quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Guerra Sino Japonesa

A Guerra Sino-Japonesa foi travada de 1937 a 1945 entre a China e o Japão, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar dos conflitos permanentes entre as duas nações existirem desde 1931, chamados de “incidentes”, a guerra em larga escala começou em julho de 1937 e só terminou com a rendição incondicional do Império Japonês aos Aliados em setembro de 1945.

Motivo Principal

O motivo principal dos incidentes seria a intenção de anexação de territórios chineses pelo Império Japonês, que iniciava uma nova fase de colonialismo baseado no militarismo. A China, apesar de seu imenso território e população, passava por um período de franca decadência, iniciada ainda no século XIX, passando pelo fim da monarquia e com uma guerra civil entre o governo republicano capitalista e a frente comunista liderada por Mao Tse-tung. Este cenário foi perfeito para as intenções japonesas de anexação da Manchúria e da península da Coreia.

Entre as porções da China sob o controle estrangeiro estavam as ferrovias. A maior parte delas fora construída com capital estrangeiro, de modo que soldados estrangeiros patrulhavam os trilhos para evitar a ação de bandidos. Os japoneses possuíam e guarneciam as linhas que cortavam a Manchúria, uma região para o nordeste, mais afastada.

Durante os sessenta anos anteriores, os japoneses vinham fazendo tudo que podiam para se tornar iguais aos ocidentais. Construíram fábricas e navios de guerra, e vestiam terno e gravatas. Elegeram um Parlamento e tentaram conquistar todos os povo nativos ao longo do litoral asiático do oceano Pacífico. Exatamente como seus mentores europeus, os japoneses tinham postos de abastecimento de carcão, colônias e concessões dispersas por toda a China.

Embora os liberais no Parlamento japonês se opusessem à conquista automática de todos os países vizinhos, as facções militares tendiam a assassinar qualquer um que falasse demais abertamente contra sua ânsia de construir um império. Logo os líderes remanescentes da oposição aprenderam a manter a cabeça baixa e a boca fechada. 

Independência da Manchúria

Em 1931, uma misteriosa explosão uns poucos metros de uma linha ferroviária em Mukden, atualmente Shenyang, de modo que os soldados japoneses imediatamente se apoderaram de todos os centros nervosos críticos da Manchúria e declararam a independência do novo país, Mandchuko. Instalaram Puyi, o ex-imperador mandchu da China, na época desempregado, como governante dessa nova nação e deixaram suas tropas lá, para ter certeza de que ele faria o que lhe fosse ordenado. Embora fosse suspeita geral de que o exército japonês plantara a bomba que causou a explosão a fim de criar uma desculpa para agir pela força, o resto do mundo reclamou com veemência e se enraiveceu, mas sem muito efeito.

Incidente

A palavra “incidente” (jihen, em japonês) era usada pelos japoneses já que nenhuma nação tinha até então declarado guerra uma à outra. Os japoneses na verdade queriam evitar a intervenção de outras potências no conflito asiático, como a Grã-Bretanha e principalmente os Estados Unidos, principal importador de aço e petróleo para o país, caso as escaramuças locais fossem chamadas de guerra.

Em julho de 1937, ao longo do rio Yongding, nos arredores de Pequim, soldados do Kuomintang trocaram tiros com soldados japoneses que realizavam manobras do outro lado do rio. Embora ninguém houvesse morrido, um soldado japonês foi dado como desaparecido quando foi feita a chamada no dia seguinte. Os japoneses acusaram os chineses de manterem seu soldado em custódia e colocaram suas forças em alerta total. Quando o soldado desaparecido voltou, de uma visita a um bordel loca, e perguntou por que aquele barulho todo, o serviço de inteligência japonês já havia descoberto tropas nacionalistas chinesas marchando para a fronteira. Houve algum tiroteio, e, depois de algumas semanas, o exército japonês avançou sobre o território chinês propriamente dito cruzando a ponte Marco Polo.

Comunistas e Nacionalistas vs Japoneses 

Comunistas e nacionalistas logo pararam de guerrear uns com os outros a fim de focalizar sua ação sobre os invasores. Mês após mês, os japoneses foram empurrando as forças de Chiang Kai-shek para o sul. Em agosto de 1937, a linha de batalha chegara a Xangai, depois de uma campanha dura, na qual as tropas nacionalistas perderam 250 mil homens, mortos ou feridos, enquanto os japoneses tiveram 40 mil baixas. Até mesmo com uma grande população de onde tirar seus conscritos, uma proporção de seis para um era mais do que o exército nacionalista podia suportar. Quando os japoneses aumentaram a pressão, as tropas do Kuomintang foram expulsas atabalhoadamente de sua capital, Nanquim.

