sábado, 22 de setembro de 2012

Pedro I, o Grande

Pedro I da Rússia (Moscovo, 9 de Junho de 1672 — São Petersburgo, 8 de Fevereiro de 1725, alcunhado O Grande, foi czar da Rússia, e primeiro Imperador do Império Russo.

Quando ascendeu ao trono, depois da morte de seu pai em 1682, o czar de 10 anos Pedro I precisou partilhar o poder com Ivan, seu aloprado meio-irmão mais velho, enquanto sua mãe governava como regente. Só depois que esses dois morreram (o irmão em 1696, e a mãe em 1694, ambos - surpreendentemente para a corte russa- de causa natural) é que Pedro se viu livre para fazer o que agradava.

Ele queria, mais do que tudo, fazer da Rússia uma potência mundial. Parecia quase impensável que países tão pequenos como a Holanda e a Dinamarca tivessem mais poder do que a gigantesca Rússia. Ele partiu para uma grande viagem pelo Ocidente, onde investigou e testou cada aspecto da cultura. Trabalhou num estaleiro holandês sob nome falso. Jantou com eruditos na Inglaterra. 

Pedro iniciou suas reformas por uma modernização superficial, imaginando que, se os russos parecessem civilizados, talvez agissem como tal.

Tradicionalmente, os russos ortodoxos usavam barbas longas com orgulho religioso; Deus pusera barba nos rosto dos homens e seria ímpio e presunçoso raspá-la. Retornando do Ocidente, o czar Pedro imediatamente ordenou que todos os russos se barbeassem e parecessem mais ocidentais. Ele próprio, muitas vezes, puxava uma navalha e violentamente raspava os homens barbudos nas ruas. Por fim, ele se tornou menos severo e permitiu que os religiosos mais obstinados pagassem um imposto sobre a barba; mesmo assim, tinham de usar uma autorização visível, como um medalhão, ou se arriscar a ter a barba raspada.

Pedro estudou todas as tecnologias que pôde ter em mãos. Gostava, particularmente, de odontologia: se algum pobre coitado dava a entender, na presença dele, que estava com dor de dente, era logo agarrado, enquanto Pedro sacava os seus alicates e arrancava o dente dolorido. 

Poder

Enquanto Pedro estava na Europa ocidental procurando aprender seus costumes avançados, sua meia-irmã Sofia tramou uma rebelião com os strelsky (guardas palacianos). Pedro voltou imediatamente para casa e sanguinariamente retomou o controle. Mais de mil conspiradores foram publicamente executados sob humilhantes e cruéis torturas, enquanto Sofia era confinada em um convento.

Para concentrar todo o poder em suas próprias mãos, Pedro tentou quebrar o poder da Igreja russa, confiscando-lhe os bens. Quando o patriarca (chefe da Igreja) morreu em 1700, ele impediu a Igreja de eleger um substituto. Protelou a eleição ao máximo para que a liderança da Igreja se acostumasse à ideia de não ter um patriarca e, em 1721, converteu a Igreja em um ramo do serviço público russo sob a autoridade do czar. Mudou também o ano de 7208 (depois da Criação) para 1699 (d.C.) e transferiu a festa de Ano-Novo de 1º de setembro para 1º de janeiro, a fim de fazê-la coincidir com o calendário ocidental.

Guerra

Quando Pedro começou a governar, o único porto marítimo da Rússia era o Arcângelo, no mar Branco, logo abaixo no Círculo Polar Ártico, que foca congelado durante metade do ano. Pedro logo se aplicou ao eterno problema russo de conseguir um porto permanente. Tentou, insistentemente, expandir suas terras para o norte contra os suecos, que dominavam a costa báltica, e em direção ao sul contra os turcos, que controlavam a costa do mar Negro.

Todo ano irrompia uma guerra (geralmente desastrada) em algum lugar. Em cada uma de suas guerras, Pedro confiava no que viria a ser a força característica do exército russo - uma obstinada habilidade de absorver incríveis castigos e inacreditáveis baixas para simplesmente sobreviver a seus oponentes. 

Mesmo em tempos de paz, não era permitido aos soldados ficar á toa em guarnições distantes. Trabalhos obrigatórios, tanto para soldados quanto para civis, eram a limpeza de rios e a construção de estradas, fábricas e canais por toda a Rússia. Aí é provavelmente onde Pedro registrou sua maior contagem de cadáveres. A implacável manutenção de um enorme exército permanente era tão mortal quanto as guerras. Doenças, desnutrição, negligência e um brutal disciplina minavam suas tripas, como também o frio gélido de um império que ia até o norte da Ásia.

A convocação era tão temida que os camponeses se mutilavam para ficar inelegíveis. Quebravam os próprios dentes, pois sem eles, não podiam morder os cartuchos para carregar os mosquetes. Mutilavam os dedos dos pés para não poderem marchar, e os dedos das mãos para não poderem atirar.

Pedro não esperou que a guerra se lhe tornasse favorável para começar a construir uma nova capital costeira como uma porta para o Ocidente. Recrutou criminosos, prisioneiros e camponeses, enviando equipes de construção para a costa a fim de construir São Petersburgo numa terra que, tecnicamente, ainda pertencia à Suécia. Proibiu as construções de pedra em toda a Rússia, a fim de deixar todos os pedreiro do país livres para trabalharem na nova cidade. Quando os primeiros 40 mil trabalhadores morreram de febre nos pântanos, ele convocou mais 40 mil para os substituírem. Esses também morreram, mas ele encontrou outros. Ao todo, mais de 100 mil trabalhadores foram sacrificados na construção de São Petersburgo.

Vida na Corte

Pedro ficava ostentosamente à vontade com todas as pessoas, pouco importando a classe - camponeses, padres, empregados, soldados, membros da aristocracia, estrangeiros e assim por diante - e não obedecia a um protocolo rígido. Não gostava de luxo ou pompa, e alegremente comia a mais modesta ração e dormia na cama mais humilde. Tinha orgulho de conseguir suportar qualquer dos sofrimentos que infligia aos seus próprios soldados e marinheiros.

Aléxis, Filho de Pedro

Pedro preparou o filho Aléxis para sua sucessão, mas Aléxis não suportou a pressão do pai hiperativo. Depois que Aléxis tomou como amante uma camponesa e deu um tiro na mão para evitar o serviço militar, Pedro esfriou em relação ao filho. Esperando punição por sua desobediência a qualquer momento, Aléxis fugiu da Rússia, refugiando-se primeiro na Áustria e depois na Itália. Pedro o rastreou e ordenou que retornasse, prometendo perdoá-lo casso voltasse, mas persegui-lo para sempre, caso não o fizesse. Aléxis ficou amedrontado e voltou.

Por algum tempo, tudo pareceu ir bem, até que Pedro teve chance de ruminar sobre a traição de seu filho. Quem no palácio propiciara a fuga de Aléxis? Quem desobedecera ao czar? Aléxis foi preso e torturado para que revelasse os nomes de seus cúmplices. Então, sob a supervisão pessoal de Pedro, Aléxis foi chicoteado cruelmente por vários dias, até morrer em agonia.

Sucessão

Pedro foi sucedido após sua morte por sua esposa consorte, Catarina I, em 1725.

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