sexta-feira, 24 de maio de 2013

Descobrimento da América: Peru e os Incas

O Império Inca, que se estendia ao longo da espinha dorsal montanhosa da América do Sul, era a entidade nativa mais adiantada das Américas. Tendo mais quilômetros de comprimento do que os Estados Unidos em largura, o Peru incaico era uma terra de Ihamas e alpacas, fortalezas de pedra e fazendas em terraços construídos gradualmente nas encostas das montanhas. Durante suas primeiras décadas no Novo Mundo, os espanhóis nem mesmo sabiam de sua existência, até que Francisco Pizarro, um ex-auxiliar de Balboa, analfabeto, partiu de navio do Panamá para o sul. Encontrando um barco de comércio nativo, ele arregimentou uns poucos indígenas para servir como guias e tradutores. Logo depois entrou no porto peruano de tumbes e foi recebido amistosamente. Soube então do vasto Império Inca, que se estendia para cima e para baixo, ao longo da costa, mas, o que é mais importante, Pizarro percebeu como esses povos eram ricos e vulneráveis.

Depois de uma agradável visita, os europeus se despediram de seus anfitriões nativos, e a corrida começou. O governador da cidade enviou mensageiros ao rei inca levando notícias dos estrangeiros, enquanto Pizarro voltava à Espanha com seu relato.

Permissão Para Conquistar os Incas

O rei da Espanha deu a Pizarro permissão para conquistar os incas, e, em 1531, ele refez o itinerário anterior. Dessa vez, entretanto, Pizarro descobriu que os tumbes haviam sido saqueados e massacrados. Ao marcharem na direção do interior, sem oposição, os espanhóis perceberam que nas aldeias no seu caminho não havia homens. A varíola chegara antes dos espanhóis. Mais ou menos na época da primeira visita de Pizarro, a varíola estava se espalhando pelo interior, matando o rei inca e seu herdeiro presuntivo. Os dois filhos sobreviventes haviam passado grande parte daqueles anos de ausência dos espanhóis lutando pelo controle do império e recrutando todo homem fisicamente capaz que podia capturar. O vencedor, Atahualpa, esperava que os espanhóis chegassem a qualquer momento, mas ele os considerava menos perigosos do que os membro de sua própria família.

Francisco Pizarro e duzentos espanhóis conquistaram a cidade deserta de Cajamarca. Combinaram um encontro com Atahualpa, que chegou à praça principal com 80 mil soldados, num enorme esplendor, marchando com tambores, penachos, lanças e machados de pedra.

Entretanto os nativos encontraram a praça misteriosamente vazia. Um frade dominicano se aproximou para negociar, oferecendo a Atahualpa uma escolha: converter-se ao cristianismo ou ser atacado. Essa era a oferta legal padrão que precedia todas as guerras contra os pagãos. Os cristãos eram proibidos de lutar contra outros cristãos sem uma boa razão ou, pelo menos, uma desculpa plausível, mas os pagãos, a qualquer tempo, eram uma presa fácil, de modo que a regra era simples: confirmar o paganismo deles e depois atacar.

Quando Atahualpa não levou a sério essa ameaça, partida de duzentos estrangeiros sujos, os espanhóis, escondidos, varreram a praça com o fogo de suas armas e atacaram os incas amontoados com cavalos e sabres, matando 8 mil nativos sem praticamente sofrer nenhuma baixa. Pizarro aprisionou Atahualpa pessoalmente e arrancou-o de sua liteira, levando-o para o cativeiro. Forçado a comprar sua liberdade, Atahualpa concordou em encher uma sala com ouro e prata, como resgate. Preciosas peças artísticas, reunidas pelo império durante séculos, foram entregues aos espanhóis, que as derreteram e as quebraram a golpes de martelo para ficarem mais fáceis de transportar.

Mesmo depois de pago o resgate, os espanhóis mantiveram o imperador preso. Este percebeu que era descartável, desde que outros governantes em potencial continuassem livres e vivos, de modo que enviou ordens para eliminar a família imperial, por todo o império  Seu irmão e rival, Huascar, estava entre os que foram mortos. Esse ato não apenas de nada adiantou, mas também deu a Pizarro uma desculpa para se livrar de Atahualpa. O rei inca foi sentenciado a ser queimado vivo, mas disseram-lhe que, se se convertesse ao cristianismo, receberia uma pena mais leve. Atahualpa concordou, de modo que, em vez de levá-lo à fogueira, os espanhóis o estrangularam.


Machu Picchu

Foram necessários muitos anos de dura luta para os espanhóis assumirem o controle de todo o Peru. Um príncipe rebelde dos incas se refugiou na fortaleza montanhosa de Machu Picchu e os espanhóis tiveram de conquistar seu território passo a passo. Nesse ínterim, um fluxo constante de novos conquistadores chegou para participar da ação. Antes mesmo do Peru ser pacificado, os conquistadores começaram a brigar entre si, mas, com o tempo, a Espanha passou a controlar toda a região.

Depois, em 1549, os espanhóis descobriram uma montanha de minério de prata em Potosi, hoje no sul da Bolívia. Ao longo das gerações que se seguiram, os trabalhadores indígenas foram sistematicamente recrutados nas áreas vizinhas para cavar a montanha, até que caíssem exaustos. Os acidentes nas minas matavam dezenas de cada vez, enquanto os vapores de mercúrio destruíam o sistema nervoso de outros mineiros. Os trabalhadores morreram às dezenas de milhares, mas a prata de Potosi financiou as ambições da Espanha por todo o século.

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