos críticos da história começa com algo das Guerras Persas, de modo que talvez você já saiba que a vitória grega salvou a civilização ocidental e o conceito de liberdade individual das hordas orientais sem rostos que são os vilões dos relatos vitorianos e filmes recentes.

Por outro lado, não nos deixemos levar por isso. Ser conquistado pelos persas não seria o fim do mundo. Pelos padrões da época, os persas eram conquistadores bem benevolentes. Por exemplo, foram o único povo da história a ser condescendente com os judeus. Permitiram que eles retornassem à Palestina e reconstruíssem seu templo, em vez de massacrá-los ou deportá-los, como fizeram os assírios, babilônios, espanhóis, cossacos, russos e alemães em várias conjunturas da história. Mesmo com uma vitória persa em Salamina, gregos livres teriam permanecido na Sicília, na Itália e em Marselha. A civilização grega mostraria mais tarde ser bastante vibrante para sobreviver a meio milênio de domínio dos romanos, acabando por usurpar o lugar deles. Não há razão para supor que os gregos não passariam intactos por algumas gerações de domínio persa.

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