terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Escravidão

Durante a maior parte da história registrada, quase toda pessoa foi legalmente subordinada a alguém mais. As crianças ficavam à mercê do pai; maridos dominavam suas esposas; plebeus sofriam sob o jugo da nobreza. A maior parte das sociedades em nível de Estado tiveram hierarquias formais ligando os indivíduos. Os romanos mantinham relações patrono/protegido complexas, que inter-relacionavam obrigações entre todas as pessoas livres: cidadãos, estrangeiros e escravos libertos. O feudalismo europeu tinha muitas gradações de senhor e vassalo, enquanto os servos eram ligados à terra.

Os escravos eram o tipo mais extremo de subordinados. Enquanto a maioria dos membros de uma relação senhor/camponês ou patrono/protegido tinham direitos e obrigações recíprocos, a relação senhor/escravo era mais simples e inteiramente favorável a um lado. O senhor podia fazer tudo que quisesse com seu escravo, e um escravo não podia fazer nada sem permissão de seu senhor. Era totalmente legal, para o senhor, castigar fisicamente um escravo até a morte. Numa escala de condição humana, indo do servo, passando pelo proprietário de terras, até o senhor, um escravo estaria no fundo, um degrau abaixo de uma mula. 

Em meados dos séculos VII, a maioria das sociedades não se esforçava para conseguir escravos; elas simplesmente os adquiria acidentalmente, e com frequência ficavam sem saber o que fazer com eles. Em geral uma pessoa era escravizada apenas depois de uma série anormal de má sorte. Ser capturada na guerra, condenada por um crime, abandonada quando criança e levada para pagar uma dívida eram os caminhos costumeiros para a servidão, e, das três primeiras, a alternativa para a escravidão era geralmente a morte.

O trabalho doméstico diário criava a demanda mais constante de escravos, mas como o suprimento de escravos flutuava com os azares da guerra, às vezes havia um excesso. Nesse caso, três dos costumeiros meios de se livrar da sobra eram as minas, a prostituição e o sacrifício humano, dependendo da cultura.

Eunucos

Os eunucos eram especialmente úteis para vigiar os haréns, o grande grupo de esposas e concubinas que todo potentado asiático tinha. Eles tinham toda a força física de homens, mas nenhum vigor sexual, de modo que se confiava que não se aproveitariam das mulheres, e não produziriam famílias que pudessem ocupar o trono no lugar do imperador. A desvantagem era que a população de eunucos não era autossustentável. Precisavam ser continuamente substituídos por outros vindos de outro lugar.

O Islã proibia a mutilação de escravos, mas , em vez de seixar que um mero detalhe técnico interferisse com a demanda por eunucos, os muçulmanos delevagam essa tarefa aos infiéis. Os escravos eram castrados ou por pagãos na África, logo depois de capturados, ou por judeus e cristãos no mundo muçulmano.

As sociedades que empregavam eunucos preferiam castrar meninos antes que atingissem a puberdade. Isso os deixava como crianças no que diz respeito ao impulso sexual, voz e aparência, diferentemente de adultos castrados, que ainda pareciam homens e agiam como tais. Os meninos escravizados eram separados, supostamente para serem circuncidados, como era costume em todo o mundo muçulmano, mas isso era um truque para chegarem com a faca perto o bastante sem que o menino lutasse. Quando chegava com a faca bem perto, o barbeiro-cirurgião agarrava e cortava toda a genitália do menino, em vez de cortar apenas o prepúcio.

Os eunucos eram submetidos a procedimentos diferentes, de acordo com sua raça. Eunucos brancos tinham apenas os testículos cortados, mas os negros ficavam privados de toda a genitália, que era depois cauterizado com manteiga fervente, deixando apenas um orifício para a saída da urina.

Mamelucos

Os escravos era a espinha dorsal de muitos exércitos muçulmanos. Os turcos otomanos (C. de 1450-1900) exigiam que comunidades camponesas cristãs nos Bálcãs lhes entregassem uma quota de rapazes que seriam criados por muçulmanos e treinados como soldados. Nessa mesma época, os egípcios geralmente compravam meninos nas montanhas do Cáucaso. Esses meninos eram mantidos isolados do mundo exterior durante a infância, enquanto aprendiam artes marciais e os preceitos islâmicos. Eram considerados escravos, propriedade pessoal do sultão. Embora se tornassem legalmente livres quando atingissem a idade adulta, nunca poderiam abandonar o serviço do sultão. Viviam toda a sua vida como soldados, nos quartéis. Seus próprios filhos eram separados deles e proibidos de seguir a linha de serviços dos pais. Quando ficavam muito velhos para o combate, esses escravos eram então transferidos para funções de apoio, e finalmente ganhavam uma aposentadoria confortável, com outros escravos para lhes facilitar a vida.

Chamamos de mamelucos, que é a palavra árabe para escravo, esses soldados-escravos não tinham família, afiliação com tribos ou propriedades que interferissem com sua lealdade para com o sultão. Por outro lado, tendiam a ser mais leais a seus companheiros do que à coroa, e as dinastias muçulmanas estavam sob constante ameaça de um golpe por parte dos mamelucos, se os oprimissem além da conta. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário