Guerras judaico-romanas é o termo genérico que designa a série de revoltas movidas pelos judeus contra a dominação pelo Império Romano. Foram três guerras, mas alguns historiadores consideram que houve apenas duas, descartando a "Guerra de Kitos".
Primeira Guerra (132-135 d. C.)
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Fortaleza de Massada, situado no litoral sudoeste do Mar Morto. |
Em seguida às conquistas de Alexandre, os gregos haviam se estabelecido em todo o Oriente Médio, onde geralmente formavam uma classe alta estrangeira, provocando o ressentimento dos nativos. Em Cesareia, a principal cidade da Palestina romana, os gregos e judeus estavam sempre trocando insultos, mas às vezes a discussão se transformava em distúrbios em larga escala. Depois de uma série desses distúrbios, o governador romano exigiu que a comunidade judaica pagasse por todos os danos feitos. Os judeus, entretanto, alegara que, em primeiro lugar, os culpados eram os gregos, por sacrificarem algumas aves nos degraus da sinagoga, de modo que se recusaram a pagar. Não havia problema: o governador romano simplesmente sequestrou o dinheiro do tesouro do templo em Jerusalém.
Judeus de todo o país se revoltaram, raivosos com a blasfêmia. Os nacionalistas radicais, chamados zelotes, expulsaram facilmente para a Síria a pequena guarnição romana. No primeiro entusiasmo da vitória, parecia que Deus restaurara a antiga glória da nação judaica, até que o imperador Nero enviou um grande exército sob o comando de Vespasiano para pôr fim à rebelião. Suas legiões romanas erradicaram sistematicamente os rebeldes na Galileia, com sítios, massacres e manobras políticas, e por fim cerraram fileiras contra Jerusalém.
A guerra foi interrompida em 68, quando os generais romanos, incomodados com as excentricidades de Nero, o derrubaram, e um após outro, todos os generais romanos do império marcharam com suas legiões para Roma, para reivindicar o trono para si mesmos. Vespasiano mostrou ser i último e o mais permanente dos quatro imperadores proclamados durante aquele ano em meio ao caos.
Vespasiano, já imperador, passou o encargo da rebelião judica para seu filho Tito, que sitiou Jerusalém. As máquinas de sítio eram difíceis de construir na Palestina porque as árvores eram escassas e tortas, mas a pura tenacidade romana manteve a cidade isolada durante dois ano e levou seus defensores à beira da inanição. Todo dia os romanos capturavam, fora das muralhas, grupos desesperados de zelotes à procura de comida, e os crucificavam à plena vista dos defensores. Quando a cidade finalmente caiu, em 70 d.C., os romanos massacraram a população e reduziram a ruínas o templo. O candelabro de ouro de um metro e meio de altura, com sete braços, que adornava o templo, foi levado para Roma e exibido triunfantemente numa parada para a população.
A maior parte das muralhas da cidade foi demolida, mas Tito mandou preservar um imponente trecho curto dela, no complexo do templo, como uma lição para os futuros rebeldes, de que até mesmo a mais grossa das muralhas não resistia ao exército romano. Esse fragmento da muralha (hoje em dia conhecida como Muralha Ocidental ou Muro das Lamentações) é o lugar mais sagrado do judaísmo, o que prova que a verdadeira lição para as futuras rebeliões é (a) ou que a fé pode na verdade resistir ao exército romano ou (b) se você começa a demolir um lugar, termine a tarefa.
Os últimos 960 zelotes retiraram-se para a fortaleza de Massada, nas montanhas. Os defensores ficaram observando, sem poder impedir, os romanos começarem a construir metodicamente uma rampa que subia a montanha, a fim de poder levar suas máquinas de guerra até o alcance da cidadela. Sabendo que estavam perdidos, os zelotes encurralados tiraram a sorte. Os perdedores matavam os ganhadores e depois tiravam de novo a sorte. Os perdedores matavam os ganhadores e assim por diante, até que sobrou um defensor vivo para cometer o imperdoável pecado do suicídio.
Segunda Guerra
Também chamada de "Guerra de Kitos", ocorreu entre os anos 115 e 117, no governo do imperador Trajano. Consistiu em uma revolta das comunidades judaicas da Diáspora (judeus que viviam fora da Judeia), disseminando-se, principalmente, por Cirene (Cirenaica), Chipre, Mesopotâmia e Egito. Foi sufocada pelo comandante romano Lúcio Quieto.
Terceira guerra (132-135 d. C.)
Também chamada de "Revolta de Bar Kokhba".
A destruição causada pela primeira revolta centrou-se principalmente em Jerusalém, e grande parte da Palestina não foi assolada pela guerra. A paz e a prosperidade foram retornando gradualmente. Então os romanos tentaram integrar a província num conjunto de nações maior, em torno do Mediterrâneo. Por volta de 132, o imperador Adriano baniu a mutilação genital em todo o império, o que soa como uma excelente ideia, até que nos lembremos de que o judaísmo exige a circuncisão. Adriano rapidamente revogou a ordem, fazendo uma exceção para os judeus. Infelizmente, o imperador escolheu também o momento para reconstruir Jerusalém como uma moderna cidade romana, com um templo dedicado a Júpiter onde se erguia o templo de Jeová.
Os judeus não aceitaram a ideia, e se levantaram revoltados sob a chefia de Simon bem Koziba, que ganhou o apelido messiânico de Bar Kokhba, "Filho da Estrela". Os rebeldes eram mais fortes no interior, onde haviam construído baluartes fortificados, interligados por túneis de acesso camuflado. Os romanos enviaram três legiões para sufocar a rebelião. Foi uma campanha dura, na qual uma das legiões desaparece dos livros de história depois disso, provavelmente destroçada pelos rebeldes. A refrega foi tão destrutiva que nós ainda não temos sua história completa, ou muitas relíquias a ela relacionadas, apenas umas poucas cavernas descobertas nos penhascos perto do Mar Morto. Essas cavernas abrigaram os últimos rebeldes, e os arqueólogos as nomearam por causa de seus importantes conteúdos, a Caverna do Manuscrito, a Caverna das Setas, a Caverna das Cartas (inclusiva algumas escritas por Bar Kokhba) e a Caverna dos Horrores (quarenta esqueletos, famílias inteiras mortas de inanição), entre outras.
Quando terminou a luta, a maioria dos judeus na Palestina foi morta, exilada ou escravizada, e dessa vez os romanos tomaram providências para que não houvesse uma outra revolta. Esvaziaram de habitantes grande parte do território e levaram para lá etnias mais cooperadoras. Os judeus foram exilados da Palestina e começou a Diáspora, a dispersão dos judeus por todo o globo.
Outras revoltas
Além dessas guerras, houve também uma rebelião dos judeus da Síria Palestina contra Constâncio Galo, césar do Império Romano, conhecida como "Guerra contra Galo", ocorrida entre 351 e 352, que foi sufocada pelo comandante romano Ursicínio.
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