sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jasão

Jasão foi um herói grego da Tessália. Filho de Esão com Alcímede ou Polímede, já que há versões diversas sobre quem seria de fato sua mãe. 

Esão, filho e sucessor do rei Creteu, foi despojado do trono por seu meio irmão Pélias, filho de Tiro e Poseidon. Jasão foi enviado à Tessália para ser educado pelo centauro Quirón. Ao completar vinte anos, decidiu reivindicar o poder que por direito lhe pertencia. Em outra versão, Pélias recebeu interinamente o poder de Esão até que se tornasse adulto. De qualquer forma, ao completar a maioridade, o herói decidiu retornar à Iolco e quando lá chegou encontrou a cidade em festa.

O rei ao vê-lo, embora não o reconhecesse, suspeitou do estrangeiro ao lembrar-se do oráculo que havia predito sobre a ameaça que sofreria vinda de um homem de apenas uma sandália. E Jasão assim se apresentava, visto que havia perdido uma de sua sandálias durante a viagem, ao atravessar um rio de forte correnteza carregando Hera em seus braços, que estava sob o disfarce de uma velha. 

Apavorado com a previsão do oráculo e já ciente das intenções do sobrinho, resolveu eliminar o inimigo. Para tanto, incumbiu-o de capturar em longínquas terras o Velocino de Ouro. Devido ao alto grau de periculosidade, esse empreendimento praticamente significava uma condenação à morte, mas Jasão, herói por excelência, não se deteve e partiu, chefiando outros cinquenta heróis numa grandiosa nau, denominada Argos. 

Os Argonautas e a Ajuda de Medeia

Jasão e seus amigos enfrentaram muitos obstáculos e realizaram muitas façanhas para chegar à Cólquida. (Ver suas aventuras aqui) Porém lá chegando, suas dificuldades não se esgotaram, pois o rei Eetes, tão logo tomou conhecimento das intenções do chefe dos argonautas , incumbiu-o de nova bateria de árduas tarefas. Como condição para lhe entregar o Velocino de Ouro, deveria domar dois touros selvagens de pesadas patas de bronze. Feito isso, o próximo passo seria atrelar o arado aos dois animais para arar a terra e semeá-la com dentes de dragão.

Da exótica semeadura, nasceriam gigantes armados os quais Jasão deveria derrotar. Contudo, nem bem haviam chegado à Cólquida, o chefe dos argonautas já tinha conquistado o coração da filha do rei e de Hécate, a princesa Medeia, famosa por suas habilidades na arte da feitiçaria que se colocou à sua disposição para ajudá-lo através de seus poderes mágicos. Para domar os touros, Medeia entregou a Jasão um bálsamo que o tornou invulnerável ao fogo e ao ferro. Uma vez preparada a terra e plantados os dentes de dragão, surgiram terríveis gigantes que avançavam em direção a Jasão. Medeia aconselhou o jovem herói a atirar-lhes algumas pedras. Os gigantes, não sabendo a procedência do ataque começaram a lutar entre si.

Somente quando muitos já haviam morrido e os poucos que restaram se encontravam extenuados pela batalha é que Jasão se apresentou para o combate exterminando os remanescentes. Surpreso com a vitória do forasteiro, Eetes descumpriu sua palavra recusando-se a entregar o Velocino de Ouro, idealizou um plano para matar Jasão e incendiar Argo. Mais uma vez o rei foi traído por Medeia que tomando conhecimento das intenções do pai, avisou Jasão do perigo que corria. Levou o herói às escondidas onde ficava guardado o precioso talismã, adormeceu o dragão com seus mágicos cantos e juntamente com Jasão, roubou o Velocino de Ouro. Em seguida, embarcou com os argonautas levando o Velo e Apsirto, filho do rei, que foi com a intenção de proteger sua irmã.

Sentindo-se duplamente enganado, Eetes partiu pelos mares em busca de seus filhos. Medeia, sabendo da atitude do pai, matou e esquartejou o irmão Apsirto, lançando seus restos mortais ao mar a fim de atrasar a perseguição, pois sabia que seu pai iria fazer de tudo para dar uma sepultura para seu filho. Com efeito, ao ver os restos do filho boiando, Eetes desesperado, se deteve a recolhê-los. Com isso Argo conseguiu tomar distância do outro navio. 

