Leopoldo II (Bruxelas, 9 de abril de 1835 — Laeken, 17 de dezembro de 1909) foi o segundo rei dos belgas. Era o segundo filho do rei Leopoldo I, a quem sucedeu em 1865, permanecendo rei até sua morte. Foi irmão da imperatriz Carlota do México e primo-irmão da rainha Vitória do Reino Unido.
Prólogo da História entre o Congo e Leopoldo II
A ocupação britânica do Egito, em 1879, fez mais do que enfurecer os nativos e provocar a revolta sob a liderança de Mahdi. Também aborreceu o restante da Europa.
Embora ninguém na Europa estivesse realmente querendo a África, tampouco deixariam alguém ficar com ela; assim, logo que os ingleses fizeram sua tentativa, o restante da Europa se levantou e exigiu o seu quinhão. Com a Inglaterra controlando o Egito, todos os outros países - França, Alemanha Portugal, Itália - queriam participar da festa. Em 188, os representantes de uma dúzia de nações se reuniram em Berlim para dividir a África imparcialmente entre todos os pretendentes. É claro que nenhuma nação representada na conferência era africana, mas eu realmente preciso lhe dizer isso? Mesmo os Estados africanos ocidentalizados, como o Transvaal e a Libéria, foram barrados.
Além de dividir as esferas nacionais de influências, os delegados endossaram formalmente o plano de Leopoldo. O Congo seria uma colônia privada sob o controle pessoal do rei - e não uma possessão do Estado da Bélgica. Em parte, Leopoldo recebeu o Congo como um acordo. nenhuma grande potência queria deixar que aquilo caísse nas mãos de outra grande potência, mas doar tudo ao rei da pequena e neutra Bélgica parecia ser seguro.
Borracha Vermelha
A princípio, O Estado Livre não foi uma operação bem-sucedida. Como os céticos no Parlamento belga haviam prognosticado, as colônias custavam mais e produziam menos do que Leopoldo imaginara. Depois de dez anos, o Estado Livre caminhava para a bancarrota e Leopoldo estava quase pedindo ao governo belga para tirar aquilo de suas mãos. Ele foi salvo por uma onda mundial de demanda por borracha. Em 1888, Dunlop inventara o pneu de borracha com câmara de ar para bicicletas e, em 1895, Michelin fez o mesmo para os automóveis. De repente, Leopoldo possuía algo que todo mundo queria.
Mão de Obra em Abundância
Além dos recursos naturais da bacia do Congo, o Estado Livre explorava a abundante mão de obra local. Toda a população de qualquer cidade próxima podia ser recrutada para abrir uma estrada ou assentar trilhos cortando a selva. Os habitantes podiam ser recrutados como carregadores por quanto tempo a companhia precisasse deles e, se morressem de exaustão, haveria muitos outros na próxima parada da trilha.
As cidades recebiam cotas regulares de borracha, marfim ou madeira a serem extraídas da selva. Qualquer trabalhador que não produzisse sua cota de borracha ficava passível de castigo. Uma forte vergastada com um chicote de couro de hipopótamos era só o começo. A mulher dele podia ser sequestrada, e seu resgate exigido em borracha. A maioria dos postos avançados da companhia exibia um número de mulheres sujas, emaciadas e acorrentadas aguardando os maridos trazerem sua cota de borracha ao comandantes do posto.
Uma Mão Por Uma Vida
Quando os pelotões de segurança da companhia eram enviados em expedições punitivas, eram advertidos para não desperdiçar munição - uma bala, um morto. Não devia usar a munição da companhia caçando grandes presas por esporte. Como prova de sua moderação, deviam trazer de volta uma mão decepada para cada bala disparada.
Mãos amputadas tornaram-se uma espécie de moeda corrente - prova de que as ordens estavam sendo obedecidas. Uma cesta de mãos defumadas cobria qualquer perda na produção e, se a borracha não chegasse, as forças de segurança do Estado Livre, sairiam para coletar uma cota de mãos em seu lugar. Os nativos rapidamente aprenderam que concordar em sacrificar uma das mãos podia salvar uma vida.
