Guerras Napoleônicas é a designação do conflito armado que se estendeu de 1803 a 1815, opondo a quase totalidade das nações da Europa a Napoleão Bonaparte, herdeiro da Revolução Francesa e ditador militar.
Napoleão chegou ao poder como 1 °Cônsul (1799) vindo a ser coroado imperador da França, em 1804, sob o título de Napoleão I. A partir de 1807 conduziu o governo sem atender aos corpos legislativos e com características autoritárias, imperiais e expansionistas.
As guerras, a princípio localizadas como conflitos entre soberanos, tornaram-se guerras nacionais a partir da resistência popular de Espanha e Portugal (Guerra Peninsular) aos invasores napoleónicos. Com o apoio da Grã-Bretanha, as nações europeias, derrotadas em sucessivas coligações, acabaram por se impor a Napoleão na Batalha de Waterloo (1815) e forçaram o imperador francês ao exílio.
Primeira Coligação
A Primeira Coligação (1792–1797), foi um esforço conjunto de diversas monarquias europeias contra a França revolucionária. A República Francesa formalmente declarou guerra contra a monarquia de Habsburgo da Áustria em 20 de abril de 1792. O Reino da Prússia aliou-se aos austríacos algumas semanas mais tarde.
Estas potências lançaram uma série de campanhas militares de invasão ao território francês por terra e mar, com os prussianos e a Áustria atacando pelos Países Baixos Austríacos e pelo rio Reno, enquanto o Reino Unido apoiava as revoltas na França provincial e também lançava um cerco contra a cidade de Toulon.
A França sofreu diversos revéses nos campos de batalha inicialmente, enquanto lidava com problemas internos com os contra-revolucionários (Guerra da Vendeia) e respondeu então com medidas extremas: o Comitê de Salvação Pública foi formado em 6 de abril de 1793 e o levée en masse foi invocado (agosto de 1793), convocando assim todos os homens entre idade de 18 e 25 anos para a luta. O novo exército francês então contra-atacou, repeliu os invasores e lançou ofensivas além de seus territórios. Na então fronteira austríaca, na região central da Alemanha, a França estabeleceu diversos estados satélites, como a República Batava.
Em 1796, ao norte dos Alpes, Carlos da Áustria-Teschen tentou corrigir a situação na Itália e mudar a guerra em seu favor, mas o general francês Napoleão Bonaparte conseguiu forçar os austríacos a uma retirada da região, o que culminaria com o tratado de Leoben e o acordo de Campo Formio (outubro de 1797). A primeira coligação entrou em colapso, deixando assim apenas a Inglaterra em estado formal de guerra contra a França.
Segunda Coligação
A Segunda Coligação foi um conjunto de alianças e compromissos estabelecidos entre várias potências europeias (incluindo o Império Otomano) que se confrontaram com a França na fase final da Revolução Francesa. O conjunto dos confrontos entre a França e a coligação ficou conhecido como Guerra da Segunda Coligação, teve início em 1799 e prolongou-se até 1801. Formalmente, a guerra só terminou em 1802 com a assinatura do Tratado de Amiens.
Contra a França uniram-se a Áustria, a Rússia, a Grã-Bretanha, o Império Otomano, o Reino de Nápoles e outras pequenas entidades políticas da península Itálica e da região da Alemanha, estas últimas integradas no Sacro Império Romano-Germânico. A invasão de Portugal por um exército espanhol, em 1801, no conflito que ficou conhecido como Guerra das Laranjas, está também associada a estes acontecimentos e trata-se de uma campanha que não pode deixar de ser referida no âmbito da Guerra da Segunda Coligação.
Esta guerra, iniciada quando a França era governada pelo Diretório, terminou quando Napoleão Bonaparte era já Primeiro Cônsul. Assim, foi durante esta guerra que se realizou a transição da França Revolucionária para a França Napoleónica. As operações relativas a esta guerra decorreram em três teatros de operações: Alemanha e Países Baixos, Suíça e norte de Itália. Foi neste último teatro de operações que se realizou a Segunda Campanha de Napoleão em Itália. Quando se iniciou a Guerra da Segunda Coligação, tanto os Estados Pontifícios como o Reino de Nápoles estavam já em guerra com a França por causa da expansão desta República para sul, na península italiana. O Império Otomano encontrava-se em confronto com os franceses desde setembro de 1798, após o início da Campanha do Egito.
Terceira Coligação
Após a dissolução da Segunda Coligação (1802), a negativa da Grã-Bretanha em entregar a ilha de Malta aos Cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém iniciou novo conflito com os franceses. Em 1805, com a adesão da Áustria, do Nápoles, da Rússia e da Suécia ao conflito em apoio aos ingleses, originava-se a Terceira Coligação. A Espanha era então aliada da França. A ideia desta coligação era tentar deter as crescentes ambições do governante francês, Napoleão Bonaparte, que em Maio de 1804 recebera o título de imperador.
Napoleão enfrentou os austríacos, que haviam invadido a Baviera, tendo vários Estados alemães apoiado a França na ocasião. As tropas francesas derrotaram as forças austríacas na batalha de Ulm, onde fizeram vinte e três mil prisioneiros, e iniciaram o avanço, ao longo do rio Danúbio, sobre Viena. As tropas russas, lideradas pelo general Mikhail Kutuzov e pelo czar Alexandre I da Rússia, levaram reforços aos austríacos, mas foram vencidas na batalha de Austerlitz. A Áustria rendeu-se novamente, e assinou o Tratado de Presburgo (26 de dezembro de 1805).
Em consequência, foi formada a Confederação do Reno, tendo Napoleão aproveitado a situação para nomear os seus irmãos, José I, rei de Nápoles (1806), e Luís I, rei dos Países Baixos.
Enquanto isso, no mar, o almirante britânico Horatio Nelson derrotava as armadas francesa e espanhola na batalha de Trafalgar (21 de outubro de 1805). Como consequência, no ano seguinte (1806), Napoleão decretou o Bloqueio Continental, pelo qual os portos de toda a Europa seriam fechados ao comércio britânico. A superioridade naval da Grã-Bretanha e a retirada da Família Real Portuguesa para o Brasil dificultaram, na prática, a aplicação desta medida, conduzindo ao fracasso dessa política econômica europeia francesa.
Quarta Coligação
A Quarta Coligação ou Quarta Coalizão foi a aliança formada pela Grã-Bretanha e pela Rússia e Suécia - nações absolutistas -, contra a França de Napoleão Bonaparte, em 1806. A Prússia aderiu à Coligação, sendo as suas tropas derrotadas na batalha de Jena (14 de Outubro), tendo as tropas francesas ocupado Berlim. Em seguida, Napoleão derrotou as tropas russas na batalha de Friedlândia, obrigando o czar Alexandre I da Rússia a assinar o Tratado de Tilsit.
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