A chacina geral de civis e prisioneiros depois que os japoneses tomaram Nanquim, em dezembro de 1937, talvez seja o mais sangrento massacre individual bem documentado da história. Quase todos os chineses tomados como prisioneiros de guerra dentro e nos arredores da cidade foram chacinados, alguns fuzilados por metralhadoras ao lado do rio, para facilitar o descarte dos cadáveres, enquanto outros foram amarrados e baionetados para treinar os recrutas japoneses.

Durante os dois meses que se seguiram, os cidadãos de Nanquim defrontavam-se diariamente com a morte enquanto eram assaltados na rua, reunidos, fuzilados, espancados, esfaqueados, afogados e queimados sem misericórdia. Mulheres às dezenas de milhares foram estupradas por grupos, muitas vezes mortas em seguida, mutiladas e deixadas no local para aterrorizar os habitantes. Qualquer homem chinês de idade militar era tido como um prisioneiro em fuga e abatido. Testemunhas ocidentais relataram ter visto cadáveres jogados em cada quarteirão, juntamente com ocasionais pilhas de cabeças. A coisa ficou tão feia que até os nazistas pediram ao Japão para mostrar alguma misericórdia, e um homem de negócios alemão trabalhando na cidade, John Rabe, estabeleceu uma zona de segurança onde refugiados chineses podiam se esconder sob a proteção internacional.

Com os chineses derrotados, os japoneses dividiram o território conquistado em quatro Estados fantoches, para manter a ordem, e depois começaram a pensar em novas áreas de crescimento. Bem ao norte, a grande e vazia Sibéria, com sua madeira e minas de ouro, estava apenas pedindo para ser conquistada. Os japoneses já haviam tentado isso antes, durante a Guerra Civil Russa, e agora tentaram de novo. O exército japonês fez uma finta, atravessando a fronteira com a Manchúria para ver se Stánlin fazia realmente questão daquele território. Ao que parece, sim, Stánlin queria conservar a Sibéria. Um grande contra-ataque soviético em 1939 convenceu os japoneses de que deviam procurar em outro lugar as oportunidades de expansão. Os dois países assinaram um pacto de não agressão a fim de se concentrarem em suas próprias crises, em outro lugar.

Segunda Guerra Mundial

Quando atacaram as potências ocidentais, em dezembro em 1941, entrando na Segunda Guerra Mundial e arrastando com eles os americanos, os japoneses se apossaram das concessões estrangeiras em Hong Kong e Xangai. Depois os japoneses desviaram a atenção para a guerra no Pacífico contra o Ocidente, e a frente chinesa ficou imobilizada. A principal contribuição dos chineses para o esforço global da guerra foi manter engajados dois quintos do efetivo disponível do Japão, e fornecer campos de pouco para os bombardeiros americanos de longo alcance.

Como um parceiro completo da grande aliança contra o Eixo, a coalizão dos países fascistas, Chang Kai-shek recebeu dinheiro, armas e um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas; entretanto, conforme a guerra prosseguia, a missão americana na China foi ficando revoltada com a corrupção e incompetência do governo nacionalista. Embora a desilusão tivesse pouco impacto no auxílio americano durante Segunda Guerra Mundial, ela deu um banho de água fria no entusiasmo para apoiar os nacionalistas mais tempo do que o necessário.

Com a queda da Alemanha em maio de 1945, os soviéticos declararam guerra ao Japão, e transportaram suas unidades para o leste. Cerca de 1 milhão de veteranos, que haviam acabado de derrotar Hitler, se concentraram ao longo da fronteira da Manchúria, defrontando uma guarnição que fora desfalcada de suas melhores tropas, enviadas para a guerra no Pacífico. No dia 9 de agosto, depois de um curto, mas devastador bombardeio, o Exército Vermelho avançou contra os japoneses e conquistou a Manchúria em uma semana, fazendo 600 mil prisioneiros. Esse avanço coincidiu com os ataques atômicos simultâneos feitos pelos americanos contra o território japonês, o que levou o imperador Hirohito a perceber que qualquer resistência seria inútil. Contra as objeções dos militares, ele comandou a nação na rendição aos americanos.

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