Cristóvão Colombo (República de Génova, 1451 — Valladolid, 1506) foi um navegador e explorador genovês, responsável por liderar a frota que alcançou o continente americano em 12 de Outubro de 1492, sob as ordens dos Reis Católicos de Espanha, no chamado descobrimento da América. Empreendeu a sua viagem através do Oceano Atlântico com o objectivo de atingir a Índia, tendo na realidade descoberto as ilhas das Caraíbas (Antilhas) e, mais tarde, a costa do Golfo do México na América Central.
As Quatro Viagens ao Mundo
Na noite de 3 de agosto de 1492, Colombo partiu de Palos de la Frontera, com três navios: uma nau maior, Santa María, apelidada Gallega, e duas caravelas menores, Pinta e Santa Clara, apelidada de Niña em homenagem a seu proprietário Juan Niño de Moguer. Eram propriedade de Juan de la Cosa e dos irmãos Pinzón (Martín Alonso e Vicente Yáñez), mas os monarcas forçaram os habitantes de Palos a contribuir para a expedição. Colombo navegou inicialmente para as ilhas Canárias, que eram propriedade da Castela, onde reabasteceu as provisões e fez reparos. Em 6 de setembro, partiu de San Sebastián de la Gomera para o que acabou por ser uma viagem de cinco semanas através do oceano.
As Quatro Viagens ao Mundo
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Santa Maria |
Primeira Viagem
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Ilustração do desembarque de Colombo em São Salvador nas Bahamas. |
A terra foi avistada às duas horas da manhã de 12 de outubro de 1492, por um marinheiro chamado Rodrigo de Triana (também conhecido como Juan Rodríguez Bermejo) a bordo de Pinta. Colombo chamou a ilha (no que é agora Bahamas) San Salvador, enquanto os nativos a chamavam Guanahani. Exatamente qual era a ilha nas Bahamas é um assunto não resolvido. As candidatas principais são Samana Cay, Plana Cays e San Salvador (assim chamada em 1925, na convicção de que era a San Salvador de Colombo).
Os indígenas que encontrou, os lucaians, taínos ou aruaques, eram pacíficos e amigáveis. Desde a entrada em 12 de outubro de 1492 em seu diário, Colombo escreveu sobre eles: "Muitos dos homens que já vi têm cicatrizes em seus corpos, e quando eu fazia sinais para eles para descobrir como isso aconteceu, eles indicavam que pessoas de outras ilhas vizinhas chegavam a San Salvador para capturá-los e eles se defendiam o melhor possível. Acredito que as pessoas do continente vêm aqui para tomá-los como escravos. Devem servir como ajudantes bons e qualificados, pois eles repetem muito rapidamente o que lhes dizemos. Acho que eles podem muito facilmente ser cristãos, porque eles parecem não ter nenhuma religião. Se for do agrado de nosso Senhor, vou tomar seis deles de Suas Altezas quando eu partir, para que possam aprender a nossa língua."
Observou que a falta de armamento moderno e até mesmo espadas e lanças forjadas de metal era uma vulnerabilidade tática, escrevendo: "Eles nem carregam nem sabem nada sobre armas, pois eu mostrei a eles espadas, e eles a seguraram pela lâmina, e se cortaram, por pura ignorância". "São um povo adorável, sem cobiça, e preparados para qualquer coisa... não há melhor terra nem povo. Amam seus vizinhos como a si mesmos, e sua fala é a mais doce e agradável do mundo, e sempre estão sorrindo".
Bem, é claro que a primeira coisa que Colombo fez foi sondá-los para ver como podia explorá-lo. "Eles dariam ótimos criados", observou ele "Com cinquenta homens, podemos subjugá-lo todos e fazer com eles o que for preciso."
Ele então prosseguiu explorando para o sul, entrando mais fundo nas Índias Ocidentais, à procura de qualquer ouro sobrando que pudesse haver por ali. Explorou as ilhas maiores, como Cuba e Hispaniola (Haiti e Rep. Dominicana), e encontrou pouca coisa que valesse a pena roubar, a não ser mais nativos. Sempre à procura de oportunidades, observou: "Desses lugares, no nome da Santíssima Trindade, nós podemos enviar todos os escravos que puderem ser vendidos". Para provar isso, Colombo sequestrou entre 10 a 25 nativos e os levou de volta com ele. Apenas sete ou oito dos índios nativos chegaram à Espanha vivos, mas eles causaram forte impressão em Sevilha.
Segunda Viagem
A sua segunda viagem iniciou-se em 1493, com três naus e catorze caravelas. Nela avistou as Antilhas e abordou a Martinica. Rumou depois para o norte e alcançou Porto Rico. Foi a Hispaniola onde a pequena colônia tinha sido arrasada pelos indígenas. Tendo ali deixado outro contingente de homens, navegou para o ocidente e chegou à Jamaica. Nessa viagem fundou Isabela, atual Santo Domingo, na República Dominicana, a primeira povoação européia no continente americano.
Terceira Viagem
Para a terceira viagem, partiu em 1498, com seis naus, tendo chegado à ilha da Trinidad depois de uma atribulada viagem. Rumando ao sul chegou a uma grande terra que pensou ser uma ilha, a que chamou de Terra de Gracia nel Golfo de Paria, localizado na foz do delta do rio Orinoco, (Venezuela). Rumando ao norte chegou a Santo Domingo, onde entrou em conflito com o governador, vindo ele e o irmão a ser presos e enviados para Castela.
