Quase meio século havia decorrido e os cruzados estavam estabelecidos confortavelmente em quatro estados: Edessa, Trípoli, Jerusalém e Antioquia. A Terra Santa estava firmemente sob o controle dos filhos dos participantes da Primeira Cruzada, mas então o novo governante sarraceno, Zengi, consolidou um império na Síria, e reduziu os Estados cruzados a três, capturando Edessa, o baluarte cristão mais para o interior. A Europa organizou uma Segunda Cruzada (1147-1149) para recuperar o território perdido, e dessa vez os reis se apresentaram como participantes: Filipe Augusto, da França, e Conrado III, da Alemanha. Entretanto, os diletantes reais dessa Cruzada não eram tão perigosos como os aventureiros famintos e sem terra da Primeira Cruzada, e o movimento não conseguiu produzir o mínimo efeito nas hostes sarracenas.
Surge Saladino
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Saladino |
Depois da batalha de Hattin, dois importantes cruzados foram levados à presença de Saladino acorrentados. Ele deu comida ao primeiro, explicando que as regras de hospitalidade lhe proibiam agora de matar um prisioneiro a quem fora dado de comer e beber por parte do captor. O outro prisioneiro, Reginald de Chatillon, que Saladino estava planejando matar por ter violado a trégua, lançou-se contra uma taça de vinho e a bebeu antes que qualquer um o pudesse impedir. Ah! Estou salvo! Mas Saladino matou-o, de qualquer jeito, porque ninguém gosta de um espertinho.
Terceira Cruzada (1189-1192)
A Terceira Cruzada, pregada pelo Papa Gregório VIII após a tomada de Jerusalém pelo sultão Saladino em 1187, foi denominada Cruzada dos Reis. É assim denominada pela participação dos três principais soberanos europeus da época: Filipe Augusto (França), Frederico Barba-Ruiva (Sacro Império Romano-Germânico) e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra).
O imperador Frederico Barba-Ruiva, atendendo os apelos do papa, partiu com um contingente alemão de Ratisbona e tomou o itinerário danubiano atravessando com sucesso a Ásia Menor, porém ao atravessar o Sélef (atual rio Göksu), escorregou e foi levado ao fundo pelo peso de sua armadura, afogando-se.
A história gosta da Terceira Cruzada. Foi a Cruzada elegante, onde reis sábios e virtuosos degladiavam-se com honra e estilo. Não houve nada daquele chapinhar em rios de sangue depois de capturar cada cidade. Na Terceira Cruzada, todos os rios de sangue vieram de gente que sabia aonde estava indo e estava feliz com isso. Depois de um combate especialmente bom, o vitorioso podia simplesmente saudar seu espantado e inerme opositor, em vez de meter-lhe uma adaga no olho, pela abertura do capacete, e terminar com ele.
Muito bem. As coisas provavelmente não se desenrolaram com a fidalguia como histórias posteriores imaginaram, mas na Terceira Cruzada, ambos os lados receberam grandes elogios. Saladino é um dos mais amados chefes guerreiros da história muçulmana, e muitos historiadores, não muito tendentes a elogios, o descrevem com linguagem inusitadamente afetuosa "quando sorria, era como se ele iluminasse o aposento". Ricardo Coração de Leão também é descrito como um dos mais amados reis da história da Inglaterra, com um dos maiores apelidos da história, com base apenas no seu desempenho na Cruzada. Ele praticamente não esteve em seu reino, que ele empobreceu para apoiar sua guerra santa. Filipe II esteve por lá apenas para ganhar prestígio com o papa, e depois apressou-se em voltar para a sua terra, a França.
A Guerra de Titãs
Os dois titãs ( Saladino e Ricardo Coração de Leão) se confrontaram apenas em uma única batalha campal. Depois de uma desgastante campanha de manobras, os exércitos finalmente se encontraram em Arsuf. Ricardo segurou na retaguarda seus ansiosos cavaleiros sob uma chuva de flechas sarracenas, até que chegasse o momento azado. Então o Coração de Leão desencadeou uma nova carga de cavalaria que rompeu as fileiras inimigas, massacrando-as. A vitória, no entanto, não lhe trouxe ganho algum, porque o rei inglês precisou ir correndo defender seu trono na Inglaterra, colocado em perigo pela ambição de seu próprio irmão, e seus feudos na França pela ganância de seu antigo companheiro de armas, o rei Filipe II. Jerusalém continuaria em poder dos infiéis.
Se Ricardo Coração de Leão conseguiu alguns actos notáveis (a conquista de Chipre, Acre, Jaffa e uma série de vitórias contra efectivos superiores) também não teve pejo em massacrar prisioneiros (incluindo mulheres e crianças). Com Saladino, teve um adversário à altura, combatendo e travando um subtil táctico. Em 1192, acabou-se por chegar a um acordo: os cristãos mantinham o que tinham conquistado e obtinham o direito de peregrinação, desde que desarmados, a Jerusalém (que ficava em mãos muçulmanas).
Se Ricardo Coração de Leão conseguiu alguns actos notáveis (a conquista de Chipre, Acre, Jaffa e uma série de vitórias contra efectivos superiores) também não teve pejo em massacrar prisioneiros (incluindo mulheres e crianças). Com Saladino, teve um adversário à altura, combatendo e travando um subtil táctico. Em 1192, acabou-se por chegar a um acordo: os cristãos mantinham o que tinham conquistado e obtinham o direito de peregrinação, desde que desarmados, a Jerusalém (que ficava em mãos muçulmanas).
Se esse objectivo principal falhara, alguns resultados tinham sido obtidos: Saladino vira a sua carreira de vitórias iniciais entrar num certo impasse e o território de Outremer (o nome que era dado aos reinos cruzados no oriente) sobrevivera.
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