terça-feira, 2 de abril de 2013

Astecas

Bandeira
Os astecas (1325 até 1521) foram uma civilização mesoamericana, pré-colombiana, que floresceu principalmente entre os séculos XIV e XVI, no território correspondente ao atual México.

Na sucessão de povos mesoamericanos que deram origem a essa civilização destacam-se os toltecas, por suas conquistas civilizatórias, florescendo entre o século X e o século XII seguidos pelos chichimecas imediatamente anteriores e praticamente fundadores do Império Asteca com a queda do Império Tolteca. Os astecas foram derrotados e sua civilização destruída pelos conquistadores espanhóis, comandados por Hernán Cortez.

O idioma asteca era o náuatle (nahuatl).

História

Brasão de armas mexicano
mostrando o sinal para a
fundação da capital asteca.
O controle político do populoso e fértil vale do México ficou confuso após 1100. Gradualmente, os astecas, uma tribo do norte, assumiram o poder depois de 1200. Os astecas eram um povo indígena da América do Norte, pertencente ao grupo nahua. Os astecas também podem ser chamados de mexicas (daí México). Migraram para o vale do México (ou Anahuác) no princípio do século XIII e assentaram-se, inicialmente, na maior ilha do lago de Texcoco (depois todo drenado pelos espanhóis), seguindo instruções de seus deuses para se fixarem onde vissem uma águia pousada em um cacto, devorando uma cobra. A partir dessa base formaram uma aliança com duas outras cidades – Texcoco e Tlacopán – contra Atzcapotzalco, derrotaram-no e continuaram a conquistar outras cidades do vale durante o século XV, quando controlavam todo o centro do México como um Império ou Confederação Asteca, cuja base econômico-política era o modo de produção tributário. No princípio do século XVI, seus domínios se estendiam de costa a costa, tendo ao norte os desertos e ao sul o território maia.

Os astecas, que atingiram alto grau de sofisticação tecnológica e cultural, eram governados por uma monarquia eletiva, e organizavam-se em diversas classes sociais, tais como nobres, sacerdotes, guerreiros, comerciantes e escravos, além de possuírem uma escrita pictográfica e dois calendários (astronômico e litúrgico).

Ao estudar a cultura asteca, deve-se prestar especial atenção a três aspectos: a religião, que demandava sacrifícios humanos em larga escala, particularmente ao deus da guerra, Huitzilopochtli; a tecnologia avançada, como a utilização eficiente das chinampas (ilhas artificiais construídas no lago, com canais divisórios) e a vasta rede de comércio e sistema de administração tributária.

O império asteca era formado por uma organização estatal que se sobrepôs militarmente a diversos povos e comunidades na Meso-América. Segundo Jorge Luis Ferreira, os astecas possuíam uma superioridade cultural e isso justificaria sua hegemonia política sobre as inúmeras comunidades nestas regiões, o que era argumentado por eles mesmos.

No período anterior a sua expansão os astecas estavam no mesmo estágio cultural de seus vizinhos de outras etnias. Por um processo muito específico, numa expansão rápida, passaram a subjugar, dominar e tributar os povos das redondezas, outrora seus iguais. É importante lembrar estes aspectos pelo fato de terem se tornado dominantes por uma expansão militar, e não por uma suposta sofisticação cultural própria e autônoma.

Apesar de sacrifícios humanos serem uma prática constante e muito antiga na Mesoamérica, os astecas se destacaram por fazer deles um pilar de sua sociedade e religião. Segundo mitos astecas, sangue humano era necessário ao sol, como alimento, para que o astro pudesse nascer a cada dia. Sacrifícios humanos eram realizados em grande escala; algumas centenas em um dia só não era incomum. Os corações eram arrancados de vítimas vivas, e levantados ao céu em honra aos deuses. Os sacrifícios eram conduzidos do alto de pirâmides para estar perto dos deuses e o sangue escorria pelos degraus. A economia asteca estava baseada primordialmente no milho, e as pessoas acreditavam que as colheitas dependiam de provisão regular de sangue por meio dos sacrifícios.

