segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Campanha Russa e a Sexta Coligação

A Invasão francesa da Rússia em 1812, também conhecida como a Campanha Russa em França e Guerra Patriótica de 1812 na Rússia, foi um ponto de viragem durante as Guerras Napoleônicas. Reduziu a dimensão das forças francesas e forças aliadas (o Grande Armée) para uma pequena fracção de sua força inicial, e provocou uma grande mudança na política europeia uma vez que enfraqueceu dramaticamente a hegemonia francesa na Europa. A reputação de Napoleão como um gênio militar invencível, foi severamente abalada, enquanto antigos aliados do Império Francês, primeiro o Reino da Prússia e depois o Império Austríaco, romperam a sua aliança com a França, e trocaram de lado, desencadeando a guerra da Sexta Coligação.

A campanha começou em 24 de junho de 1812, quando as forças de Napoleão atravessaram o rio Neman. Napoleão pretendia obrigar o imperador da Rússia Alexandre I a permanecer no Bloqueio Continental do Reino Unido; um objectivo oficial era acabar com a ameaça de uma invasão russa da Polônia. Napoleão designou a campanha de Segunda Guerra Polaca (em referência à "Guerra da Primeira Guerra Polaca"); o governo russo proclamou uma Guerra Patriótica.

Quase meio milhão de homens, o Grande Armée, marchou pela Rússia Ocidental, ganhando uma série de pequenas batalhas e uma grande batalha (Batalha de Smolensk), entre 16 e 18 de Agosto. No entanto, no mesmo dia, a ala direita do exército russo, sob o comando do general Peter Wittgenstein, bloqueou parte do exército francês, liderado pelo marechal Nicolas Oudinot, na Batalha de Polotsk. Esta ação impediu os franceses de avançar sobre a capital russa de São Petersburgo; o destino da guerra tinha que ser decidida na frente de Moscovo, onde o próprio Napoleão liderou suas forças.

Embora os russos tenham utilizado a política da terra queimada, e, por vezes, tenham atacado o inimigo com a cavalaria ligeira de cossacos, o seu exército principal retirou-se por cerca de três meses. Este recuo prejudicou a confiança no marechal-de-campo Michael Andreas Barclay, levando Alexandre I a nomear um veterano, Príncipe Mikhail Kutuzov, o novo comandante-em-chefe. 

Finalmente, a 7 de setembro, os dois exércitos encontraram-se perto de Moscovo, na Batalha de Borodino. A batalha resultou na maior e mais sangrenta ação em um único dia, durante as Guerras Napoleônicas. Envolveu mais de 250 mil soldados e resultou em pelo menos 70 mil vítimas. Os franceses capturaram o campo de batalha, mas não conseguiram destruir o exército russo. Além disso, os franceses não conseguiram substituir as suas perdas, enquanto os russos o podiam fazer.

Napoleão entrou Moscovo no dia 14 de setembro, depois de o exército russo ter, novamente, recuado. Mas, por essa altura, os russos tinham já evacuado a cidade e até libertado criminosos das prisões para complicar o avanço francês. Além disso, o governador, o conde Fyodor Rostopchin, ordenou que a cidade fosse incendiada. Alexandre I recusou-se a capitular, e as conversações de paz iniciadas por Napoleão falharam. Em outubro, sem um sinal de vitória claro, Napoleão começou a sua retirada desastrosa de Moscovo, durante o período de chuvas e lama habituais no Outono russo.

Na Batalha de Maloyaroslavets, os franceses tentaram chegar a Kaluga, onde poderiam encontrar alimentos para os homens e para os animais. Mas o exército russo, bem alimentado, bloqueou a estrada, e Napoleão foi forçado a recuar pelo mesmo caminho de onde tinham vindo desde Moscovo, através das áreas fortemente devastadas ao longo da estrada de Smolensk. Nas semanas seguintes, o grande armée sofreu golpes catastróficos como o início do Inverno Russo, a falta de suprimentos e constantes ataques de camponeses russos e tropas irregulares. Quando as restantes tropas do exército de Napoleão atravessaram o rio Berezina em novembro, já só restavam 27 mil soldados; o grande armée tinha perdido 380 mil homens e 100 mil tinham sido feitos prisioneiros. Napoleão abandonou os seus homens e voltou para Paris para proteger a sua posição como Imperador e preparar-se para resistir aos avanços dos russos. A campanha terminou a 14 de dezembro de 1812, quando as últimas tropas francesas deixaram a Rússia.

Um evento de proporções épicas e de grande importância para a história da Europa, a invasão francesa da Rússia tem sido objecto de muita discussão entre os historiadores. A importância da campanha na cultura russa pode ser vista na obra de Liev Tolstoi, Guerra e Paz; na composição de Tchaikovsky, Abertura 1812; e a sua identificação com a invasão alemã de 1941-1945, que se tornou conhecida como a Grande Guerra Patriótica na União Soviética.

Sexta Coligação

A Sexta Coligação (1812-1814) foi a união militar da Áustria, Prússia, Rússia, Suécia, Reino Unido e alguns estados alemães contra o Império Francês de Napoleão Bonaparte. A coalizão conseguiu derrubá-lo do poder e forçá-lo ao exílio na Ilha de Elba.

Em 1812, Napoleão invadiu a Rússia. Após uma importante vitória na batalha de Borodino, ele conquistou Moscou mas não conseguiu capturar o imperador Alexandre I e nem subjugar o Império russo. Com a aproximação do inverno e com poucas provisões, ele ordenou uma retirada de volta a França, via Alemanha, contudo o exército francês foi duramente castigado pelo frio e pelos ataques russos à sua retaguarda enfraquecida.

A Rússia então aliou-se à Sexta Coligação. A Suécia também aderiu a coalizão, em resposta a invasão da Pomerânia sueca por tropas francesas. Em 1813, Napoleão partiu para ofensiva, derrotando as tropas aliadas em Lützen (maio) e em Bautzen. Bonaparte, que perdera boa parte do seu exército na Rússia, conseguiu reunir 250 mil homens (a maioria inexperientes). Os seus Estados satélites da Confederação do Reno forneceriam mais tropas, contudo os Aliados estavam mais preparados e em maior número. Guarnições do exército francês ainda estavam em grande número lutando na Espanha. Em agosto de 1813, Napoleão derrotou um exército com quase o dobro do tamanho do seu na batalha de Dresden, contudo ele não conseguiu explorar este sucesso pois o marechal Nicolas-Charles Oudinot foi derrotado pelos prussianos a caminho de Berlim.

Napoleão então reagrupou-se na Saxônia, mas foi forçado a bater em retirada sobre o rio Reno, após ter sido derrotado pelos Aliados na batalha de Leipzig, deixando livres os Estados alemães. Boa parte dos países da Confederação do Reno voltaram-se contra os franceses logo em seguida. Os exércitos russo, austríaco e prussiano invadiram a França pelo norte e tomaram Paris em março de 1814. Napoleão abdicou do trono e partiu para o exílio na ilha de Elba.

Os membros da Sexta Coalizão reuniram-se no Congresso de Viena para restaurar as monarquias absolutistas na Europa. No entanto, enquanto era discutido o novo mapa europeu, Bonaparte evadiu-se de seu local de exílio, regressando à França e constituindo um novo exército. Depois de vencer a batalha de Ligny e fracassar em Quatre-Bras, a 18 de junho de 1815 foi definitivamente vencido na batalha de Waterloo, que pôs fim às Guerras Napoleônicas.

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