Mais tarde Jasão esteve um longo tempo meditado sobre o caráter daquela mulher que levava consigo: afinal, estava prestes a se casar com uma mulher capaz de fazer em postas o próprio irmão! 
- Fiz isso por amor a ti, meu adorado, compreende?! Percebe agora a imensidão do meu amor?
Por um instante chegou à barreira dos dentes de Jasão esta pergunta singular: "E qual seria então, a imensidão do seu ódio, Medeia?" 

Depois que Argo conseguiu se livrar da perseguição do rei Eetes, acabou por se desviar da rota porque Zeus, revoltado com a natureza do crime praticado por Medeia, enviou uma borrasca que atingiu a embarcação. Era necessário purificar-se de tão hediondo crime e por isso aportaram no reino de Circe, maga que através de suas magias e encantamentos os purificou, aplacando a ira do grande deus.

Contudo, quando chegaram ao reino dos Feaces na ilha de Corcira, os argonautas se depararam com uma situação bastante desfavorável. É que Eetes, inconformado com a morte do filho e com a fuga da princesa, enviou uma nau encarregada de trazer de volta a princesa. Seus súditos pressionavam o rei Alcínoo para que este lhes entregasse a princesa tão logo esta aportasse em seu reino. Arete, a rainha, sabendo das intenções do marido de devolver Medeia caso ela fosse virgem, providenciou o casamento dos jovens às escondidas.

Pélias Não Cumpre Sua Palavra 

Pélias, ao ver chegar o chefe dos argonautas trazendo o Velocino de Ouro, recusou-se a honrar sua palavra devolvendo-lhe o trono, e ainda expulsou seu sobrinho de Iolco. E Jasão obedece suas ordens sem relutar, mesmo sabendo que seu tio, enquanto ele estava fora, induziu seus pais ao suicídio, e em seguida assassinou seu irmão Promaco. Mais uma vez Medeia foi em seu auxílio e para vingá-lo, fez com que as filhas do rei acreditassem ser possível devolver a juventude de seu velho pai Pélias. Iludidas pela feiticeira, elas o esquartejaram e deitaram seus membros a ferver num caldeirão.

Depois que Jasão saiu de Iolco, foi com Medeia para Corinto, onde teve dois filhos com ela. Lá, o triste fim de Jasão se aproximava.

Medeia é Rejeitada

A gratidão é um crime imperdoável para os deuses e o herói se esqueceu de tão importante preceito quando envergonhado de Medeia a repudiou para casar-se com Creúsa, filha do rei de Corinto, Creonte. A rejeição surgiu quando ele recebeu a proposta de se casar com a filha do rei com a condição de se livrar de sua esposa e de seus dois filhos - para que eles não queiram reivindicar o trono mais tarde. Jasão, aceitando o pedido, expulsa Medeia e seus dois filhos de Corinto, e diz para eles procurarem um outro lugar para morar. 

Humilhada e rejeitada pelo marido, Medeia conspirava vingança. Simulando humildade, enviou magnífico traje à rival que movida por extrema vaidade o vestiu. Imediatamente a princesa começou a consumir-se em fogo, pois nem bem o terminara de vestir, o vestido começou a arder em chamas. Creúsa gritava desesperada de dor e seu pai, apavorado, tentava inutilmente livrá-la da indumentária maldita. Juntamente com o pai, Creúsa morreu queimada. Sabendo que sua vida iria ser difícil dali por diante, Medeia resolve matar seus dois filhos com uma poção envenenada, para que eles não corram o risco de sofrerem, e os entrega ela mesma à Perséfone, no Hades. Então ela foge para Atenas.

O Fim de Jasão

Existem muitas versões para o final de Jasão. Na primeira delas, o herói, desesperado se suicida. Em outra, quando descansava sob a sombra de Argos, morreu esmagado pela popa do próprio navio. Há ainda outra versão segundo a qual aliou-se a Peleu e assumiu enfim o poder em Iolco.

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