Durante os tempos de paz, "guerras" eram realizadas como campeonatos de coragem e de habilidades de guerreiros, e com o intuito de capturar mais vítimas. Eles lutavam com clavas de madeira para mutilar e atordoar, e não matar. Quando lutavam para matar, colocava-se nas clavas uma lâmina de obsidiana.

Em 1521, soldados espanhóis
liderados por Hernán Cortés
invadiram o Império Asteca
e ocuparam e saquearam sua capital,
Tenochtitlán (atual Cidade do México).
Sua civilização teve um fim abrupto com a chegada dos espanhóis no começo do século XVI. Tornaram-se aliados de Cortés em 1519. O governante asteca Moctezuma II considerou o conquistador espanhol a personificação do deus Quetzalcóatl, e não soube avaliar o perigo que seu reino corria. Ele recebeu Cortés amigavelmente, mas posteriormente o tlatoani foi tomado como refém. Em 1520 houve uma revolta asteca e Moctezuma II foi assassinado. Seu sucessor, Cuauhtémoc (filho do irmão de Montezuma), o último governante asteca, resistiu aos invasores, mas em 1521 Cortés sitiou Tenochtitlán e subjugou o império. Muitos povos não-astecas, submetidos à Confederação, se uniram aos conquistadores contra os astecas.

A Sociedade 

A sociedade asteca era rigidamente dividida. O grupo social dos pipiltin (nobreza) era formada pela família real, sacerdotes, chefes de grupos guerreiros — como os Jaguares e as Águias — e chefes dos calpulli. Podiam participar também alguns plebeus (macehualtin) que tivessem realizado algum ato extraordinário. Tomar chocolate quente (xocoatl) era um privilégio da nobreza. O resto da população era constituída de lavradores e artesãos. Havia, também, escravos (tlacotin).

Havia, na ordem, começando do plano mais baixo:

Escravos
maceualli ou calpulli (membro do clã)
artesãos e comerciantes
pochtecas (grandes comerciantes)
sacerdotes, dignitários civis e militares.

O Imperador 

Moctezuma II
Os imperadores astecas em língua Nahuatl eram chamados Hueyi Tlatoani ("O Grande Orador"), termo também usado para designar os governantes das altepetl (cidades). Os imperadores astecas foram os maiores responsáveis tanto pelo crescimento do império, como para a decadência do mesmo. Ahuizotl, por exemplo, foi ao mesmo tempo o imperador mais cruel e o responsável pela maior expansão do império. Já Montezuma II (ou Moctezuma II), tendo sido um imperador justo e pacifico, foi também fraco em suas decisões, permitindo que os espanhóis entrassem em seus domínios, mesmo após a circulação de histórias de que estes teriam massacrado tribos, abalando fatalmente a solidez de seu império, e finalmente degenerando na sua extinção.

A sucessão dos imperadores astecas não era hereditária de pai para filho, sendo estes eleitos por um consenso entre os membros da nobreza.

Imperadores 

Acamapichitli (1376–1395)
Huitzilíhuitl (1395–1417)
Chimalpopoca (1417–1427)
Itzcóatl (1427-1440)
Montezuma I (1440-1469)
Axayacatl (1469-1481)
Tízoc (1481-1486)
Ahuizotl (1486-1502)
Montezuma II (1502-1520)
Cuitláhuac (1520)
Cuauhtémoc (1520-1521)

A religião

Eram politeístas (acreditavam em vários deuses) e acreditavam que se o sangue humano não fosse oferecido ao Sol, a "engrenagem" do mundo deixaria de funcionar.

Os sacrifícios eram dedicados a:

Sacrifício humano
representado no Códice
Magliabechiano
Huitzilopochtli ou Tezcatlipoca (deus do sol e da guerra): Prisioneiros dopados, às dezenas e centenas, eram levados para o topo da pirâmide. Ali, à vista dos deuses e da cidade, uma equipe de sacerdotes agarrava um membro ou a cabeça da vítima e a faziam deitar-se. o sacerdote sacrificial arrancava o coração pulsante do prisioneiro com uma faca de obsidiana e depois queimava-o no altar. Em seguida, o cadáver era jogado degraus abaixo, onde era despido, esquartejado, cozinhado e comido. O proprietário do prisioneiro sacrificial ficava enquanto um guisado feito do rebutalho alimentava as massas. Pumas, lobos e jaguares do jardim zoológico roíam os ossos.