Quarta Viagem
Na quarta viagem, saiu de Cádiz com quatro naus em 1502, propondo-se uma vez mais a chegar ao Oriente. Avistou a Jamaica e, depois de grande tempestade, chegou à Ilha de Pinos nas Honduras. Avistou depois as costas da Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Devido ao péssimo estado das naus teve de regressar a Hispaniola, de onde voltou para Castela.
Leões entre Coiotes
Seria errado caracterizar os espanhóis como leões entre carneiros, mas eles eram, definitivamente, leões entre coiotes, ambos animais predadores, mas em categorias bem diferentes. Os nativos americanos podiam ser tão cruéis e ferozes quanto qualquer outro povo do mundo. Os astecas estavam sacrificando 15 mil outros seres humanos no alto de suas pirâmides todo ano. Até mesmo antes da chegada de Colombo, os pacíficos tainos vinham sendo gradualmente expulsos de suas ilhas pelos caribenhos, que deram seu nome não apenas ao mar, mas também à sua dieta característica: o canibalismo. Os incas sacrificavam crianças atirando-as de penhascos. Os iroqueses se deliciavam em retalhar e queimar prisioneiros.
Seja como for, a maioria dos nativos não tinha muito do que é necessário para se tornarem incontroláveis máquinas de matar. A guerra dos astecas era uma atividade ritualística, como propósito de capturar prisioneiros vivos para serem sacrificados. Os índios das planícies americanas tornaram-se conhecidos pelo "golpe da etiqueta", o ritual de bravura, no qual eles atacavam o inimigo apenas para marcá-lo, não para matá-lo. Os espanhóis levavam a guerra muito mais a sério.
As Índias Ocidentais
Sabemos muito pouco sobre Cristóvão Colombo. Não sabemos quando nem onde nasceu, qual foi o primeiro lugar onde desembarcou nas Américas, qual era sua aparência ou onde foi enterrado. Obviamente que isso não evitou que procurássemos preencher as lacunas com palpites, imaginação e especulações, mesmo que contradigam o pouco que sabemos. Não importa o que os historiadores nos contem, continuamos a acreditar no Cristóvão Colombo que queremos, não naquele que existiu. Isso é igualmente verdadeiro, quer queiramos um Colombo herói ou um vilão.
A fonte primária mais importante do pouco que conhecemos da vida de Colombo são os escritos de Bartolomeu de las Casas, padre dominicano e zeloso defensor dos índios. Originalmente ele admirava Colombo, e estava entre as multidões alucinadas que saudaram seu retorno à Espanha, mas, depois que foi para a América, Las Casas fez do objetivo de sua vida tornar público e denunciar as crueldades que seus patrícios infligiram aos índios.
Colombo passara tanto tempo de sua vida como capitão de navio que preferia governar por decreto e punição imediata. Por fim, suas execuções sumárias de espanhóis ocasionais aborreceram os colonos. Também dividiram a colônia desavenças sobre se tratar os nativos como escravos, que era o ponto de vista de Colombo, ou como súditos leais, ponto de vista da Coroa. Quando chegou um auditor da Espanha, entre as primeiras visões que teve foi a de cadáveres balançando das forcas. Os irmãos Colombo foram agrilhoados e enviados de volta para a Europa, para responder às acusações. A Coroa ainda manteve bastante fé em Colombo para perdoá-lo e continuar a usá-la como explorador, mas ele nunca mais recebeu o comando de uma colônia em terra.
Colombo e a Sífilis na Europa
Colombo e os seus marinheiros não se limitaram a descobrir o Novo Mundo, e a introduzir as doenças do continente europeu no americano. Também trouxeram da América para a Europa a sífilis. Embora essa teoria não seja nova, um estudo atual emprendido por uma equipe com elementos de três universidades estadunidenses - Emory, Columbia e Mississipi State -, confirma-o. A doença, uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria "Treponema pallidum", sem tratamento, pode causar danos ao coração, cérebro, olhos e ossos e até a morte, razões pelas quais foi estigmatizada e temida por séculos.
A primeira epidemia de sífilis de que há notícia na Europa ocorreu em 1495, dois anos após o regresso de Colombo de sua viagem de descobrimento, coincidência temporal que deu origem à teoria no passado. Estudos genéticos da bactéria, levados a cabo em 2008 deram maior força à hipótese.
Morte de Colombo
Colombo morreu em Valhadolid a 20 de Maio de 1506, com cerca de 55 anos, com uma considerável riqueza proveniente do ouro que os seus homens haviam acumulado em Hispaniola. À data da sua morte, Colombo estava ainda convencido que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da Ásia. De acordo com um estudo publicado em Fevereiro de 2007, realizado por Antonio Rodriguez Cuartero, do Departmento de Medicina Interna da Universidade de Granada, Colombo morreu de paragem cardíaca causada por artrite reactiva. Segundo os seus diários pessoais e anotações deixadas pelos seus contemporâneos, os sintomas desta doença (ardor doloroso quando se urina, dor e inchamento das pernas, e conjuntivite) eram claramente evidentes nos três últimos anos da sua vida.
A primeira epidemia de sífilis de que há notícia na Europa ocorreu em 1495, dois anos após o regresso de Colombo de sua viagem de descobrimento, coincidência temporal que deu origem à teoria no passado. Estudos genéticos da bactéria, levados a cabo em 2008 deram maior força à hipótese.
Morte de Colombo
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Túmulo de Colombo na Catedral de Sevilha. Os restos mortais são carregados pelos reis de Castela, Leão, Aragão e Navarra |
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