quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Queda do Império Romano

Em geral, a expressão queda do Império Romano refere-se ao fim do Império Romano do Ocidente, ocorrido em 476 d.C., com a tomada de Roma pelos hérulos, uma vez que a parte oriental do Império, que posteriormente os historiadores denominariam Império Bizantino, continuou a existir por quase mil anos, até 1453, quando ocorreu a Queda de Constantinopla. A queda do Império Romano do Ocidente foi causada por uma série de fatores, entre os quais as invasões bárbaras que causaram a derrubada final do Estado.

O Império Romano é como os dinossauros. Ambos são mais famosos por terem desaparecidos do que por terem sobrevivido todos esses séculos; entretanto, a cidade de Roma permanecera sem ser saqueada por estrangeiros por oitocentos anos (390 a. C. – 410 d. C.)

Como aconteceu com os dinossauros, que se transformaram em pássaros, alguns alegam que Roma nunca realmente "caiu"; ela simplesmente se transformou em outra coisa. A metade oriental sobreviveu mais mil anos, como o Império Bizantino, e governantes que se intitulavam "Césares" existiram até o século XX, embora com o nome de "kaisers" e "tzares".

Por que Roma Caiu?

Há cem anos, estavam muito em voga as teorias raciais sobre o colapso de Roma, de que a mestiçagem enfraqueceu a raça e assim por diante, mas isso é simplesmente projetar as preocupações de uma época de volta para outra, no passado. Hoje em dia você pode ouvir explicações baseadas em mudanças climáticas, doenças tropicais ou esteroides assassinos, porque essas coisas são as coisas que nos preocupam.

Qualquer coisa tendo a ver com redução da fertilidade ou degradação geral da classe governante é duvidosa, porque o Império Romano não era uma monarquia no sentido estrito, que passava de pai para filho e deste para o neto. Era mais uma ditadura militar, na qual o poder era transmitido de um imperador morto para um parente com experiência ou um colega respeitado. 

A mais popular das explicações culpa o fracasso da liderança. Roma nunca desenvolveu um sistema suave de passar o império de um imperador para o seguinte, o que desencadeava uma pequena guerra civil quase toda vez que morria o governante. Os imperadores não tinham qualquer legitimidade, a não ser terem comandado o maior exército, e generais ambiciosos tinham pouca lealdade pessoal para com seu soberano. Assim, quando surgia a crise, Roma via sentado no trono uma série desafortunada de usurpadores, crianças e pesos leves, que tinham mais medo de seus próprios exércitos do que dos bárbaros. 

Segundo, a cavalaria tornou-se o principal meio de combater, mas Roma fora construída e mantida pela infantaria. Como Roma reagiu a essas novas táticas de cavalaria alistando mercenários, em vez de treinar os romanos nativos para lutar dessa maneira, o exército foi ficando cada vez menos comprometido com a sobrevivência do império. 

Terceiro, a transferência da capital principal para Constantinopla aumentou o controle romano no Oriente, mas também marginalizou o do Ocidente. Os exércitos colocados convenientemente para proteger ao nova capital não eram de muita utilidade para proteger o Ocidente. Quando o império foi dividido em duas partes, oriental e ocidental, o Oriente herdou a galinha dos ovos de ouro, e uma fronteira mais curta, enquanto o Ocidente ficou com as despesas de guarnecer uma extensa fronteira, com recursos provenientes de uma economia mais primitiva. No final, o Ocidente viu-se simplesmente sem meios de se defender. 

Quarto, a conversão ao cristianismo (depois de 313) criou divisões internas e alienou os tradicionalistas pagãos. Quando o cargo de sumo sacerdote foi separado do cargo de imperador, isso diluiu o apoio popular ao governo. O imperador perdeu metade de sua legitimidade. As pessoas ficaram menos inclinadas a cultuar César, uma vez que ele não era mais um deus vivo. Isso também ajuda a explicar por que a China, onde o imperador manteve seu status divino, foi por fim reconstituída como uma nação unificada.

Tempos Bons

Se um homem fosse chamado a fixar um período da história do mundo no qual a condição da raça humana foi mais feliz e próspera, ele indicaria, sem hesitação, o tempo decorrido da morte de Domiciano até a ascensão de Cômodo (96-180 d. C.) A vasta extensão do Império Romano era governada por um poder absoluto, sob a orientação da virtude e da sabedoria. Os exércitos foram contidos pela firme, mas suave mão de quatro imperadores sucessivos, cujo caráter e autoridade impunham respeito involuntário. As formas da administração civil foram cuidadosamente preservadas por Nerva, Trajano, Adriano e pelos Antonios, que apreciavam a imagem da liberdade, e ficavam contentes em se considerarem como pessoas responsáveis pela administração das leis. Esses príncipes mereceram a honra de restaurar a república, tendo os romanos de seus dias sido capazes de gozar de uma liberdade racional. (Edward Gibbon, Declínio e queda do Império Romano).

Finalizando

A queda de Roma é, indiscutivelmente, o acontecimento geopolítico mais importante da história ocidental. Sem os esfacelamento do império, as populações romanizadas da Europa ocidental não teriam evoluído como identidades separadas. Em vez de franceses, espanhóis, italianos e portugueses, haveria apenas romanos nessas terras (falando algo muito semelhante ao italiano). Essa pátria neorromana poderia também ter incluído a Inglaterra, o norte da África e a marge sul do Danúbio, cujas populações romanizadas foram mais tarde absorvidas, assimiladas e substituídas por invasores anglo-saxões, árabes e eslavos. Imagine um único grupo étnico preenchendo todas as terras, desde Liverpool até a Líbia, com 2 mil anos de história de unidade. Rivalizaria com a China como o país mais antigo e mais populoso da Terra.

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