E não apenas mãos. Depois que um comandante rosnou que seus homens estavam sacrificando apenas mulheres e crianças, os soldados voltaram do ataque seguinte com cestas cheias de pênis. As notícias das atrocidades não chegavam à Europa, porque qualquer viagem que envolvesse o Estado Livre era extremamente regulada.
Prólogo da História entre o Congo e Leopoldo II
A ocupação britânica do Egito, em 1879, fez mais do que enfurecer os nativos e provocar a revolta sob a liderança de Mahdi. Também aborreceu o restante da Europa.
Embora ninguém na Europa estivesse realmente querendo a África, tampouco deixariam alguém ficar com ela; assim, logo que os ingleses fizeram sua tentativa, o restante da Europa se levantou e exigiu o seu quinhão. Com a Inglaterra controlando o Egito, todos os outros países - França, Alemanha Portugal, Itália - queriam participar da festa. Em 188, os representantes de uma dúzia de nações se reuniram em Berlim para dividir a África imparcialmente entre todos os pretendentes. É claro que nenhuma nação representada na conferência era africana, mas eu realmente preciso lhe dizer isso? Mesmo os Estados africanos ocidentalizados, como o Transvaal e a Libéria, foram barrados.
Além de dividir as esferas nacionais de influências, os delegados endossaram formalmente o plano de Leopoldo. O Congo seria uma colônia privada sob o controle pessoal do rei - e não uma possessão do Estado da Bélgica. Em parte, Leopoldo recebeu o Congo como um acordo. nenhuma grande potência queria deixar que aquilo caísse nas mãos de outra grande potência, mas doar tudo ao rei da pequena e neutra Bélgica parecia ser seguro.
Borracha Vermelha
A princípio, O Estado Livre não foi uma operação bem-sucedida. Como os céticos no Parlamento belga haviam prognosticado, as colônias custavam mais e produziam menos do que Leopoldo imaginara. Depois de dez anos, o Estado Livre caminhava para a bancarrota e Leopoldo estava quase pedindo ao governo belga para tirar aquilo de suas mãos. Ele foi salvo por uma onda mundial de demanda por borracha. Em 1888, Dunlop inventara o pneu de borracha com câmara de ar para bicicletas e, em 1895, Michelin fez o mesmo para os automóveis. De repente, Leopoldo possuía algo que todo mundo queria.
Mão de Obra em Abundância
Além dos recursos naturais da bacia do Congo, o Estado Livre explorava a abundante mão de obra local. Toda a população de qualquer cidade próxima podia ser recrutada para abrir uma estrada ou assentar trilhos cortando a selva. Os habitantes podiam ser recrutados como carregadores por quanto tempo a companhia precisasse deles e, se morressem de exaustão, haveria muitos outros na próxima parada da trilha.
As cidades recebiam cotas regulares de borracha, marfim ou madeira a serem extraídas da selva. Qualquer trabalhador que não produzisse sua cota de borracha ficava passível de castigo. Uma forte vergastada com um chicote de couro de hipopótamos era só o começo. A mulher dele podia ser sequestrada, e seu resgate exigido em borracha. A maioria dos postos avançados da companhia exibia um número de mulheres sujas, emaciadas e acorrentadas aguardando os maridos trazerem sua cota de borracha ao comandantes do posto.
Uma Mão Por Uma Vida
Quando os pelotões de segurança da companhia eram enviados em expedições punitivas, eram advertidos para não desperdiçar munição - uma bala, um morto. Não devia usar a munição da companhia caçando grandes presas por esporte. Como prova de sua moderação, deviam trazer de volta uma mão decepada para cada bala disparada.
Mãos amputadas tornaram-se uma espécie de moeda corrente - prova de que as ordens estavam sendo obedecidas. Uma cesta de mãos defumadas cobria qualquer perda na produção e, se a borracha não chegasse, as forças de segurança do Estado Livre, sairiam para coletar uma cota de mãos em seu lugar. Os nativos rapidamente aprenderam que concordar em sacrificar uma das mãos podia salvar uma vida.
E não apenas mãos. Depois que um comandante rosnou que seus homens estavam sacrificando apenas mulheres e crianças, os soldados voltaram do ataque seguinte com cestas cheias de pênis. As notícias das atrocidades não chegavam à Europa, porque qualquer viagem que envolvesse o Estado Livre era extremamente regulada.
A história Vaza
Os antiquados humanistas do período antiescravagista haviam escutado e relatado, durante anos, histórias terríveis sobre o Congo, mas ninguém os levava a sério. Eles eram demasiadamente alinhados com radicais no Parlamento Inglês, e seus apelos pela moralidade e boa vontade eram ignorados ou ridicularizados. Então alguém de dentro botou a boca no trombone sobre o Estado Livre do Congo.
Em 1900, Edmud Morel, ainda trabalhando como escriturário da empresa de navegação, Finalmente reparou na escassez de exportações para o Congo. A balança comercial era muito boa, os lucros eram fáceis. Toda aquela borracha estava indo para a Europa, mas nada estava saindo para pagar por isso - só munição. A única conclusão possível era que as companhias de comércio estavam roubando. Notou, também, que os livros oficiais eram adulterados para esconder isso.
Ele escreveu uma denúncia anônima que atraiu a atenção dos idealistas reformadores sociais profissionais que todo mundo ignorava. Morel lhes recomendou esquecer a filantropia e atacar Leopoldo por criar monopólios, violando os acordos de Berlim que regulavam o livre-comércio. Também os aconselhou a incitar o ressentimento pela exclusão da Grã-Bretanha do lucrativo comércio. Uma vez que conseguissem fazer as pessoas olharem para o Congo, elas veriam por si mesmas as atrocidades.
Propinas Pagas Por Leopoldo
Todos os inimigos de Leopoldo logo se sentiram pressionados. Morel foi acusado de ser pago pelos rivais dos negócios de Leopoldo. Vários jornais importantes da Alemanha pararam, de repente, de criticar as condições no Congo e começaram a apresentar um ponto de vista mais ambíguo. Ninguém sabia explicar essa mudança surpreendente, até que Leopoldo, acidentalmente, deixou de reembolsar seu "homem da mala" pelo suborno que ele vinha pagando aos jornais. Uma série de telegramas confusos, trocados sobre quem deveria pagar quem, logo veio a público.
Leopoldo cometeu um grande erro ao contratar Henry Kowalsky, o mais famoso advogado de San Francisco, para melhorar sua imagem pública e fazer um lobby generoso no Congresso. Quando começou a perceber que Kowalsky era perigosamente excêntrico, o rei tentou se afastar dele. Zangado e traído, Kowalsky vendeu as cartas de Leopoldo para William Randolph Hearst, que então adotou a causa do Congo n sua rede de jornais.
O regime da colônia africana de Leopoldo II, o Estado Livre do Congo, tornou-se um dos escândalos internacionais mais infames da virada do século XIX para o XX. O relatório de 1904, escrito pelo cônsul britânico Roger Casement, levou à prisão e à punição de oficiais brancos que tinham sido responsáveis por matanças a sangue frio durante uma expedição de coleta de borracha em 1903 (incluindo um indivíduo belga que matou a tiros pelo menos 122 congoleses).
Em 1908, já ficara inegável que o povo do Congo fora miseravelmente explorado, e o clamor foi estrondoso. A comunidade internacional finalmente forçou Leopoldo a entregar o país. O Parlamento belga relutantemente comprou o Congo do seu rei a um preço exorbitante, e prometeu administrá-la justa e honestamente. Leopoldo morreu um ano depois.
Em 1908, já ficara inegável que o povo do Congo fora miseravelmente explorado, e o clamor foi estrondoso. A comunidade internacional finalmente forçou Leopoldo a entregar o país. O Parlamento belga relutantemente comprou o Congo do seu rei a um preço exorbitante, e prometeu administrá-la justa e honestamente. Leopoldo morreu um ano depois.
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