Xipe Totec: a cerimônia começava com um dia comum, extraindo corações no alto da pirâmide, depois do qual o cadáver era retalhado para um festim de família. No dia seguinte, um prisioneiro ilustre era amarrado a uma pedra e a ele eram dadas armas rombudas, com as quais deveria lutar contra quatro Cavaleiros-Águia e Cavaleiros-Jaguar, munidos de armas afiadas, de modo que o resultado da luta nunca era posto em dúvida. Depois que o prisioneiro morria, os sacerdotes abriam seu corpo, e os celebrantes o comiam. Seu patrocinador levava uma tigela de sangue a todos os templos para pintar a boca dos ídolos. Então ele usava a pele do homem morto por vinte dias, enquanto ela apodrecia. Finalmente, a pele era descartada num ritual levado a efeito no templo, e o celebrante era lavado.

Tlaloc (deus da chuva): anualmente eram sacrificadas crianças no cume da montanha. Acreditava-se que quanto mais as crianças chorassem, mais chuva o deus proveria. Diferentemente de outros sacrifícios, que eram considerados ocasiões festivas, os astecas acompanhavam a matança de crianças com altas lamentações, e os sacerdotes consideravam o ritual uma coisa triste, suja. Sempre que podiam, os astecas evitavam os lugares de sacrifício infantil.

Xilonen: as mulheres eram sacrificadas para essa deusa, que era considerada deusa mãe. A mulher principal do ritual transformava-se na deusa e era decapitada enquanto dançava. Sua pele era então retirada, e o coração, extraído e queimado. Um guerreiro ilustre usava a pele da mulher durante o ano seguinte, e ele se transformava na deusa.

Xuihtecuhutli: vítimas dedicadas ao deus do fogo eram sedadas e jogadas numa fogueira. Os sacerdotes depois as retiravam dali com ganchos - queimadas, mas ainda vivas - e as levavam embora, de modo que seus corações pulsantes pudessem ser extraídos.

O deus mais venerado era Quetzalcóatl, a serpente emplumada. Os sacerdotes formavam um poderoso grupo social, encarregado de orientar a educação dos nobres, fazer previsões e dirigir as cerimônias rituais. A religiosidade asteca incluía a prática de sacrifícios. Segundo o divulgado pelos conquistadores o derramamento de sangue e a oferenda do coração de animais e de seres humanos eram ritos imprescindíveis para satisfazer os deuses, contudo se considerarmos a relação da religião com a medicina encontraremos um sem número de ritos.

Há referências a um deus sem face, invisível e impalpável, desprovido de história mítica para quem o rei de Texoco, Nezaucoyoatl, mandou fazer um templo sem ídolos, apenas uma torre. Esse rei o definia como "aquele, graças a quem nós vivemos".

Explicações

Os sacrifícios humanos dos astecas são tão completamente insondáveis que as maioria dos estudiosos nem mesmo tenta explicá-los. Eles sacrificavam as pessoas por motivos religiosos e pronto. Entre os poucos que tentam encontrar uma causa secular para aquilo, a maioria prefere algo semelhante as razões que levaram Roma a instituir os jogos de gladiadores: um povo guerreiro se enrijece, ao mesmo tempo que desumaniza e desmoraliza os inimigos. 

De vez em quando, alguém vai tentar ligar os sacrifícios astecas à falta de animais domésticos que produzem carne na América Pré-Colombiana, o que teria feito do canibalismo uma fonte alternativa de proteínas. Populações pequenas podem caçar animais selvagens e pescar, mas, numa região tão densamente habitada como o México central, os únicos animais grandes em abundância eram outras pessoas. Para obter essa quantidade de proteínas, os mexicanos precisavam da permissão dos deuses para matar e comer seus vizinhos, de modo que os astecas compartilhavam os corações e o sangue com seus deuses, e guardavam a carne para si mesmos. Essa é a mais sensata explicação para os sacrifícios astecas, e também a menos popular.

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